O que aprendemos com as eleições de 1989, por Henrique Matthiesen

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

O que aprendemos com as eleições de 1989

por Henrique Matthiesen

A história pretérita é fecunda em seus ensinamentos. Recordar é um exercício de sabedoria e de prudência; os erros e acertos estão esculpidos nos acontecimentos ocorridos neste tempo verbal.

Após 21 anos de ditadura no Brasil, onde o golpe contra o Trabalhismo de João Goulart interrompeu as Reformas de Base e o desenvolvimento social, esses anos evitaram o exercício da democracia na acepção de termos o direito de escolher nossos mandatários. Chegamos às eleições de 1989, a primeira eleição livre pós-golpe militar.

Sofríamos com o governo de José Sarney e toda a matilha de medebistas. O país se encontrava em uma grave crise econômica com uma inflação de 1764% ao ano, com desemprego, com desesperança e um oceano de corrupção.

Muitos candidatos a presidente se apresentaram, diversas correntes políticas concorreram, e as classes dominantes – por meio da mais grotesca manipulação e condução – emergiram seu candidato.

Collor – o candidato do sistema, da Casa Grande e das classes dominantes – representava os interesses mais fiéis do baronato nacional, porém, havia uma pedra no caminho do planejamento e execução dessa eleição; chamava-se Leonel Brizola.

Fio condutor da história, as eleições de 1989 eram a oportunidade do grande reencontro do Brasil com o Trabalhismo e suas bandeiras históricas, a retomada da Soberania Nacional, do desenvolvimento social, da emancipação pátria.

Era urgente e imprescindível tirar Brizola do segundo turno, pois ganharia do candidato das classes dominantes, e escolher um candidato que cumprisse o papel de mero sparring para legitimar a vitória de Collor era a tarefa a ser executada.

Brizola não foi para o segundo turno por uma diferença mínima, e o tão arquitetado projeto das classes dominantes seguiu seu fluxo e sucesso. Collor foi eleito seguindo o concorrente do segundo turno escolhido para perder.

29 anos depois chegamos à outra eleição presidencial, onde guardam algumas semelhanças com 1989, com determinados agravamentos.

Vivenciamos, contemporaneamente, uma grave crise econômica, de desemprego, desnacionalização, desesperança, em um ambiente beligerante de ódio e rancor, emergindo o mais predatório fascismo em nossa sociedade.

Obviamente que nossas elites coexistentes do poder não titubeiam para perpetuar seus negócios que é a sua autolocupletação do erário pátrio. Enfim, eles só permanecem como classe dominante com a única e exclusiva função de dilapidar o patrimônio público e viver do dinheiro e do trabalho do nosso povo.

A tática para mais um êxito dessa turma é a mesma de 1989: elevar um mero sparring para legitimar sua vitória, assim como fizeram por meios, até mesmo impublicáveis, contra Brizola.

A questão é que hoje, na linha de frente desta manobra, está um legítimo representante da boçalidade, um verdadeiro cultuador do ódio e da ignorância, um legítimo defensor da homofobia, do extermínio, do mais latente fascismo.

A pedra no caminho deste cenário – arquitetado pelas classes dominantes – responde pelo nome de Ciro Gomes.

Assim como Leonel Brizola foi o entrave a ser superado em 1989, hoje, Ciro Gomes é o alvo de 2018.

O Brasil necessita recordar sua própria história para não repetir os mesmos erros.

Henrique Matthiesen – Bacharel em Direito e jornalista 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

5 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. COMEÇAMOS A NOS LIVRAR DO FASCISMO DE ESQUERDA

    Mas a Batalha é grande. Como vimos na foto, já nos livramos dos Familiares do Fascista: Leonel Brizola e João Goulart. Mas como tiririca, esta prega é de difícil extinção. Já rebrotou na fgura do filho. Pesadelo pequeno, apenas para lembrar-nos do que já nos livramos. Quem diz ser contra a violência e o discurso violento, mas enfia a faca na barriga de Opositor. Que era contra Castas e Nepotismos, mas está na 3.a ou 4.a Geração, mamando nas tetas do Estado Brasileiro. Não é mesmo Covas? E vocês Neves? E o Feudo Arraes? Politica não é endeusamento ao Personalismo, nem Profissão, nem a perpetuação Caudilhista? Agora entendi. Quer dizer que Golpe Ditatorial Fascista Civil-Militar é vangloriado e perpetuado por Esquerdopatas e Progressistas até hoje, mas criticam os mesmos ‘Parceiros’ quando quiseram continuar com o Golpe, sozinhos? O Brasil é de muito fácil explicação.    

  2. Entao a solucao era o PT ter abandonado Lula? Negativo

    Um pequeno detalhe: Ciro nao é Brizola.

    Outro “detalhe”. Nao quero diminuir os meritos conquistados por Ciro Gomes mas tb nao ha como inflar sua representatividade dizendo q é 1 lider do povo. Ele sempre foi um aristocrata mesmo tentando se passar por um homem do povo. Isso fica evidente mesmo com doses altissimas de populismo pois a arrogancia tipica da classe vem à tona sempre.

    Tivesse ele anteriormente a humildade para se propor a vice do Lula, estaria representando a esquerda toda nesse momento talvez com o Haddad ou Gleisi como vice. Essa falta de visao dele nao dá para empurrar pro PT que tinha a responsabilidade historica de expor o judiciario podre martirizando Lula.

    1. complementando

      Não só Ciro não é Brizola, como o PDT de hoje já não é mais o PDT de 1989. Se não concordar, pergunte a João Goulart Filho. 

      [video:https://www.youtube.com/watch?v=hjHpNl1eOCA%5D

      De qualquer maneira, claro, se Ciro conseguir chegar ao segundo turno, ele terá o apoio do PT. E esperamos que tenha o bom senso de fazer o mesmo, caso não chegue.

       

  3. discordo num “detalhe”

    é parte da população desencantada com todo o sistema politico-paritdário e suas lideranças. (Claro que se enganam com o que parece ser o novo). Não é sosmente a força das classes dominantes, da mídia. Acho Ciro Gomes um Brizola melhorado. Humildade deveria ter um líder e o principal partido progressista. Nas eleições seguitees a 1989, a hierarquia desse partido difundiu a calúnia que Ciro seria o novo Collor. Hoje, parte das bases simpatizantes difundem que CIro é de direita. A mesma base (parte dela) negou, de imediato que a facada era uma farsa, uma jogada, alguns chegaram a torcer pela morte, ódio de um lado e de outro, num círculo vicioso que só aumenta a simpatia pelo militar que deveria ter sido expulso do exército se não fose o jeitinho brasileiro de juízes militares que apenas o reformaram)

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador