O que dará fim ao governo Bolsonaro será o confronto entre as PMs e o Exército, por Rogério Maestri

O governo federal poderá inverter essa situação?

Foto Brasil de Fato

O que dará fim ao governo Bolsonaro será o confronto entre as PMs e o Exército

por Rogério Maestri

Para mim desde os primeiros meses de 2019 estavam evidentes as contradições do governo Bolsonaro e o principal problema que ele teria, deixo claro isso num artigo que escrevi aqui mesmo no meu blog do GGN intitulado “Nem Bolsonaro, nem a oligarquia brasileira e muito menos os generais conhecem a história”, para poupar os leitores colocarei dois parágrafos que vem depois de uma explicação dos movimentos fascistas mais conhecidos, o fascismo italiano e o nazifascismo germânico:

“O que se vê claramente é que movimentos nazifascistas têm uma contradição intrínseca na sua formação, utilizam elementos doutrinados e provenientes de classes inferiores, para conquistar o poder, e quando estes mesmos elementos começam a reclamar por perderem o controle do movimento e enxergarem que foram enganados pelo líder, começa a reação contra as alianças com as oligarquias que dominavam o poder, e desta forma começam a incomodar todo o processo.

No Brasil, a nossa SA é basicamente as forças policiais (policiais militares), as milícias no caso do Rio de Janeiro e mais elementos ideológicos, que simplesmente se sentem desconfortáveis com as alianças com as forças amadas e com as oligarquias políticas que representam o grande capital, pois na realidade a política de achatamento salarial, precarização do trabalho e mais outras antipopulares tocam fundo na realidade de classe que pertencem esta base de apoio.”

Esse artigo de mais de ano e meio parece que se confirmará em breve apesar de nesse momento ninguém estar dando atenção a este ponto, porém vou explicar por que reforço a visão que tinha no passado.

Os aspectos mais aparentes ainda são poucos, como por exemplo o protesto dos policiais que há pouco chamaram explicitamente Bolsonaro de traidor, por outro lado, a epidemia está escondendo ou atrasando um movimento que aparecerá com o mesmo rigor que o movimento grevista dos policiais militares que começou em 18 de fevereiro deste ano e foi retratada pela imprensa burguesa e também pela imprensa alternativa de centro esquerda como um motim e não como uma greve, após o desenvolvimento dessa greve, num artigo intitulado “Policiais Militares querem se tornar milicianos ou só reposição salarial?” descrevi essa greve mais sobre o aspecto de uma reinvindicação salarial em que a principal violência foi de um senador da república, representante das oligarquias nacionais tentou passar com uma retroescavadeira sobre os soldados que estavam aquartelados do que os tiros que ele levou como legítima defesa dos grevistas. Como estávamos no início da epidemia no Brasil, o assunto foi esquecido, mas o problema foi resolvido sem anistia aos grevistas e aumento parcelado dos salários. É importante destacar que o governador do estado é um “progressista” do PT, que reprimiu com maestria os manifestantes com apoio do governo federal.

Aqui chegamos ao ponto básico do artigo, no Brasil temos um contingente de mais de 500 mil policiais militares nos 27 estados da confederação concentrados basicamente em cinco ou seis estados e um contingente das forças armadas com menos de 350 mil dispersos em todo o país. Com uma diferença básica, nos estados com maiores contingentes policiais (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia) esses policiais têm treinamento militar e armas leves de guerra (fuzis semiautomáticos) e são PROFISSIONALIZADOS, por outro lado, as forças armadas brasileiras dispõe de armamentos pesados e soldados NÃO PROFISSIONALIZADOS. Mesmo as tropas profissionalizadas das três forças armadas essa profissionalização é feita através de cursos em que a base de formação é a humilhação sistemática da tropa por suboficiais e oficiais de baixa patente, ou seja, não são tropas que adoram seus superiores (como na maior parte dos exércitos).

Porém o processo não é linear como a maior parte das análises caem no erro de simplificar, não pensemos que as forças policiais agirão de moto próprio assumindo um caráter revolucionário aliando-se as forças de esquerda, a origem do problema será econômica e trabalhista, ou seja, os estados brasileiros totalmente insolventes na passagem do fim desse ano ouvirão reclamações para a recuperação da inflação no soldos das baixas patentes, reinvindicações essas que ou serão atendidas parcialmente ou simplesmente negadas ao todo, com a deterioração da economia que seguirá numa estagflação diminuirá os recursos dos estados e atingirá em cheio as classe populares, com isso liberadas com o fim da pandemia as manifestações de massa começarão a aparecer, para detê-las o estado tentará utilizar as forças policiais, mas essas sofrendo o mesmo aperto do que o resto da população, agirá sem o mesmo denodo e voluntarismo na repressão dessas, ou seja, ninguém estará muito disposto para bater ou mesmo matar seus parentes e amigos que estarão nessas manifestações.

Junto a repressão não muito animada, surgirão movimentos de baixas patentes para retomar as reivindicações não atendidas no início do ano e mais uma vez a única força possível de reprimir serão as forças armadas, porém o treinamento dessas insuficiente e sem a base ideológica que é necessário para entrar num confronto dessa ordem elas mais recuarão do que outra coisa.

O governo federal poderá inverter essa situação? Sim, mas necessariamente modificando radicalmente sua política econômica ou partindo para uma radicalização a extrema-direita que também tem graves problemas, porém isso já é outro assunto

Redação

2 Comentários

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  1. NESSA BRIGA, entre a DIREITA (globogolpe, empresários, eleitores enganados, etc) e a EXTREMA DIREITA( família bolsonaro, rentistas, nazi fascistas) MELHOR O PT continuar FORA (até porque estamos EXCLUÍDOS da tal “grande imprensa”ha muito tempo) . Vamos esperar o TEMPO CERTO, quando a DEMOCRACIA voltar. POR ENQUANTO DEIXEMOS QUE SE “ESFOLEM”.

  2. Policiais agindo com cautela na repressão a manifestações populares em prol de melhores condições de vida ?? Sem denodo ou voluntarismo por estarem no msm barco ???
    Quem viver verá !!!!

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