Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
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O objetivo da política econômica é aproveitar o potencial de crescimento, por André Araújo

O objetivo da política econômica é aproveitar o potencial de crescimento

por André Araújo

A finalidade da politica econômica de um grande País é aproveitar seu potencial de crescimento. No caso do Brasil há 20% de potencial a atingir em curto prazo com pouco investimento, é a capacidade ociosa do sistema produtivo JÁ INSTALADA.

A politica monetária é apenas um instrumento da POLITICA ECONÔMICA, a inflação é uma variável da politica monetária, um índice, NÃO é um objetivo por si só da politica econômica.

A atual equipe transformou um índice, a inflação, em um objetivo único de toda a politica econômica quando na realidade a inflação NÃO é um objetivo, é apenas uma medição e a meta de inflação não é nada, é apenas uma estatística que não leva a lugar nenhum.

A POLÍTICA ECONÔMICA é um instrumento do Estado para atingir seus objetivos que compõe uma visão de longo prazo a que pode rotular-se como um PROJETO NACIONAL onde se se inserem os fatores de GEOPOLITICA, ECONOMIA, RELAÇÕES EXTERIORES, DEFESA, SUFICIÊNCIA ALIMENTAR E ENERGÉTICA, EDUCAÇÃO E SAÚDE DA POPULAÇÃO, PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE, PROTEÇÃO E VALORIZAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS.

A ECONOMIA é, portanto, apenas um dos fatores que compõe um projeto nacional. A politica monetária é uma parte da ECONOMIA e a inflação é uma variável de importância relativa, nunca uma meta estratégica. A moeda deve ser manejada como ferramenta da politica monetária, com movimentos de expansão e contração de acordo com as circunstâncias, a meta de inflação por si só nada significa, pode levar à estagnação e à estabilidade dos cemitérios.

Quando o País está em recessão, portanto com parte de sua capacidade produtiva paralisada mesmo tendo abundância de todos os fatores necessários para atingir plena capacidade, a começar pelo estoque de mão de obra desempregada, pelos equipamentos industriais sem uso, por exemplo, as fábricas de cimento do Brasil podem produzir o dobro sem novos investimentos, as indústrias em geral tem folga para aumentar a produção em um turno de até 25%, com um segundo turno pode produzir até 60% a mais, cabe à POLITICA ECONÔMICA ativar as variáveis sob seu controle para ocupar essa capacidade e gerar crescimento rápido.

A atual operação da economia NÃO atende a nenhum objetivo, apenas exercita uma ferramenta menor, a estatística de inflação, como se isso fosse um objetivo por si só.

O Brasil pode crescer rapidamente com medidas de expansão monetária, (Quantitative Easing) com o  mecanismo que se usa nos EUA, União Europeia e Japão com sucesso.

As reservas internacionais do Brasil atingem hoje em torno de US$400 bilhões, equivalentes a R$1,280 trilhão, enquanto o meio circulante físico interno está em torno de R$240 bilhões, uma disparidade constatável a olho nu, há pouca moeda circulante, há baixo credito na economia, os ativos se desvalorizam tornados muito baratos ao capital estrangeiro, essa parece ser uma meta não declarada da atual equipe econômica, desvalorizar ao máximo o VALOR BRASIL, terras, imóveis, empresas para tornar o Pais barato para o comprador estrangeiro, uma politica ANTI-NACIONAL que não cabe em  um projeto de Pais.

Compradores estrangeiros, a maioria estatais de outros países, estão adquirindo rapidamente usinas hidroelétricas como São Simão, a maior da CEMIG, a segundo maior distribuidora elétrica do País, CPFL, grandes linhas de transmissão (STATE GRID), grandes lotes do pré-sal, valiosos pedaços da PETROBRAS, tudo a preços de fim de feira, criando uma base gigantesca para eterna remessa de dividendos sobre um passivo externo de mais de US$1 trilhão, o Brasil como um País vendido em bloco a interesses não brasileiros.

Há uma nova rodada de vendas de ativos elétricos que deverão ser comprados por estrangeiros, que em 2020 já deverão controlar 50% das usinas de açúcar e álcool do Pais, um setor onde o Brasil é pioneiro mundial há 400 anos.

Enquanto a politica oficial da equipe econômica é vender o máximo de ativos da PETROBRAS, “desintegrando” uma das maiores petroleiras do mundo, amputando seus braços de distribuição (BR, possível comprador Brooksfield), transportes, gasodutos, oleodutos, petroquímicas, subsidiárias na Argentina e Peru, tornando menor e menos importante, perdendo posições estratégicas que uma EXXON ou SHELL jamais fariam.

Enquanto petroleiras estatais crescem e aumentam seus ativos, como a STATOIL da Noruega e RUSSNEFT da Rússia, a PETROBRAS na contramão do crescimento, encolhendo e apequenando, perdendo posição relativa entre as estatais petrolíferas.

Ao mesmo tempo outro alvo estratégico da equipe econômica é ACABAR COM OS BANCOS PÚBLICOS, instrumento fundamental do Estado brasileiro desde a Independência.

O BANCO DO BRASIL, com mais de 200 anos de historia, está sendo liquidado pedaço a pedaço, foi por dois séculos o maior banco do País, hoje está atrás do Itaú e Bradesco.

Filiais históricas no exterior como as agencias de Lisboa e Porto, com milhares de clientes, foram fechadas, desprezando a grande colônia brasileira em Portugal que usava o Banco do Brasil para enviar dinheiro para suas famílias. Por todo o mundo se fecham agencias do BANCO DO BRASIL, no País o fechamento se dá velozmente, abrindo espaços para os bancos privados. A CAIXA ECONOMICA está sendo atormentada com avisos de encolhimento, venda de subsidiarias, planos de demissão voluntaria e até soltam-se boatos de privatização.

O BNDES foi mutilado com o saque de R$180 bilhões de seu caixa  remetidos ao Tesouro para pagar juros da divida aos rentistas, paralisando o banco por falta de recursos, os desembolsos nos terceiro trimestre de 2017 foram reduzidos em 80%, no banco já ninguém aprova ou assina nada, com medo da condução coercitiva que parece parte do plano de liquidar o banco.

Até 2022, a maior parte da capacidade energética e industrial do Brasil deverá estar em mãos estrangeiras, graças a atual operação da economia por equipes transnacionais à testa do Ministério da Fazenda e do Banco Central, visceralmente ligados ao estrangeiro.

Não chega sequer a ser um POLITICA ECONÔMICA digna desse nome, trata-se tão somente de uma série de medidas que não fazem parte de nenhum projeto nacional de longo prazo e visam operar o Brasil exclusivamente como uma plataforma de negócios internacionais, um tipo de Panamá maior e mais rico para saquear.

Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

11 Comentários

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    1. Brinde-nos com a sua capacidade, ó pensanta!

      Ai poderemos talvez discutir e expressar: Que alegria!

      Porque, pra “variar,” o máximo que vc e a sua direita consegue é (des)qualificar os demais.

      Que triste.

       

    2. “capacidade da esquerda” como

      “comentário” a um texto do André Araujo…

      Os reacionários “brasileiros” são realmente muito boçais.

  1. Querias que fosse isso

    Querias que fosse isso …

    Não é difícil pra qq estudante perceber que as regras que vez em sempre nos são impostas (ora pelo FMI, depois pelos privateiros, libertinos  ..ou pelos GOLPISTAS) visam, la no fuindo, nos tirar atributos que fariam com que este país se tornasse competitivo no MUNDO. VAmos refletir:

    O BRASIL tem reservas energéticas abundantes (em carvão, petróleo, sol, vento, biomassa, nuclear)  ..aqui não neva, não tem terremoto, nem maremoto  ..temos áreas agricultáveis (e a recuperar com novas técnicas) a perder de vista (mesmo sem precisar desmatar)  ..não temos risco alimentar nem seca incontornável ..contamos com uma sociedade pacificiada e mansa  ..fronteira marítima imensa e recursos hidricos fartos

    pois é  ..aonde pega ?  ..pega nas regras que nos foram impostas e que nos tiraram quase que toda “vantagem comparativa” que pudessemos dispor

    Para os setores estratégicos, por exemplo, nos impõem Oligopólios e monopólios capitaneados por agencias COOPTADAS

    No senso pátrio nos enfiam SPELBERG pelo rabo, em todas as m´dias e todo dia, e tiram qq financiamento ao empresário Nacional que visa equalizá-lo aos padrões internacionais

    Em nome dum tal mercado nos proibem de financiar empreitadas externas e o ESTADO de atuar como agente fomentador e indutor de desenvolvimento

    Como garantia espalham notas de Agencias e nos sequestram as BOLSAS DE VALORES pra nos empurrar uma montanha ruissa de insegurança a todo momento  ,,,e um Banco Central que insiste em usar o JUROS como unica ferramente pra curar tudo (inclusive passivos seculares estruturais)

    Pela concentração de renda, pelo abuso nos preços, pela falta de competição e de salário que ficam sempre ABAIXO dos praticados em outros mercados desenvolvidos  ..com uma política tributária, de dividendos e juros que remetem os ganhos  ..ou pela FAGOCITOSE dos grandes conglomeradoes que sempre são conquistados pelo capital externo  ..o país NUNCA consegue fazer poupança que lhe da sustentação no LP  ..eternizando-nos uma eterna dependencia externa 

    ..e por aí vai

    Não bastando, se alguns grupos ainda insitirem  (como nos governos de LULA recentemente) ..ESTRANGEIROS combinam com a elite expatriada, consquistam o Apoio do Judiciário, das Forças Armadas  e de Forças Políticas reacionárias  ..e compram a mídia pra promoverem um GOLPE sem data marcada pra terminar

    e é assim, que entra e sai década e o BRASIL, terra prometida e já tida como preferida de Deus, nunca acontece

  2. Crimes de Lesa Pátria

    O artigo do ANDRÉ e o comentário do ROMANELLI são reveladores.

    Penso que não somos uma potência mundial em decorrência da  perversidade de uma elite econômica egoísta, com valores escravocratas e colonialistas.  Nunca sairemos dessa miserável desigualdade social, nunca seremos uma nação soberana se continuarmos conciliando politicamente com essa elite econômica perversa.

    Não acredito que as eleições de 2018 são a solução. Mesmo que ganhe o Lula ou, no impedimento desse, Ciro (que tem um projeto econômico consistente). Penso que a solução está na organização política de nosso povo, mesmo que isso demore 1 ano, 5 anos, 10 anos…

  3. Politika ekonômica

    A tradicional agência do Banco do Brasil de Paris também foi fechada e o mais tragico é que quem aqui andou brandindo pelo golpe, pedindo a saida de Dilma Rousseff e precisa enviar dinheiro para a familia no Brasil, agora vai ter que usar agências de envio de dinheiro privadas, que custam bom dinheiro em taxas e nem todas são seguras.

    Mas como diria o outro: esse governo não tem rumo, norte, estrela. Projeto de Pais? Acho que podemos esquecer por enquanto. O projeto de Temer é salvar-se da prisão com tudo o que ele amealhou todo esse tempo, passar sua reforma da previdência deixando a classe média e os pobres em situação precaria e preparar o semipresidencialismo para que a esquerda não governo tão cedo.

  4. ” Meta não declarada ” ?

        E precisaria declarar que nas bases teórico-politicas do novo governo, um dos eixos da politica economica macro seria a de desvalorizar a “Marca Brazil “, e em consequencia o barateamento de ativos ?

         Era obvio, de uma clareza total que tais fatos ocorreriam.

         Caro AA, vc. sabe o que esta ocorrendo com a Marca Brasil pelo Mundo ; nossos empresários “sobreviventes” ou mesmo dealers comerciais nacionais, estão sendo enxergados com sérias desconfianças prévias, empresas sérias que nos recebiam a poucos anos atrás, hoje nos evitam, contratos, mesmo que nada tinham a ver com o Estado, as empreiteiras ou mesmo que remotamente relativos a cadeia Oleo – Gás – Naval, estão sendo escrutinados pelos famigerados deptos. de compliance, até pagamentos devidos encontram-se “suspensos” ou em “analise”.

          A “Marca Brasil”, resumidamente, tornou-se tóxica em varios locais – os mais “centrais” – mas “apetitosa”, “barata”, para os “novos mercados inversores” da Asia, e até alguns “vulture funds” que operam sabe-se lá para quem. 

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