Mais do que um simples ano. Um novo e bom ciclo começou!, por Gunter Zibell

Novos modelos surgirão, a partir da reciclagem dos antigos. A informação científica de qualidade se disseminará. Mas, desta vez, também do conhecimento em ciências humanas.

Mais do que um simples ano. Um novo e bom ciclo começou!

por Gunter Zibell

É compreensível o sentimento de cansaço e de frustração com o período 2016-2021, principalmente os dois últimos anos de pandemia.

Milhões de famílias vivem um triste luto. E sabemos que poderiam ser em menor número se não fosse o negacionismo científico. A vacinação traria resultados ainda melhores se acompanhada de boas condutas.

Também houve recordes de efeitos climáticos negativos, principalmente no Brasil, que nunca antes foi tão devastado.

E não minimizemos a perseguição política. Há ongs sérias avaliando que atingimos um ponto de mínimo de curto prazo de respeito à democracia. E milhares de profissionais em dezenas de países estão perdendo seu sustento e sua liberdade de expressão.

E ainda prosseguiu a sempiterna perseguição a minorias (identitários). A centenas de milhões de nós. Isso afeta negativamente nossa vida, mesmo que interesses de vários campos políticos queiram subestimar e esconder.

Estes dois últimos fatores devem-se a um “negacionismo das ciências sociais”, algo que foi subestimado por anos.

E, ainda em 2021, fóruns pelo meio-ambiente e pela democracia, ainda que com o endosso de Biden (bem melhor nesses temas que Trump), não foram o sucesso desejado.

Então, Por que esperar um novo ciclo?

Houve outros grandes ciclos mundiais no passado. A partir de 1929 e até 1945-1950, houve um ciclo bem negativo de autoritarismo e guerras. Mesmo a manutenção de sistemas relativamente democráticos na Anglosfera não deixou seus países imunes.

A partir daí e até +/- 1980, houve um ciclo dúbio. Por um lado grande progresso econômico e constituição de estados de bem-estar social. Por outro lado, a Guerra Fria estabeleceu sistemas autoritários, nem sempre por todo o período, na maior parte dos países em desenvolvimento.

Um outro macrociclo, mais positivo, o da Globalização, se sucedeu. Vimos a (abertura e) redemocratização de grande parte do mundo, principalmente América Latina, Tigres Asiáticos, África Meridional, Europa Oriental e sul da Europa. Até a China vivenciou alguma liberalização.

Também houve um conjunto de progressos científicos muito relevantes, com a rápida melhora das comunicações, medicina e agricultura. Mas houve um preço a pagar: a reconcentração geral de renda, consequência da crença exagerada no liberalismo econômico.

A crise de 2008/2009, por isso, nos mostrou que vivíamos com insatisfações latentes na política. Aos poucos a manipulação das massas, menos informadas do que imaginávamos, levou ao fechamento de muitas sociedades com argumentos nacionalistas ou de ultradireita. E veio o momento em que chegou a Covid-19. O miniciclo das fake news e teorias de conspiração.

E por que o futuro próximo será melhor?

Porque há sinais, nas eleições em vários países, nas comunicações e redes sociais, de inflexão.

De 2019 para cá não houve nenhum grande sucesso político de projeto reacionário de poder em países do (que eu chamo de) Consenso OCDE. Ao contrário até, pois muitos países importantes se moveram em algum grau para o centro político.

Em muitos níveis e fóruns as questões da excessiva reconcentração de renda, endividamento de famílias, guerras fiscais e precarização do trabalho vêm sendo mais e mais discutidas, com soluções sendo propostas. E, melhor, transferidas para o debate político.

As ciências naturais estão voltando a ser respeitadas por todos os lados do espectro político. Porque ficou evidente que ideologia não  salva nem vidas nem o planeta. É a Ciência que o pode fazer.

E, não menos importante, conceitos mais abrangentes e inclusivos do que é Democracia estão sendo disseminados. O miniciclo de tiranias de maioria (ou anocracias) começa a ser (aqui tem um pouco de otimismo meu, reconheço), substituído por uma demanda crescente por “Democracia para Todos”.

Aquela ideia antiga de democracia, de que basta agradar às maiorias para progredir, foi boa um tempo. Começou no Iluminismo britânico faz mais de 300 anos, passou pela independência republicana nos EUA, Revolução Francesa, revoluções socialistas do século XX. Muito se avançou. Mas se esgotou. Nada foi solução definitiva e sempre houve mazelas.

Novos modelos surgirão, a partir da reciclagem dos antigos. A informação científica de qualidade se disseminará. Mas, desta vez, também do conhecimento em ciências humanas.

Já durante a Guerra Fria, principalmente nos Anos 60, os movimentos sociais de identitários fizeram-se presentes. Houve conquistas na época, mas depois houve uma parada. Agora não, a luta contra preconceitos e opressões a minoritários e vulneráveis voltou com força para avançar ainda mais.

Em todo o mundo (onde há eleições com certo grau de liberdade), a política vem se pautando mais e mais por questões sócio-culturais que por ideologias econômicas. Se num primeiro momento as redes sociais foram tomadas pelos reacionários, a aposta é que isso vire. Ao criar as supostas “guerras culturais” a ultradireita nos fez um favor: confirmou que estava sem propostas.

Então, ainda que não sejam alcançadas todas as melhorias pretendidas já em 2022, a tendência é de progresso. Que depende, claro, que nós o estimulemos com nossas atitudes no dia-a-dia, nas redes sociais e nas urnas.

O que é bom, certo e verdadeiro pode ainda não ter o endosso das maiorias. Mas terá.

Por um ciclo que se inicia!

Valorização das Artes

Correção de injustiças tributárias

Respeito às Minorias

Igualdade de Gênero

Sustentabilidade Ambiental

Democratização do Conhecimento

UM FELIZ 2022! UM FELIZ NOVO CICLO!

Este texto não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN

Redação

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