Macbeth tupiniquim, ato 1 cena 3, por Fábio de Oliveira Ribeiro

A última cena desse ato foi a notícia de que Sérgio Moro se tornou consultor da empresa que administra o espólio da construtora que ele mesmo destruiu quando era juiz da 13a. Vara Federal da Rede Globo em Curitiba.

Macbeth tupiniquim, ato 1 cena 3

por Fábio de Oliveira Ribeiro

Agindo como juiz e editor midiático da Lava Jato, Sérgio Moro pautou o MPF, prendeu suspeitos para obter delações mentirosas, perseguiu inimigos políticos, protegeu FHC, grampeou criminosamente Dilma Rousseff, vazou áudios para interferir na política e inventou um crime para condenar e prender Lula.

O preço que ele cobrou para impedir o PT de ganhar a eleição de 2018 foi o Ministério da Justiça. Mas havia fundada suspeita de que a verdadeira pretensão do herói lavajateiro era uma cadeira no STF. 

Esse ano ficamos sabendo que Sérgio Moro quer mais, muito mais. Após receber uma pequena fortuna para dar pareceres para a Rede Globo, o herói da novela jornalística Lava Jato contratou uma empresa para organizar sua turnê de campanha presidencial. 

A última cena desse ato foi a notícia de que Sérgio Moro se tornou consultor da empresa que administra o espólio da construtora que ele mesmo destruiu quando era juiz da 13a. Vara Federal da Rede Globo em Curitiba. O valor milionário dessa nova transação é espetacular e despertou reações imediatas. Sérgio Moro será investigado pela OAB, um ex-aliado disse que ele deu um tiro no saco.  

Aqui mesmo no GGN venho narrando as mutações dramáticas desse personagem elusivo. Sérgio Moro foi juiz, editor jornalístico de novela jornalística  https://jornalggn.com.br/midia/o-indefensavel/, degolador de cabeças https://jornalggn.com.br/artigos/sergio-moro-e-os-cacadores-de-cabecas/, duplo do Cabo Bruno https://jornalggn.com.br/justica/vidas-paralelas-sergio-moro-e-cabo-bruno/ e avatar de um Ser Supremo https://jornalggn.com.br/artigos/de-operacao-policial-a-ser-supremo-nacional-uma-radiografia-da-lava-jato/. Ao lonto de sua tragetória ele algumas vidas https://jornalggn.com.br/politica/sergio-moro-tem-muitas-vidas-algumas-delas-estao-no-fim-por-fabio-de-oliveira-ribeiro/, na fase atual a ambição dele o transformou no Macbeth tupiniquim.

Nunca é demais lembrar que o personagem de Shakespeare não foi vítima apenas de sua ambição desenfreada. Macbeth se recusa a acreditar que a Floresta de Birnam atacará Dunsinane. 

Na peça de Shakespeare a verdade (a aproximação dos soldados) se apresenta sob um disfarce (as árvores cortadas em movimento). No caso do Brasil, a verdade (a devastação da floresta amazônica) era uma consequência desejada da atuação do Macbeth tupiniquim enquanto ele se disfarçava de juiz isento.

Não se enganem, a imprensa não vai movimentar um só arbusto para derrubar Sérgio Moro. A premiação da ambição dele será o clímax da nossa tragédia. Primeiro ele desfrutou o poder, agora ele desfrutará o dinheiro. Em 2022 ele conquistará o trono do reino que ajudou a devastar depois de sacrificar o político preferido pelo povo.

Sérgio Moro sorri para as câmeras. Elas nunca serão capazes de enganá-lo. O sucesso do espetáculo da Lava Jato é uma magia que deve continuar. O herói lavajateiro e os bruxos da Rede Globo são parceiros inseparáveis. 

As bruxas, entretanto, não eram cúmplices de Macbeth. Mas a ambição o impede de ver esse detalhe essencial. A perpetuação das aparências está nos planos de Sérgio Moro. 

Macbeth não sabia que estava sendo enganado. Seu duplo tupiniquim sabe que pode fazer o que quiser e que ninguém será capaz de sacrificá-lo. A ambiciosa ascensão dele de juiz mequetrefe de primeira instância ao Ministério da Justiça, deste à condição de consultor remunerado a peso de ouro e da riqueza à condição de candidato natural à presidência de Pindorama estava nos planos dos bruxos da Rede Globo?

A resposta a essa pergunta somente poderia ser dada se Sérgio Moro ganhasse uma prisão preventiva para delatar os barões da mídia. Isso obviamente não acontecerá. As tragédias no Brasil nunca tem um final moralizante.  

Enquanto meditam na conduta do Mackbeth tupiniquim apreciem a obra prima de Orson Welles:

https://www.youtube.com/watch?v=v5ndaZkz2m0&feature=youtu.be

Fábio de Oliveira Ribeiro

2 Comentários

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  1. Fábio de Oliveira Ribeiro,
    Realmente o Moro não tem limite. No entanto, a gente deixa passar muita coisa que poderia ser repercutida durante mais tempo. Veja por exemplo este artigo do Valor Econômico denominado “Atvos pede recuperação judicial e amplia risco para Odebrecht” de maio de 2019 e que pode ser visto no seguinte site:
    http://www.tostoadv.com/%E2%80%8Batvos-pede-recuperacao-judicial-e-amplia-risco-para-odebrecht/
    O significado dessa notícia é que, com a recuperação judicial, os 15 bilhões de dívida serão reduzidos para uns 8 bilhões. Esta dívida é na sua maioria com o Banco do Brasil, Caixa Econômica e BNDES. É dinheiro que o grupo Odebrecht pega emprestado. Com este dinheiro ele paga as delações dos funcionários dele. Quer dizer o Estado estará doando dinheiro para a Odebrecht para ela dar para os seus funcionários para eles dizerem que corromperam funcionários públicos. Ser condenado tem seus ônus, mas que será compensado se você sair com mais do que entrou.
    E o próximo da lista vai ser a Odebrecht. A dívida é de 80 bilhões. Provavelmente ela vai pedir aos grandes bancos públicos uns 20 bilhões para cobrir o prejuízo pelo afundamento em bairros lá em Maceio. Depois a dívida na recuperação judicial desce para 50 bilhões. E tudo dentro da maior justiça. Que ninguém dá importância.
    Aliás, é comum não se dar a menor importância a situações semelhantes, como noticiou o Valor Econômico, quando um discreto escritório de advocacia ganha 560 bilhões de honorários de sucumbência quando o Estado perde na justiça o direito de tabela o preço do açúcar como fizera lá na década de 80.
    É verdade que não há ilegalidade nesse honorário de sucumbência. Ele representa tão somente os 10% da causa de 5 bilhões e 600 que as cooperativas paulistas ganharam na justiça. Como eu digo quando lembro dessa notícia: pode ter sido fruto de corrupção, pode ter sido fruto de incompetência do governo que tabelou onde não devia ou pode ser fruto da ordem natural das coisas o que significa que corrupção, incompetência ou ordem natural das coisas não muda a ordem natural das coisas.
    A única reclamação possível é que as cooperativas paulistas exploram as melhores terras de São Paulo que possui as melhores terras do Brasil. E mais, o açúcar, que sofre a concorrência do açúcar da Índia e sofre a concorrência dos estoques reguladores europeus de açúcar de beterraba que inundam o mercado quando há alguma crise de abastecimento, foi beneficiado com o programa do Proálcool que permite o Brasil direcionar a produção para manter o preço estável e convidativo para o setor produtivo.
    Clever Mendes de Oliveira
    BH, 02/12/2020

    1. Fábio de Oliveira Ribeiro,
      Esqueci de deixar o link para a história dos honorários de sucumbência de 560 milhões. Lembrava que lera a notícia no Valor Econômico e nem sempre é disponibilizar a notícia do valor uma vez que ela só é aberta na íntegra para assinantes. Deixo outro link. Com o título “Escritório vai receber mais de 500 milhões de reais em honorários de sucumbência” a matéria saiu reproduzida há 3 anos segundo consta, no site JusBrasil no seguinte endereço:
      https://correcaofgts.jusbrasil.com.br/noticias/565874213/escritorio-vai-receber-mais-de-500-milhoes-de-reais-em-honorarios-de-sucumbencia
      No site do Valor com o título “Ação gera o maior honorário da história” em matéria de Maria Luíza Filgueiras, de São Paulo do Valor de quinta-feira, 12/04/2018, ou seja, há pouco mais de 2 anos e meio, a notícia pode ser vista no seguinte endereço:
      https://valor.globo.com/financas/noticia/2018/04/12/acao-gera-o-maior-honorario-da-historia.ghtml
      Eu sempre fui contra a transformação da corrupção como o grande cancro que atravanca o crescimento econômico do país. E esse caso é um exemplo bem claro que nem a incompetência, que aparentemente é pior que a corrupção, faz muita diferença. Eu sempre digo que pior do que construir uma ponte com o dobro de recurso para satisfazer a corrupção é construir uma ponte que cai em decorrência da ineficiência.
      Só que no caso da ação vitoriosa da Copersucar pode ter ocorrido ineficiência dos advogados do governo federal ou do próprio governo ao adotar o tabelamento, como pode ter havido corrupção ou pode ser a ordem natural das coisas, na época avaliou-se com esmero e proficiência que a melhor medida era o tabelamento, mas agora o tribunal já pensa de outra forma.
      Clever Mendes de Oliveira
      BH, 03/11/2020

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