O fetiche Lava Jato, por Maria Eduarda Freire

Realizações da Lava Jato se tornaram canal do gozo sádico através da transmutação do ódio de classe para um “moral cidadão de bem”
 
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Por Maria Eduarda Freire, via Facebook
 
A imagem de um ser humano acorrentado tal como um escravo de três séculos atrás foi o gatilho simbólico-inconsciente para a explosão do racismo reprimido da classe média que agora tem licença para ventilar a sua catarse escravista sem ser chamada de racista. A Lava Jato é o fetiche dessa classe média narcísica, sendo o canal que viabiliza todo esse gozo sádico através da transmutação desse ódio de classe para um “moral cidadão de bem” que, agora, pode clamar como “boa consciência” por “bolas de ferro”, “garrotes” e “chibatadas”.
 
Redação

7 Comentários

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  1. gostei da expressão “moral

    gostei da expressão “moral cidadão de bem” pois ela resume o que muitos leitores deste blog consegue identificar em conhecidos que se dizem cristão e aplaudem coisas como aquela imagem do Cabral ontem, sem notar o quão terrível ela representa para a prática de amor ao próximo preconizada pelo pelo Mestre. Pergunte a eles o que eles acham de moro, dalagnol e companhia lavajatense. Pela resposta descobre-se que o ódio os cegou infelizmente.

  2. Fetiche 2

    Há um jornalista aposentado(*) de Campinas que conheço muito bem, e que se encaixa nesse texto à perfeição. Frequentamos o mesmo bar por anos a fio, o Deck Sousas, cada um na sua mesa, felizmente nunca compartilhamos a cerveja. Dia 19 ele publicou a foto do Cabral e tascou a legenda: “Imagens que fazem bem ao Brasil…” Errado, fazem bem doentiamente só a ele e aos seus. 

    (*) Jornalista aposentado dá a dimensão do fracasso. 

  3. Fetiche 3, ou o prazer doentio

    Estupromaníacos

    Leandro Fortes*

    Há algo de extremamente doentio na relação da extrema direita com o crime de estupro, embora isso não seja, exatamente, uma novidade.

    Na horripilante alegoria do fascismo feita pelo cineasta Paolo Pasolini, em 1975, “Saló ou 120 dias de Sodoma”, um grupo de jovens, homens e mulheres, é sequestrado por militares fascistas para ser brutalizado e submetido a todo tipo de sevícia sexual.

    No filme, as cenas de sadismo, escatologia e tortura são o pano de fundo para as sequências de estupro, um instrumento de dominação presente em todas as masmorras de governos autoritários, uma arma de guerra de todos os exércitos – um método de terror que nunca se perdeu no tempo.

    No Brasil, o uso do estupro para aterrorizar e torturar presos políticos, sobretudo as mulheres, tornou-se um legado patológico da ditadura militar transformado em um incontrolável desejo sexual pelos psicopatas de direita. Ora pensado como instrumento de vingança, ora como punição necessária aos que não rezam pela cartilha fascista.

    As poucas pessoas que conheço adeptas do pensamento fascista, além das muitas que percebo por meio das redes sociais, veem no estupro de presos (políticos ou não) uma ação quase que necessária, única forma de tornar exemplar uma punição baseada somente em sentenças de prisão.

    Dessa forma, para essas pessoas, não basta que Lula seja preso, é preciso que, uma vez na cadeia, ele (e todos os petistas, comunistas, ateus, abortistas, gays) também sofra sevícias sexuais severas, exemplares. Uma patologia morbidamente freudiana imaginada como dor e punição para o outro, mas como óbvia fonte de prazer doentio para quem a deseja.

    Jair Bolsonaro, processado no Supremo Tribunal Federal por incitação ao estupro da deputada Maria do Rosário (PT-RS), reúne em si e em torno de seus seguidores todas as variáveis dessa patologia.

    Ao votar pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff, Bolsonaro fez questão de homenagear o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, a besta fera que torturava presos políticos no DOI-CODI de São Paulo, nos anos 1970.

    Lá, Ustra colocava ratos nas vaginas de mulheres e organizava sessões de estupros para aterrorizá-las. Ato contínuo, colocava as próprias filhas para brincar com as presas recém-seviciadas, como denunciou, no histórico artigo “Brinquedo macabro”, o jornalista Moacir de Oliveira Filho, o Moa.

    Ustra era um demente monstruoso.

    Por essa razão, não deixa de ser coerente que os admiradores de Jair Bolsonaro, hidrófobos alimentados por uma ração permanente de ódio, ignorância e intolerância, infestem as redes sociais para comemorar o assalto sofrido por Maria do Rosário. E, mais ainda, demonstrar imenso descontentamento por ela não ter sido estuprada.

    Trata-se de uma matilha adestrada pela narrativa que relaciona Direitos Humanos à defesa de bandidos. Uma deformação de pensamento que, infelizmente, revela a precariedade da educação básica brasileira, principalmente nessa classe média iletrada e reacionária que, hoje, sustenta a candidatura de um idiota que comemora um assalto e torce pelo estupro de uma mulher.

  4. Esse é o sonho do juiz
    Esse é o sonho do juiz ladrão, ladrão que tomou de assalto a constituição e o emprego de milhões de brasileiros. Mal sabe ele o que lhe aguarda, vitorioso não se dá conta que, toda derrota tem dentro de si uma Vitória. Não perde por esperar.

  5. Maria Eduarda voce merece um beijo

    Por favor nestes tempos , mesmo correndo o risco de ser mal interpretado eu envio  este beijo. E  com muito carinho eu tenho que dizer  que você pegou na veia. Você pegou  exatamente o significado, de  abrir a caixa de Pandora. Soltaram os monstros da barbarie.  A Lava -jato abriu a caixa e soltou todos os monstros. A Lava Jato trabalha estimulando os mais baixos instintos . Ela reacende todos os preconceitos mais arraigados, que estão por trás de muitos que ora se manifestam.

    A Lava jato é sintetizada nas palavras de Dallagnol, que são pura barbárie.

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