Rui Daher
Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor
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O Brasil exporta o agronegócio, é sabido, mas nem tanto. E a agricultura familiar? por Rui Daher

O Brasil exporta o agronegócio, é sabido, mas nem tanto. E a agricultura familiar?

por Rui Daher

em CartaCapital

Já mencionei: em 2017, a balança comercial (valor exportado menos importado) brasileira ficou positiva em 61 bilhões de dólares; a da China, em 421 bilhões de dólares; e a dos EUA negativou 862 bilhões. Acreditam os norte-americanos piores?

Nananinanão, se as importações serviram a movimentar a economia, ocupar a população, aumentar sua renda, propiciar relações internacionais de soberania tecnológica, vale dizer, de maior valor agregado, significaram crescimento real e potencial.

O agronegócio, no ano passado, teve saldo positivo de 14,1 bilhões de dólares (23% do total). Em samba-canção, “nada além, nada além de uma ilusão (…)”, cantava Orlando Silva a inspiração de Mário Lago (1911-2002). Pois é dessa magnificência que tratam as folhas e telas cotidianas da Federação de Corporações. Ronaldo Caiado e seus Lobões, na Folha de S. Paulo, nem isso faz. É a perfeita ilusão.

A China sustenta o modelo brasileiro de agronegócio. Ponto. Se o professor Delfim sustenta isso, quem seria eu para negá-lo? Somente perguntaria por que ele nunca se referiu à agricultura familiar e à necessidade de apoio que ela teve nos governos Lula e Dilma?

Não precisa e nunca iria responder a um pequeno companheiro de CartaCapital, mas conheço sua admiração pela agropecuária e visitei no passado longínquo o seu sítio, junto a excepcional agrônomo que comigo trabalhava.

Bastaria esse exemplo, para justificar seu conhecimento e desmistificar pensamento pendular sobre a economia atual. Ninguém melhor para saber os efeitos nocivos do modelo neoliberal do ilegítimo governo Temer e nefasta equipe econômica.

Mas, infelizmente, apesar de cultura e conhecimento excepcionais, pouco se manifesta com a lupa que permite ver o significado da agricultura familiar e a realidade da vida do homem do campo no Brasil.

O professor é um dos economistas brasileiros que mais conhece Karl Marx (1818-1883), daí saber da segmentação laboral e social que ainda persiste, apesar de todo o aparato tecnológico hoje existente. Infelizmente, não fui seu aluno na USP. Mesmo sabendo-me à época marxista, não me jubilaria. Discutiríamos e eu o entenderia.

Querem mais sobre agronegócios, ou seja, agropecuária de exportação e para o mercado interno? Depois de cinco anos de coluna, poucas são as novidades retumbantes e os sobressaltos importantes.

Seguimos, em manada, previsões repetitivas, distorções decimais, constantes faltas de recursos – muitas vezes suficientes, mas mal utilizados – movimentos tênues de inovações técnicas, monotonamente expostas pelas revistas especializadas ou folhas e telas cotidianas, repetidas assim que as assessorias de imprensa de EMBRAPA, IBGE e CONAB as divulgam.

Não é a minha. Já avisei. Sou colunista, não repórter ou copiador de estatísticas, uso-as para análises e fundamentar minhas opiniões. Mas, confesso-me, depois de cinco anos aqui e tantos outros no Terra Magazine, de Bob Fernandes, esgotado.

Recebo montes de releases. Pouca coisa me interessa. Hoje em dia, o que mais aproveito trago de minhas andanças e conversas com os caboclos, caipiras, campesinos, produtores rurais e sertanejos do Brasil. Sempre algo diferente que resultará em uma coluna.

Não se trata de saco cheio. Reportagens não posso fazer por dedicação a meus afazeres profissionais. Na Carta, sou colunista, e não credenciado para isso. Então, vou meneando.

Em geral, escrevo a coluna nos domingos à noite. Música em som bem alto para não ouvir a voz do Faustão, vinda de um vizinho febril. Uso o aplicativo Accuradio. Escolho apenas o canal, a música deixo que me indiquem. Se a meu cargo, ouvirei sempre a mesma seleção.

Para esta escrita, escolhi o canal “Sabor Cubano”, o que poderá ser o tema da próxima coluna. Se eu não mudar de ideia.

Nota: Se quiserem saber mais de como ando e discuto entrem no link de meu blog no GGN. Afinal, estamos em casas irmãs.

FREE – SEMPRE!

 

Rui Daher

Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor

3 Comentários

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  1. Não falam sobre a importação

    Não falam sobre a importação dos adubos utilizados, nem a da destruição das florestas.Quem emprega as famílias é a agricultura familiar e pequenos e médios agricultores.

  2. O Brasil….

    Pobreza e Miséria é Politica de Estado implantada por Ditadura Civico-Militar nos anos de 1930. A qual permanece até hoje. Sindicatos Lacaios e Pelegos e outraas Elites Esquerdopatas que deram apoio e parasitaram o Estado por quase 1 século como USP, OAB, UNE, … são os maiores beneficiários desta Indústria da Pobreza. Diz aí Dona Marina Silva, algum dia mais, pisar em Xapuri ou Cruzieor do Sul? NUNCA !!! Agora é Vieira Souto e Paris em Jatinhos ‘Itaús’. Como é Maravilhoso este AntiCapitalismo !!!   

    1. O Brasil….

      AgroNegócio e Exportação não é Agricultura Familiar? As uvas do interior de SP, RS ou Vale do S. Francisco não São Agricultura Familiar? Os Melões do RN, também não? Laranjas em milhares de Pomares? Coco não é Agricultura Familiar? Bananas na Serra do Mar, espalhadas em diversos estados? Frango não é atividade exportadora pulverizada em milhares de Propriedades Familiares? E Porcos? E o Café do interior de MG e serra do ES? Não éAgroNegócio? Não são Produtos de Exportação? Não é Agricultura Familiar? “Eu sei que você sabe, que eu sei que você sabe, que é dificil de dizer…” (Obrigado Negra Li). Ficar parado neste infindável 64 só beneficiou aos lacaios da Ditadura Vargas, que mantiveram o país mais rico de planeta numa eterna pobreza e miséria, jurando que combateriam seu único meio de sobrevivência. A manutenção de tal realidade. Mas sabemos, a Familia do Ditador: Brizola, Tancredo, Aécio, Dornelles, Jango,… fariam a revolução que nunca virá. E os Alicerces projetados por tal Ditador ajudariam nesta revolução: USP, UNE, OAB,… Farinha do mesmo saco. De onde é nosssa Elite Politica da Redemocracia? O Brasil é de muito fácil explicação. O que seria de Nós se não existisse Paraisópolis?          

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