O perigoso e vergonhoso ódio de Eduardo Bolsonaro aos árabes e seu legado, Por Lucia Helena Issa

Não é a primeira vez que Eduardo Bolsonaro tenta demonizar árabes e ou muçulmanos em pleno parlamento brasileiro.

Reprodução Redes Sociais

O perigoso e vergonhoso ódio de Eduardo Bolsonaro aos árabes e seu legado

por Lucia Helena Issa

Enquanto Eduardo Bolsonaro, o misógino e medíocre deputado que alimenta o ódio religioso no Brasil, faz um requerimento pedindo que o Brasil passe a criminalizar um partido político libanês, plagiando vários textos e ignorando a longa relação de amizade entre os dois países, ignorando que descendentes de sírio-libaneses no Brasil são mais de 10 milhões de pessoas, ignorando que esses descendentes dedicaram suas vidas ao Brasil, construíram hospitais como o Sírio- Libanês, estudaram muito para realizar o sonho de serem professores, médicos, jornalistas, eu reflito sobre a tristeza da longa noite de trevas em que estamos mergulhados.  Enquanto Bolsonaro tenta incitar seus seguidores pseudocristãos, armados e vis, contra milhões de brasileiros de origem árabe, tanto cristãos como eu, quanto nossos irmãos muçulmanos, eu reflito, como cristã, sobre todas as contribuições dos muçulmanos para a Civilização Ocidental. 

Não é a primeira vez que Eduardo Bolsonaro tenta demonizar árabes e ou muçulmanos em pleno parlamento brasileiro.

Do alto de sua imensa ignorância e mediocridade, Eduardo Bolsonaro talvez não saiba que a linda Língua Portuguesa tem mais de 1000 palavras árabes usadas também por nós todos os dias. Eduardo Bolsonaro, do alto de seu ódio e seu desconhecimento deveria parar de usar a palavra “algarismo”, que homenageia o muçulmano Al Khaarismi, o matemático que inventou os algarismos como os conhecemos hoje. Eduardo Bolsonaro também deveria parar de  procurar um médico e de usar a própria palavra medicina, que homenageia um dos primeiros e maiores médicos da História, o muçulmano Avicena, ou IBIN SINA, o médico que inventou os hospitais, que descobriu a apendicite, que criou a oftalmologia, que descobriu a catarata e o primeiro tratamento para ela, que escreveu o Canône de Medicina, o primeiro livro de Medicina da História, escrito em árabe e traduzido para mais de 50 línguas, usado pelo mundo inteiro por mais de 7 séculos.

Eduardo Bolsonaro também deveria parar de usar a máquina fotográfica pois a palavra CAMERA vem do árabe antigo, kamra, para um local escuro, onde eram reveladas as primeiras fotos feitas no mundo. Também deveria parar de comer açúcar, cultivado primeiro pelos muçulmanos e cuja palavra original é al-zukr. Deveria jamais comer azeitona, azeite e deveria jamais usar a Álgebra, jamais usar uma bússola, e jamais chamar alguém de Almirante. E acima de tudo, Eduardo Bolsonaro e seus pseudopastores, vendilhões do templo e asseclas pseudocristãos, pessoas que sequestraram o cristianismo para justificar o ódio, a violência, o armamento e milhares de mortes, não deveriam jamais usar a palavra BÍBLIA, que vem de BIBLOS, a linda cidade litorânea do Líbano, onde se fabricavam manualmente os papiros para os primeiros textos sagrados do mundo, de onde vieram as palavras Bíblia, bibliografia, biblioteca!

Eduardo Bolsonaro deveria ler mais e ter um conhecimento basilar antes de promover o ódio entre os brasileiros e o mundo árabe, cujos laços são bonitos, pacíficos e atemporais.

Lucia Helena Issa é jornalista, escritora e embaixadora da paz por uma organização internacional. Foi colaboradora da Folha de S.Paulo em Roma. Autora do livro “Quando amanhece na Sicília”. Pós-graduada em Linguagem, Simbologia e Semiótica pela Universidade de Roma. Atualmente, vive entre o Rio de Janeiro e o Oriente Médio e está terminando um livro sobre mulheres palestinas que lutam pela paz.

Redação

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