Armando Coelho Neto
Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.
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Como um mequetrefe no Ratinho, Moro negou tudo, por Armando Coelho Neto

A farsa processual está mais do que nunca revelada e só mesmo um STF conivente ou sob chantagem pode mantê-la. O Supremo pode e deve resgatar sua imagem.

Foto Gabriel Cardoso/SBT

Como um mequetrefe no Ratinho, Moro negou tudo

por Armando Rodrigues Coelho Neto

Nos presídios do Brasil é muito comum que criminosos usem telefones baratos (de poucos ‘baites’), mudem de número ou de aparelho com frequência. As mulas flagradas com droga, no Aeroporto de Guarulhos/SP, costumam negar saber que estão traficando. É comum criminosos negarem seus crimes, mesmo diante de evidências. Aconteceu com os irmãos Cravinhos (caso Richthofen), com os Nardones e com Fernandinho Beira-Mar. Todos negaram seus crimes. É comum raposas negarem que comeram as galinhas, mesmo com a boca cheia de penas. Afinal, vale a máxima do Latim: “Nemo tenetur se detegere”(o direito de não produzir prova contra si mesmo).

O marreco de Maringá nunca me enganou. Realizou a prisão ilegal de quase 300 pessoas, vazou informações sigilosas para a imprensa, permitiu que audiência fosse transmitida por celular para blogueiro simpatizante, exerceu ato de ofício em férias. Mandou prender “suspeitos” dentro de hospital, condenou pessoas fora da lei e sem prova – não raro os contrários ao seu ideário político. Leia-se, desafetos políticos. Com sensacionalismo, aconteceu e brilhou encantando pessoas sob a bandeira de combate à corrupção. Na leva, até corruptos ficaram contra a corrupção (Aécio, Cunha, família Bozo).  Mas, com a farsa político-policialesca, acabou conseguindo selo de probidade, e ai de quem criticasse seus atos.

Desse modo, o marreco virou um “Grande Homem”, de quem se espera o óbvio: grandeza. Na década de 1990, na Suécia, a então vice-primeira ministra, Mona Sahlin, renunciou quando descobriram que ela comprou uma barra de chocolates Toblerone com cartão corporativo. Sem meandros ideológicos, grandes nomes quando flagrados até se matam – seja por vergonha, vaidade, como resposta a uma grande injustiça, medo da Justiça. Há quem queira preservar qualquer coisa num último gesto… Foi assim com Hitler (Alemanha), Getúlio Vargas (Brasil), Pierre Bérégovoy (França) e mais recentemente com Alan Garcia (Peru).

Que a Farsa Jato era farsa sempre se soube, e não é hora de inventariar as provas anteriores. Os holofotes da grande mídia projetavam na parede a figura de um pássaro gigante. Veio um certo Glenn, jogou a luz por cima e revelou o tamanho real do marreco. Eis que ele surge nanico e mentindo para o Brasil, dando nós em senadores mal preparados, que com discursos longos, confusos abrem espaço para evasivas do marreco. O ex-juiz prevaricou, sim, agiu por interesses pessoais/políticos, tramou contra a defesa e condenou sem provas o ex-presidente Lula.

Cadê os grandes homens da Farsa Jato? O que se esperaria? Ah, estão pondo em dúvida nosso trabalho? Aqui estão nossos celulares, nossas contas, nosso trabalho, investiguem e apontem onde erramos. Da associação de procuradores da República e da representação dos juízes se esperaria o óbvio: primeiro, apoio aos seus pares. Segundo, pedir que se investigue. Fizeram só a primeira parte, ignorando o conteúdo criminoso das revelações. Reafirmando em síntese a infâmia: é normal o conluio de acusadores com juízes.

Bom lembrar que a TV Globo não é exemplo de ética jornalística. Filmagens e gravações clandestinas, as edições criminosas contra o ex-presidente Lula falam por si. Mas, ao constatar falha na postura de um de seus repórteres, no Caso Neymar, o afastou e emitiu nota: “Há evidências de que as atitudes dele neste caso contrariaram a expectativa da empresa sobre a conduta de seus jornalistas”. Na Operação Satigraha, a Globo teve atitude semelhante, dando sinais de querer preservar sua imagem, mesmo suja.

Toda podridão está lançada. Em novos áudios revelados, o marreco chama de tontos os tontos do MBL. Nega gravações, mas pede desculpas pelo que supostamente “não disse”. O afastamento de uma procuradora “fraquinha”, a proteção a FHC, o “In Fux we trust”, o controle de mídia são sinais inequívocos de ação manipulada. O que falta? Mais revelações?

Durante a audiência no Senado, o marreco revelou traços psicopatas que só a Psiquiatria Forense explica.

Enquanto isso, os oficiantes da Farsa Jato se encolhem e, com embustes, fabricam álibis e teorias conspiratórias. Um dos jornalistas mais premiados do mundo é preconceituosamente desqualificado, como se estando a serviço de uma ORCRIM.

A farsa processual está mais do que nunca revelada e só mesmo um STF conivente ou sob chantagem pode mantê-la. O Supremo pode e deve resgatar sua imagem. A confissão do marreco quanto aos seus próprios crimes não está nem nos autos nem nas gravações do Telegram, mas sim na defesa pública que ele faz das provas obtidas por meios ilegais. O marreco é réu confesso. Num “pronto falei”, é de se concluir que ele e demais envolvidos na fraude processual agem, não com grandeza, mas com a pequenez moral de muitos mequetrefes em programas sensacionalistas como Ratinho. Negam tudo.

Armando Rodrigues Coelho Neto – jornalista e advogado, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-integrante da Interpol em São Paulo.

Armando Coelho Neto

Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.

8 Comentários

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  1. Primeiro camisa do Flamengo por alguns minutos para a foto num estádio em brasilia. Depois, programa com um ratinho.
    Agora uma ida aos eua para receber instruções e na volta o “mais voce” na globo, onde com ana maria irá cozinhar uma espécie de pizza à Vaza Jato.
    E o Brasil Ó…

  2. Penso que os militares entreguistas, cúmplices de Moro, conhecedores das relações de Moro com a CIA, não aceitam a liberdade de Lula. Vão pressionar o STF e os ministros, por covardia ou chantagem, vão continuar a rasgar a Constituição.

  3. A lava-jato (leva-jeito); o judiciário; a rede globo; sbt e rede record, poderão enganar alguns por algum tempo, porém, não poderão enganar todos por todo o tempo.

  4. “O marreco de Maringá nunca me enganou. Realizou a prisão ilegal de quase 300 pessoas, vazou informações sigilosas para a imprensa, permitiu que audiência fosse transmitida por celular para blogueiro simpatizante, exerceu ato de ofício em férias. Mandou prender “suspeitos” dentro de hospital, condenou pessoas fora da lei e sem prova – não raro os contrários ao seu ideário político. Leia-se, desafetos políticos. Com sensacionalismo, aconteceu e brilhou encantando pessoas sob a bandeira de combate à corrupção. Na leva, até corruptos ficaram contra a corrupção (Aécio, Cunha, família Bozo). Mas, com a farsa político-policialesca, acabou conseguindo selo de probidade, e ai de quem criticasse seus atos.”

    Mesmo que a intenção de Moro fosse puramente desmantelar esquemas de corrupção, estaria errado. Mas há o agravante: tudo isso Sergio Moro fez por um projeto de poder pessoal, sem a menor orientação para o atendimento ao que é público, a sociedade… à Democracia.

    Claro que os vândalos do estado, primitivos bárbaros e coxinhas em geral dedicam-lhe silenciosa anuência e até cumplicidade. Sergio Moro deixar-se orientar pelo individualismo sobre o interesse público é tratado como normal e até desejável segundo os dogmas do capitalismo desregulado. Aquele cartaz que circulou nas manifestações dos patos amarelos, “sonegar não é crime, é auto-defesa” é eloquente expressão desses dogmas. Essa classe média quer impedir que privilégios se tornem direitos. Aceita até passar a pão e água desde que pão e água sejam tratados como privilégios por economias com a que pretende Guedes.

    É preciso educação para a responsabilidade social, banir a inconsequência pueril, imatura e imediatista que grassa entre aquela turma, ainda mais por serem, Moro, Bolsonaro, Dallagnol etc. funcionários PÚBLICOS.

  5. Nassif: a verdade e a mentira, produto dessa SujaJacto, estão em constante crescimento. Ontem, a grande verdade de EliotNessTupiniquim é, hoje, a grande mentira jurídica e política. O grande idealismo dos VerdeSauvas mostrou-se a grande farsa patriótica, com benefícios (familiares etc) só a eles. A enorme visão financeira do ministro da economia não passa de uma miopia em grau máximo, em favor do mercado e dos Bancos, dos quais é defensor e parceiro.

    A única coerência nisso tudo é a farta vontade de roubar, daquele grupo capitaneado pelo Príncipe de Paris, cuja rapinagem está prescrita. Dizem que o projeto de gatunagem está escalonado até o ano 2050. O slogam é — “ontem, ratinho; amanhã, ratazana”.

    Assim que voltar da consulta aos patrões o TogaJacto vai lançar um manifesto, declarando os 91 milhões que disseram não nas urnas que estes estão fora da Lei. E convocará os 56 milhões que colocaram o bando no Planalto para darem conta do recado. As Milícias já estão com as armas.

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