Não cometa suicídio, esquerda! 1º passo a seguir, por Zegomes

Não cometa suicídio, esquerda! 1º passo a seguir

por Zegomes

Com a vitória da ultradireita, a esquerda deve vir a público declarar e propagandear aos quatro ventos que é favorável à redução da maioridade penal NOS CRIMES DE ASSASSINATO E LESÃO CORPORAL e favorável à PRISÃO PERPÉTUA PARA HOMICIDAS REINCIDENTES. Se não fizer isso logo, vai ficar fora do poder pelos próximos cem anos. Não deve entregar essa poderosa bandeira para o fascismo ostentar sozinho e ganhar com isso a admiração dos cidadãos eleitores.   Vejamos os principais motivos que estão enfraquecendo a esquerda, muito visíveis nessa eleição:

1º) O PT protege bandido. Essa imagem poderosa está na cabeça das pessoas; Antídoto: apoiar a redução da maioridade penal para assassinatos e lesão corporal e a prisão perpétua para assassinos reincidentes. Com isso, de quebra, estamos protegendo gays, índios, negros, favelados e pobres da violência fascista que eventualmente nos aguarda.

2º) O PT estimula homossexualismo e ideologia de gênero. Acusação frágil, fácil da esquerda deitar por terra na cabeça dos eleitores. Ninguém nunca viu um kit gay. A esquerda não precisa ficar alardeando nem se jogando de corpo e alma em causas de costumes. Ninguém consegue criminalizar toda espécie de discriminação e preconceitos. Mas quando sinaliza que qualquer lesão corporal ou assassinato será punido severamente, inclusive os praticados pelos hoje chamados “menores”, está dando um recado poderosíssimo:  Você pode ser um brutamontes, um preconceituoso, mas não vá além disso, senão sofrerá as penas da lei.

Perder tempo com coisas como criminalizar o sujeito que está encarando ostensivamente uma mulher (um tipo de paquera tosca) é bobagem. Agindo assim, a esquerda apenas atrai a antipatia sobre si.  Ninguém deve, pelo menos no atual estado de nossa sociedade, querer punir os preconceituosos, pelo fato de serem preconceituosos, como esses falsos pastores que xingam viados, por exemplo. A esquerda deve recuar do xiitismo nesses assuntos. Que xinguem.  DESDE QUE NÃO QUEIRAM UTILIZAR AS MÃOZINHAS PARA FERIR. Quando se criminaliza severamente a agressão FÍSICA, já se está protegendo o injuriado. Estou falando de cátedra. Quantas vezes na vida já fui xingado e discriminado e quantos milhões também não foram, por sermos viados, e estamos vivos aqui, lutando, esperneando. A esquerda tem dedicado muita energia a lutas inglórias e que podem, no momento, serem consideradas secundárias. No futuro, quem sabe, com sociedades já melhor educadas, o respeito automaticamente virá.

3º) O PT, assim como os outros partidos corruptos, utiliza o dinheiro do Fundo Partidário para crescer e roubar mais. Ou seja, quem assim acusa quer criminalizar a política. Só o partido do Bolsonaro e os militares são santos. Bem, essa é uma acusação também fácil de repelir. É só repetir e repetir para a população a importância do financiamento público das campanhas para evitar o abuso do poder dos ricos.

Voltando à primeira razão, pois é aí onde a porca torce o rabo. O PT -e a esquerda- adquiriu, INJUSTAMENTE, a pecha de defensor de bandidos, que foi construída milimetricamente pela direita nos últimos anos, juntamente com a questão da corrupção (coisa planejada pelos Institutos Liberais a partir de pesquisas dos anseios da população, como eles têm feito no mundo todo) e o PT não fez ABSOLUTAMENTE NADA para se livrar dessa falsa acusação.

Perderam a oportunidade de colocar para a população duas ações de grande impacto: a redução da maioridade penal para crimes de assassinato e lesão corporal JUNTAMENTE com ações efetivas de controle da violência policial.

No começo de 2015, três meses após a Dilma ser reeleita, publiquei aqui no GGN um texto sobre isso. As previsões bateram (inclusive eu cito lá o Bolsonaro). Todo o desespero da esquerda no momento poderia ter sido amenizado se tivesse dado a devida atenção ao assunto segurança e criminalidade enquanto estava no poder. O texto é longo, mas é divertido, veja: https://jornalggn.com.br/fora-pauta/pobre-esquerda-sempre-dando-murro-em-ponta-de-faca

Perdeu a chance…

Agora o fascismo vai reduzir a maioridade penal JUNTAMENTE com ações que aumentam a liberdade da polícia para matar (Exclusão de Ilicitude). E vão aprovar. Com grande aplauso da população. E grande chance também para a pena de morte.

A esquerda tem um nó na cabeça: Porque Marx explicou muito bem a relação entre exploração capitalista e pobreza e consequente criminalidade das massas, ela fica paralisada quando tem de tomar atitudes severas para conter a violência comum, dos bandidinhos de bairro. É como se pensasse sempre: Tadinhos, são vítimas da sociedade.

Mas a população, vítima da violência no ponto de ônibus, nas ruas, em casa, também tem um nó na cabeça: Por que o PT, normalmente tão bom para nos ajudar, não toma providências para ajudar a nos proteger da violência dos bandidos? São amigos deles, como dizem?     

Como desatar esses nós?

Única saída para a esquerda: surpreender e propor uma redução da maioridade penal ainda mais radical que a deles para aqueles crimes mencionados acima, ao mesmo tempo que negociar uma limitação da carta branca da polícia para matar, e a manutenção dos menores de 18 anos em presídios especiais para recuperação, diferentes dos presídios comuns, com sua transferência para estes só quando completarem 18 anos. E ter como missão mais importante barrar a pena de morte, substituindo-a pela prisão perpétua, que pelo menos pode ser revista.  

Alguns abestados vão dizer: Pronto… O PT virou direita. Bobagem. Aos olhos da população em geral vai crescer, e vai manter forças para no futuro, ainda uma vez, poder voltar a proteger os mais frágeis.

Li recentemente, com surpresa, um texto não me lembro se do Carlos D’Incao ou do Rui Costa Pimenta, onde é defendida até a pena de morte, em alguns casos (se espelhando na China). JAMAIS. Muito menos agora, sob a previsível dominação do fascismo.  Mas o espírito do Texto dele também é essa preocupação com o descuido da esquerda brasileira com a punição da criminalidade.

O PT (e a esquerda) perdeu essa eleição, porque nunca soube conversar com a população sobre segurança. São craques em educação, saúde e economia. Lula e Dilma se demonstraram craques na habitação, na criação de reservas em dólar e colchões de proteção às crises externas. Mas…

Subestimaram o grande sofrimento que a população brasileira mais pobre passa com os “ladrões de galinha”, os tiranetes de cada bairro. Subestimaram o sofrimento de um ser humano que tem um ente querido assassinado injustamente (pela polícia ou por um tiranete) e que vê o assassino poucos meses depois passeando por aí e pronto para praticar mais uma injustiça.

E isso, perante a população, pode decidir uma eleição, como decidiu essa. Ainda mais quando essa eleição é contra todas as forças do inferno, do mal, do atraso, da enganação nas redes sociais como foi essa. 

 

 

Redação

36 Comentários

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    1. Santo Deus, aconteceu o que
      Santo Deus, aconteceu o que eu previ no texto: um inocente afirma que isso é transformismo da esquerda em direita. Amigo, só há duas alternativas em relação à criminalidade comum e à violência policial: ou a esquerda assume alguma liderança, propõe as reformas, sob controle, com foco na manutenção de direitos básicos, cedendo bastante aos desejos justos por justiça da população vulnerável atingida, ou verá a direita ganhar as eleições e a maioria – como acabamos de ver – e fazer uma carnificina, como corremos o risco agora. O que estou querendo dizer é que, nesse assunto, a esquerda deve ter protagonismo -mesmo atrasada- e não deixar que na hora da votação passe a ideia de que quer tudo como está. Se assim fizer, vai levar a pecha de protetora de bandido para a eleição de 2022.

      1. ando de saco cheio da esquerda inocente

        Por essas e outras que ando sem a menor paciencia pra debater com a esquerda purista que, como bem define Sakamoto, briga até pelo lado correto de quebrar o ovo.

        Tua ideia sobre a redução da maioridade é polêmica, porém vejo coerencia e tentativa de soluções práticas de tua parte, no que concerne ao macartismo tupiniquim que estamos vivendo. Posso não concordar contigo, mas diante de tua argumentação, não vou dizer que você tá se endireitando, como a esquerda cirandeira gosta de definir quem não pensa exatamente como eles.

        A verdade é que a direita fala a língua do povão. Ela joga o povão aos leões, pisa no povão pra garantir os privilégios dos ricos, mas fala sua língua. Nossa esquerda, no geral, é pedante e não procura agir com firmeza diante de problemas que afetam diretamente a vida das pessoas (caso da violência urbana).

        Inclusive acho que a insistência em pautas identitárias fragmentadas não nos fortalece em nada, e só faz a direita ganhar mais adeptos numa sociedade altamente conservadora como a nossa. Critico o tipo de militância fragmentada na qual, por exemplo, vejo feministas querendo empurrar goela abaixo a aceitação de comportamentos para setores conservadores, mas que também são pobres e explorados no campo econômico-social, e quando faço tais críticas, sou taxado como machista pelas lunáticas que querem mudar o mundo com um beijo lésbico em frente a uma igreja evangélica.

        Sou de esquerda, sempre serei, mas ta complicado encontrar luz no fim do túnel enquanto continuarmos divididos dessa forma, com vários grupos tentando colocar suas lutas como a mais importante, sem focalizarmos a luta comum a todos, que precisamos vencer antes de todas as outras. Enquanto isso os Olavos e Bolsonaros continuam captando a simpatia da massa, que vai paralelamente alimentando sua repulsa à tudo que vem da esquerda. Um cara feito Boulos, por exemplo, é verdadeiramente “fora do sistema”, pra usar a expressão que consagrou o lixo do Bolsonaro, mesmo tendo esse crescido e se fortalecido dentro desse mesmo sistema, porém Boulos não consegue a menor simpatia ou até mesmo atenção da massa, mesmo apontando problemas importantes da exploração social e privilégios das elites.

        Não dá pra continuarmos fazendo a mesma coisa (murro em ponta de faca) esperando resultados diferentes.

  1. O nome do jogo chama-se PEC

    O nome do jogo chama-se PEC 300. Vamos pressionar para passar.

    E adeus…estabilidade do governo Bolsonário.

  2. Cara obrigado pelos seus

    Cara obrigado pelos seus conselhos mas não podemos aceitar que para ganhar eleição temos que adotar um discurso e prática fascista.

     

  3. Fala sério!

    Meu Deus, quanta besteira!

    Eu achava que esta derrota seria um balde de água fria na cabeça da esquerda, mas não! Peferem continuar na viagem de LSD, achando que a via legislativa é o caminho da esquerda. Suicida é a esquerda que acha que deputados e senadores têm alguma relevância para o enfrentamento de uma agenda burguesa ultra-radical em moldes de ditadura fascista.

    1 – Em 2016 tivemos um GOLPE DE ESTADO, portanto, não sei de que democracia esse pessoal fala.

    2 – No mês de abril LULA FOI PRESO com um processo ridículo, kafkiano.

    3 – Um dos objetivos da prisão de Lula foi removê-lo das eleições, pois era a preferência do eleitorado. Logo, AS ELEIÇÕES FORAM UMA FARSA.

    4 – As eleições farsescas correram em meio a escândalos de whatsapp e muita violência. Os órgão eleitorais demonstraram um partidarismo que por si só desmoraliza completamente qualquer veleidade de lisura eleitoral. AS ELEIÇÕES FORAM UMA FRAUDE.

    5 – Fascistas não se combatem com flores e notas de repúdio, mas com força nas ruas. A ESQUERDA PRECISA SE MOBILIZAR URGENTEMENTE em torno de todos os pontos anteriores.

    SÓ A MOBILIZAÇÃO POPULAR DERROTA A DITADURA FASCISTA!

    1. PSTU? Meu Deus, quanta
      PSTU? Meu Deus, quanta ilusão!! De tanto ouvir essas besteiras aqui e alhures -de que devemos comandar o povo para a Revolução, kkkkkk- eu comecei a escrever um texto há uns meses atrás, chamado “Não haverá revolução, Meninos do PSTU!”. Não terminei ainda porque sou fraco na erudição e é um tema que exige muito. Também não tenho tempo. Mas, não me faça rir, Menino. Você e o ARKX acham que Revolução é só estalar o dedo e acontecer?

      1. Uma ova

        (…) “não me faça rir, Menino. Você e o ARKX acham que Revolução é só estalar o dedo e acontecer?”

        Não, antes o contrário. Quem pensa que a revolução é um processo dependente do condão de uma varinha é você. A revolução russa não foi premeditada. Você não faz uma revolução por vontade. Mas ela só ocorre se houver as bases objetivas para tal. Que bases objetivas?

        – Mobilização popular

        – Organização local em pequenos núcleos (comitês, conselhos, etc.)

        – Organização de comando central (um partido ou algo do gênero)

        – Um motivo (sofrimento social, escândalos insuportáveis, etc.)

        Lembrando que aqui não falamos de fazer uma revolução comunista, mas tão-somente restabelecer as bases da democracia burguesa no Brasil, lutando contra um regime autoritário de inclinação fascista.

        Antes de falar de infantilidade, reveja como anda pensando, meu camarada.

        1. Que teórico da Revolução! 
          O

          Que teórico da Revolução! 

          O meu texto inacabado, que nunca será terminado por falta de erudição começa assim: “Heráclito de Éfeso, li no maravilhoso primeiro volume da História da Filosofia da Profª Marilena Chauí, dizia que “a guerra é mãe e rainha de todas as coisas”. Vamos guardar essa frase.”   GUERRA.  Outra frase: “A revolução surgiu diretamente da guerrra” Sabe de quem é essa? Leon… sim, Trotsky. Quem deu o suporte para a Revolução Russa foram os soldados que morriam aos milhares na guerra, e que voltavam, os que voltavam, estropiados, aterrorizados, contavam para os que estavam indo como era o inferno, e a escassez, e a sensação de que eram apenas bucha de canhão. Esses homens, com formação militar, armados, é que fizeram a “Revolução”. Nossa realidade é outra. Que militares aqui vão fazer a Revolução? Jair? Então, a única via que resta é a via democrática, as eleições, o convencimento dos eleitores. Saber quais as preocupações dos eleitores, propor soluções para elas. Foi o que eu disse no texto: uma preocupação enorme das camadas pobres da população brasileira é quanto à violência comum praticada por elementos do bairro, em casa, no caminho do trabalho. Propor soluções para isso faz parte da luta por democracia e por melhores condições de vida. Se a esquerda não tiver suas propostas práticas, sem sangue nos olhos nem punhal na mão, que satisfaçam o clamor da população, a direita tem, sanguinolenta, massacrante, totalitária. 

  4. A solução para a esquerda se

    A solução para a esquerda se chama nacional-trabalhismo e é nisso que temos que focar. De preferência abandonar o PT para recomeçar uma chama nova e mais forte.

        1. Após essa eleição terrível,

          Após essa eleição terrível, eu estou com vontade de brigar com falso esquerdista burro, ainda mais mal educada como você. Nunca sabe o que diz. Lembro que uma vez publiquei um texto aqui sobre filosofia no primeiro e segundo graus, no ENEM, no vestibular e nos concursos públicos. Você foi a primeira a meter o pau com a habitual boa educação. Ora, o golpe veio e a primeira coisa que fizeram foi bombardear os currículos escolares. A escola sem partido vem com força com a ultradireita que está chegando. Ora, quem de esquerda pode ser contra o ensino da filosofia? Só os mais idiotas, que funcionam com esquema muito limitado, à base de um neurônio só. Uma pessoa ressentida como você, professora aposentada de uma disciplina sobrevalorizada que é a linguística, que, essa sim, nunca deveria ter o espaço que tem nas grades universitárias. Só serve para dar guarida e emprego para gente que nem você, incapaz de pensar qualquer coisa racional, incapaz de se livrar de esqueminhas de pensamento decorado. Dê xilique, por falta de capacidade intelectual de pensar coisa que valha a pena.

          1. Vá catar coquinhos 2

            Para começar, quem chama os outros de abestados nao tem direito de reclamar de “falta de educaçao” na resposta. Em segundo, eu argumentei sobre a questao do ensino de Filosofia, e do porque DEVIA SER FEITO, MAS INDIRETAMENTE, nao numa disciplina. Nao sabe interpretar textos nao? Ou é só má fé mesmo?

    1. Traduzi para você,

      Traduzi para você, Perspicácia, esse pequeno poema de Brecht, na cova de Rosa Luxemburgo. Enquanto você resmunga, os pobres por aí estão sendo arrasados, vão ser mais ainda, conduzidos pela desinformação. Se a esquerda não agir com inteligência, abordando aquilo que os angustia, nunca vai atrai-los. E como na democracia sem o voto e a maioria não há mudanças, quem vai “mudá-los” é a direita. E com a direita também nós vamos ser “caçados” como foi a Rosa. 

      Grabschrift 1919

      Die rote Rosa nun auch verschwand.                                   

      Wo sie liegt,ist unbekannt.

      Weil sie den Armen die Wahrheit gesagt

      Haben die Reichen sie aus der Welt gejagt.

      EPITÁFIO 1919

      A Rosa Vermelha agora é desaparecida

      Sua última parada é desconhecida.

      Porque ela aos pobres a verdade tenha dito

      Correram os ricos a caçá-la desse mundo, expeditos

       

  5. O problema não é ser gay sem

    O problema não é ser gay sem cometer crimes contra a vida alheia.

    O problema são os que fingem ser uma coisa e agem de maneira diferente. Muitos inclusive passando uma imagem de celibatários, para continuar enganando as mentalidades de velhinhas de Taubaté. Muitas são $ócia$, no próspero negócio.

    Esses tais fingem cuidarem de Comunidades, quando na realidade agem sorrateiramente as escondidas para, além de roubar canalizar 98% para seus interesses excusos.

  6. Tentei acessar o texto no

    Tentei acessar o texto no “link” fornecido, mas recebi a seguinte resposta: “Você não está autorizado a acessar esta página.”. daí, pergunto: por que fornecer o “link”, se não nos é permitido acessá-lo?

    1. Tente novamente

      Isso é parte dos problemas que temos enfrentado desde os ataques ao site.

      Pode tentar de novo. Liberei o link que tinha sido desabilitado para leitura.

    1. Um rapaz historicamente

      Um rapaz historicamente inteligente aqui no GGN falando asneiras. Onde está o Bolsonarismo, amigo? É uma síndrome de avestruz querer esconder sempre a cabeça na areia. Você não viu a força do discurso da direita e da extrema direita que ganhou as eleições quando explora a dor do povo acossado pela violência comum? Eles ganharam as eleições com base nisso. E a esquerda vai ficar chupando o dedo para o resto da vida porque não quer falar seriamente sobre o assunto? Porque isso é assunto de direita, mimimi, mimimi. Nada que afeta muito a vida do povo é assunto só da direita. É da esquerda também. Deixar a direita resolver à moda dela (com extrema crueldade, com carnificina, com grande desrespeito) é que não é digno de pessoas, homens e mulheres de esquerda, pois é uma capitulação que custará sangue inocente por muitos anos (tanto do povo oprimido pela violência dos bandidos, como dos bandidos presos em situações cruéis segundo os critérios trogloditas da direita).

      1. A experiência de Haddad na

        A experiência de Haddad na Cracolândia – para falar só de Brasil e de apenas uma experiência brasileira – já demonstrou que é através da descriminalização que se caminha para a civilidade, que o problema começa quando se criminaliza demais. E criminalizar demais é exatamente o que Bolsonaro quer. Não o estou julgando, caro Zegomes, estou julgando o texto: ainda que através de um arrazoado diferente do que constroem os “puretas” como Bolsonaro (e os nem tão puretas assim mas meros hipócritas tentando ganhar poder e dinheiro), o resultado acaba sendo o mesmo: mais gente integrando a sociedade carcerária.

        Há quem comete crimes hediondos por impulsos sociopatas. Mas daí a criar recurso para que o que a turma higienista já faz ilegalmente passar a fazer legalmente me parece coisa de bolsonaros, mesmo. Ou de Dallagnol e MPF-PR com suas 10 medidas para combater a corrupção. É dar “licença para matar” a quem já mata ilegalmente. Claro que se os partidos humanistas propuserem endurecimento às leis, os higienistas aceitarão na hora, ainda mais porque grande parte dos juízes que serão prestigiados nesse tempos são também hipócritas, elitistas… higienistas, enfim.

        Tenho certeza de que quanto mais se criminalizar mais criminosos aparecerão.

        O Cazuza tem um verso sobre isso na canção “Brasil”:

        “Te chamam de ladrão, bicha, maconheiro, transformam o país inteiro num puteiro, pois assim se ganha mais dinheiro.”

        O Chico Buarque diz parecido mas de forma mais… mais Chico, mesmo, em “Apesar de você”:

        “Você, que inventou o pecado, esqueceu-se de inventar o perdão.”

        Acho que é por aí…

         

      2. Achei mais asneira…

        Achei mais asneira essa fala: “E a esquerda vai ficar chupando o dedo para o resto da vida porque não quer falar seriamente sobre o assunto? Porque isso é assunto de direita, mimimi, mimimi. Nada que afeta muito a vida do povo é assunto só da direita.” Como assim? Tudo que se produz de sério academicamente e fora do senso não vale nada? Agora vamos sacrificar menores para parecermos mocinhos ao homem médio? A esquerda vai ter que sair do bom senso, da sociologia, da filosofia, dos estudos aprofundados sobre desigualdade social, para aderir ao senso comum e eventualmente ganhar eleições? Que esquerda é essa que quer vencer eleições? Pelo amor de god, falem pra direita enfiar a eleição no cy. Nós queremos só o riso final, o riso histórico, a luta, não propriamente ser adeptos da democracia burguesa para posarmos de bons moços para uma sociedade hipócrita. Concordo em gênero, número e grau com o Lazari, humildemente. 

  7. Cláusula pétrea

    Esqueceu o autor do péssimo texto: “art. 5º, XLVII – não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis”

    Esqueceu ainda que, de acordo com o ” art. 60, § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: IV – os direitos e garantias individuais.”

    Quanto, fico bem longe dessa discussão!

    1. A esquerda, o PT, publicar a

      A esquerda, o PT, publicar a intenção, para que o povo saiba que é mentira a calúnia de que protege bandido é que é importante. Se a prisão perpétua é cláusula pétrea, aí é outros quinhentos (duvido que o fascismo não achará maneiras de modificar), mas o que a esquerda deve falar para o povo é que é favorável sim, à punição severa de assassinos. Há outras maneiras, não sei, de fazer um assassino já no terceiro assassinato, ter uma pena de 50 anos, não? o que na prática equivaleria a quase prisão perpétua. Não é isso que eles fazem com os malucos assassinos como o Maluco do Parque? Em todo caso, o que se está querendo aqui é que pelo menos a mulher de César (a esquerda), pareça mais preocupada com o sofrimento do povo em relação à violência comum. Se não há meios legais de concretizar, que os juristas discutam. O que não se pode é deixar só a direita posar de salvadora da situação.

  8. Se o Bolsonaro insinuar que quer matar um gay
    Os petistas matam 2 gays, sao aplaudidos pela populacao e ganham as proximas eleicoes
    Sindrome de Estocolmo

  9. O post citado no texto acima publicado aqui em maio/2015

    Pobre esquerda, sempre dando murro em ponta de faca!

    São Paulo, 1993 ou 1994.

    Numa clara manhã ensolarada de um sábado de 1993, ou 1994, saí eu de meu lar, uma kit no 13º andar de um prédio, situado dentro de uma galeria no cruzamento das ruas 24 de Maio e Dom José de Barros, no centrão mais cruel de São Paulo, arrastando um carrinho de feira. 

    Por que centrão cruel? Experimentem habitar naquilo e saberão. Nada mais posso dizer, para não me indispor com os habitantes, geralmente tão ciosos de que estão morando num lugar invejável do Brasil. Talvez um dia, com muito tato, com muita discrição, poderei falar sobre as minhas experiências naquela cidade. Se é que isso pode interessar a eventual leitor.

    Ia eu com meu carrinho de feira realizar mais uma rotina das manhãs de sábado: garimpar livros usados no Sebo do Seu Lisboa, ali na Rua São Francisco, aquela pequena rua que sai do Largo do São Francisco, na frente da Faculdade de Direito da USP e vai em declive até a Praça da Bandeira. Seu Lisboa era um velhinho sisudo que passava o tempo todo remarcando o preço dos livros com um lápis. Estávamos em hiperinflação. Feliz de quem não sabe o que é isso.

    Quando entrei no Viaduto do Chá, vi de longe um homem, camelô, sendo preso e espancado por policiais de uma viatura. Multidões de pessoas passando no viaduto e um homem sendo espancado com murros no rosto por dois policiais. Ultrapassei a viatura e, parando uns vinte metros adiante, entre a multidão, continuei a observar a cena, com uma tremenda indignação interior.

     Um dos homens me viu! Caminhou na minha direção. Um mulato forte, bonitão, apesar de bombado. Os bombados não me atraem, pois é verdade o que dizem os maledicentes: Se não suceder de serem Barbies, com muita frequência são brochados.

    Quando percebi que vinha em minha direção, mirando-me com olhar aniquilador, senti minha bexiga se contrair com tanta força que cheguei a pensar que iria mijar na calça. Dizem que são os hormônios do perigo que se liberam (a adrenalina, etc.) em face de uma situação ameaçadora.

     Parou a um metro de mim e perguntou: -Alguma coisa a dizer?  Eu, me sentindo o próprio São Pedro na negação dos três cantos do galo, consegui balbuciar: Não. Ele respondeu: Assim tá bom. Virou as costas e voltou em direção à viatura. Eu também virei e comecei a caminhar, tremendo, ainda a tempo de ver o pobre espancado por a cabeça pra fora da viatura e gritar: Ô, Chico, guarda as minhas caixas!

     Voltei para casa. Procurei na lista telefônica uma corregedoria de polícia. Como era sábado, a única de plantão era no quartel da Rota, perto do metrô Tiradentes. Liguei para meu único amigo na cidade avisando o que ia fazer. 

    Nessa época eu só possuía um amigo em São Paulo. O psiquiatra de Aracaju. Antes, eu tinha dois. Mas acabei brigando com o filósofo de Goiânia, meu grande amigo de muitos anos, por motivos fúteis. Pura inabilidade e falta de prudência e juízo. Em estadia naquela cidade, temporária ou definitiva, nunca, nunca mesmo, brigue com os amigos que porventura tenha, sob pena de terminar por compreender, de forma amarga, o que querem dizer aquelas palavrinhas enunciadas por Nélson. 

    Meu amigo, o psiquiatra de Aracaju, ficou aflito. Disse-me: Não faça isso, não vá, pelo amor de Deus. Respondi: Vou agora. Vou, mesmo sabendo das Mães de Acari e de Vigário Geral.

    Vesti meu blazer feito de lãzinha da Vicunha, estampa Príncipe de Gales, tecido comprado nas antigas Casas Hudderfields, alguns anos antes, na Avenida Afonso Pena, em Belo Horizonte, e confeccionado, sob medida, pelo alfaiate Sr. William Mallaco, na Rua Caetés.

    Chegando ao quartel da Rota procurei a Corregedoria. Sentei-me e esperei cerca de uma hora. Apareceu um indivíduo bombado (outro, branco, dessa vez), fez sinal para que eu me aproximasse e pareceu que ia adentrar uma sala, mas parou no portal e virou-se para mim, no corredor. Queixo levantado, olhando-me de cima para baixo: O cidadão deseja o quê?  Olha, eu estava no Viaduto do Chá…   Anotei o número da viatura… Ele lhe bateu? Eu: Não. Ele lhe agrediu com palavras de baixo calão? Eu: Não. Então o senhor não tem o que denunciar. O suposto agredido é quem deveria denunciar e nesse caso o senhor poderia ser testemunha, traga ele aqui.  Eu: Obrigado.

    Saí dali um pouco reconfortado. Não conseguira nada, mas, de certa forma, sentia que tinha resistido um pouquinho à desumanidade da metrópole. Não sei se meu paletó de lãzinha, estampa Príncipe de Gales, confeccionado sob medida, me salvou de alguma coisa.   Peguei o metrô de volta e cheguei em casa são e salvo.   

     

    Brasília, 2006

    Estava eu em meu rotineiro bar de paquera gay. Na verdade um quiosque. Lotado. Mesas por toda parte. Um local misto. A população que mora próximo, vai ali também, ou para bisbilhotar a vida gay ou porque no boteco tem música, coisa rara em Brasília, ao contrário de Goiânia, onde qualquer barzinho tem som, mesmo que seja um radio ligado.

    Penélope Charmosa chegara e arranjaram para ela uma mesa extra. Infelizmente colocaram-na ao meu lado. É Vanessa, um travesti enjoativo pelo excesso adocicado de feminilidade. Conhecia-a desde que chegara a Brasília e ela ainda era um molecote vindo do interior de Minas. Às vezes “se montava” colocando uns trapos no sutiã para simular os seios. Rapazes que saiam com ela me contavam tudo… Em troca de algumas cervejas. Depois operou e colocou os silicones.          

    Tínhamos ficado de mal anos antes, quando, ao chegar ao boteco, deparei-me com uma triunfante Penélope me dizendo: Saí com seu namorado ontem. Verdade. Cássio era cachorro vira-lata, um “gato em teto de zinco quente”.

     Não nos falamos mais depois disso. Apenas jogávamos farpas mútuas e disputávamos os rapazes, cada um com suas armas. Ela, com juventude e beleza, eu, com dinheiro e “simpatia”. Um dia ela passou a viajar para a Itália regularmente e adquiriu a minha principal arma. Só me restou como arma exclusiva a “simpatia”. O que, absolutamente, não era suficiente. Então se iniciaram tempos difíceis para mim na concorrência com Penélope Charmosa.

    Naquela noite de 2006 apareceu na região do boteco, não se sabe de onde, um tipo meio morador de rua, meio doido, que ia de mesa em mesa pedindo coisas, agarrando o copo de bebida das pessoas, perturbando todos. Pareceu-me um tipo inofensivo, embora um tanto invasivo e molesto. Talvez um doente mental descompensado, evadido de casa.  Veio até mim e pediu um cigarro do maço que estava sobre a mesa. Não fumo, mas tenho um maço sempre sobre a mesa. Tática –antiquada- para atrair os rapazes. Dei logo o maço todo. Ao passar pela mesa de Penélope, não sei que pirueta fez com o corpo que deixou cair um canivete no chão.    Foi um deus-nos-acuda. Penélope, em total histeria, foi até o dono do estabelecimento e, juntos, chamaram a polícia em segredo. O pobre doido continuou por ali circulando. Quando a polícia chegou, o doido estava numa esquina oposta ao lado onde eu estava sentado. Começou uma seção de espancamento público. De imediato senti que deveria tentar intervir em socorro do doido. Por uns momentos fiquei suando sangue, como Jesus Cristo no Horto das Oliveiras, antes de iniciar o calvário, paralisado de puro medo. Depois logrei levantar-me, com o coração disparado, e fui abrindo caminho entre as mesas. Ouvi uma voz dizer, atrás de mim: -Lá vai uma bicha se meter. Quando consegui chegar do outro lado, o doido já tinha sido liberado da pancadaria e estava correndo, fugindo para longe. Então preferi não me meter mais. Voltei para minha mesa, provavelmente escapei também de ser espancado. Perdi a graça da noite e tomei o caminho de casa. O sujeito que falou atrás de mim era um conhecido pobre coitado, vivia de bicos na região, uma potencial vítima da violência policial, um lúmpen.

    Essas pequenas experiências pessoais com a violência policial são fichinhas diante do que todos conhecemos ou ouvimos falar Brasil afora. Amarildo, Candelária, Vigário Geral, os Dias de Maio de 2006, em São Paulo, as façanhas da polícia de Goiás, as milícias do Rio, etc. são conhecidas em todo o país. É o nosso pesadelo. É um dos lados de nosso pesadelo.

                O outro lado de nosso pesadelo são os bandidos. 

     

    Brasília, 2007

                Abro o jornal e leio: Aconteceu uma briga de trânsito em Ceilândia. Um dos motoristas desce do carro e mata o outro com tiros. A polícia puxa a ficha do sujeito. Ele tem um histórico de dez homicídios, em vários estados brasileiros, estava foragido. Somos obrigados a pensar que se houvesse uma legislação mais rigorosa nos crimes contra a vida, esse assassino não teria saído mais da cadeia a partir de sua segunda vítima e oito seres humanos, cidadãos, teriam tido sua vida poupada.

     

    Goiânia, 2010

                Balneário Meia Ponte é um bairro pobre mas delicioso de Goiânia. Ruas arborizadas e sombreadas. Barzinhos simpáticos vendendo espetinhos no prato com acompanhamentos e outros petiscos. Cadeiras espalhadas nas calçadas largas. Parece bairro de rico. Parece tranquilo. A duzentos metros de nossa casa surgiu um ponto de venda de drogas. Dois rapazes e uma moça (um dos rapazes e a moça menores de idade), irmãos, nascidos no bairro mesmo. Começaram a fazer festas com som automotivo na frente da casa, incomodando os vizinhos. No carro tinha um adesivo com uma caveira e a frase: Acabou o Sossego. Aterrorizavam todo mundo. Imagine um vizinho colado na casa desses tipos tendo que aguentar eles chegarem 2:00 hs da manhã com o som no mais alto volume, estremecendo todas as paredes. E quem vai trabalhar ou estudar no dia seguinte? Um dia os vizinhos ouviram gritos de horror, vindo de dentro da residência. O rapaz menor estava matando um viciado com uma chave de fenda. Primeiro arrancou os olhos da vítima, depois enfiou a chave de fenda no coração. Tinham ficha extensa de homicídios. Que fazer?

     

    Valparaíso de Goiás (Entorno de Brasília) 2013

                Um menor mata a ex-namorada, filma tudo e joga na internet. Debocha dizendo que será preso, mas logo estará solto. Dois menores fazem o mesmo com um senhor, para assaltá-lo, são presos e debocham na frente das câmeras: Daqui a um mês estamos soltos.

     

    Samambaia-DF, 2015.

                Meu parceiro Cássio contou: Estavam um rapaz e duas senhoras numa parada de ônibus em Samambaia, bem cedo, indo para o trabalho. Três crianças (10, 12 e 13 anos) passaram a agredir um homem, aparentemente bêbado, com garrafas de cerveja quebradas. Amedrontados, nenhum dos presentes tentou socorrer o homem. Quando a polícia chegou ele foi levado ao hospital e lá morreu. Cássio conhecia as crianças. Moraram de aluguel próximo a sua casa. O pai fora abandonado pela esposa e os filhos viviam largados. Depois sumiram, se mudaram. Agora Cássio os reconhecera como protagonistas dessa história macabra e cruel. A própria polícia não quis deter os meninos. Alegou que era inútil e que eles seriam inimputáveis.

                A população vê isso tudo e fica tonta.  

    E começam os chavões, incentivados pela direita da mídia (os Datenas) e da política (os Bolsonaros e Fragas): Direitos humanos só para bandidos. Os bandidos estão soltos e nós atrás das grades. O PT defende bandidos. O PT não quer a redução da maioridade penal, etc.  Dessa forma o assunto redução da maioridade penal chega à política e às eleições. Com potencial devastador para a esquerda, se essa teimar em não querer enfrentar o problema de frente.

     

    O bandido, de menor ou de maior, policial ou não, ataca o cidadão[1].

                O policial violento e o bandido tem o mesmo modus operandi: eles rebaixam o cidadão a uma coisa, a um saco de pancadas para aliviar o seu mau humor e o seu sadismo, e se elevam à condição de um juiz e um deus: eles tiram vidas e dignidades, exterminam sonhos. Nisso eles, agindo no nível micro, se igualam ao capitalismo predador e monopolista que age no nível macro.  Eles acabam com os planos de vida de um cidadão e sua família num piscar de olhos. Extinguem o futuro.

    O bandido, de menor ou de maior, e o policial bandido são ambos horríveis. O policial bandido é pior, porque ele elimina nossa esperança e nosso direito de ter alguém a quem recorrer quando somos agredidos. Ele é o funcionário do Estado que ajudamos a manter para nos defender se, porventura, formos agredidos: mas se é ele próprio quem nos agride, a quem vamos recorrer?

                Os bandidos comuns, porém, são mais numerosos. Estão em todos os bairros, em todas as ruas. A percepção que a população tem deles geralmente é maior que a percepção do policial bandido. 

                A esquerda deve combater tanto o capitalismo predador como a bandidagem comum ou policial, de maior ou de menor, porque todos ofendem a população. Se quiser ganhar credibilidade, ganhar as eleições e adquirir poder para agir e melhorar o mundo. 

     

    O que fazer, dentro da democracia?      

     

    Fazer mudanças dentro do ambiente democrático, na verdade, não é uma opção, é a única alternativa, pois o ambiente “revolucionário”, em minha opinião sempre bem-vindo, nem sempre acontece quando queremos e, nas raras ocasiões em que acontece, às vezes é cooptado por paranoicos, sádicos e narcisistas que podem tornar a vida da população ainda mais dura que antes. Antes que algum afoito me tache de “reacionário”, grito: Viva a Revolução!  Quando for possível, e mesmo com seus riscos.

                Bem, como não temos revoluções todos os dias, mesmo com o povo frequentemente em extremo sofrimento, então temos de optar pelas mudanças dentro do ambiente democrático. Ambiente democrático esse que deve ser eternamente louvado (e não adianta vir com extremo desprezo adjetivando a Democracia –democracia burguesa!- pois se a Democracia é apenas burguesa então não é Democracia). Democracia, dizem os filósofos, dever-se-ia entender como o processo completo de participação da população nas decisões da República, com aperfeiçoamento contínuo dos mecanismos de representação e de participação direta. Mesmo após uma revolução a democracia é insubstituível. A Democracia é eterna.

    Bem, se optamos por fazer mudanças dentro do ambiente democrático, obedecendo a nossos ritos eleitorais, com seus vícios incríveis, temos de convencer o povo, apresentar argumentos.  

    Para mudar as coisas a esquerda tem de ganhar a eleição. E para ganhar a eleição tem de analisar com realismo quais os anseios populares, conquistar maioria e ir mudando o senso comum paulatinamente, com educação intensiva.

    Vimos em nossa experiência recente que pessoas de bem no comando do Estado não podem fazer tudo, mas podem fazer alguma coisa que nos permita dar um primeiro passo para sair do labirinto de opressão em que nos encontramos. Que nos desculpem os anarquistas e similares, o Estado é importante. É um instrumento poderoso para administrar alguma justiça.

    A esquerda sabe o que produz os “menores infratores” e a criminalidade: a exclusão, a desigualdade. Mas, porque sabe disso, a esquerda vai fazer vista grossa aos crimes dos menores e dos bandidos maiores? Como a população amedrontada entende isso? Que a esquerda apoia a “bandidagem”. Sabemos que não é isso, mas a população entende assim. E a população é quem escolhe o governo e o parlamento.

    Se a esquerda perde o governo, não pode continuar atuando contra o fator causal primordial: a exclusão e a desigualdade, o capitalismo predador.

    Se a direita ganha o governo, ela vai endurecer as penas, vai reduzir a maioridade penal de forma unilateral, sem contrapesos, vai aumentar o poder de vida ou morte que a polícia detém atualmente, vai aumentar a renda dos mais ricos, concentrando a riqueza ainda mais, vai privatizar cada vez mais a comunicação pública, vai entregar mais ainda o país para o estrangeiro, já que se acha como parte da elite imperial, etc. E não vai ter sucesso em suas medidas de segurança pública, pois sem redução da exclusão e da desigualdade, nenhuma medida tem sucesso. Teremos a polícia matando mais, bandidos e inocentes; os bandidos (inclusive menores) matando mais gente, especialmente da população mais pobre; mais miséria, mais escravidão, mais desespero.   E isso vai trazer alguma revolução?  Difícil.

    Revolução traz uma esquerda séria no governo, regulando o Estado. Agindo para reduzir a exclusão e a desigualdade. Criando escolas tanto Técnicas –para dar uma profissão- quanto escolas “do Espírito” instituindo o estudo generalizado da filosofia no ensino fundamental, médio e superior, para ensinar as pessoas a se livrarem das ideologias nefastas que só levam à dominação, ao individualismo e à violência.  

     

     

    O que fazer, esquerda?

     

    Sabemos o que a polícia faz e o que os bandidos fazem. Sabemos também o que o individualismo, o patrimonialismo e o capitalismo feroz em que vivemos fazem com a vida das pessoas, especialmente com a vida das crianças pobres.

    Sabemos que há bandidos que roubam para comer e há bandidos que matam. E muitos quase sempre matam para construir o seu pequeno reino, o seu pequeno estado tirânico. Os súditos que devem obediência ao senhor são as pessoas comuns da sua rua, do seu bairro.  Nenhum desses bandidos enfrenta o alto capitalismo, nenhum quer fazer uma revolução. Eles agem para serem os reis do seu pedaço, para extorquir e humilhar as pessoas comuns, os cidadãos que vivem na região.  

    Quem sabe, querida esquerda, se houver um endurecimento das penas nos crimes contra a vida não forçará essas pessoas, que matam e esfolam para construir o seu pequeno reino de tirania, a perceberem que o único caminho para mudar o curso da vida é a política? Especialmente se há um governo de esquerda que luta pela melhoria dos meios de vida da população, pela desconcentração de renda e pela educação?

    Quem sabe os jovens, expostos à possibilidade de um castigo maior por um lado, e por outro, melhoria das condições de vida econômica e da capacidade de pensar (bandeiras a serem perseguidas pela esquerda no poder, inclusive com a adoção da filosofia nas escolas e nas provas do ENEM e Vestibular) não percebam que a luta política, ao lado da esquerda, seja a maneira mais segura e menos dolorosa de sair do pântano em que um capitalismo cruel nos jogou a todos?

    Mas como a esquerda vai ser governo com maioria parlamentar, como ela vai ganhar as eleições para poder governar se ela não compreende bem a relação dos bandidos com a população? Se ela teima em romantizar a vida bandida enquanto a população pobre sofre nas mãos deles e não entende porque a esquerda é tão “tolerante” com eles? E população, é sempre importante lembrar, escolhe o governo e o parlamento.

    Se a direita, sempre pronta a matar, esfolar “bandido”, ganha, por isso, o apoio majoritário da população e vai para o governo, então, vamos dizer de novo, temos a continuação da barbárie: concentração de renda, aumento do patrimonialismo, desmonte do Estado, apoio à violência policial, Pinheirinho, falência da educação, distribuição de revistas Veja nas escolas, etc. Vai rebaixar a maioridade, vai dar mais privilégios para os policiais violentos, vai monopolizar cada vez mais tudo e nos fazer mergulhar mais profundamente na violência cotidiana.

    Estamos assim em um círculo vicioso.

    Alessandro Molon (PT-RJ) disse: “Estamos decidindo mandar para um sistema falido adolescentes que a sociedade quer supostamente recuperar. É um enorme contrassenso”.

     Se o argumento básico que a esquerda oferece para ser contra a redução da maioridade penal para crimes contra a vida for desse tipo, ele não convence. Porque se equivale a dizer: “Se não temos condições de construir presídios-escolas para menores, e administrá-los de maneira decente e justa para efetivamente recuperar os internos, então é melhor deixar tudo como está”. Mas deixar como está o povo, os eleitores, já não suportam. Por isso lotaram os legislativos com as bancadas da bala e a oportunista direita se locupleta, livre, solta e feliz.  

     

    O que fazer na prática?

     

    A gente sabe que a redução da maioridade penal não vai resolver muita coisa, mas o senso comum não acha assim.

    Reduzir a maioridade penal, penas mais longas, tem o efeito de sinalizar à população vítima, que alguma coisa está sendo feita ou prometida contra seus algozes.

    Endurecer leis contra violência policial (demissão sumária, extinguir desacato à autoridade, etc.) também sinaliza à população vítima que alguma coisa está sendo feita.

    Se a esquerda tivesse a coragem de sair dos dogmas, poderia propor e lutar pela implantação conjunta das medidas:

     

    Redução ou extinção da maioridade penal para crimes contra a vida;

    Regulamentação rigorosa de prisões-escolas especiais para menores de 18 anos;

    Prisão perpétua para reincidentes em homicídios.

     

                Punição rigorosa para crimes de policiais com demissão sumária inclusive para agressões (“uso desnecessário da força”);

                Extinção dos crimes de desacato, resistência e desobediência em relação a policiais (arts. 329 a 331 do Código Penal); a profissão já embute a necessidade de lidar com pessoas fora de si, bêbadas, loucas, enfurecidas, etc.

                Cursos preparatórios com ênfase em direitos humanos;

    Publicidade das ações policiais através do sistema de câmeras obrigatórias;

                Combate sem trégua, com forças federais, a crimes de formação de quadrilhas e milícias policiais.

     

    O policial tem de sair do curso de formação convencido de que bater na cara de um cidadão é um crime grave, pelo qual ele responderá inclusive com a expulsão da corporação. Exceto, lógico, quando for em legítima defesa comprovada pelas câmeras.

     

                O que a esquerda não pode fazer é “ir ao STF” para proibir as propostas de redução da maioridade penal ou fazer discursos ilógicos e incompreensíveis sobre o assunto à população vítima.

     Sobre o senso comum isso tem um efeito fulminante: Eles (o PT) defendem os bandidos. Como posso votar em alguém que defende os bandidos? Dá um nó no entendimento das pessoas comuns. A esquerda precisa saber desatar esse nó, fazendo propostas que sejam razoáveis à grande maioria da opinião pública sedenta de justiça ao mesmo tempo em que não permitam a entrega da carne fresca dos jovens e crianças pobres à sanha sangrenta dos leões. 

     

     

    Central de whatsapp do governo para liquidar boatos e grande portal de notícias na internet , TV Brasil nos moldes da Telesur, Voz do Brasil nas televisões (cinco minutos diários basta), Filosofia obrigatória no ensino médio, faculdades, nas provas de ENEM, redação inclusive, vestibulares e nos concursos públicos. Já!! Este é um combo mínimo contra a barbárie!

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     


    [1] Ver textos de Alba Zaluar. O Comentarista Morgana Profana/Obelix uma vez os indicou aqui no Blog do Nassif.

     

    1. O que fazer?

      Combater os efeitos e deixar intactas as causas. A violência é proporcional à concentração da riqueza. Então deixa a riqueza concentrada e mata ricos e principalmente pobres. É isto que tem que ser feito com o menor traficante que arrancou os olhos do viciado com uma chave de fenda.

    2. Um irmão é maltratado e vocês olham para o outro lado?

      Ah! Desgraçados!

      (Bertolt Brecht)

      Um irmão é maltratado e vocês olham para o outro lado?
      Grita de dor o ferido e vocês ficam calados?
      A violência faz a ronda e escolhe a vítima,
      e vocês dizem: “a mim ela está poupando, vamos fingir que não estamos olhando”.
      Mas que cidade?
      Que espécie de gente é essa?
      Quando campeia em uma cidade a injustiça,
      é necessário que alguem se levante.
      Não havendo quem se levante,
      é preferível que em um grande incêndio,
      toda cidade desapareça,
      antes que a noite desça.

  10. Chama o Ciro!

    Impressionado com tamanha cagada desse ZéGomes, fui bisbilhotar outros escritos do escritor e achei em um texto de agosto de 2014 a seguinte pérola (no melhor sentido da palavra):   

    “Os mais virtuosos não entram na política, como pede o Presidente Lula, para serem aquele político com quem tanto sonham, honesto e competente. Temem expor a face à ingratidão e ao insulto público. Diante da escassez de políticos confiáveis, o Presidente talvez pudesse volver seu olhar para Ciro Gomes, como substituto do delfim traidor. É voluntarioso, é verdade, e imprevisível, às vezes, mas possui virtudes que persistem nesse seu já longo tempo de exposição à vida pública.”

    Salvou-se uma alma!

    PS: Infelizmente, mais uma vez o Lulla deixou passar uma excelente oportunidade de remediar o caos (ao refugar a aliança com o coroné cearense) e agora temos que engolir o Bolsa!

  11. É mais fácil condenar quem já cumpre pena de vida

    Transcrevo aqui, para reflexão, um comentário em defesa da pena de morte na prática, embora na teoria ela seja ilegal:

     

    “A Amazônia é irreversível

    seg, 29/10/2018 – 21:30

     

    Caro Sr. Ribeiro

    Por mais pessoas que Bolsonaro mate, em poucas décadas recuperamos isto. A Amazônia é irreversível por milhões de anos caso seja desertificada, e ainda de quebra vai desertificar sudeste e centro oeste que dependem da umidade dela para seu regime de chuvas. Ou seja, se acabar com a Amazônia acabou o Brasil, pelo menos 150 milhões de pessoas do nosso país não terão onde morar ( pois viverão num deserto ) e nem o que comer, e nem terão trabalho mais. O agro negocio, as hidreletricas, a nossa indústria e comércio vão pro espaço.

    Pode parecer cínico o que eu digo, mas é pura lógica.

    Quer saber como as cidades pequenas se tornaram seguras? Os policiais marcam  um bairro com alta criminalidade e ficam de olho nos bandidos. Aí se pegarem um assaltando e se ele sacar a arma, o que ocorre com frequencia, os policiais tem licença para matar. Assim, matam um, dez, 30 bandidos e “limpam o bairro”. Depois vão pra outro bairro e fazem o mesmo, tudo dentro da lei. Até deixar a cidade segura.

    E se não fosse assim? Se não tivesse estes heróicos policiais matando bandidos, as cidades do interior seriam tão violentas quanto as periferias de alguma cidade grande. Posso andar no centro da cidade onde trabalho, uma cidadezinha do interior as 2 da madrugada, sem medo de ser assaltado. Até parece que estou na Europa.

    Só que nas cidades grandes, não dá pros policiais fazerem isto, porque são milhões de pessoas e tem favelas pros bandidos se esconderem. Nas cidades pequenas do interior não existem favelas, elas são proibidas. Pros policiais “limparem” as cidades grandes teria de ter uma pena mais severa, ou algo mais drástico.

    Cada vez que tenho de ir a uma cidade grande, fazer compras, me dá medo. Todo mundo tem um conhecido que foi a uma cidade grande e foi assaltado, ou sequestrado, ou conhece uma moça que foi violentada nestes lugares.

    E tem mais, quando os policiais prendem um bandido, em poucos dias ele está solto de novo e às vezes jura que vai voltar a assaltar o comércio onde ele foi preso e até que vai matar quem chamou a polícia.

    Ou seja, a população fica refém dos bandidos ou dos fascistas.

    E as mães e pais cujos filhos saem à noite para estudar em cidades grandes, não sabem se o filho ou a filha volta vivo, ou se volta inteiro. Todo mês  uma história horrível de assaltos.

    Dá pra entender por que o povo nem se incomoda tanto de ouvir o Bolsonaro dizer que vai matar bandidos? Ou que vai liberar a pena de morte? Como é que se diminui a criminalidade, fazendo carinho num bandido?

    Países com distribuição de renda e pobreza bem piores do que a nossa como a Indonésia, tem criminalidade quase zero.

    Ah, caro Sr. Ribeiro, entre a violência dos bandidos e a da polícia, a população escolheu a da polícia. Por isto, Bolsonaro venceu.

     

    Enquanto isto, os petistas vivem na ilha da fantasia, fingindo que o problema não existe. Talvez porque sejam ricos e vivam em condominios, ou sejam tão pobres que vivem nas favelas protegidos pelos chefes do tráfico.

    Não votei em Bolsonaro, votei em branco”.

     

    De início, esse comentário me remeteu a um texto do George Monbiot:

    Blood is a renewable ressource; oil is not”.

    https://www.dawn.com/news/82739

    Depois eu me recordei do poeta norte-americano Henry David Thoreau, que, numa carta a Emerson, escreveu:

    “I don’t like the city better, the more I see it, but worse. I am ashamed of my eyes that behold it. It is a thousand times meaner than I could have imagined. It will be something to hate, – that’s the advantage it will be to me; and even the best people in it are a part of it and talk coolly about it. The pigs in the street are the more respectable part of the population. When will the world learn that a million men are no no importance compared with one man?”

    Quantas vidas vale a Amazônia?

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