A origem é viciante eis que Portugal montara nos “tristes trópicos” uma cena de Paris suburbana para além da espoliação da terra corresponder aos esplendores artificiais e megalomaníacos de sua Corte.
E não por acaso Ipiranga servindo no pano de fundo D. Pedro I inaugura um modelo que resiste à todas turbulências, as mais inacreditáveis. Mais tarde, muito mais tarde, a musiquinha contagia a população: “Mas que Rei sou eu, sem reinado, nem corôa?”.
Como nem sempre a realidade se curva a vã fantasia, D. Pedro II, culto, erudito, poliglota, humanista se auto-limita como uma espécie singular e é “presidente da monarquia”. O país pilhado na cocaína da onipotência e do fausto poder, não suporta o reducionismo estratégico da realidade política.
Repetindo o gesto teatral operístico de D. Pedro I, o Marechal Deodoro proclama a “República” que é partejada com a soberania, centralização, ego-centralidade.
A fundação é dum monstrengo constitucionalista, a República monarquista. Esta a herança que inviabiliza a democracia neste Brasil órfão dum consenso transacional que é a base do desenvolvimento civilizado da modernidade.
Aos trancos e barrancos se sucedem os conflitos entre o pacto escrito – as Constituições que nos afirmam republicanos, na ambivalência fática entre presidencialismo e a alienação do Rei-ditador-mistagogo. Vão se desenrolando, de forma devastadora, as personalidades da cidadania que promete o sonho da Revolução Francesa, liberdade, igualdade, fraternidade e a sedução napoleônica do Imperador sem Império com as consequências registradas capítulo por capítulo, até agora que A FALTA DA ESPADA É SUPRIDA COM A CANETA BIC.
O reinado de Getúlio Vargas que se inicia com o paradigma revolucionário incendiando a imaginação igualitária, termina no desfecho do suicídio do “capo di capi” com a Côrte de malabarismos à esquerda e direita, dos cambalachos, corrupções, Estado híbrido que os arroubos ditatoriais promovem dos sucessivos desgovernos, renúncia, impeachment, ditadura, paralisia da máquina governamental, abortos de toda sorte se replicam.
Porque, infelizmente, este impasse constitucional, de presidente-imperador, se replica, país afora, em cada estado, cada município, cada instituto, cada universidade, até o policial de plantão ou o síndico do prédio.
“Sabe com quem esta falando”, a carteirada esconde o complexo de inferioridade da crise de identidade. O sujeito sai dos rincões e se imagina em Versailles, ungido pelo Senhor dos poderes que um sangue azul não aceita vermelho com pânico, na pandemia de aceitar que a Vida e a Morte nos informa que somos todos iguais perante a Lei se não dos homens, da natureza ou de Deus, conforme a bênção que a humildade deserta nos que acreditam todos poderosos, mas que acabam, uns na cadeia, outros no esquecimento, fugindo do Palácio, outros sabe-se lá como o Destino vai decretar.
Flavio Goldberg, advogado e mestre em Direito.
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Herdamos mau hábitos de Portugal , nós os culpamos , eles se livraram destes hábitos , nós não , a culpa é deles !?
Síntese perfeita do Brasil de tidos nós. Meus cumprimentos.