O “cidadão de bem”, Marielle e a política, por Luiz Alberto Marques

Colagem – fragmentos de obras de Di Cavalcanti

O “cidadão de bem”, Marielle e a política

por Luiz Alberto Marques

Após 4 derrotas consecutivas nas urnas, a classe média decidiu que precisaria fazer política com as próprias mãos. Como não acreditavam mais que políticos tucanos pudessem recuperar o poder, então tiveram que despir de seu cinismo de indiferença e entrar no debate público.

Mas ao fazer política, a classe média se despiu em público e mostrou todo o seu caráter, na verdade, a falta dele. Vale tudo para seus fins políticos, mentir deslavadamente, difamar mortos, ameaçar pessoas e se aliar com os esgotos da sociedade. No fundo, o “cidadão de bem” é mais sem vergonha que seus representantes tucanos.

Certa vez, mostrei de forma cabal a uma teoricamente honrada dona de casa, zelosa de seus princípios familiares, que aquilo que ela difundia era a mais deslavada mentira. Como ia de encontro a suas concepções políticas, minimizou a mentira dizendo que em outras ocasiões poderia ser verdade e manteve a crítica sem vergonha.

O caso Marielle ilustra isso perfeitamente. Diante de um assassinato, os “cidadãos de bem” não hesitam em inventar histórias sobre financiamento pelo Comando Vermelho, relacionamento com Marcinho VP, tudo sem a menor verossimilhança ou algo que embase suas fantasiosas afirmações.

No fundo, a crise que vivemos é fruto dessa falta completa de caráter. Sem um mínimo de dignidade, não é possível a uma sociedade resolver seus problemas com alguma. De fato, o Brasil é uma sociedade de canalhas, incluindo aqueles que se pensam tão honrados e bem-sucedidos cidadãos.

 

Redação

6 Comentários

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  1. “cidadão de bem” “gente

    “cidadão de bem” “gente fina”  “gente bonita.” 

     Se minha avó Dona Rosa, ainda estivesse por estas bandas, certamente estaria me azucrinando o juizo recomendando aos gritos: estou cansada de dizer, “se afaste dessas pessoas, isso não presta e não valem nada, nem mesmo o que deixam no penico.”

    E repetia a cantilena: “já ando enfastiada de lhe avisar, não se aproxime dessas pessoas, que elas não prestam e, as pessoas só dão ou transmitem o que tem, portanto”…e me aplicava um ardido puxão de orelha…na época, eu ficava injuriado.

    Não é que ela tinha razão?…

    Orlando

  2. Não se vai …

    Não se vai fazer um país elegendo a classe média como inimiga , a esquerda precisa entender isto.

    Sou de classe média e não sou bandido nem nazista e nem fascista.

    Não quero matar gays nem negros.

    Foi golpe mas o vice foi escolhido pelo PT e não foi minha indicação.

    Não nomeiei mais da metade do STF.

    Entendam isto!

    1. Nem que a classe média te trate como inimigo?

      Se a classe média te elege como inimigo, você tem que elegê-la como sua amiga?

       

      “Escrevi em outra ocasião que os bárbaros do teclado manejam com desembaraço a técnica das oposições binárias, método dominante nas modernas ações e interações entre os participantes das redes.  Nos comentários da internet, vai “de vento em popa” o que Herbert Marcuse chamou de “automatização psíquica” dos indivíduos. Os processos conscientes são substituídos por reações imediatas, simplificadoras e simplistas, quase sempre grosseiras, corpóreas. Nesses soluços de presunção opinativa, a consciência inteligente, o pensamento e os próprios sentimentos desempenham um papel modesto.  Convencidos da universalidade do seu particularismo, os internautas comentaristas distribuem bordoadas nos que estão no mundo exatamente como eles, só que do lado contrário.

      Os indivíduos mutilados executam os processos descritos por Franz Neumann em Behemoth, seu livro clássico sobre o nazismo: “Aquilo contra o que os indivíduos nada podem e que os nega é aquilo em que se convertem”.  O que aparece sob  a forma farsista de um conflito entre  o bem e o mal está objetivado em estruturas  que enclausuram e deformam as subjetividades exaltadas. A indignação individualista e os arroubos moralistas são expressões da impotência que, não raro, se metamorfoseia em violência ilegítima.” – Luiz Gonzaga Belluzzo, Os Brucutus da Internet

  3. E não é que doeu?

    Pois então, não é que os sem caráter ficaram doídos.

    Esse post é muito bom porque atinge o ponto crucial das pessoas que é ter ou não ter caráter. O restante é posição política ou ideológica. Essa questão do caráter das pessoas está além disso, é muito mais profunda, por isso incomoda tanto os que não possuem caráter.

    Vamos ao debate.

     

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