Ernesto Araújo parece querer guerra santa com o mundo muçulmano, por Rogério Maestri

O que podemos esperar deste desministro é um isolamento ainda maior do Brasil e uma total perda de independência econômica

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo – Foto Agência Brasil

Ernesto Araújo parece querer guerra santa com o mundo muçulmano

por Rogério Maestri

Segundo a Agência Brasil o desministro das relações exteriores pronunciou uma frase que poucos têm ideia quantos problemas podem trazer com os países muçulmanos. A frase não foi sobre a transferência da embaixada do Brasil em Israel para Jerusalém, foi uma frase potencialmente mais destrutiva do que isto nas relações entre o Brasil e os países muçulmanos, como outros de outras religiões. A frase foi:

Nós acreditamos fortemente que precisamos trabalhar a partir dos princípios de liberdade e dignidade humana, incluindo a liberdade religiosa, e aqui é importante especial atenção para as comunidades cristãs na região”. 

Esta frase, se for analisada de forma ligeira, pode parecer sem o mínimo impacto. Porém, por trás desta frase tem um discurso que contraria frontalmente não só a fé de muitos países muçulmanos como outros países que possuem religião oficial ou ateísmo oficial.

Vamos entender melhor o assunto. O proselitismo religioso do tipo bater de porta em porta e oferecer “a palavra do senhor”, não é tolerado em muitos países do mundo. E o nosso desministro das relações exteriores esquece que a liberdade religiosa não é uma norma para grande parte da humanidade.

O mais surpreendente, para o desministro, é que até no seu Estado Modelo, Israel, a liberdade religiosa para todos é uma regra e não uma exceção, pois como o estado é religioso, não é possível casamentos entre duas pessoas de diferentes religiões, pois simplesmente não há casamento civil. Além disto, segundo o site cristão evangélico norte-americano Open Doors, em Israel há perseguições religiosas, algo que por conveniências políticas fica habilmente escondido no texto, citando que há intolerância religiosa nos Territórios Palestinos, porém todas as descrições são de interdições religiosas são impostas pelo estado de Israel!

Mas voltando ao geral, a grande maioria da população do mundo está sujeita a restrições religiosas, que conforme a orientação das ONGs (que são não governamentais, mas tem religião), aparecem com maior ou menor ênfase, como se religiões perseguidas fossem somente as suas, e nada em relação a perseguições religiosas feitas pela religião das ONGs. Ou seja, na realidade a perseguição religiosa ocorre mesmo em estados denominados laicos e democráticos, mas neste caso contra religiões não tradicionais do estado em questão.

O desministro tem certamente um alvo principal que ele tentará atingir, os países muçulmanos, pois se ele incluir os países budistas e hinduístas que também praticam discriminações religiosas, vai-se ficar com poucos países restantes.

Esta agenda proposta por Ernesto Araújo é extremamente explosiva, pois em países muçulmanos, mesmos os mais abertos, a possibilidade de fazer proselitismo religioso é crime, pois em muitos países a conversão a uma religião diferente é passível de penas extremas como a lapidação.

Mas o desministro segue por este caminho perigoso, pois encontra-se exatamente no mesmo caminho que uma tendência dos grupos de extrema-direita religiosos norte-americanos seguem, como o Alliance Defending Freedom (ADF), o American Family Association (AFA), o The Becket Fund for Religious Liberty, o Family Research Council (FRC) e o Focus on the Family (FOTF), que utilizam a chamada liberdade religiosa (dos cristãos evangélicos, é claro), para além de dominar politica e economicamente uma parte dos Estados Unidos, e o pior, de países africanos, como a Uganda, em que se declarando um país religioso querem impor leis como a de criar pena de morte para os LGBT’s, ou seja, a velha e conhecida política da cunha, onde se introduz algo inocente para chegar no pior.

O que podemos esperar deste desministro é um isolamento ainda maior do Brasil e uma total perda de independência econômica, ficando a cada dia mais dependentes do grande irmão do norte.

Redação

10 Comentários

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  1. O que os “irmãos” do norte querem é exatamente nos fazer um isolado do mundo e reconhecê-los como nosso único aliado e salvador. Então, não pra onde correr e nada mais a fazer é só abrir a porta para eles entrar. Imagino que nenhuma guerra santa, de verdade, faria o Brasil perder tanto quanto perdeu, desde o golpe patrocinado pelos impatriotas e vendidos.

  2. O que os “irmãos” do norte querem é exatamente nos fazer um isolado do mundo e reconhecê-los como nosso único aliado e salvador. Então, não pra onde correr e nada mais a fazer é só abrir a porta para eles entrar. Imagino que nenhuma guerra santa, de verdade, faria o Brasil perder tanto quanto perdeu, desde o golpe patrocinado pelos impatriotas e vendidos.

  3. Caro Rogério, parece que o desministro está sendo tutelado pelos militares, mas ainda não taparam a boca dele com esparadrapo. É certo que há muito “nossos ?” militares abandonaram o nacionalismo, escolhendo a “sobrevivência” sob as asas dos gringos, mas será que não erraram os cálculos e estão confundindo sobrevivência com suicídio ?

    1. O problema é que no grupo dos militares há muitos do mesmo nível dos ministros mais questionados.
      Procure assistir alguns destes canais do YouTube em que alguns destes militares falam, também é um show de horrores e de teorias conspiratórias, muitos são Olavetes de carteirinha.

  4. Rogério, releia seu texto, há várias frases contraditórias ou sem sentido. Sem falar na própria ambiguidade do texto, mas isso é uma discussao longa que nao quero começar sem conseguir me logar.

    1. Ana Lú, o texto ficou pior do que de costume, pois fiquei quase duas horas tentando me logar e fui terminá-lo próximo das 5 horas da manhã. Já sem sono produzo coisas com erros, quase dormindo produzo horrores, mas não tenho nem chance de corrigi-lo (ou pelo menos deixa-lo legível).
      Peço a todos desculpas pelo texto, mas como conto com leitores inteligentes, abuso disto!

  5. O país em crise, com agenda indefinida, apenas com a convicçao de lamber os EUA e Israel. Ele irá minar nossa política externa e, obviamente, terá impacto negativo para a política doméstica

  6. Se o Bebianno vai ser exonerado, porque o Ministro do Turismo será poupado?

    O Ministro do Turismo, que está sob a mesma acusação do Bebianno, disse:

    “Não vejo relação de uma coisa com a outra. A questão do Bebianno está sendo resolvida, quem decide é o presidente da República, e a minha questão é completamente separada. O presidente é quem vai decidir”.

    Apesar de ambas as questões não terem relação uma com a outra, elas estão relacionadas, pois todas serão decididas pelo Bolsonaro.

  7. Acho que o Rogério tem razão, não podemos ser tutelados por crentes fanáticos. Este governo de malucos podem nos levar a ter até atos terroristas no Brasil.

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