Lula será preso: a política jogada aos leões, por Ricardo Cappelli

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Lula será preso: a política jogada aos leões

por Ricardo Cappelli

Quando Cármen Lúcia decidiu pautar o habeas corpus de Lula já sabia o resultado. Fachin liberou o processo tabelado com a presidenta. Sabia como Rosa Weber votaria. Quem tem o poder só marca o dia da batalha se tiver certeza da vitória.

Uma coisa é um acordo amplo para mudar a jurisprudência. Outra é liberar apenas Lula. Com a pressão aumentando, Cármen Lúcia decidiu lutar judô. Usou a força de seus adversários e armou um ippon.

O julgamento para rever a posição da prisão em segunda instância ficará para as calendas. A presidenta do STF, fortalecida, já deixou claro que não pautará.

Sua vitória contou com um empurrãozinho do General Villas Bôas. Seu pronunciamento na véspera do julgamento, premeditadamente dúbio, colocou mais lenha na fogueira. Na iniciativa encontram-se as digitais do general  da reserva Sérgio Etchegoyen, Ministro-Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.

Etchegoyen, apoiado em setores radicais, vem travando uma disputa de poder surda pelo comando da tropa com o atual Comandante do Exército.  Villas Boas, temendo ser atropelado, deu um passo.

Mais um triste capítulo na história do país. A marcha da insanidade seguirá destruindo a nação.

Foi mais uma vitória maiúscula da Aliança do Coliseu, bloco liderado pela Globo com setores antinacionais da burocracia estatal. O fortalecimento da “Cruzada Salvacionista”. Um duro golpe na democracia.

Uma vitória do neopositivismo multiculturalista de Barroso e seus seguidores. A “Vênus Platinada” está em festa. Os jornalões foram unânimes. Amanheceram exigindo a crucificação de Lula. “Sangue! Sangue!”, bradaram. Os juízes, ao olhar dos barões da mídia, viraram o polegar para baixo e decapitaram o gladiador de joelhos.

Lula será preso. O mais provável é que não saia da cadeia antes das eleições. A escalada conservadora continuará a todo vapor. O fechamento democrático vai se aprofundar.

Teremos dias de comemorações fascistas e trevas. Os Leões entrarão na arena babando atrás de carne fresca.

A derrota deixa ensinamentos. Votaram pelo Estado Democrático de Direito Gilmar Mendes(FHC), Celso de Mello(Sarney), Marco Aurélio(Collor), Toffoli(Lula) e Lewandowski(Lula). Votaram por incendiar o país e contra os preceitos constitucionais Barroso(Dilma), Fachin(Dilma),Fux(Dilma), Cármen Lúcia(Lula), Alexandre de Moraes(Temer) e Rosa Weber(Dilma). Lula vai para cadeia pelas mãos de seus indicados.

Impossível não registrar a postura corajosa e brilhante de Gilmar Mendes. Atacado por setores da esquerda que ainda não entenderam o que está em curso, o indicado dos Tucanos para o STF liderou a defesa de Lula dando um verdadeiro show.

Uma lição que fica pra o futuro. Principalmente para os setores que se alinham ao republicanismo asséptico e descolado da luta de classes.

Esta decisão terá repercussão. Outras prisões virão. Será insustentável perante a opinião pública deixar Lula sozinho. Uma era de terror e caçada à política parece se avizinhar. Quando o Marechal tomba aumenta o ímpeto do exército adversário, que vislumbra a possibilidade de esmagar seu oponente.

O ex-presidente não será candidato. Não estará nas eleições. Sua prisão ganhará ares hollywoodianos. Não se ganha a batalha só pelas armas. É preciso desmoralizar o inimigo de forma a inibir a ação de outros e abalar a moral do exército adversário.

A reação do povo ainda é uma incógnita. Os sinais recentes são desanimadores.

Cada vez mais encurralado, ao campo democrático, nacional e popular só resta o caminho da unidade. Não há outro possível. Divididos seremos caçados, um a um.

Que tenhamos a coragem de superar diferenças menores e construir a unidade que o Brasil tanto precisa. Teremos muitos obstáculos ainda pela frente, mas com unidade o povo ainda pode ganhar as eleições. Fizeram mais um gol, mas o jogo está apenas começando.

Ricardo Cappelli – Secretário Chefe da Representação do Governo do Maranhão no DF. Jornalista especialista em administração pública, foi presidente da UNE.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

2 Comentários

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  1. Os quatro ministros de Dilma

    Sopesando tudo, parcialmente:

    1) Quatro votos dos seis que decidiram pela prisão política de Lula foram proferidos por ministros indicados no governo Dilma.

    2) O ministro da Justiça de Dilma, Cardoso, decidiu, com ordens e orientações de sua chefa, ser republicano, no momento mesmo em que o golpismo era impulsionado e alcançava nova escala com a Lava a Jato; o ministro e o ingênuo governo Dilma decidiram ser, biblicamente dizendo, um cordeiro em meio a lobos.

    O item 2 levou à primeira fase do golpe, com a deposição de Dilma.

    O item 1 abriu caminho para a consolidação do novo regime pretoriano-togado-cosmopolita-espoliador.

    Na história, a “era Dilma” provavelmente será reconhecida como um desastre político, que criou condições objetivas para o colapso da democracia brasileira, com repercussões gerais para a geopolítica do continente e, por suposto, para a ordem mundial.

     

     

     

     

  2. E o caso Lula na ONU

    Sabe-se a quantas anda? Se isso não vai interferir diretamente no judiciario brasileiro, pelo menos que se diga em alto e bom som que o processo da Lava Jato contra Lula é farsa e sua condenação uma injuria. Quanto ao “e agora, José?” Acho que pelo menos varios juristas, intelectuais e personalidades politicas, se imprensa de fato tivéssemos, deveriam subir nas tribunas e denunciar esse processo manipulado. 

    Quanto as eleições… Agora não teremos mais golpe direto. Ja foi dado em cima da liberdade de Lula e teremos ai as eleições da direita ou até da extrema direita.

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