O “botafogo” da Odebrecht é a escolha da oligarquia para continuar o golpe, por Jeferson Miola

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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O “botafogo” da Odebrecht é a escolha da oligarquia para continuar o golpe

por Jeferson Miola

Michel Temer está próximo da sua morte política como nunca esteve em nenhum outro momento em mais de ano exercendo ilegitimamente a presidência do Brasil.

A primeira denúncia da procuradoria da república, por corrupção passiva, deixou-o em situação indefensável. Temer é o “chefe da maior e mais perigosa quadrilha do Brasil” [Joesley Batista], e deverá enfrentar ainda outras três denúncias da procuradoria: por organização criminosa, obstrução da justiça e prevaricação.

A prisão de Geddel Vieira Lima, o terceiro integrante da OrCrim [Organização Criminosa, segundo o dono da JBS] a ter o mesmo destino de Eduardo Cunha e Henrique Alves, diminuiu a esperança de Temer na salvação.

Nem mesmo o PSDB, maior fiador do “governo de ladrões” junto ao mercado financeiro, consegue garantir a manutenção do apoio, apesar do empenho dos tucanos liderados por Aécio Neves.

A solidariedade que Temer encontrava entre “os seus iguais” na “Assembléia Geral de Bandidos” [a Câmara dos Deputados, segundo a imprensa internacional] está desmilinguida, e seu julgamento pela Suprema Corte deverá ser autorizado. Temer será então afastado do cargo por até 180 dias para se tornar réu no STF e o primeiro presidente da história do país julgado por crime cometido durante o mandato.

Em todo o período do governo golpista, ou seja, desde o momento em que a cleptocracia se instalou no Planalto em 12/5/2016, todas crises derivaram de fatores endógenos ao próprio bloco golpista, e não da resistência democrática nas ruas e da oposição no Congresso, por mais valorosa e intensa que tenha sido, como a monumental greve geral de 28 de abril.

Isso é reflexo de uma correlação de forças favorável à classe dominante tanto para a perpetração do golpe, como na manutenção do empreendimento golpista. Com poder econômico, maioria no Congresso, controle do judiciário, do MP e da PF e enorme poder midiático manipulador, a oligarquia golpista segue mantendo controle total sobre a engrenagem do golpe.

A resultante desta que poderá ser a crise terminal do Michel Temer não significa, por isso, o fim do golpe e, menos ainda, a retomada da agenda requerida pelo povo brasileiro, que é a agenda de reconstrução da economia para a recuperação de empregos e direitos; e de restauração democrática, com a convocação das “diretas já!” – defendidas, segundo pesquisas, por 70% da população.

A solução oligárquica para se livrar do cadáver não valoriza princípios éticos, morais ou democráticos, porque o golpe não tem valores a cultivar, mas sim um plano a executar, em desfavor dos interesses nacionais e populares. Rodrigo Maia, o “botafogo” da planilha de propinas da Odebrecht e investigado por corrupção e lavagem de dinheiro, é a escolha da oligarquia para a continuidade do golpe.

O mandato da Presidente Dilma, que ela conquistou com 54.501.318 votos para governar o país até 31/12/2018, será continuado pelo 29º colocado na eleição de deputado federal do RJ, eleito com escassos 53.167 votos – uma votação 1.025 vezes menor que aquela obtida pela detentora legítima do mandato que ele ilegitimamente exercerá.

O “botafogo” terá por missão continuar a execução das medidas de ataque à soberania nacional, de desnacionalização da economia, de retrocessos trabalhistas, de privatização da previdência, de entrega de 6 novas áreas de pré-sal a petroleiras estrangeiras, de estrangeirização da Amazônia, de concessão de portos e aeroportos ao capital estrangeiro, de venda das terras brasileiras a estrangeiros, de irrigação das finanças internacionais através do sistema da dívida pública etc.

Maia manterá os representantes do capital financeiro no Ministério da Fazenda, no Banco Central e nos demais postos de interesse do mercado, assim como deverá assegurar cargo de ministro aos integrantes da OrCrim Eliseu Padilha e Moreira Franco e a atuais ministros que não detêm mandato [Gilberto Kassab, por exemplo] e que precisam do foro privilegiado para escapar da justiça.

Nunca antes, como agora, era tão nítida a simbiose da oligarquia brasileira com os interesses estrangeiros, que se refestelam saqueando as riquezas nacionais e sequestrando o futuro do país.

O arranjo das elites pelo alto, indiferente aos anseios populares e democráticos, tem no retorno vergonhoso do Brasil ao mapa da fome a incontestável evidência de que a oligarquia golpista é incapaz de oferecer ao país o ideal de uma Nação digna, soberana e justa.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

5 Comentários

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  1. “DEMOCRACIA” À IRANIANA (!): O “BENEPLÁCITO” A R.MAIA

    “DEMOCRACIA” À IRANIANA (!): O “BENEPLÁCITO” DOS PROCURADORES A RODRIGO MAIA

    Por Romulus

    Com uma mensagem aparentemente “contraditória” – (1) “Maia está livre de Cunha e da JBS”, mas (2) “está ~pendurado~ na Odebrecht” – os Procuradores dizem simplesmente que estão dispostos a sair do modo “guerra total”/ “tudo ou nada” em que se encontram.

    “Muito nobres”, resolvem fazer o primeiro gesto e propõem o armistício!

    A sequência lógica é que…

    – Deixam desde já o “convite” – na verdade, ~intimação~… – para… hmmm… “novas conversas”…

    – Já com o ~novo~ governo!

    Tomem nota:

    – Testemunhamos aqui o test drive da “democracia” (aspas!) à Iraniana no Brasil.

    Em que…

    – Cabe a Procuradores, em concurso com o Judiciário – e a Mídia!, dar o beneplácito a candidatos a candidatos à Presidência (!)

    Bem…

    Dar o beneplácito ou…

    – … vetar, né??

     

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  2. Ninguem sabe no que vai dar!

    Pelo andar da carroagem duvido que alguem saiba no que vai dar o nosso futuro, após este governo corrupto que as elites enfiaram goela abaixo no nosso povos, fazendo alem do estelionato eleitoral um estelionato financeiro muito maior!

    Mas como diziam os antigos, todos sabem como as guerras e as revoluções começam, mais niguem sabe como elas acabam.

    Toda a cleptocracia ligada a este assalto aos cofres e bens pertencentes á nação brasileira (pré sal, portos e aeroportos, previdencia, terras, sistema bancário, etc.), que estão passando para as mãos da cleptocracia endinheirada internacional (e brasileira tambem), poderá levar a uma solução não convencional, ou seja uma revolução! Esta todos sabem como e porque começam as revoluções, mais não se sabe como terminam. POde ser uma solução boa ou uma guerra sem fim!

    Colocar o Rodrigo Maia como presidente do Brasil, tendo como estofo os seus ridículos 54.000 votos, alem de ser um corrupto, ligado familiarmente ao que existe de pior da politica do Rio de Janeiro, só poderá dar Merda! 

  3. o….

    Nossa Esquerdopatia Tupiniquim é fantástica !! Quer dizer que o filho do Perseguido Politico do Governo Militar que nasceu no exílio no Chile faz parte da Oligarquia? Esquerda que não Esquerda. Elite que não é Elite. O Brasil se explica. 

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