Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
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Economia sem partido, por André Araújo

por André Araújo

Os grandes economistas operacionais do Século XX, aqueles que CRIARAM uma política econômica no mundo real, me refiro a John Maynard Keynes e Hjalmar Schacht, NÃO se prendiam a fórmulas ou ideologias, nem tinham receitas prontas, a cada dia operavam de acordo com as circunstâncias. Era preciso sair da recessão? Então é preciso emitir dinheiro.

A inflação está alta? Vamos trocar a moeda com nova âncora. Foi a operação no campo de batalha, sem cartilha, a cada situação a ferramenta adequada, usando a inteligência e não a emoção, a criação de saídas para cada problema específico e para cada circunstância.

Os neoliberais seguem Friedrich von Hayek e Milton Friedman, dois economistas que NUNCA operaram uma política econômica, eram apenas ideólogos com fórmulas para outros aplicarem, eles mesmos nunca dirigiram nada, eram  apenas inspiradores teóricos.

A política econômica é uma operação política e não técnica. Os economistas neoliberais brasileiros que seguem o chamado “Grupo do Real” usam uma base intelectual de “técnicas de mercado”. São as fórmulas PARA O MERCADO e não para o País, atendem aquilo que fundos de investimento e bancos querem ouvir, não há nessa base intelectual espaço para políticas públicas, fundamentais para a operação da política econômica.

A POBREZA E AS POLÍTICAS PÚBLICAS

Não existe nenhuma possibilidade de se resolver problemas da extrema pobreza com fórmulas de mercado. Os agentes econômicos, aqueles que podem ter emprego, renda e fundos para participar do mercado, partem de uma base inicial que a extrema pobreza não tem.

Só políticas públicas podem tirar alguém da extrema pobreza, até Milton Friedman, guru dos economistas neoliberais, tinha essa percepção. Friedman propôs a criação de um mecanismo similar ao atual BOLSA FAMÍLIA para atender à extrema pobreza, era firme nessa proposta, tinha consciência de que a eficiência do mercado não servia para tudo.

Segundo ultra recentes estatísticas do IBGE a pobreza aumentou de forma extraordinária  entre 2014 e 2017, especialmente neste último ano, em todas as regiões do Brasil. Os dados são claríssimos, a política monetária do Banco Central fanatizada pela inflação na meta, IMPEDE qualquer recuperação da economia, uma política nada inteligente que subutiliza os recursos físicos e humanos do País em benefício de uma fixação exclusiva na estabilidade, quando politica econômica digna desse nome deve se preocupar com estabilidade MAS também com prosperidade. Não é só a inflação, os DOIS objetivos devem ser procurados simultaneamente, como está na Lei de 1913 que criou o Federal Reserve System, o banco central americano, que se guia por esses dois alvos e não só por um. A estabilidade, fácil de atingir se a prosperidade for sacrificada como objetivo, com a economia paralisada a inflação fica na meta, isso é o que está acontecendo no Brasil , estabilidade com sacrifício do crescimento, atende exclusivamente os que já tem emprego, renda e liquidez aplicada.

O especialista em economia social Marcelo Nery, do IPEA, um dos nomes mais respeitados nessa área da economia, considera o Bolsa Família um programa de alto retorno não só social como econômico e imprescindível para garantir a estabilidade social e ainda ajudar a economia a rodar, com um CUSTO baixíssimo em relação ao retorno que proporciona.

Compare-se esse retorno com o imenso desperdício com vencimentos e aposentadorias do alto funcionalismo, boa parte depois gasto no exterior ou com produtos importados, enquanto nos programas sociais o valor vai todo para consumo interno, especialmente alimentos.

O mau gasto com a folha do funcionalismo nos três poderes se dá pelo excesso de cargos que tem aumentado continuamente  desde 1994, com o nível de salários muito acima do mercado privado para função equivalente e acima do que se paga pela mesma função nos países mais ricos do mundo. Os funcionários públicos nos EUA ganham em média um terço do que se paga no Brasil pela mesma função, incluindo Legislativo e Judiciário. O Congresso brasileiro custa o mesmo do que o Congresso dos EUA, onze bilhões de Reais por ano,  sendo a economia americana dez vezes maior, o Judiciário brasileiro custa 2% do PIB, enquanto o da Alemanha custa 0,4% do PIB. A carga fiscal brasileira é das mais altas do mundo para pagar gastos irracionais e ilegítimos em detrimento de funções essenciais de um Estado.

Há todavia, segundo o mesmo Marcelo Nery, necessidade de avaliação permanente da  eficácia, há programas onde os gastos não trouxeram bom retorno e programas desse tipo precisam de acompanhamento para evitar má relação custo-benefício nos programas sociais.

Não se trata apenas de altruísmo, a pobreza mina a base do Estado e a partir de certo ponto passa a gerar corrosão social evidente no crime, na destruição de famílias, na pressão sobre os sistemas de saúde pública física e mental, nos custos do sistema prisional, nos anéis de miséria que podem levar grandes e médias cidades ao colapso pela implosão do convívio urbano, minado por cracolândias, arrastões, assaltos de rua, mendicância, poluição da miséria.

Mas há outro fator, a economia só se beneficia de programas para diminuir ou erradicar a pobreza, com o rápido aumento da demanda e movimentação da base de consumo, Milton Friedman falava em “jogar dinheiro de helicóptero”, expressão simbólica equivalente a “levar pedras de um lado para outro da estrada” para gerar trabalho e renda, expressão do Presidente Franklin Roosevelt ao lançar o New Deal, inspirado  em John Maynard Keynes.

Há, portanto, um consenso por cima entre o neoliberalismo monetarista e a economia social sobre as vantagens de programas de erradicação da pobreza, como um processo econômico.

Se somarmos os custos de todas as políticas públicas no Brasil desde o Governo FHC se chegará a uma fração dos gastos com a folha inchada do funcionalismo, com os desperdícios notórios em prédios públicos suntuosos, com as terceirizações caras  de serviços discutíveis.

Se comparados aos juros pagos pelo Tesouro, algo com 320 bilhões de Reais por ano, os gastos com a pobreza serão absurdamente baixos nessa equação, com a enorme vantagem de que praticamente 100% dos dispêndios com os programas sociais  vão direto para consumo interno, aumentando a demanda, o que não acontece com outros gastos públicos, entesourados, remetidos para o exterior ou consumindo em produtos importados.

ESTATAIS E IDEOLOGIA

Os cruzados anti-Estado no uniforme de economistas neoliberais tem um discurso pronto no qual a desestatização é um dos pilares, o outro é o ajuste fiscal, mesmo que esses temas sejam usados como bandeiras sem que tenham muito a ver com a realidade objetiva.

Esses personagens vivem de bordões, mantras, narrativas padrão, as circunstâncias pouco importam porque eles decoram fórmulas prontas, independente das circunstâncias específicas de tempo e lugar. Achar que venda de estatais causam no Brasil de hoje alguma diferença na situação de milhões de sem renda e sem emprego ou achar que a ajustes do custeio e nos investimentos públicos vão fazer o País sair da recessão, quando pela lógica vão é aprofundar a recessão, é a cartilha rezada em entrevistas de jornais, painéis de TV, e bate papos de rádio.

Propõe-se a diminuição ou extinção de bancos públicos, essenciais para qualquer retomada de crescimento porque boa parte de grandes obras de infraestrutura, saneamento e moradia nunca serão financiadas pelo mercado, por isso foram criados o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento por inspiração dos EUA, o Banco Europeu de Desenvolvimento, o Banco Asiático de Desenvolvimento. A China tem quatro grandes bancos de fomento, há um consenso para a existência de bancos públicos para certas tarefas, como o Banco do Brasil, essencial para o crédito agrícola e o BNDES, que financiou quase toda a infra estrutura de energia e transportes que hoje funciona no Brasil, os projetos financiáveis pelo mercado são alguns, de alto retorno,  não são todos, aqui ou em qualquer lugar do mundo.

Jornalistas econômicos especialmente da mídia eletrônica, cujo desconhecimento da História Econômica, da História do Pensamento Econômico e da História em Geral é absoluto, dizem “o Brasil tem 400 estatais”, causa de todos nossos males. Dizem isso como se outros países não tivessem estatais em proporção muito maior do que o Brasil. Um exemplo é os EUA.

Nos EUA existem mais de 5.000 estatais, MAS lá elas tem outra forma jurídica, embora sejam exatamente a mesma coisa.  As empresas de propriedade pública que operam negócios e serviços que no Brasil estão a cargo de sociedades anônimas controladas pelo Estado, lá tem a forma de AUTHORITY, um tipo de estrutura independente, mas  sob controle do Estado. AUTHORITY é uma empresa pública, com funcionários, receita, caixa e balanço, só o nome é outro mas o objetivo é exatamente o mesmo, é uma estatal com outra forma legal.

Essas AUTHORITY emitiram 4 trilhões de dólares em bônus no mercado financeiro, os “tax exempt bonds”, obrigações isentas de impostos.  Elas são empresas públicas exatamente como aqui são as companhias de saneamento de Estados e companhias docas de portos.

RODOVIAS, são centenas de Turnpike Authorithies estaduais, cobrando pedágio, ÁGUA E ESGOTOS são Water and Sewage Authorities municipais ou metropolitanas, os serviços de águas e esgotos nos EUA são quase 100% estatais, AEROPORTOS, são Airport Authorities, geralmente municipais mas há também interestaduais, quando mais de um Estado é dono, como em New Tork com Newark ou metropolitano como Dallas Forth Worth, PORTOS com a Port of New York Authority, TRANSPORTES COLETIVOS, como subways, ônibus, quase todos municipais ou metropolitanos, TRENS DE PASSAGEIROS, a estatal federal Amtrak, que dá prejuízo de 2 bilhões de dólares por ano MAS é mantida como serviço aos idosos que não andam de avião, cerca de 15% dessa faixa etária, USINAS HIDRELÉTRICAS, são Authorities federais como a Tennessee Valley Authority, SEGURADORAS DE HIPOTECAS DE MORADIA POPULAR, como a Fannie Mae e a Freddie Mae, BANCO DE EXPORTAÇÃO, o Eximbank americano, modelo para o mundo, CRÉDITO RURAL por estatais federais, a mais famosa é a Commodity Credit Corp., SEGURO AGRÍCOLA,  Farm System Insurance Corporation, todo o sistema de apoio financeiro da agricultura americana É ESTATAL, algo que nossos economistas neoliberais fazem questão de esquecer quando dão entrevistas. O Tesouro americano dá subsídio altíssimo para os plantadores de milho produzirem etanol de milho, produto economicamente inviável mas que interessa à política de autossuficiência energética dos EUA.

Na Europa Ocidental o número de estatais é muito grande, com enormes empresas multinacionais como as elétricas EDF francesa e ENEL italiana, na Rússia e na China são centenas de estatais, algumas muito grandes como a RUSSNEFT de petróleo na Rússia, na Noruega a gigante STATOIL, 100% estatal com grandes investimentos no pré-sal.

Na Europa é forte a tradição de bancos públicos regionais, equivalentes a nossas caixas econômicas, essenciais no financiamento imobiliário bem como bancos de crédito à exportação como o alemão KfG. Sem esquecer que toda a economia agrícola da União Europeia é subsidiada de forma direta ou indireta, para garantir subsistência alimentar.

Na China existem 900 estatais, entre as quais as QUATRO maiores petroleiras do mundo.

Não há no mundo NENHUMA ONDA DE DESESTATIZAÇÕES e nenhum grande economista ou grupo de economistas de primeiro nível carrega a bandeira de privatizações em lugar algum.

O DESAFIO DA RECESSÃO

Miriam Leitão em seu editorial radiofônico na CBN de 19 de dezembro de 2018 diz que O GRANDE DESAFIO DO PRÓXIMO GOVERNO SERÁ SAIR DA ARMADILHA DO BAIXO CRESCIMENTO, o mesmo baixo crescimento gerado pela insana política de contração monetária do Banco Central que Miriam tanto elogia e pela destruição das maiores empresas empregadoras do País pela Lava Jato, também incensada por Miriam bem como pela política da PETROBRAS de Pedro Parente de comprar tudo no exterior, até  navios sondas quase terminados foram acabados no exterior, outra diretriz muito elogiada por Miriam, “para evitar corrupção”, assim detonando meio milhão de empregos que o pré-sal poderia garantir no Brasil e transferindo esses empregos para a China e Singapura, uma política insana em nome de uma cruzada moralista, mesmo um pouco mais caro um navio construído no Brasil gera empregos, impostos, subfornecedores, a reprodução do gasto pela circulação do dinheiro dentro do País compensa largamente o preço um pouco mais alto, o que também pode ser mero engodo, preço externo mais barato no casco muitas vezes é truque para vender outros serviços e peças mais caras depois, o mundo está cheio de negócios da China.

Para Miriam Leitão registrar, o Tesouro dos EUA dá subsídios à construção naval nos Estados Unidos, muito mais cara do que na Ásia, com o objetivo de manter ativos os ESTALEIROS americanos que sem subsídios seriam inviáveis, é uma POLÍTICA PÚBLICA, antineoliberal, para 2018 a MARITIME ADMINISTRATION terá orçamento de US$390 milhões para esse SUBSÍDIO à construção naval comercial. Os dados estão disponíveis na net.

A ARMADILHA DO BAIXO CRESCIMENTO, expressão usada por Miriam Leitão, foi criada pela absurda política de dar prioridade total  a “inflação na meta” através da diminuição do poder de compra da população, sem que o Banco Central tivesse qualquer compromisso com o crescimento, seu único alvo sempre foi a estabilidade como fim em si mesmo e não como instrumento da prosperidade, o que é relativamente fácil para um Banco Central, entregar só inflação na meta sem crescimento não precisa de economista brilhante, qualquer um faz.

A saída da recessão tem preço e custo, necessita aqui, como em qualquer outro lugar, de recuperação do poder de consumo da população sem renda e isso só é possível com outra política e mentes mais plurais no Banco Central e na direção da política econômica.

Em dezembro de 2018 o IBGE indica uma DEFLAÇÃO de 0,16% nos preços. Só economistas doentes podem ficar contentes, deflação em plena recessão em Dezembro é moléstia e não virtude, é sinal de a economia está com anemia, deflação não é bom sinal nem no Japão.

Mas ao mesmo tempo em 2018 os gastos de turistas brasileiros no exterior se mantiveram firmes, com mínima queda (2,16%), o que indica que o desastre econômico sobre 180 milhões de pobres não afetou o apetite e a capacidade de camada alta da população para gastar renda auferida no Brasil em Miami ou Londres, lá criando empregos, é pneumonia com câncer para um País que se pretende viável, um dos grandes Países onde vive uma elite que apenas mora e aufere renda no País mas não faz parte dele, ilhas ricas em meio a oceanos de pobreza, os brasileiros  não se sentem ligados ao País, não fazem parte dele, brasileiros com renda gastaram quase 20 bilhões de dólares em turismo no exterior em 2018, o que é um dado impactante para um País em recessão há quatro anos e com saltos extraordinários no crescimento da pobreza, com sua economia produtiva estagnada e Estado esgotado.

AS ESCOLAS DE PENSAMENTO ECONÔMICO SÃO IDEOLOGIAS

Keynes dizia que a História da humanidade é a História do pensamento econômico e pouca coisa mais. As escolas de economia partem de uma visão de mundo e daí criam a base de ideologias. Toda escola de economia parte de uma premissa ideológica e o segredo dos grandes economistas é NÃO TER UMA SÓ ESCOLA, usam varias de acordo com o tempo e o problema, como laboratórios que produzem remédios diferentes, o grande economista usa o remédio que aquele laboratório dispõe para aquela doença, sendo outra a doença muda-se o laboratório e o remédio. É algo difícil para cérebros medíocres, por isso só grandes inteligências como Keynes e Schacht operaram políticas econômicas não só diferentes mas contraditórias, em circunstâncias distintas, é preciso realmente muita flexibilidade, só um Rachmaninoff conseguia ser ao mesmo tempo  um extraordinário compositor, um excepcional pianista e um maestro de primeiro nível, assim como Keynes era um ortodoxo economista do Tesouro da Índia, defendendo a sólida libra esterlina antes da Grande Guerra, na Depressão de 1933 era um audacioso impressor de dólares para fazer a economia americana rodar e sair da Crise e em 1944 voltava a ser conservador para criar essa catedral da ortodoxia, o Fundo Monetário Internacional, que saiu de sua cabeça, quer dizer, o mesmo homem fazia coisas diferentes e opostas em circunstâncias distintas, imagine se um economista da PUC Rio pode desempenhar vários papéis durante sua vida de fórmulas prontas da formatura à velhice?

Falta evidentemente personalidade e cérebro, vão usar a mesma cartilha onde estudaram 40 anos antes em Chicago, não mudam uma vírgula, a mediocridade cobra seu alto preço.

Escolas de pensamento econômico são na essência arenas para discussão do CONFLITO DISTRIBUTIVO, a repartição da riqueza e da renda, ao fim existem apenas para isso, tomar essas escolas como religião e matéria de fé é de uma pobreza intelectual única, escolas de pensamento econômico valem menos que cartilhas velhas e riscadas.

O CRESCIMENTO PELA INCLUSÃO SOCIAL

Os 30 milhões de consumidores brasileiros bem de vida não são mais um mercado em crescimento. Já tem casa, carros, eletrodomésticos, móveis, dai não sai crescimento.

Mas há uma massa de 180 milhões de brasileiros “mal de vida”, se tem emprego  e são poucos que hoje tem, os empregos são inseguros, o ganho é pouco, não tem perspectivas de futuro  moradia precária, poucos bens, uma vida miserável para si e para os filhos.

A inclusão dessa massa no mercado de consumo pela subida de patamar de compra é que puxará o crescimento a taxas altas, foi assim que a China e a Índia cresceram de forma exponencial nos últimos 25 anos, O CRESCIMENTO PELA INCLUSÃO SOCIAL mas com um projeto de política econômica com visão de Pais e de futuro e não só bolsa e câmbio.

O Brasil fez uma tentativa tímida nos governos do PT nessa direção, mas deixaram o Banco Central em mãos ortodoxas, é como acelerar um carro com o freio de mão travado, o motor faz barulho, mas o carro  não sai do lugar, SEM POLÍTICA MONETÁRIA o País não cresce.

NO CAMINHO DO CRESCIMENTO

Mas como Brasil irá incorporar esses 180 milhões no mercado de consumo com políticas restritivas, que tornam impossível o novo emprego, o primeiro emprego, o bom treinamento?

Não há maior CUSTO nacional do que a subutilização de imensos recursos humanos e materiais de um País enorme, gente parada, fábricas em marcha lenta, milhares de galpões vazios, lojas fechadas, qual o CUSTO MACROECONÔMICO desse desperdício? Foram 270 mil lojas fechadas nos últimos três anos, que imenso desperdício de capital, de empregos, de oportunidades.

Que imenso, gigantesco desperdício humano, econômico e financeiro que foram QUATRO ANOS DE RECESSÃO, quanto custou isso economicamente ao Brasil em arrecadação não recolhida, em salários não recebidos, em capital físico sem rendimento nas fábricas e lojas fechadas? Perto dessa perda o “déficit fiscal”, essa obsessão dos economistas neoliberais é um punhado de arroz mas eles não têm a capacidade intelectual de visualizar perdas macroeconômicas causadas por má política monetária, a causa da recessão está no Banco Central e não no déficit fiscal, este causa inflação mas não recessão, quem travou a economia em 2014 foi o Banco Central, para garantir a inflação na meta paralisou a economia.

No entanto o Brasil pode facilmente crescer por alguns anos a taxas de 7 a 8% ao ano, como já expus aqui em outro artigo

Os economistas neoliberais não têm nenhum interesse, só pensam em câmbio, juros e bolsa e é esse tipo de gente que desde 1994 dirige a economia brasileira. Alguma dúvida?

Ouçam o comentário de Alexandre Schwartsman, economista de primeira linha, no seu horário da CBN de 20 de dezembro de 2018.  Um comentário sobre a economia brasileira onde não há ABSOLUTAMENTE NADA sobre economia produtiva, emprego, crescimento, o comentário é sobre os índices de inflação e taxa de juros Selic para 2019 e 2010, com precisão de duodécimos de um por cento, Alex foi diretor do BC e os que hoje dirigem o BC são clonesde Alex , para eles o total da economia é cambio, inflação e juros,  nada mais. Quanto a emprego na mesma emissora outro comentarista alegou que o desemprego era bompara manter a inflação na meta, falou talvez sem perceber a aberração de sua ideia.

https://cbn.globoradio.globo.com/media/audio/234698/cenario-indica-que-sera-muito-dificil-bc-subir-jur.htm

Ninguem se iluda sobre crescimento no próximo governo, não existe nenhuma semente a plantar para isso, a politica econômica será mais do mesmo ao cubo, se triplicara a aposta no erro que vem desde 1994, se dará preferencia absoluta para cortar mais na despesa em vez de estimular o crescimento que gera receita, diminuirão os programas sociais, aumentará a pobreza e a prosperidade  será uma lembrança dos livros de Historia.

Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

9 Comentários

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  1. ECONOMIA

    André, boa noite 

    Em primeiro lugar, um bom final de ano e um bom ano novo para Você e toda a família.

    Em segundo lugar, obrigado pelos textos que sempre são informativos, pois aprendo sempre mais ao lê-los. São maravilhosamente lógicos, no sentido de esclarecedores.

    Oxalá trinta por cento de nossa cidadania tivesse a oportunidade de aprender com Você.

    Lendo seu texto fica claro que sem o Estado e uma intervenção planejada do mesmo, jamais sairemos do abismo no qual estamos.

    O governo que aí vem, recebeu uma espécie de cheque em branco para realizar o sonho neoliberal  (Míriam Leitão e congêneres estarão à beira do nirvana??), ela que silenciou quando entrevistou o vice-presidente, defensor da tortura, ela que foi torturada na ditatura militar? A que ponto pode descer um ser humano?

    André, os 57 milhões que votaram no eleito foram irresponsáveis. Pensam que é possível eliminar milhões de nosso povo, porque suplérfuos. Guedes e seus asseclas são realizadores do pós-humanos, de nossa distopia diária. É difícil até escrever.

     

    Um abraço André.

    Esperamos um livro seu …

  2. A economia a serviço do ser humano
    Um abraço, André.
    É muito bom poder ler seus artigos, bem como do GGN.

    A economia deveria estar a serviço do bem, do bem comum. Isto deveria valer para a política e pra todos os relacionamentos entre as pessoas.
    Eu gostaria que esses podres, podres-ricos, enfiassem a grana deles no caixão…

    Deixando de lado os 30 milhões de brasileiros bem de vida, eu penso e me comovo com os mais pobres.
    Eu já participei de assinaturas de apartamentos minha casa/minha vida em que marido e mulher de pouco mais de 50 anos usavam o mesmo óculos para assinar, um óculos “prescrito” há mais de 10 anos e de uso comum. Encontrei um senhor de pouco mais de 60 anos já quase cego e, ao que parecia, era por causa de uma catarata avançada que talvez tenha sido decorrente de diabetes. Mas estes ainda têm um pouquinho, finalmente.
    Eu vejo e me comovo com uma mulher negra de cerca de 30 anos que vende balas na avenida e deixa seu filho de 3 anos perto, na grama em cima de um lençolzinho, deitado com sua irmãzinha de menos de 1 ano, cuidando dela enquanto essa mulher, essa mãe vende balas por 1 real o pacote.
    Eu me comovo ao ver um casal de pouco mais de 20 anos que batalha, o marido, como palhaço na avenida, enquanto a mulher cuida de seu bebezinho na sombra de uma árvore.
    Onde chegamos, meus amigos? Quanto mais degradante tem de ser o ser humano?
    Eu penso nestes psicopatas que estão no congresso, executivo e no judiciário e nos demais homens comuns que estão lá e agem como se tivessem nascido psicopatas também.
    O Brasil tem riqueza capaz de deixar que cada um tenha o direito de viver com dignidade, sem que o podre-de-rico precise deixar sua podreza. Tem pra todos, dá pra todos e não é utopia.
    O mundo tem riqueza que serviria pra todos….
    Mas o que interessa é economizar 800 bi em 10 anos, fazendo a reforma da previdência, e deixando sem rumo a maioria do povo já à partir da meia idade.
    O que interessa é a guerra. Ela é tão maravilhosa por que você explode uma bomba, fabrica outra e pode explodir novamente…
    Pra que o ricos se apodreçam ainda mais na sua riqueza ou podridão. Pra que essa “casta” que lhes serve possa ter o luxo, a mordomia (senhores servidores) e usar um óculos cor de rosa, dentro de um carro de vidros escuros e “não perceber o semelhante”.

  3. A omissão das autoridades sobre o coaf
    Onyx afirmou, ao ser provocado a se manifestar sobre o caso queiroz, que não lhe cabe falar sobre isso mas sobre o resultado do seu trabalho de dois meses e que temos que acreditar que o Brasil vai dar certo, apesar das abofelanças bolsonaras, achacando os pobres assessores
    Como um troço desse pode dar certo?

  4. Queiroz se comprometeu e honrou
    Seu compromisso de provar que está doente bem como prometeu provar a origem e o destino das finanças movimentadas pelo homem que faz dinheiro, tal qual a Casa da Moeda
    Do not do it yourself
    Let’s do it ourselves

  5. Andre.
    Alegre-se.
    O nucleo do

    Andre.

    Alegre-se.

    O nucleo do novo governo não é o Paulo Guedes. O núcleo é militar.

    Aqueles generais que 40 anos antes dos chineses criaram o milagre brasileiro, onde chegamos a crescer 15% em apenas 1 ano.

    Para intervir no Ministério da fazenda e no Banco Central, não precisa de um cabo, um soldado e um jipe. Basta a caneta bic do Presidente.

    Pode crer que boa parte do eleitorado do Bolsonaro, assim como eu, votaram pela volta dos militares, um governo vitorioso que tirou o Brasil da 39 posição e o colocou na 7ª dentre os países mais ricos do mundo em apenas 1 década.

    Estamos pronto para enfiar o pé na tábua. Esse jipe do exército vai andar mais que um Tesla.

     

    1. Eugênio, também se repetirão

      Eugênio, também se repetirão os efeitos colaterais da intervençaõ militar de 64-85 = o governo decidindo ou não qual livro eu posso ler ou filme ou peça assistir, restrição à liberdade de opinião ( e tenho certeza de que o blog do Nassif estaria na cabeça da lista dos que sofreriam retaliação – seja criminal ou financeira ) , todo movimento social visto como um bando de terrorista e portanto punível com repressão a bala, proibição de greves e assim os salários não seriam reajustados conformes as perdas inflacionárias, agravando a nossa já pornográfica concentração de renda, a oficialização da tortura ( já que pros mais pobres a tortura é o método mais usado para o ‘interrogatório científico’ da polícia – para os mais ricos, é a prisão preventiva ad infinto ) como uma forma legítima de enfrentar o “inimigo” ? 

      Só um detalhe = é fato que o maior período de crescimento pós segunda guerra foi nesse período. Mas é bom lembrar que a parte final do regime foi muito ruim na economia, culminando com a quebra do país em 82 – o que sem dúvida ajudou aos militares entregarem o poder aos civis – dúvido que fariam isso se a economia estivesse no ápice. 

    2. acorda, cidadão

      Acorda, Eugenio

       

      Os militares são os piores. pois deveriam ser patriotas e não são….

      São elitistas, a si mesmos, e anti-povo

      Este país tem esse principal mal: os militares, infelizmente.

      Eles deveriam ser o principal bastião de defesa da soberania deste país, mas não são.

  6. Sr André parabéns por mais um

    Sr André parabéns por mais um texto primoroso. E um recado à esquerda: bandeiras à serem erguidas – geração de emprego, geração de renda, interesse nacional, igualdade, justiça. Façam isso. Antes que o outro lado roube mais essa bandeira.

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