Luciano Huck – a volta dos que não foram, por Sergio Saraiva

Em nova não-entrevista a esta Oficina sobre sua candidatura à presidência da República em 2018, Luciano Huck é enfático: “estou dentro; mas, por enquanto, me inclua fora dessa”.

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Luciano Huck – a volta dos que não foram

por Sergio Saraiva

Aviso aos navegantes: uma releitura satírica do artigo de Luciano Huck para a Folha de São Paulo de 18 de fevereiro de 2018.

Oficina: com a inviabilização da candidatura de Alckmin pelo PSDB nas pesquisas eleitorais para 2018, seu nome voltou a ser lançado. Agora por ninguém menos que FHC – o presidente emérito do Brasil. Conseguiu te convencer?

Huck: em novembro, deixei claro que não seria candidato a nada. O ano começou e meu nome seguiu sendo ventilado no noticiário político e nas pesquisas eleitorais. Gente de todos os lugares, idades e crenças me procurou para depositar em mim suas esperanças, diga-se, já no fim.

Oficina: mudou então a sua decisão de não concorrer?

Huck:  não posso esconder que o coração se encheu de força, a cabeça de ideias e que todas as intempéries e adversidades que os amigos mais queridos apontavam incessantemente, encolheram e ficaram minúsculas por alguns instantes.

Oficina: mas você parecia decido a não concorrer.

Huck: a recorrência desta hipótese em torno do meu nome fez ressurgir uma espiral positiva de tamanha força que foi humanamente impossível não me deixar tocar.

Oficina: pressão muito forte?

Huck: foram centenas de conversas, cada uma delas um aprendizado. Ideias se conectando umas às outras e fazendo enorme sentido. No total, foram mais de dez meses de escuta profunda, debates, leituras, reflexão… um tempo de tanta intensidade e qualidade, que provocou uma revolução interna, virando do avesso tudo o que eu acreditava serem meus limites e demolindo os tetos que inconscientemente limitavam o espaço acima da minha cabeça.

Oficina: isso está com jeito de uma resposta “sim, estou dentro”. É isso?

Huck: reafirmo minha convicção de que há tempos deixei para trás minha zona de conforto num caminho sem volta; vou servir, contribuir com meu tempo, dedicação e ideias para ressignificar a política no Brasil.

Oficina: então você é candidato? Esta Oficina pode dar essa notícia ao Brasil?

Huck:  aqui, mais uma vez, quero dizer que não sou candidato a presidente do Brasil.

Oficina: Não? E aquela história de unir as pessoas de bem em prol do país?

Huck: não existe vento bom para uma nau sem rumo.

Oficina: mas você não tinha um projeto para o Brasil baseado no liberalismo econômico?

Huck: não tenho, simplesmente porque não existe um modelo preconcebido de panaceia universal para o Brasil.

Oficina: mas você não se propunha a ser, com sua geração, o construtor do Brasil do futuro?

Huck: sei que este Brasil do futuro só tem alguma chance se não depender de mim.

Oficina: sincero, sem dúvida. Mas não seria apenas mais um recuo momentâneo, em função da revelação das formas de financiamento do seu jatinho e das suas obras filantrópicas? Você realmente abandonou definitivamente a ideia de ser presidente do Brasil?

Huck: Se alguém imaginou que estou saindo de cena, errou na mosca. Deste projeto, acredite, estou mais dentro do que nunca.

 

PS: Oficina de Concertos Gerais e Poesia – perdendo amigos, para não perder a piada.

Redação

6 Comentários

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  1. Ah É Sim

    Muita “intimidade” com o mineirinho, durante anos e anos, deu nisso, assimilou o espírito das Gerais: não sou contra nem a favor, muito antes pelo contrário.

  2. Itaú demitiu Huck candidato porque fracassou.

    É o mesmo motivo porque o Itaú tira de venda produtos que não vendem, e que a Globo tira do ar programas que não dão audiência.

    A cartinha à folha foi só para sair da linha de tiro (BNDES, Lei Rouanet, Adriana Ancelmo e Lei Luciano Huck, etc) e tirar seus patrões dessa linha. Como Huck vai continuar fazendo propaganda do Itaucard que cobra juros acima de 10% ao mês se compra jatinho de luxo com juros de 3% ao ano nas tetas do estado encaminhado pelo próprio Itaú? E a Globo tendo de responder processo no TSE a cada declaração de ser ou não ser candidato? Só valeria a pena se Huck se revelasse de fato um fenômeno eleitoral.  

    Mas o fato é que Huck não volta a ser candidato este ano por um motivo simples: fracassou como pré-candidato ao não subir nas pesquisas, e ainda começou a produzir mais danos à imagem de seus patrões do que intenções de votos.

    Com certeza os donos do poder (Itau-Globo-Washinton) tem pesquisas internas antes, durante e após o julgamento do TRF-4, dia sim, dia não, e com todo tipo de cenário. Huck não fica bem na fita em nenhum deles, senão seria escalado candidato do mercado. Tanto está ruim de voto que nem o inexpressivo eleitoralmente Rodrigo Maia (DEMos) emprestou-lhe apoio.

    Huck é conhecido por praticamente 100% do eleitorado e não chega nem a 2 dígitos. Mesmo sem Lula, não herda seu eleitorado como esperava o patrões Itaú-Globo. Perde para Bolsonaro, Marina Silva e Ciro Gomes, e sabe-se lá mais quem.

    Depois dessa ênfase da Globo na intervenção militar no Rio, a agenda da corrupção dando sinais de fadiga eleitoral diante da percepção popular de que há manipulação, não duvido que experimentem lançar o balão de ensaio de alguma candidatura de algum general neoliberal (coisa que só existe no Brasil), como o Mourão.

  3. Assessoria de luxo

    A não-entrevista revela, de forma eloquente, que o não-candidato está sendo assessorado pelo Petronio Augusto Carvalho Olivieri Filho, atualmente assessor especial do STF, o mesmo assessor e ghost-writer da ministra “Vai, Carminha”, aquele do blog O Pensador, da usina de frases, aforismos e máximas. Exemplo: 

    “Fazer grandes coisas é difícil; mas comandar grandes coisas é ainda mais difícil”.

  4. As frases proferidas revelam as pessoas. . .

    As frases proferidas revelam as pessoas. Luciano Huck é de ascedência judaíca, dos jardins paulistanos onde tinha um bar de muito sucesso, sobre seu empreendimento proferiu a seguinte frase: “No meu bar, baiano não entra” , como baiano, entenda-se: nordestinos, negros e pobres. Huck é o Trump brasileiro, sucesso na tv com um programa de quinta categoria, e como tantos outros odeia o programa Bolsa Família, mas aceita de bom grado os juros baixíssimos do BNDES, como os que usou para comprar seu jatinho executivo, também aceita recursos subsididados do governo para seus “programas assistenciais televisivos”. Realmente não sei o que será pior, Huck ou Bolsonaro. Este último pelo menos não é tão hipócrita.

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