#OPaiTáOn no Dia Internacional das Mulheres, por Armando Januário dos Santos

Através do “Nome-do-Pai”, expressão utilizada por Jaques Lacan (1901-1981), entramos no campo da linguagem. E a linguagem mais disseminada nas redes sociais de 8 de março de 2021 reafirma o pensamento lacaniano: #OPaiTáOn.

#OPaiTáOn no Dia Internacional das Mulheres

por Armando Januário dos Santos[1]           

Em pleno 8 de março de 2021, enquanto todas as pessoas que desejam um planeta diverso e igualitário discutiam sobre as lutas das mulheres, o juiz do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, anulou todas as condenações sobre aquele que, quando presidente, criou o Ministério da Mulher. Na prática, os setores progressistas da sociedade brasileira, em estado de profundo mal-estar, exaustos de tanto padecer nas mãos do líder tirano da horda primitiva, em moldes semelhantes àqueles discutidos por Sigmund Freud (1856-1939), em Totem e Tabu, publicado em 1913, enxerga com esperança o retorno da figura paterna, a qual levaria o país a retornar aos seus dias mais auspiciosos.

Essa metáfora paterna, forjada nas normas civilizatórias do processo democrático e pronta para figurar como pai da sociedade brasileira nas concepções freudianas explicitadas em O mal-estar na civilização, de 1929, tem um nome, contudo, por hora, torna-se mais apropriado denominá-lo enquanto pulsão. De fato, o pai de que falamos encontra-se situado entre a mente e o corpo, tal qual a pulsão, que conhece suas origens nas necessidades do corpo, as quais reverberam sobre o aparelho psíquico. Durante 8 anos, ele implementou uma política de inclusão social sem precedentes, a qual foi alvo do ódio de segmentos elitistas e também daqueles que pensam pertencer a esses estratos sociais.

Através do “Nome-do-Pai”, expressão utilizada por Jaques Lacan (1901-1981), entramos no campo da linguagem. E a linguagem mais disseminada nas redes sociais de 8 de março de 2021 reafirma o pensamento lacaniano: #OPaiTáOn. Fortalecido com as anulações das sentenças estruturadas no campo da perversão por um ex-juiz cínico e comandado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, leia-se psicanaliticamente, um canalha, a serviço de interesses externos ao nosso país, o pai tornou-se elegível e caminha a passos cautelosos para, caso as condições sejam viáveis, entrar na corrida presidencial de 2022. Nessa corrida, o campo progressista certamente enfrentará o pai tirano da horda de Totem e Tabu, o homem regredido à infância e que surgiu de programas de TV onde distribuía benesses, consertando equipamentos usados de pessoas pobres e talvez o ex-juiz canalha. Possivelmente, estarão na disputa, uma senhora sempre ausente, a qual aparece de quando em quando, conforme suas conveniências, e um outro tirano, oriundo da Aliança Renovadora Nacional (ARENA), partido criado com o único intuito de ser sustentáculo dos Anos de Chumbo.

O pai, agora on, caso entre no pleito, terá todas as condições de vencer, porquanto, através dele, a sociedade brasileira é inserida na linguagem da esperança. Essa inserção é fundamental para manter os marcos civilizatórios, tão abalados no presente momento pelo atual presidente que traz consigo a arma letal da pandemia. Não obstante, o pai – in e on –, voz da moderação e da estabilidade, caminha lado a lado com as mulheres, especialmente aquelas denominadas por ele como “de grelo duro”, lutadoras pela causa da liberdade.

#OPaiTáOn. Seu nome? Luiz Inácio Lula da Silva…


[1] Mestrando em Psicologia pela UFBA. Psicólogo graduado pela UNEB e Graduado em Letras com Inglês pela mesma instituição. Pós-graduado em Psicanálise; em Gênero e Sexualidade; e em Literatura. Autor do livro Por que a norma? Identidades Trans, Política e Psicanálise. Instagram: @januario.psicologo

Redação

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