Escatologia: O governo Bolsonaro unificando duas palavras de diferentes sentidos e igual grafia, por Rogério Maestri

O segundo sentido de escatologia é derivado de uma palavra mais moderna σκατος que significa fezes, com o mesmo sufixo de estudo significa o estudo das fezes

Escatologia: O governo Bolsonaro unificando duas palavras de diferentes sentidos e igual grafia

por Rogério Maestri

Uma palavra que tem duas diferentes origens e sentidos totalmente diferentes, mas com a mesma grafia, o atual governo consegue unificar o termo, em um ato de seus componentes, a palavra é escatologia.

O primeiro sentido da palavra, olhando sob o ponto de vista etimológico, provém da união de duas palavras do grego antigo, εσχατος (último) e o sufixo λόγια (estudo), que foi originalmente concebida para definir o que deveria ocorrer durante e após o momento do fim do mundo.

O segundo sentido de escatologia é derivado de uma palavra mais moderna σκατος que significa fezes, com o mesmo sufixo de estudo significa o estudo das fezes, que também pode ser substituída pela palavra coprologia.

No primeiro sentido é empregado na religião no estudo das profecias ou folclores a respeito do fim do mundo ou mesmo nos fenômenos religiosos que procederiam esse momento, já a extensão da palavra do segundo sentido pode significar “utilização ou gosto por expressões ou assuntos relacionados a fezes ou obscenidades”.

Nesse ponto chegamos ao milagre realizado pelo atual governo, o caso de um Senador da República que numa investigação da polícia coloca dinheiro numa região próxima ou mesmo dentro do anus (a polícia teve pudor de não deixar claro exatamente a onde estava o dinheiro) resultando em células com restos de fezes, temos duas coisa, uma atitude de “fim do mundo”, ou seja, um senador da república que começa a ser investigado por desvio de dinheiro da saúde pública e legalmente recebe a visita de policiais já é um escândalo. Além disso ter em casa uma certa quantia significativa em moeda corrente e pior no lugar de tentar justificar a origem da moeda esconde nas partes íntimas um volume considerável delas, resultando em células sujas de fezes do senador, é uma confissão de culpa crivada de vergonha e desonra. Em países com pessoas de maior estofo moral, uma figura que representa um estado da união na câmara alta quando sujeito a tal grau de humilhação deveria ou ter dado um tiro na cabeça ou se jogado pela janela.

Em resumo, a cena ocorrida algo do tipo escatológico em termos de fim do mundo da honra e da decência e no sentido de um assunto literalmente relacionado a fezes e figurativamente relacionado a uma obscenidade política de alto grau.

No mesmo dia em que ocorre isso, poucas horas depois um dos maiores jornais do mundo, o The Guardian, publica toda a história com todas as nuances, deixando claro para o mundo inteiro o grau de degradação moral dos políticos brasileiros e por extensão o povo brasileiro que o elegeu.

Em resumo, a escatologia do assunto é válida nos dois sentidos.

Redação

3 Comentários

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  1. A considerarmos, pois, o sentido ambíguo da palavra, religião e política são a mesma merda.
    A considerarmos a qualidade de nossas lideranças religiosas e políticas, flagradas descaradamente em circunstâncias desonrosas e que de maneira cândida nem se importam com isso, temos que: ” quem não tem vergonha todo o mundo é seu”.

  2. Prezado Professor e comunidade GGN,
    Por coincidência, é um dos meus assuntos preferidos a escatologia, no sentido de fim de algo que se iniciou e teve seu desenvolvimento. Sobre as palavras e seus significados lembro do historiador e herói da Resistência Marc Bloch que atualmente comecei a ler. Em Sociedade Feudal, ele comenta:
    “As palavras, todavia, são como moedas muito usadas, à força de circularem de mão em mão perdem o seu relevo etimológico.(…) Com a condição de tratar estas expressões apenas como rótulos, daqui para o futuro
    consagrados, de um conteúdo que ainda não foi definido, o historiador pode servir-se deles sem mais remorsos do que aqueles que sente o físico quando, desprezando a língua grega, se obstina em chamar «átomo» a uma realidade que ele passa o seu tempo a fragmentar.” (pp 11-12)
    O físico acha irônico o rótulo atômico e o assume.
    As fezes igualam os humanos, somos tubos ambulantes. Direita e esquerda. Ateus e crentes. Inteligentes e “pobres de espirito” (Mateus 5)
    Pó e cinzas.
    Mas nesse mar todo de lama acredito que o AMOR ainda pode nos salvar!
    Jesus te ama e eu também.

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