O ponto fora da curva do juiz Moro, por Sergio Saraiva

“São tempos estranhos, geradores de grande perplexidade”.

ponto fora da curva

O ponto fora da curva do juiz Moro, por Sergio Saraiva

A Folha de São Paulo de 25 de agosto de 2017 traz uma informação que pode ser lida como mais uma demonstração da perseguição da Lava Jato ao presidente Lula.

Trata-se da inaudita velocidade na qual foram apreciadas as apelações à condenação de Lula pelo juiz Sergio Moro e a chegada do processo à 2ª Instância – o TRF – Tribunal Regional Federal da 4ª Região – em Porto Alegre. Foram 42 dias entre um fato e outro.

Trata-se de um tempo recorde. O mais rápido na Lava Jato.

O juiz Moro se apressou igualmente em emitir uma nota onde afirma: “no caso em questão, os prazos processuais foram seguidos estritamente”.

Desconheço os prazos padrões dos processos. Mas Moro há muito não pode ser acusado de pautar-se pelo padrão na condução dos processos da Lava Jato em geral e ainda menos no que se refere a Lula. Da divulgação de informações sob sigilo à condenação sem provas cabais, o anedotário é farto.

O tempo de tramitação dos recursos da defesa de Lula vem agora juntar-se a ele. E não apenas por ser o mais rápido da Lava Jato, mas porque destoa do padrão mesmo entre os mais rápidos. Causa espécie.

Lava Jato recorde

A estatística descritiva tem algumas ferramentas para identificar esses casos especiais. Uma delas é o histograma. Uma forma visual de se apresentar a dispersão dos dados referentes a uma população. No caso, a população dos processos da Lava Jato com os menores tempos de tramitação até a chegada à 2ª instância.

Tramitação

Não é preciso muita atenção para perceber que o caso Lula não mantém relação com o padrão. Há um hiato entre ele e os demais. A esses hiatos comumente se chama de ponto fora da curva – ou tecnicamente de distribuição com ponto isolado.

Qualquer um que tenha um mínimo conhecimento de controle estatístico de processos sabe o nome do que provoca tal ocorrência – “causa especial”.

E “causas especiais” dificilmente são coisas boas.

E, se já não o são em processos industriais, tanto menos o serão em processos judiciais onde a isenção é também demostrada pela indiferenciação do tratamento dado a um réu em relação ao dado aos outros réus.

Tempos especiais estes que vivemos. Onde – seja no sorteio do juiz relator, seja no tempo de tramitação de um processo – a prática da atividade dos tribunais está em conflito com o que seria esperado pelos conceitos básico da estatística.

“São tempos estranhos, geradores de grande perplexidade”, diria o ministro Marco Aurélio Mello.

 

PS: Oficina de Concertos Gerais e Poesia especializada na manitenção de curvas normais.

Redação

3 Comentários

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  1. Esta enlouquecendo
    Moro vai de mal a pior. Está enlouquecendo. Já não se trata mais de descarada opção política nos seus julgados. É pior.

  2. O juizeco

    Mostra claramente que seu tempo de por o ex presidente Lula na cadeia, venceu ! Aliás, teve de ser prorrogado, pois jamais imaginariam ser tão difícil encontrar uma prova que fosse, de corrupção do criador do PT . Todos os indícios que coloca no processo , sairam da cabeça dele, dos seus “jovens” procuradores , fora aquelas premiadas delações, após algum tempo na cadeia e anos e anos de condenação. Daí a pressa da condenação de 2ª Instância, quando será proibido de se candidatar, cumprindo assim sua tarefa e passando a viver em Maiami, na vida que é o sonho máximo de todo jeca. Mas espero , ao menos, que a memória de Dona Marisa o fará refletir para sempre.

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