Izaias Almada
Izaías Almada é romancista, dramaturgo e roteirista brasileiro nascido em BH. Em 1963 mudou-se para a cidade de São Paulo, onde trabalhou em teatro, jornalismo, publicidade na TV e roteiro. Entre os anos de 1969 e 1971, foi prisioneiro político do golpe militar no Brasil que ocorreu em 1964.
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Lula Livre, Lula Prêmio Nobel, Lula Presidente, por Izaías Almada

Lula Livre, Lula Prêmio Nobel, Lula Presidente

por Izaías Almada

Não deixa de chamar a atenção, para quem acompanha com algum interesse o momento político pelo qual passa o país, alguns discursos descuidados ou mesmo maldosos, cheios de segundas intenções, sobre a insistência do ex-presidente Lula em ser candidato às presidenciais de outubro próximo.

O ex-presidente tem o faro político apurado e deve saber e intuir com quantos paus se faz uma canoa. Sua popularidade tem crescido com a perseguição que lhe é imposta, sobretudo nos últimos três meses. Desde que foi chantageado pela rede Globo de televisão no debate final com Collor de Melo nas eleições de 1989, Lula não teve mais sossego.

Parafraseando Euclides da Cunha, o grande jornalista e autor de “Os Sertões”, mas de forma cínica e necessária pelo exposto acima, quero pedir licença aos leitores para iniciar esse meu artigo afirmando que “boa parte do povo brasileiro é antes de tudo covarde”.

Nem todos, que fique bem claro, mas uma parte considerável da população. Ou é a covardia por ação ou é a covardia por omissão. Ou as duas concomitantemente. E já me explico.

Aquilo que se convencionou chamar de elite brasileira, sua camada predadora e aculturada, disposta a restaurar a escravidão e o império, bem como o grande número de trabalhadores de classe média, conscientes ou não de seus direitos, esses dois extratos das classes sociais brasileiras comportam-se e se escondem – na atual conjuntura em que vive o Brasil nesse início do século XXI – sob o indisfarçável manto da hipocrisia e da covardia.

A covardia por ação, através do poder econômico, fica por conta do mercado financeiro, dos bancos, dos empresários ligados ou não a empreendimentos multinacionais (ou o que é pior, ao tráfico de droga pesada e outros contrabandos), dos fazendeiros – muitos deles senhores de terras griladas – mas com seu agronegócio enchendo-lhes as burras; e também de uma classe média avara pelas migalhas que caem ao redor da mesa de tais comensais e que vão empurrando perversamente para a beira do precipício da sobrevivência indigna e a duras penas grande parte da população que aumenta no dia a dia as estatísticas perversas e humilhantes do número de desempregados no país.

Só não vê quem não quer: após doze anos de vivência democrática minimamente ajustada à nossa realidade (um país à procura de sua autonomia e soberania), de inúmeras melhorias sociais, o ciclo de experiências e conquistas dos governos de Lula e Dilma foi sacudido por um terremoto de acusações, traições e injúrias, capitaneadas pelos setores mais intolerantes da burguesia brasileira, de direita ou não, sobejamente difundidas pela imprensa mais falsa, covarde e irresponsável que o Brasil já teve em sua história. Imprensa essa que é capaz, na sua prática diária, de transformar Al Capone numa espécie de São Francisco de Assis. Ou vice e versa.

Houve, sim, um golpe de estado, onde a parte mais podre dos poderes executivo, legislativo e judiciário em defesa de seus próprios interesses e das cobiças alienígenas – e não do país – usurpou o poder, dessa vez na ponta das canetas e não das baionetas.

Tudo feito aparentemente com organização e método, sendo que muito dessa organização e desse método é explicitada ou se faz subliminarmente pela maioria das televisões, dos jornalecos das principais cidades do país, das emissoras de rádio, do massacre diário contra um partido, seus aliados e seus principais representantes e simpatizantes. Provavelmente com algumas sugestões e instruções escritas em inglês.

E não me venham com aquelas conversinhas manjadas de “teoria da conspiração”. Está aí o próprio golpe que não me deixa mentir. Estão aí Moro, Dallagnol, tiros em caravana, impedimento de visitas a Lula, assassinato de Marielle, delegados ameaçando acampamento de cidadãos livres, a morte do reitor em Santa Catarina, pressões militares sobre o STF, pressões da imprensa sobre o STF, a execrável impunidade de integrantes de partidos como o PSDB e o PMDB, as delações premiadas que premiam os corruptos e prendem ou mantêm presos alguns inocentes… E fico nesses poucos exemplos.

Já a covardia por omissão fica por conta dos que, beneficiários de doze anos de políticas sociais inclusivas criadas em quase todas as áreas de atividades e do conhecimento, como a defesa da indústria nacional e da soberania pátria, da democratização do ensino e melhoria em políticas de saúde pública, muitos desses beneficiados não foram capazes de resistir e impedir o golpe anunciado desde o primeiro governo da presidente Dilma Rousseff, mesmo com o enunciado, sempre da boca para fora, dos tais “não vai ter golpe”, “não passarão”, “fora Temer”, “se prenderem Lula o Brasil vai pegar fogo” e coisas parecidas.

A escritora francesa Simone de Beauvoir, ainda nos anos 50, em um pequenino livro, maravilhoso e desconhecido de muitos filósofos, sociólogos e intelectuais brasileiros, não só do século XXI, intitulado “O Pensamento de Direita, Hoje”, disseca o pensamento burguês dos finais do século XX e estende seu conhecimento e análise sobre as várias tentativas de defesa do sistema capitalista, todas elas com um ponto em comum: o uso da força na defesa de tal sistema. E adverte: “Nem tudo que é novo é necessariamente revolucionário”.

É o que acontece hoje em boa parte do mundo. O exemplo argentino fala por si: o neoliberalismo se for necessário, destrói um país, mas não entrega os pontos. Como fizeram com a Grécia há dez anos.

E tudo indica que para muitos brasileiros o fascismo seja uma novidade, mesmo que parcialmente derrotado em 1945 com o final da Segunda Guerra mundial. Se não na teoria, passa agora a ser uma novidade na prática e com inegável ajuda das já famosas “redes sociais”, essa vala comum do desconhecimento da história da humanidade, da ignorância e da falsa cultura.

Um fascismozinho caboclo, eu diria, mas não menos perigoso, pois entre seus admiradores estão no mesmo barco os torturadores e os torturados durante a ditadura civil/militar de 1964. E o pior direitista costuma ser aquele que um dia se disse comunista ou “de esquerda”.

Lançar a confusão, dividir para reinar, criar falsas notícias, essas velhas, surradas e cansativas armas usadas pela burguesia brasileira (elite?!) quando se trata de combater as ideias de justiça social e soberania do país. Quando se trata de melhorar a vida dos pobres, para falar o português claro.

Chega a ser patético quando nos defrontamos com esses “riquinhos” da nova geração, formadores de uma nova classe média em ascensão social e que para se mostrarem aos seus patrões, colegas e mesmo alguns parentes, compram um carrinho mais caro, como sinal exterior de riqueza (essa coisa jeca do novo rico) e saem por aí a falar mal do ex-presidente Lula, do Partido dos Trabalhadores e da esquerda em geral (qualquer seja ela), ganhando com isso (pensam eles) um novo status que supostamente os distingue dos nordestinos, dos pobres de qualquer região e dos negros de um modo geral. Para esses, a ralé, os piores empregos (quando os há) e os piores salários e condições de trabalho. Que o diga a reforma trabalhista dos meliantes que tomaram o poder em 2016.

O que não se sabe muito bem, contudo, é se essa ascensão foi conseguida com trabalho honesto ou se o foi com a corrupção que gostam de atribuir aos outros segmentos sociais “abaixo” dos seus. A hipocrisia, a violência, verbal ou não, e a ignorância sempre andaram de mãos dadas com o fascismo.

O Brasil, país ainda adolescente em termos de cronologia histórica e formação política, bem que está precisando deitar-se no divã de um bom psicanalista e tomar consciência verdadeira de seus problemas. Encontrar os remédios adequados para a covardia de boa parte de sua população, pois com ela não irá a lugar nenhum.

Lula deve ser libertado e deve concorrer à presidência. Tem currículo e conhecimento de sobra para isso. Sua prisão merece respeito e não o discurso dos oportunismos e das traições.

E por uma questão também de respeito e justiça, devo dizer que Manuela D´Ávila e Guilherme Boulos não estão entre os traidores e os oportunistas.  Até porque, além de éticos, são novos e, quem sabe, possam até integrar o ministério de Lula em 2019 e com isso ganharem experiência para uma eventual candidatura em 2022.

No meu modesto entender, isso é união, isso é enfrentar o golpe e seus fascistas. O resto é a velha política burguesa de oportunismos, de discursos demagógicos tão ao gosto dos que acham que os “políticos são todos iguais”.

Se escolhido Prêmio Nobel e, como indicam as pesquisas, vencer as eleições, Lula irá lavar a alma de boa parte do povo brasileiro, devolvendo-lhe um pouquinho que seja do orgulho que dele foi tirado e jogado na lata do lixo em poucos meses.

As piores crises costumam indicar os melhores caminhos e não devemos nos iludir com pinguelas e atalhos que podem surgir.

 

Izaias Almada

Izaías Almada é romancista, dramaturgo e roteirista brasileiro nascido em BH. Em 1963 mudou-se para a cidade de São Paulo, onde trabalhou em teatro, jornalismo, publicidade na TV e roteiro. Entre os anos de 1969 e 1971, foi prisioneiro político do golpe militar no Brasil que ocorreu em 1964.

10 Comentários

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  1. É isso aí mas o Isaias está

    É isso aí mas o Isaias está muito otimista. No país covarde, cruel e estúpido em que vivemos não tenho otimismo sobre o futuro do Lula. Vão trancá-lo até o esquecimento. E por isso quem se junta a esse movimento de que o PT tem que abrir da candidatura do Lula em favor de Ciro Gomes se juntam aos ignorantes, cruéis e estúpidos patos amarelos que foram as ruas para apoiar os corruptos do golpe. 

    Lula está preso, sua família perseguida e exigem abertura de caminho para Ciro Gomes ir para o segundo turno? Se o PT abrir mão das eleições gerais como protagonista o partido some e aí Lula estará segregado de vez sem voz política para o defender.

    Quanto ao Premio Nobel não é bom esperar nada. O Nobel é um prêmio político e os Estados Unidos tem uma força militar enorme na fronteira Norte da Noruega para enfrentamento com os russos. Lembra do Nobel da Paz dado ao Obama que produziu o golpe no Brasil? Pois é.

     

    1. O Euclides da Cunha era antes de tudo um homem generoso

      Pois é, Vera, acho que em meio a tanta canalhice com Lula, o nobel seria um cala boca para muita gente. Mas nos temos que levar o manifesto a mais pessoas, pois ele estava esta semana com menos 300 mil assinaturas. Parece-me que seria bom termos mais das trezentas mil assinaturas em apoio à candidatura de Lula. 

  2. Injusto, muito injusto.

    Não entendo por que insistem tanto em fazer análises mil sempre poupando o PT de seus erros.

     

    É incrível!

     

    E agora, ao deixar de lado os erros do próprio partido, o maior causador do próprio caos em que se meteu e meteu junto oPaís, ainda “sou” acusado de covarde.

    Claro que não deixo de ver o lado positivo e de acertos, que não acredito no clichê “é tudo culpa do PT e da Dilma”, mas convenhamos, é hora de deixar de apontar apenas os erros alheios como a causa de todo mal e olharmos para os próprios erros. Chega de fazer como a direita, dizer que tudo é culpa da esquerda. A esquerda não pode dizer é tudo culpa da direita. A culpa é de ambos mas ninguém quer olhar para o próprio rabo. A direita por maldade, a esquerda por falta de humildade.

    Ora, nos 14 anos de governos petistas, mantiveram a governabilidade a base de acordos espúrios com o setor financeiro (Lula) e industrial (Dilma); juros bancários na de sempre; Dilma com política economica de direita; o partido entrou no velho esquema de caixa 2, sim, o que lhe rendeu toda a amplificada difamação midiática no mensalão; ao mesmo tempo em que nunca souberam criar uma linha de diálogo e comunicação clara com a população para fazer um contra ponto, ainda foram salvando a Globo e alimentando toda essa corja de mídia golpista – fizeram no máximo um faz de conta, de democratização das verbas federais e estatais, dando migalhas as novas mídias progressistas ou imparciais; esse mesmo faz de conta estendeu-se à reforma agrária, demarcação de terras, resolução dos conflitos agrários e indígenas, distribuição de renda que agravou-se ainda mais; ricos nunca foram taxados; se afastaram dabase militante e dos movimentos sociais…

    A questão é: o próprio PT não teve a coragem de realmente confrontar os grandes problemas de cabeça erguida e levando o povo ao seu lado.

    O próprio PT foi covarde perante o julgamento do mensalão.

    Me diz, salvo alguma exceção, qual foi o deputado ou senador que fez alguma defesa contundente e aberta de Dirceu, Genuíno ou Gushiken, como fazem hoje em defesa de Lula e do PT? O Suplicy enquanto senador nunca teve boca para contestar absolutamente nada e agora vem com a hipocrisia de que vai ficar preso junto com Lula! Piada, né.

    Estavam todos se resguardando enquanto viam seus principais quadros sendo linchados.

    Agora, depois que todos se ferraram querem que a classe média, justo ela, façam por eles o que eles mesmos se recusaram a fazer num passado não distante?

    Eu nem acredito quando vejo o que sobrou da militância e o MTST e MST com tanta força de resistência junto ao PT. Em 14 anos de governo petista o MST era para ser apenas uma sigla para manter acesa a chama da resistência, estando cada um em seu pedaço de terra com a bandeira do movimento na sua porteira.

    Em todos esses 14 anos, quantos referendos ou plebiscitos nós tivemos para uma democracia minimamente direta?

    E vem me dizer que a classe média é covarde? Talvez seja, tanto quanto o próprio PT foi nas questões sensíveis e difíceis.

    Parafraseando o próprio Lula, falaram grosso com o povo e fino com os mentores do golpe.

    Não culpem a sociedade por estarem envenenadas e anestesiadas politicamente. O PT só as educou a consumir para sair da crise, mas esqueceu-se do maoísmo: educar para a luta de classes e a revolução.

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    1. Ah, é.

      Mas me diga desde quando o PT tem acesso à midia no Brasil? Eles publicam o que eles querem, como eles querem, quando eles querem. O partido sempre esteve na defesa de Dirceu, Genoino ou ainda Gushiken. Mas o problema não é Lula, não é PT. O problema do Brasil é a oligarquia tacanha que manda aqui e ainda subserviente aos Estados Unidos.

      Quem colocou o Brasil nesse grande abismo que nos estamos foi o irresponsavel do menino drogado e mimado do PSDB, com apoio de seu partido, com o Judiciario, com Eduardo Cunha e o baixo clero da Câmara, com STF, com tudo.

      1. É sim.

        “Mas me diga desde quando o PT tem acesso à midia no Brasil?”

        Nunca teve, mas renovou a concessão da Rede Globo; através de Palocci socorreu financeiramente a Globo sem necessidade nenhuma; e Dirceu quando instigado por Requião que era necessário criar uma TV pública fornte, Dirceu responde: – Nós já temo uma. E Requião: – Qual? Dirceu: – A Globo. Ou seja, acharam que por manter anúncios governamentais – outro absurdo – iriam comprar a complacência da emissora.

        “O partido sempre esteve na defesa de Dirceu, Genoino ou ainda Gushiken”.

        Acompanhei diariamente o julgamento do mensalão e cada “crime” do STF sempre comentava com chefe (!): e ninguém fala nada? Cadê o PT?!

        Busque as falas dos parlamentares defendendo Dirceu, Genoíno, Gushicken e companhia. O PT defendeu como, com o magnífico Cardoso? Esse, na função de ministro da justiça (!) foi o que menos defendeu os réus petistas. Muito pelo contrário, ao meu ver quis é tirar esses importantes quadros do partido da jogada.

        “Quem colocou o Brasil nesse grande abismo que nos estamos foi o irresponsavel do menino drogado e mimado do PSDB, com apoio de seu partido, com o Judiciario, com Eduardo Cunha e o baixo clero da Câmara, com STF, com tudo”.

        Aécio com apoio do PMDB da chapa presidencial PT/PMDB, com apoio do PDT teoricamente de centro esquerda, do PSB teoricamente de centro esquerda, com as fumbecadas iniciadas por Joaquim Barbosa indicado por Lula e os demais sinistros indicados com a “consultoria” do direitista Márcio Thomaz Bastos, ministro do Lula.

        Como disse, não adianta agora agir como a direita que aponta a culpa de tudo pra esquerda.

        Ao contrário do que diz o artigo, não é a classe média que deve ir para o divã – talvez até deva – mas antes de qualquer um, é a própria esquerda.

        Timidamente, em pontos bem isolados, já começaram. Lula e o PT já admitem ter sido um erro não ter regulado os meios de comunicação, apesar de todos os avisos, críticas e análises contrárias a eles, inclusive aqui no Nassif. Dilma não admitiu o seu erro em nomeá-lo, mas acusou seu indicado Joaquim Levy pra economia por não estar ao nível exigido para o cargo. Mas o manteve por bom tempo e trocou 6 por meia dúzia. Dilma também admite ter sido um erro sansionar a lei de caguetagem generalizada, conhecida como delação premiada.

  3. Cartas de Pasárgada ao camarada Arkx.

    O fim do capitalismo é o fim do mundo?

    Para algumas pessoas sim!

    Assim como a morte e os tributos, a superação do modelo capitalista de gestão econômica, social e política tem seus dias contados.

    Então, se temos essas certezas, por que não trabalhar com elas, ao invés de propor soluções improvisadas para manter o que não se sustentará?

    Se sabemos que morremos no final, a maioria de nós busca viver da melhor forma possível, não?

    Tentamos com o capitalismo, é verdade. Soluções de reforma não faltaram, todas baseadas na fatalidade que a desigualdade capitalista é sua essência, e nunca pode ser zerada.

    Sejam liberais ortodoxos, sejam os keneysianos, todos sabemos que a desigualdade no capitalismo não tem fim.

    Ainda que com  o American Way of Life, dos anos dourados pós guerra, ou o Wellfare State, bancado pelo plano Marshall e similiares dos EUA, na Europa e Japão (e adjacências), como forma de prevenir o surgimento de novos hitlers, mussolinis ou hiroitos, ou enfim, com os “anos-bossa-nova de JK”, boa parte das populações mundiais ficaram à margem da inclusão. Uns mais outros menos, dependendo se habitavam países centrais ou periféricos.

    No entanto, cada país com suas peculariedades, o fato é que o estamento mundial acreditava nos pactos constitucionais e no sistema representativo, que eles chamaram de modelo de “democracia ocidental”.

    Talvez (eu acho que certamente) para nos dar a ilusão que tais sistemas representativos pudessem nos fazer suportar as desigualdades.

    Passaram os anos, e a velocidade, intensidade, profundidade e capilaridade dos efeitos das idas e vindas dos fluxos globais de retração e expansão de capitais foram, paulatinamente, prescindindo dos chamados Direitos Humanos de Quarta Geração, e com isso, foram pelo ralo os chamados regimes representativos.

    E tais reflexões não repousam sobre os exemplos clássicos de ditaduras bananeiras, como as nossas e de nossos hermanos latinos, os sanguinários e eternos conflitos etnocidas tribais africanos, ou as sádicas teocracias islâmicas pró-Ocidente (como os sauditas), todas alimentadas pela CIA e NSA.

    Refiro-me ao sistema reprsentativo onde ele é tido como de melhor funcionamento.

    A Europa acabou! Boa parte das eleições nos países membros daquele comunidade não alcança 40% de presença do eleitorado, e desses, poucos escolhem algum candidato como adesão a um projeto político ou plataforma. 

    No máximo respondem nas urnas aos estímulos mais baixos que habita aquele (velho) continente desde que as tribos resolveram se unir em Estados Nacionais.

    Os EUA são um república bipolar, dividida entre as hienas democratas (comem merda e dão risada) e os falcões republicanos, que se parecem mais com urubus, que comem a mesma merda das hienas, mas não riem.

    Desde a década de 60 os EUA não passam por períodos longevos de estabilidade política, embora gostem de arrostar o contrário.

    Mataram Kennedy, derrubaram Nixon, tentaram matar Reagan, e elegeram Bush Jr com uma fraude colossal (os votos fraudados da Flórida, onde governava o irmão Jeb Bush), e agora, as suspeitas sobre manipulação de resultados e humores inclui até a Rússia (?????).

    Nem vou me ater a outros exemplos, porque o texto já está cansativo e enorme (como sempre), mais citemos ainda Berlusconi e Sarkozy, como exemplos de párias paridos não de movimentos políticos propriamente ditos, mas da negação da política, como falamos lá atrás.

    Como hoje nos soam Bolsonaros, Ciros, Barbosas, e que tais.

    Ando meio cansado.

    O debate aqui costumava ser produtivo. Não é mais.

    Olhe você, amigo Arkx, que desde 2015/6, as pessoas dessa latrina tropical, que insistimos em chamar de país, sofreram um golpe e começaram a planejar as próximas eleições (2018) como se elas fossem acontecer, e pior, se acontecerem, como se isso tudo nos restituísse a “normalidade”, que sejamos sinceros, nunca existiu de verdade, apesar das referências de muita gente boa (aí no meio o Nassif) de que em algum tempo respiramos alguma democracia.

    Imaginavam que bastava lançar LULA. Pois é, e agora?

    Mais ou menos como planejar a compra dos móveis planejados com a casa em chamas. De onde vem tanto otimismo? Será otimismo?

    Piada trágica: Otimismo demais às vezes mata…e como!

    1% do país concentra renda maior que o resto todo, torturadores de 64 anistiados, 50 mil pretos e pobres mortos por ano, 1.000.000 de presos (a maioria pretos e pobres, e 60% sem sentença definitiva de condenação) e será que esse pessoal imagina que isso possa resultar em algum tipo de sistema democrático constitucional?

    Será que não veem que somos desiguais porque não existe, de fato, democracia, e vice-versa?

    Como imaginar uma negociação de alianças e programas com o principal candidato sequestrado?

    O que fazer com Dilma, quando virá seu desagravo? Ela vai ficar só andando por aí dizendo o que todos sabem que aconteceu, sem que ninguém ouse dizer que para haver alguma restituição de alguma normalidade o golpe tem que ser anulado, assim como TODOS, eu repito, TODOS os atos praticados pelos golpistas, sejam ele do executivo, legislativo ou judiciário?

    Se a morte é certa, por que vivemos com medo?

    Somos o país do perdão, no sentido cretino do cristianismo:

    Perdoamos os crimes de Vargas;

    Os torturadores de 64;

    Os sequestradores de Lula;

    Os juízes que desmontaram o país;

    Os golpistas de 2016;

    A lista é longa.

    Nelson tinha razão: Toda nossa nudez será sempre castigada e pediremos perdão por sermos traídos, estuprados, amordaçados, e nem temos um ladrão boliviano para gozar no fim.

    1. Nender, o tal.
      Como disse um

      Nender, o tal.

      Como disse um dos comentaristas do artigo: o seu cometário é irretocável.

      É preciso comprennder o que se passa além das nossas fronteiras físicas e históricas. O resto é silêncio.

  4. “E por uma questão também de

    “E por uma questão também de respeito e justiça, devo dizer que Manuela D´Ávila e Guilherme Boulos não estão entre os traidores e os oportunistas.”

    Pois eu digo que estão. E são oportunistas também.

    Quando o PT estava em “alta” estes palhaços estavam lá a puxar o saco do Lula.

    Agora que o Lula é m perseguido político, onde estão eles?

    Lançando suas canddaturas a presidência acreditando qe vão herdar o legado do Lula.

    Se fossem minimamente leais estarial fazendo como oPCO e seu presidente, Rui Costa PImenta.

    O PCO sempre lançou candidato a presidente da república, independente do PT. Nem fazia aliança.

    Agora, ENTENDENDO a gravidade do momento que vive o Brasil o PCO abriu mão da candidatura e está apoiando n ão o PT, mas o ex-presidente Lula.

    O PCO é o único partido que defende que o impeachment foi golpe e que deveria ser anulado. Esta deveria ser a batalha das esquerdas desde o início; A anulação do impeachment fraudulento e não aquela conversa fiada de “eleições já”, etcetc

    Parece-me que os candidatos 1% manuela e boulos não entenderam a gravidade da hora. Muitos outros também não como exemplo cito as bancadas do Pt na câmara e no senado, com exceção do senadores Lindbergh e Gleise.

    Se o Lula cair definitivamente como pretende a globo e a juristocracia será xeque-mate.

    Depois dele serão todos os outros, com exceção dos obedientes como o zé da justissa.

     

     

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