O reformismo no terceiro mundo e sua inviabilidade pela crise do Imperialismo, por Rogerio Maestri

O reformismo no terceiro mundo e sua inviabilidade pela crise do Imperialismo

por Rogerio Maestri

O Presidente Lula em seus últimos discursos, de forma espantada e indignada, falava sobre a incapacidade da burguesia brasileira em aceitar coisas simples e mínimas, que com suas políticas reformistas pretendia dar ao proletariado brasileiro, desde as três refeições ao dia como a oportunidade de forma desigual ascender economicamente pelo estudo público universitário.

A sincera e real indignação de Lula, parte de uma tentativa equivocada de achar que com reformas ele conseguiria fazer o operário brasileiro atingir níveis vida mínimo na direção que os proletários europeus e norte-americanos conseguiram no pós-guerra até mais ou menos 1980, com as políticas reformistas da socialdemocracia europeia ou com a pujança da maior economia imperialista no mundo, os Estados Unidos, que conseguiu, drenando parte da poupança europeia e com a superexploração do trabalho no terceiro mundo, fornecer aos seus proletários um mínimo de conforto.

Tanto Lula, como as demais forças reformistas brasileiras, não se deram conta que o Imperialismo das últimas décadas, chegou a um ponto de exaurimento que para que este mesmo prossiga a uma política de progresso capitalista que passa pelo aumento da exploração dos seus próprios trabalhadores e retirada maciça de mais valia do terceiro mundo, reduzindo estes a condição de semiescravidão.

O progresso do Imperialismo no pós-guerra era obtido pela superexploração do proletariado do terceiro mundo e rapina organizada das riquezas naturais dos países periféricos.

Porém o agravamento desta crise imperialista já foi detectado nas décadas de 60 e 70 pelo uso indiscriminado e selvagem dos recursos naturais globais. A globalização chega aos países mais pobres do planeta, principalmente pela extração de minerais e outros recursos naturais, como a água, transferindo aos países periféricos os ônus ambientais sem a contrapartida de empregos ou mesmo de sistemas fabris de geração mais atrasada.

A criação de subsidiárias fabris nos países atrasados deixou de ser atrativa para o Imperialismo, pois por mais obsoletas que sejam estas empresas de produção industrial, elas geram renda nos países periféricos e com isto permitem que o consumo das classes intermediárias atinja padrões de consumo do proletariado no primeiro mundo. Este consumo cria demandas de matéria prima e energia, gerando uma pressão sobre o preço das commodities que causa uma inflação estrutural para o proletariado do primeiro mundo, que agirá diminuindo a capacidade de compra dos mesmos e aumento da capacidade de compra das classes intermediárias associadas do Imperialismo internacional.

A pilhagem de recursos naturais que se tornam escassos, poderia ser resolvido pelo próprio mercado subindo o valor destas commodities e diminuindo o consumo das mesmas ou até a racionalização dos produtos industrializados na direção de produtos mais duráveis e mais recicláveis, porém isto seria a face oculta da geração de inflação no primeiro mundo.

Quais as soluções fora do mercado que os Imperialistas, que se dizem liberais, vislumbram para o futuro, a diminuição do consumo no terceiro mundo, que pode ser resolvido de duas formas. A diminuição espontânea e voluntária do consumo, o chamado decrescimento, ou simplesmente a eliminação forçada do consumo no terceiro mundo.

A diminuição do consumo através do decrescimento, pode ser obtida em países desenvolvidos, através da diminuição de parte deste através de discursos ambientais. Esta hipótese que vem sendo adotada aos poucos nos países centrais, onde diminuindo parte do consumo supérfluo não causará maiores impactos no consumo dos produtos básicos e dará uma sensação de satisfação ao povo destes países de estarem fazendo a sua parte perante a catástrofe ambiental alardeada. Porém falar em decrescimento para uma população que inicia a consumir é algo praticamente inviável e fique restrito as camadas mais ricas das sociedades dependentes.

A segunda hipótese, a eliminação forçada do consumo nos países periféricos, pode ser obtida de duas formas, através das guerras armadas ou através das guerras econômicas. Não é por um acaso, que dentre os vários países que sofreram intervenções militares levando a sua economia ao retrocesso de décadas, foram nos países de alto desenvolvimento humano na Ásia e na África.

Dentre as centenas de ditaduras apoiadas pelo Imperialismo internacional, Iraque e Líbia foram os primeiros escolhidos para a destruição de sua infraestrutura através de uma guerra declarada entre os dois países e o Império e posteriormente pelo apoio de movimentos terroristas ou pelo estímulo de movimentos separatista no interior destes países.

Para países como o Brasil, em que a possibilidade de criar conflitos militares com “inimigos” internos ou externos é pequena, adota-se o chamado Imperialismo de Destruição, ou seja, reduz-se a capacidade produtiva do país, ou no mínimo se mantém constante.

Tudo anteriormente descrito está ignorando as ações que a nova aliança China, Rússia e Irã estão levando em longo prazo, ou seja, como diria o nosso grande filósofo Garrincha: Já combinaram com os russos?

 

Redação

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  1. Salvar a democracia com mais Estado

    Da revista Espresso desta semana, em italiano respeitando a minha tradicional preguiça para tradução.

    Solo più Stato 
salverà la democrazia

    I partiti progressisti devono abbandonare il liberismo e tornare al’intervento pubblico

    di Emanuele Felice

     

    Il più grande economista del Novecento, John Maynard Keynes, era liberale. Proprio lui, il cui nome è associato per antonomasia all’intervento pubblico in economia, o allo statalismo per i detrattori. Keynes era un liberale, ma non un liberista. Le politiche keynesiane, proposte dal professore di Cambridge a seguito della crisi del 1929 e realizzate un po’ in tutti i paesi occidentali dopo la seconda guerra mondiale, sono state un ingrediente fondamentale per la golden age dell’economia (quella che da noi è chiamata «miracolo»), contribuendo alla prosperità di massa, consentendo un livello di benessere per fasce crescenti di popolazione impensabile fino ad allora nella storia umana. Salari elevati, pensioni, assicurazioni contro gli infortuni e le malattie, contro la disoccupazione, istruzione e sanità gratuite, o quasi, diritto alla casa: il welfare state.

    E poi ancora, investimenti pubblici per sostenere non solo i consumi e la domanda, ma anche l’offerta. In un quadro di compatibilità internazionali che, grazie agli accordi di Bretton Woods (1944-1971) cui lo stesso Keynes contribuì, limitava i movimenti speculativi di capitale mentre, al contempo, garantiva la stabilità dei tassi di cambio e favoriva la progressiva integrazione delle economie avanzate, a cominciare da quelle europee. Grazie al keynesismo, nella seconda metà del Novecento i paesi dell’Europa occidentale, a impianto liberal-democratico o socialdemocratico, finirono per rivelarsi ben più attraenti di quelli del blocco sovietico, pressoché da ogni punto di vista: non soltanto la libertà personale e politica, ma anche la capacità di crescita economica, fino alle condizioni di vita della stessa classe operaia; i diritti umani e per molti versi anche quelli sociali. Il comunismo smise di essere un’alternativa appetibile, almeno per le popolazioni del mondo avanzato.

    In questo modo le politiche keynesiane hanno salvato il capitalismo, lo hanno salvato dai suoi eccessi, e hanno salvato anche il liberalismo (che non è il liberismo), vale a dire il sistema politico incardinato nella democrazia parlamentare e nella divisione dei poteri. Quella cornice istituzionale ha reso possibile, per la prima volta in maniera pacifica, la partecipazione delle classi popolari alla gestione della cosa pubblica: assicurata dal suffragio universale (che prima non c’era), mediata dalla rappresentanza parlamentare e veicolata dai partiti. I partiti progressisti e riformisti, tutti a vario titolo di ispirazione keynesiana da quelli liberali di sinistra (i Democratici americani, altre più piccole formazioni europee), ai socialisti e socialdemocratici, a correnti significative del mondo cristiano-popolare (nella Dc tedesca, in quella italiana), fino all’ala riformista del Pci di Togliatti e Berlinguer, ebbene tutti vissero in quei decenni, e non a caso, anche la loro di età dell’oro: per influenza e prestigio nella società, oltre che nelle istituzioni, per la capacità di trasformare le condizioni di vita dei cittadini e di offrire loro una prospettiva di riscatto.

    Oggi le forze politiche che a vario titolo hanno rappresentato il campo progressista versano, non solo in Italia, in una crisi che può rappresentare la fine di un’epoca. E sembra passarsela male anche il liberalismo (che di nuovo: non è il liberismo). Che cosa è successo nel frattempo? Sul banco degli imputati è posta la globalizzazione, che ha indebolito i ceti medi e medio-bassi del mondo ricco: quanti rappresentavano la base e l’ossatura di quei partiti. Se questo risponde a verità, occorre però chiedersi in che misura era inevitabile. A ben vedere anche durante la globalizzazione, nonostante cedessero terreno alla Cina e alle tigri asiatiche, alcune delle economie avanzate hanno continuato a crescere: gli Stati Uniti fra tutti, saldamente alla guida dell’ultima innovazione tecnologica; ma anche la Germania, o altre aree del Nord e Sud Europa che sono andate decisamente meglio dell’Italia. Già. Eppure negli Stati Uniti il tenore di vita della gran parte della popolazione non è affatto migliorato negli ultimi trent’anni. Quello dell’italiano medio è addirittura peggiorato. La disuguaglianza è aumentata, i ricchi sono diventati ancora più ricchi: non stupisce che forze populiste si affermano un po’ dappertutto, in Europa come in Nord America, in genere proprio dove la disuguaglianza è più alta.

    Difatti dagli anni Ottanta in poi sono state progressivamente abbandonate le politiche keynesiane. E sono state abbandonate non solo dalla destra liberista (la Thatcher, Reagan), ma persino dalle forze progressiste: stregate anche loro, soprattutto fra gli anni Novanta e Duemila, dall’idea che l’importante fosse crescere; che tanto poi la crescita avrebbe sollevato tutte le barche. Così non è stato, le analisi di cui oggi disponiamo consentono di dirlo con una certa sicurezza. Per i partiti progressisti è quindi necessario un cambio di paradigma, rispetto agli anni Novanta e Duemila. Occorre tornare a politiche di redistribuzione della ricchezza (che per giunta, a differenza di quelle proposte dai populisti, tengano anche conto delle compatibilità globali). Non è un caso che lì dove quei partiti si sono mossi con più convinzione su questa strada, nel Regno Unito come in Spagna, hanno trovato consensi e forza.

    Non si tratta solo di recuperare uno sguardo critico sulle disuguaglianze: aver ben chiaro che oltre certi livelli «fisiologici», esse non sono soltanto eticamente ingiuste, ma nocive per la crescita. Riconoscere questo è soltanto il primo passo. Indispensabile, certo, ma preliminare (se non ovvio). Bisogna capire come combattere le disuguaglianze, come farlo in maniera efficace ben al di là degli slogan populisti, e per questo sono necessari altri due passi. Il primo è tornare a valorizzare come alternativa al mercato proprio il ruolo dello Stato. Che deve intervenire lì dove né il mercato, né il terzo settore hanno l’interesse o la capacità di operare. La letteratura economica, specie applicata, ha ampiamente mostrato come la mano pubblica non sia necessariamente sinonimo di sprechi: dipende dalla qualità della classe politica e dalle regole che la guidano. Ha anche indicato che oggi, proprio come ai tempi di Keynes, vi sono alcune aree in cui il pubblico è preferibile al privato.

    Una è l’innovazione, nei settori più all’avanguardia, cioè quell’ingrediente che garantisce la crescita e quindi il benessere nei paesi avanzati (e che in Italia è carente): come spiega fra gli altri Mariana Mazzucato (“Lo Stato innovatore”, Laterza, 2014) è lo Stato il motore dei settori più promettenti, dalla green economy alle nanotecnologie, dalla farmaceutica alle telecomunicazioni. E non tanto perché ha risorse che spesso mancano ai privati. È proprio perché il mercato a volte non fa l’interesse generale, come ben sapeva Keynes. Si pensi alla ricerca sulla cura per l’Aids: benché non lontani dalla meta, si procede a rilento, per il semplice fatto che le grandi case farmaceutiche, che pure dispongono di ingenti mezzi, non trovano convenienza a investirvi (nell’attuale situazione possono vendere alle milioni di persone con Hiv farmaci antiretrovirali, per tutta la vita); né, per la mole di risorse necessarie, vi è speranza che a intervenire sia qualche startup dal basso, agitando le acque della concorrenza. Al contrario, l’intervento pubblico avrebbe sia i mezzi sia le motivazioni per farsene carico.

    L’altro passo è incardinare questa impostazione in una prospettiva globale, vero spartiacque oggi tra le forze progressiste e quelle conservatrici: una prospettiva che sappia porre regole alla speculazione finanziaria (fonte principale della crescita di disuguaglianze all’interno dei paesi), come si faceva appunto ai tempi di Bretton Woods; e che, per l’Italia e per gli altri paesi europei vuol dire anzitutto riformare l’Unione, rendendola non meno ma più coesa, attorno a una governance democratica, federale, ben diversa da quella intergovernativa e sostanzialmente verticistica oggi prevalente. Fra l’altro anche nella ricerca e innovazione assai più efficace dei singoli Stati nazionali sarebbe l’Europa, in grado di competere con giganti come Cina e Stati Uniti.

    Ma su questo le forze di sinistra hanno balbettato, negli ultimi decenni: incapaci di formulare proposte ambiziose, e ancor più di darle seguito, perché imbrigliate da strutture di rappresentanza figlie delle vecchie sovranità nazionali. Come lacerate da due cavalli che corrono in direzione opposta – l’aspirazione ideale, il radicamento degli interessi – quelle forze sono finite paralizzate di fronte all’offensiva sovranista: hanno perso anche per questo. Ma la prospettiva globale è indispensabile proprio per combattere in modo efficace la disuguaglianza (si pensi ai paradisi fiscali) e per recuperare un intervento pubblico che sappia tornare a risolvere i problemi delle persone. Segna la differenza di sostanza rispetto al discorso populista.

     

  2. Ótimo texto. Bem simples e

    Ótimo texto. Bem simples e didático. Expõe com clareza esta realidade que nos é sonegada pela mídia corporate (pig).

    Por essas e outras que só acredito em soltura do Lula por meio de uma intervençao direta vinda do bloco Putin/China. Já que o povo bovino de Pindorama não se mexe…

  3. Poliglota ou troglodita
     

    Traduzindo o texto do Ugo

    (tradutor –  ImTranslator)

     

    Somente mais estado salvará a democracia

    Partidos progressistas devem abandonar o liberalismo e retornar à intervenção pública

    de Emanuele Felice

     

    O maior economista do século XX, John Maynard Keynes, era liberal. Apenas ele, cujo nome é associado por excelência à intervenção pública em economia, ou ao estatismo por detratores. Keynes era liberal, mas não liberal. As políticas keynesianas, propostas pelo professor de Cambridge após a crise de 1929 e implementadas um pouco em todos os países ocidentais após a Segunda Guerra Mundial, têm sido um ingrediente fundamental para a era de ouro da economia (o que chamamos de ‘Miracle’), contribuindo para a prosperidade em massa, permitindo um nível de bem-estar para grupos crescentes de população inimagináveis ​​até então na história da humanidade. Salários elevados, pensões, seguro contra acidentes e doenças, contra o desemprego, educação gratuita e saúde, ou quase, direito à habitação: o estado de bem-estar.

    E, novamente, investimentos públicos para apoiar não apenas o consumo e a demanda, mas também a oferta. Em um quadro de compatibilidade internacional que, graças aos acordos de Bretton Woods (1944-1971) para os quais o próprio Keynes contribuiu, limitou os movimentos especulativos de capital e, ao mesmo tempo, garantiu a estabilidade cambial e favoreceu a integração progressiva das economias. avançado, começando com os europeus. Graças ao keynesianismo, na segunda metade dos países da Europa Ocidental do século XX, uma instalação Liberal Democrata ou social-democrata, eventualmente, vir a ser muito mais atraente do que os do bloco soviético, praticamente de todos os pontos de vista: não só a liberdade pessoal e política , mas também a capacidade de crescimento econômico, até as condições de vida da mesma classe trabalhadora; direitos humanos e, em muitos aspectos, também os direitos sociais. O comunismo deixou de ser uma alternativa atraente, pelo menos para as populações do mundo avançado.

    Assim, as políticas keynesianas salvaram o capitalismo, salvaram-no de seus excessos e também salvaram o liberalismo (que não é o liberalismo), isto é, o sistema político incardinado na democracia parlamentar e na divisão de poderes. Esse arcabouço institucional possibilitou, pela primeira vez de maneira pacífica, a participação das classes populares na gestão dos assuntos públicos: assegurada pelo sufrágio universal (que não existia antes), mediada pela representação parlamentar e canalizada pelas partes. Os partidos progressistas e reformadores, todos em várias capacidades de inspiração keynesiana esses liberais de esquerda (Democratas americanos, outros times europeus mais pequenos), os socialistas e social-democratas, uma corrente significativa do mundo cristão popular (nos democratas-cristãos alemães, em que Italiano), até a ala reformista do PCI de Togliatti e Berlinguer, bem todos eles viveram nessas décadas, e não por acaso, até mesmo sua idade de ouro: por influência e prestígio na sociedade, bem como em instituições, para o capacidade de transformar as condições de vida dos cidadãos e oferecer-lhes uma perspectiva de redenção.

    Hoje, as forças políticas que representaram o campo progressista de várias maneiras estão pagando, não apenas na Itália, uma crise que pode representar o fim de uma era. E o liberalismo parece estar fazendo muito mal (o que de novo não é liberalismo). O que aconteceu nesse meio tempo? A globalização foi colocada no banco, o que enfraqueceu as classes média e média baixa do mundo rico: aqueles que representavam a base e a espinha dorsal desses partidos. Se isso responde à verdade, devemos nos perguntar até que ponto isso era inevitável. Em uma inspeção mais minuciosa, mesmo durante a globalização, apesar do fato de que estavam cedendo à China e aos tigres asiáticos, algumas das economias avançadas continuaram a crescer: os Estados Unidos entre todos, firmemente à frente da mais recente inovação tecnológica; mas também a Alemanha, ou outras áreas da Europa do Norte e do Sul, que foram muito melhores do que a Itália. Sim. No entanto, nos Estados Unidos, o padrão de vida da maioria da população não melhorou nos últimos trinta anos. A do italiano médio piorou ainda mais. A desigualdade aumentou, os ricos se tornaram ainda mais ricos: não é de surpreender que as forças populistas estejam se afirmando em toda parte, na Europa como na América do Norte, geralmente onde a desigualdade é maior.

    De fato, a partir dos anos 80, as políticas keynesianas foram progressivamente abandonadas. E eles foram abandonados não só pela direita liberal (Thatcher, Reagan), mas até mesmo pelas forças progressistas: enfeitiçados também, especialmente nos anos noventa e dois mil, pela ideia de que o importante era crescer; que tanto o crescimento teria levantado todos os barcos. Então não foi, as análises que temos hoje nos permitem dizê-lo com alguma confiança. Para os partidos progressistas, portanto, é necessária uma mudança de paradigma, em comparação com os anos noventa e os anos 2000. É necessário retornar às políticas de redistribuição de riqueza (que, além disso, em contraste com as propostas pelos populistas, também levam em conta a compatibilidade global). Não é coincidência que, quando essas partes se moveram com mais convicção nesse caminho, tanto no Reino Unido quanto na Espanha, encontraram consenso e força.

    Não se trata apenas de recuperar um olhar crítico sobre as desigualdades: é muito claro que, além de certos níveis ‘fisiológicos’, elas não são apenas eticamente injustas, mas prejudiciais ao crescimento. Reconhecer isso é apenas o primeiro passo. Indispensável, claro, mas preliminar (se não for óbvio). Precisamos entender como combater desigualdades, como fazê-lo efetivamente, muito além dos slogans populistas, e mais duas etapas são necessárias para isso. A primeira é reavaliar o papel do Estado como alternativa ao mercado. Isso deve interferir onde nem o mercado nem o terceiro setor têm interesse ou capacidade de operar. A literatura econômica, espécie aplicada, tem mostrado amplamente como a mão pública não é necessariamente sinônimo de desperdício: depende da qualidade da classe política e das regras que a governam. Ele também indicou que hoje, assim como no tempo de Keynes, existem algumas áreas onde o público é preferível ao privado.

    Uma delas é a inovação, nos setores mais vanguardistas, ou seja, o ingrediente que garante o crescimento e, portanto, o bem-estar nos países avançados (e que falta na Itália): como explica Mariana Mazzucato (‘Estado Inovador’) entre outros. , Laterza, 2014) é o estado que impulsiona os setores mais promissores, da economia verde às nanotecnologias, da farmacêutica à telecomunicações. E não tanto porque tem recursos que muitas vezes faltam aos indivíduos. É precisamente porque o mercado às vezes não faz o interesse geral, como Keynes bem sabia. Considerar que procuram a cura para a AIDS: embora não muito longe do objetivo, ele tem sido lento, pelo simples fato de que as empresas farmacêuticas grandes, que também têm recursos substanciais, há conveniência de investir (na situação atual pode vender para os milhões de pessoas com drogas anti-retrovirais contra o HIV, por toda a vida); nem, para a quantidade de recursos necessários, há esperança de que algumas startups de baixa partida intervenham, agitando as águas da competição. Pelo contrário, a intervenção pública teria os meios e as motivações para se encarregar dela.

    O outro passo é enquadrar essa abordagem numa perspectiva global, um verdadeiro divisor de águas entre forças progressistas e conservadoras: uma perspectiva que sabe como estabelecer regras para a especulação financeira (a principal fonte de crescimento das desigualdades dentro dos países), como foi feito. na época de Bretton Woods; e que, para a Itália e para os outros países europeus, significa antes de tudo reformar a União, tornando-a não menos coesa, em torno de uma governança democrática e federal que é muito diferente da atual intergovernamental e substancialmente atual. Entre outras coisas, mesmo na pesquisa e inovação muito mais eficaz do que os estados nacionais individuais seria a Europa, capaz de competir com gigantes como a China e os Estados Unidos.

    Mas nisso as forças da esquerda gaguejaram, nas últimas décadas: incapazes de formular propostas ambiciosas, e ainda mais de segui-las, porque são dominadas por estruturas representativas, filhas das antigas soberanias nacionais. Como rasgados por dois cavalos correndo na direção oposta – a aspiração ideal, o enraizamento de interesses – essas forças estão paralisadas diante da ofensiva soberana: elas também perderam para isso. Mas a perspectiva global é indispensável precisamente para combater eficazmente a desigualdade (pense nos paraísos fiscais) e recuperar a intervenção pública que pode voltar a resolver os problemas das pessoas. Marca a diferença de substância em relação ao discurso populista.

     

       

    1. O que não é tocado na explicação do autor italiano, e talvez….

      O que não é tocado na explicação do autor italiano, e talvez tenha ficado incompleta ou mal explicada no meu texto, foi a importância da escassez de recursos naturais no prosseguimento do Imperialismo do passado.

      Esta escassez de recursos naturais leva, por consequência, a estagnação da economia planetária e a inviabilidade do crescimento via reformismo nos países do terceiro mundo.

      Vou voltar ao assunto e complementar com mais detalhe a diferença de análises econômicas que tratam os recursos naturais como uma fonte inesgotável e uma análise que leva em conta a finitude dos recursos naturais.

       

      1. Tradução
         

        Rogério,

        eu só botei pra traduzir.

        Acho o italiano um idioma lindíssimo, o que não quer dizer que sejamos obrigados a lê-lo sem tradução.

        A pessoa que postou originalmente  poderia ter se dado ao trabalho de traduzir o texto.

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