Marcas e missões, por Tony Pelosi

Enviado por Sergio da Motta e Albuquerque

Marcas e missões

por Tony Pelosi

Gente guerreira vive cheia de marcas. Com o passar do tempo, como nos troncos de árvores, a história de sua passagem pela Terra vai sendo manuscrita em sua casca. Mas no seu interior, que não conhece a obviedade, os anéis vão se formando com os anos e a sua parceria com as raízes, ao mesmo tempo que enrijece e forja o todo soberano.

Às vezes, por algum corte, acidente, ou quem sabe pelas tais linhas tortas divinas, esta beleza interior é revelada. Algumas se transmudam em belos móveis e artefatos; outras mais embrutecidas, servem de dormentes, postes e tantas coisas úteis. Outras seguem seu caminho incólumes, trazendo ar, flores e frutos.
Assim como essas tais pessoas que falei, a batalha da vida pode passar tanto pelo sofrimento quanto pela beleza.

Árvores não escolhem, mas gente de certa forma tem um certo privilégio ou quem sabe talvez, uma flexibilidade. Acredito que justamente por isso, temos uma responsabilidade enorme em fazermos de nossa trajetória, a luta pela beleza.

A beleza é a ferramenta mais preciosa que Deus nos deu para com Ele ficarmos parecidos. Podemos tanto ser dela serviçais quanto apenas apreciá-la. O importante é estarmos sempre nela imersos. Consigo até imaginá-la como o fermento do amor, quem sabe…

Mas na trajetória, muita coisa pode acontecer. Pessoas guerreiras não se abatem: se flexibilizam, escolhem, decidem, superam… e quando acertam, tudo à sua volta melhora. As marcas e cicatrizes não são defeitos: são apenas atestados de missão cumprida.

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Tony Pelosi é músico, luthier (desde os tempos da ditadura) e produtor musical

 
Redação

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