Zê Carota
Ganhou espaço nas redes sociais com suas intervenções. Textos curtos. Rápido no gatilho
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o ódio no espelho, por Zê Carota

o ódio no espelho

por Zê Carota

se alguém, um dia, lhe pedir pra ilustrar bem ilustradinho o que significa “talking head”, mostre-lhe o vídeo da miriam leitão naquela entrevista com o candidato nazista.

mas nada justifica uma reação, lamentavelmente, tornada comum por algumas parcelas da esquerda.

o dicionário Aurélio tem, por baixo, uma centena de vocábulos que podem – e devem – ser usados para definir o que miriam leitão representa de doentio e criminoso à democracia, ao país e seu Povo e ao jornalismo.

se para classificar e enfrentar o que e quem leitão representa, alguém que se diz de esquerda limita-se (amplo sentido) a questões físicas e estéticas, isso:

1) iguala a pessoa a miriam, que, muito justamente, foi criticada por, junto com a também golpista cora ronai, na posse de Dilma para seu primeiro mandato, destilar peçonha contra a silhueta e o figurino da primeira PresidentA mulher deste país;

2) iguala a pessoa, ainda, ao entrevistado nazista que, num dos momentos mais abjetos da história recente do país, também alegou questões estéticas como única razão (sic) para não estuprar a deputada Maria do Rosário, provocando contundente e necessário repúdio da esquerda; e

3) criticar-lhe a aparência jamais terá qualquer efeito prático para que ela perca, mesmo como boneco de ventríloquo, a influência que exerce sobre imenso contingente de pessoas que acham que pensar dói. por sua vez, colocar sua credibilidade em xeque terá maior probabilidade de êxito – vide caso do racista william waack.

sempre que a democracia torna-se refém do ódio (como no caso do último golpe, de novo apoiado e sustentando pela emissora que é dona de miriam leitão), um dos maiores desafios de quem se afirma de esquerda talvez seja o de não deixar-se tornar exatamente aquilo que execra.

do contrário, é como um espelho: embora reflita o inverso, a imagem é igual.

pé na reta, fé na curva, e ultrapasse somente pela esquerda.

Zê Carota – Comecei no jornalismo aos 19 anos, como cartunista. Em 32 anos, trabalhei nas principais redações de rádio, tv, jornais, revistas e portais, na assessoria de comunicação de 9 ministérios, na assessoria de imprensa da CLDF e cobrindo o Congresso para agências de comunicação. Sou filho da coleção Para Gostar de Ler com o Punk Rock.
Zê Carota

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5 Comentários

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  1. Estuprador
    Um tempo atrás li um argumento, creio que do falecido apresentador Flávio Cavalcante para o jovem Luís Nassif (cito de memória e sou péssimo nisso): não gosto da música que vc faz mas defenderei até a morte o seu direito de apresentá-la.

    Acho que o mesmo vale para Miriam Leitão. Não concordo com seu pensamento e a forma como se posiciona, mas o que Ali Kamel fez com ela no final da entrevista com Bolsonaro transcende as diferenças ideológicas.

    Ele a assediou de maneira humilhante. Covarde e machista, se ocultou por trás de um ponto e a obrigou a ler em público e ao vivo, uma mensagem da qual ela não tinha o prévio conhecimento.

    Estupro é sexo sem consentimento. Leitão foi moralmente estuprada em público. Todo o meu apoio a ela.

    1. Perdoar sim se o perdoado tem

      Perdoar sim se o perdoado tem noção do mal feito reconhece e repara.

      Certa época quando a Itália dividida em Cidades Estados era a casa da mãe Joana onde as potencias do tempo França Espanha Áustria repartiam o butim, o povo se consolava afirmando: “Franza o Spagna pur che se magna” ou seja tanto faz que seja a França ou a Espanha o importante é comer!!

      O cachê da Miriam vale o ditado acima?

  2. Isso, amigo Zê

    Trabalhar nessa emissora já é uma tortura. Estar algemado, amordaçado e vilipendiado deve ser cláusula de contrato de trabalho. Ou não.

    ”VIVA EU, VIVA TU, VIVA O RABO DO TATU” !

  3. não vi a entrevista

    Não assisti a entrevista em epigrafe. Considero o método de reconhecer a realidade usando o próprio cerebro e os olhos do inimigo esquizofrenica, torturante.

    Alertar os inocentes espectadores sobre os métodos do inimigo é de paternalismo patético. Principalmente num país onde qualquer um com dois neuronios conhece decor e salteado estes métodos.

    O Brasil que eu quero ? Um país onde a esquerda produza e comente seus próprios conteúdos.

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