Medidas de Temer abastecem caos
por Orlando Silva
O pacote de Michel Temer para debelar a crise dos combustíveis é ineficaz e gera mais insegurança no Brasil. Os decretos e as sete medidas provisórias apresentadas, que serão analisadas pelo Congresso Nacional neste mês, não enfrentam a causa central do problema: a atual política de preços da Petrobras.
É difícil garantir que as MPs serão aprovadas no Plenário, tendo em vista que interferem no pacto federativo e atingem fortemente setores da economia neste momento de crise sem precedentes no país. A revogação de estímulos à indústria química, por exemplo, gerará a perda de empregos num setor estratégico que emprega 2 milhões de trabalhadores, sendo 60 mil apenas no ABC Paulista e 14 mil no Polo Petroquímico de Cubatão.
Após mostrar incompetência diante da crise que gerou enormes prejuízos econômicos e sociais ao Brasil, o presidente ilegítimo novamente erra ao prever cortes em ministérios essenciais para compensar a redução do preço do diesel e efetivar o acordo com os caminhoneiros.
A MP 839/18 é uma sucessão de absurdos. A Bancada do PCdoB apresentou 21 emendas supressivas para tentar impedir mais esse desmonte. A proposta enxuga pelo menos R$ 2,3 bilhões nas áreas sociais, de segurança e infraestrutura. Desse montante, R$ 820 milhões foram retirados da Ciência e Tecnologia; R$ 179,6 milhões da Saúde; R$ 378 milhões dos Transportes e R$ 150 milhões dos recursos sob supervisão do Fundo de Financiamento ao Estudante de Ensino Superior (FIES). Na Seguridade, haverá R$ 225 milhões a menos.
A solução de Temer foi a pior saída possível e vira combustível para a crise que pode retornar em escala mais ampla, mobilizando de forma generalizada a sociedade. A decisão de fazer subsídio à Petrobras e manter a política de preços da empresa é equivocada e acabará piorando a situação que já e grave.
Os brasileiros não ganham salário em dólar. O Brasil é um país produtor de petróleo, tendo capacidade de refino e produção de combustível que sequer está sendo utilizada plenamente. Aliás, deixamos de ser exportadores para importar esse insumo fundamental na economia. Não tem sentido dolarizar os preços, o que afeta duramente a vida dos cidadãos, porque nós produzimos boa parte da gasolina consumida.
A Petrobras não pode servir unicamente aos seus acionistas da Bolsa de Valores de Nova Iorque. A estatal tem de ser um instrumento de desenvolvimento nacional e atender aos interesses do país e do povo brasileiro. Há cinco ou 10 anos, as famílias conseguiam sustentar os preços da gasolina, do etanol, do gás de cozinha e do diesel. Não é razoável aumentar o custo de vida das pessoas em meio a esse desemprego crescente.
É fundamental, portanto, rever a política de preços da estatal petrolífera que tem como único objetivo gerar lucros exorbitantes para grandes investidores e rentistas, gerando perdas inestimáveis para a população brasileira. O PCdoB lutará para reverter essa situação. A formação do preço dos combustíveis deve levar em conta os fatores de produção no Brasil e não variações do câmbio, o acabou gerando esse caos nacional.
*Líder do PCdoB na Câmara e deputado federal por São Paulo.
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.
Sempre comentamos muito mal
Sempre comentamos muito mal sobre o golpista presidente.
Acredito que estamos sendo injustos com ele. Nem o mais otimista dos analistas poderia prever que em menos de 2 anos a esquerda pudesse se reerguer com a força que tem hoje e os golpistas e seus apoiadores estivessem choramingando votos por aí.
Tudo isso é obra dele. Ninguém tem a força política que esse homem tem. É um verdadeiro destruidor de votos. Onde passa e onde apoia o voto míngua.
Viva Temer!
A ‘intevenção militar’
A greve dos ‘caminhoneiros’, como é tratado a paralisação promovida pelos donos de frota, mostra muito mais do que parece. Primeiro é um movimento muito forte que surgiu contrário a política econômica que favorece unicamente o setor financeiro. O golpismo está dividido, os pequenos e médios proprietários descobriram que vestiam roupinha de pato e estão sendo tratados como tal.
O segundo ponto é o pedido de ‘intervenção militar’, e nada como o tabelamento do frete e o subsídio do diesel para mostrar que estão realmente saudosos do período militar. Nada como um tabelamento de preços e subsídios para caracterizar a política econômica do período militar, tudo era tabelado e na maioria das vezes subsidiado, gasolina, diesel, alcool, gás de cozinha, o pão de 50gr, o leite o dolar, tudo tudo. Não entendo como a inflação não baixava dos 30%.
Isto não cabe no nosso ideário liberal conduzido por notórios incompetentes do setor bancário. Aliás parece mais uma seita de aloprados repetindo mantras do que realmente economistas. Como consequência a conta é transferida para quem sempre pagou, ou alguém acha que os 6 trilhardários, que ganham mais do que 100 milhões de brasileiros vão pagar alguma coisa. Nunca pagaram e não são responsáveis por 50% dos impostos como os ganhos poderiam sugerir, são os 100 milhões de miseráveis são os responsárveis por quase 75% dos impostos.
Outro fato é que o movimento explodiu depois que Lula foi preso, acho que perceberam que não ia ter diálogo, tinha que ser na força. Só que agora prejudicam os outros pequenos e médios. Não me parece que haja alguma força política capaz deste diálogo. Os sindicatos patronais viraram aparelhos de determinados grupos que não representam nada.