Os Brasis: vislumbres da explosão que se anuncia, por Arkx

Os Brasis: vislumbres da explosão que se anuncia

por Arkx

nenhuma unidade nos unirá. ao invés de reduzir o contraditório a uma unidade totalitária, é preciso adotar uma lógica da estratégia, cuja função é estabelecer quais são as conexões possíveis entre termos discordantes e que se mantêm discordantes. a lógica da estratégia é a lógica da conexão do heterogêneo e não a uma lógica da homogeneização do contraditório.

após 100 anos de celebrações da Revolução de 1917, sua maior lição ainda não foi completamente assimilada: o ovo da serpente do gulag soviético já estava presente no comitê central do partido Bolchevique. Lênin, Trostky e Stálin, a santíssima trindade da nomemklatura, sempre foram uma única e só pessoa, desde os primeiros e sangrentos expurgos, como comprovam os massacres de  Kronstadt e do Exército Negro. o compromisso com a democracia interna das organizações de luta, sejam ou não partidos, é a única garantia para uma prática de construção permanente de um campo social autenticamente democrático. mais Democracia só é possível com mais Autonomia. não será nenhuma “união das Esquerdas” que viabilizará a luta contra o golpe. é na luta concreta contra o golpe que se faz a união das Esquerdas;

o caos como criação. tudo sob o céu está mergulhado no caos. só resta um único movimento: com o firmamento rasgado devemos mergulhar voluntariamente no abismo. mas sem nele desaparecer. sem passar pela fase do caos nenhuma criação é possível. “a saída se dará através de uma geografia política que não conhecemos”. o caos revela o que sempre soubemos, mas nunca conseguimos suportar: não há qualquer racionalidade no sistema. já não há nenhum Centro de Comando e Controle. os escombros do Brasil, tal qual o pensávamos conhecer, são também as ruínas do o Império do Caos. a cartografia da geopolítica global mudou. está em marcha uma nova grande desintegração. mares já navegados, mas outra vez desconhecidos. há também uma potência no caos. se é através da arquitetura do caos que pretendem nos destruir, é deste mesmo caos que ergueremos nossa criação. o processo de reconstrução da Democracia e da refundação da República não se dará sob a luz dos velhos modelos. tudo terá que ser reconstruído de baixo para cima, de dentro para fora, sob o paradigma da transversalidade: uma verticalidade profundamente enraizada num ampla e capilarizada horizontalidade. é no diálogo entre as Caravanas de Lula com as Ocupações do MTST que na conjuntura atual este processo tem sua dramaturgia;

o programa e a estratégia. mas o que nasce primeiro? o programa mínimo e sua estratégia? ou o candidato viável eleitoralmente para viabilizá-lo? ou continuamos nos perdendo nas falsas questões? e sendo assim, qual a questão que, de fato, importa? organizar-se nunca quis dizer filiar-se numa mesma orga­nização, participar da mesma associação, pertencer ao mesmo partido. organizar-se é agir coletivamente segundo uma percepção compartilhada, seja a que nível for. “há uma espécie de massa escura que ninguém consegue controlar ou definir bem mas que compõe a maior parte do universo político democrático”. então, o que seria a energia escura que realmente mantém vivo o universo político, sem que quase ninguém disto se aperceba? qual a centelha que incendeia a insurreição? qual pistão coloca a máquina em movimento? uma agenda comum? por que os homens se rebelam? as insurreições pertencem à história. mas, de certa forma, lhe escapam. as insurreições são paridas por aquela circunstância na qual, em meio a uma acentuada crise econômica, nem os de baixo nem os de cima já não mais podem viver como antes. qualquer semelhança com os desdobramentos da atual conjunta brasileira é muito mais do que mera coincidência. mas ainda assim, há uma escolha irredutível: o momento em que frente a certeza da injustiça é preferível o risco da morte;

explode, Brasil! dominado pelo crime e com o tecido social em avançada decomposição, o Brasil está prestes a explodir. 2018 será para sempre um ano longe demais. nem o país, tampouco cada um de nós, será o mesmo até lá. a crise se tornou maior do que tudo e do que todos. haverá com certeza um Ano Novo. mas não será, com efeito, um réveillon feliz. quem quer passar além do Bojador tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, mas nele é que espelhou o céu. salve os encantados. que nos protejam e nos iluminem nesta perigosa travessia.

vídeo: Amélia Muge – Nevoeiro

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Redação

17 Comentários

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  1. Caro arkx, também vejo

    Caro arkx, também vejo explosões sociais no futuro próximo. Em meio ao caos, a união é pela sobrevivência, na identificação do inimigo comum. A resistência encontrará muitas armadilhas pelo caminho, e a maior delas está sendo armada nas redes sociais. Haverá, sim, muita dor e muitos abismos pela frente. É essencial que uma parte da juventude, ao menos, participe dessa luta. 

    1. os Brasis: vislumbres da explosão que se anuncia

      -> vejo explosões sociais no futuro próximo.

      penso que estamos no mais importante momento da História deste país. tudo está em movimento, mesmo que muitas vzs pareça não se mover. pois grande parte do que se move ainda não está flagrante.

      “há uma espécie de massa escura que ninguém consegue controlar ou definir bem mas que compõe a maior parte do universo político democrático”

      e é justamente esta matéria escura que está se movendo. o resultado deste movimento ainda é imprevisível.

      grande abraço

      p.s.:

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  2. Oi, Arkx! De todos os seus
    Oi, Arkx! De todos os seus textos, esse me pareceu o mais confuso, como se você mesmo não soubesse bem o que deseja, ou o que queria expressar. Ou talvez, o CAOS seja tão profundamente insano, nonsense, horripilante, que tenha sido exatamente essa sua intenção: revelar esse abismo “existencial” que somos enquanto país e dizer, como disse, que não há solução verdadeira via “ajuntamento associativo das esquerdas”.
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    Concordo, no sentido de achar impossível que grupos de pensamentos tão distintos possam um dia não rivalizar, não lutar cada um por si em busca do poder, discordo em relação à urgência de HOJE!
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    Se um doente está moribundo, cabe salvá-lo da morte, apenas isso. Só depois é legítimo debater quais os melhores métodos ou caminhos para sua cura total e pleno restabelecimento. Perdoa a metáfora paupérrima, mas é assim que vejo o Brasil, na UTI, barriga aberta, infecções se espalhando, à beira da morte….. SALVAR O PACIENTE é tirá-lo desse lugar tenebroso, estancar a hemorragia, curar as infecções mais graves, ou seja, livrar o Brasil de Temer e cia o quanto antes, interromper essa libertinagem selvagem e farsesca das instituições fascistas, fazer o referendo revogatório, e aí sim, quebremos o pau para ver os caminhos a seguir.
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    Cada brasileiro consciente hoje, indignado, seja admirador de Lula ou do PSOL, ou mesmo um anarquista que deteste todos os políticos, até mesmo os que acreditem no “mercado”, HOJE, nada disso importa…… que se levante cada um NUMA LUTA APENAS: Diretas Já, envolvendo um novo Congresso Nacional ou a anulação do impeachment. E se nenhum dos dois ocorrer, que seja uma luta para impedir cada ação nefasta do governo usurpador.
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    Mas insisto na minha pergunta eterna: cadê as lideranças? Cadê o povo que você vive afirmando ter tomado as ruas em tantas oportunidades? Se essa massa humana não se multiplicar por dez, por vinte, não assustará ninguém.
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    A ideia do Ion, de uma frente de lideranças, Com Boulos, Requião, Kátia Abreu, Lula, Ciro Gomes, me parece a ÚNICA que pode “vingar”, atrair o povo, para essa bandeira mínima: RESGATAR O PAÍS DAS MÃOS DESSES BANDIDOS!
    E interromper a entrega de nossas riquezas imediatamente, desfazendo tudo o que puder ser desfeito.
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    Se isso não ocorrer nos próximos meses, o doente já estará morto.
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    Abraço!!!

    1. os Brasis: vislumbres da explosão que se anuncia

      -> De todos os seus textos, esse me pareceu o mais confuso, como se você mesmo não soubesse bem o que deseja, ou o que queria expressar.

      e aí!

      compreendo que vc, e outras pessoas, pensem assim. numa boa, ao escrever um texto como este, não é de todo uma surpresa que possa ser avaliado como confuso. muito embora eu tenha ficado satisfeito com o que consegui escrever, pois é exatamente como penso e também como acho que deva ser escrito. mesmo correndo o provável risco de não ser bem compreendido.

      aliás, também o que acabei de escrever acima pode parecer um tanto “confuso”…

      este texto faz uma conexão direta com outro: os Brasis: cronologia de uma catástrofe anunciada. e se articulará com um terceiro, que estou acabando de redigir.

      são tentativas minhas de compreender o processo em curso no Brasil, para também propor alternativas.

      evidentemente, utilizo um método de análise, e também de texto, que não são exatamente os mais adotados. não o faço por nenhuma “síndrome de excentricidade”, ou coisa que o valha. acredite: sou exatamente como penso e escrevo.

      pode parecer confuso, mas tem um método e tem autenticidade.

      o ponto principal do que desejo e quero expressar é:

      – e se numa noite os demônios nos aparecessem, descaradamente em nossa mais desoladora impotência, e dissessem: “esta vida, como vocês a estão vivendo e já viveram, vocês terão de viver mais uma vez e por incontáveis vezes: Que Deus tenha misericórdia desta nação”

      como reagiríamos? o que deveríamos fazer?

      um grande abraço, e obrigado por ter lido.

      p.s.: de minha perspectiva, sob o meu ponto de vista, precisamos de uma brutal quebra de paradigmas.

      We gotta make a change

      It’s time for us as a people

      to start makin’ some changes

      Let’s change the way we eat

      let’s change the way we live

      and let’s change the way we treat each other

      You see the old way wasn’t working

      so it’s on us to do

      what we gotta do, to survive

      video: 2pac – Changes

      [video: https://www.youtube.com/watch?v=osUnNXAwwgU%5D

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      1. “Autenticidade”, depois de
        “Autenticidade”, depois de “convivermos” razoavelmente por esses anos, é atributo que eu nem sonharia em te negar, Arkx… – rs – Achei que a “confusão” fosse uma espécie de “ato proposital” teu, uma forma de revelar o CAOS, o absurdo a partir da forma…..
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        A frase filosófica que você trouxe, linda, linda e humana, é o mito do eterno retorno, de Nietzsche, que li pela primeira vem num livro do Kundera, e me apaixonei…… Como seriam diferentes muitas vidas, se levássemos essa pergunta a sério…..
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        O interessante, é que não somos tão “distantes” quanto nossos diálogos fragmentados podem fazer crer….. Eu também tenho anseios mais radicais, de vida, de liberdade, de democracia verdadeira, de povo livre, educado, civilizado, SERVIDO pelo governo, como deveria ser, e não o contrário, esse horror, essa SERVIDÃO indigna e humilhante, essa FARSA!…..
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        Diferimos mais é num ponto MUITO específico, que tem mais a ver com uma crença minha que você é incapaz de considerar válida – o que digo apenas como fato, sem julgamento algum de minha parte, vc pode estar certo e eu errado, e vice-versa, não trago respostas, mas questionamentos….. E que crença é essa, a minha? Basicamente, e de modo bem simplório, que o Brasil “não está nem um pouco preparado” para o “tamanho do salto que você tem como alvo” – o que me leva a crer no “lulismo” como um ponto de partida que foi válido (porque trouxe o sonho e mostrou que as coisas podem sim ser mudadas….), creio num “lulismo 2 melhorado e ampliado”, ou em algo semelhante, que nos traga um tico de normalidades institucionais e o fim da SANGRIA de nossas riquezas, creio enfim, que temos que ter ainda um tempo de PALIATIVOS, é isso, num “português claro”.
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        Sorrio aqui, imaginando que você talvez ache esse um “pensamento miserável” – rs – pobre, e não o de alguém que gostaria de “revolucionar o país” – e talvez seja, não sei, não tenho certeza sobre isso…. INTUO, muito mais do que “sei”, que NÃO TEMOS FORÇAS SOCIAIS O SUFICIENTE para “grandes feitos”, meus medos quanto a isso e meu “senso prático” me levam à “tática de que o pouco HOJE, é melhor do que nada, e HOJE, a única luta POSSÍVEL, cabendo apenas debater o que pode vir a ser esse “pouco”…..
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        Sigo achando que a ideia do Ion é válida, uma frente política que tente acordar o maior número de brasileiros o possível de sua catatonia, seu sono fanático, sua alienação, para que algo EMERGENCIAL seja feito, antes da miragem, chamada eleição 2018…… Não consigo crer que manifestações pontuais com algumas milhares de pessoas façam diferença, por mais determinados que sejam esses brasileiros.

        Abraço fraterno!!!!

        1. os Brasis: vislumbres da explosão que se anuncia

          -> O interessante, é que não somos tão “distantes” quanto nossos diálogos fragmentados podem fazer crer…..

          concordo. a comunicação via web, e por escrito, sempre causa muitos mal entendidos. mas não dou nenhuma relevância a eles. um fragmento de conexão forte é muito mais importante do que todos os mal entendidos.

          ao mesmo tempo, em algumas poucas linhas há muita informação sobre quem escreveu. o que não implica, evidentemente, que se possa fechar um perfil a partir de dados tão reduzidos. quero dizer: desde lá em 2008, tenho uma boa noção ( e tb uma ótima impressão) a seu respeito (não de quem vc realmente é, mas de como é na web, compreenda).

          -> Diferimos mais é num ponto MUITO específico, que tem mais a ver com uma crença minha que você é incapaz de considerar válida

          -> o que me leva a crer no “lulismo” como um ponto de partida que foi válido (porque trouxe o sonho e mostrou que as coisas podem sim ser mudadas….),

          mas eu considero sua opinião como válida! compreendo perfeitamente sua linha de argumentação. conheço e convivo com pessoas que pensam exatamente como vc!

          inclusive considero que a partir da “derrota”do Lulismo de fato podemos erguer um movimento muito forte: pois se trata de uma derrota que pode vir a ser o fogo alto necessário para forjar o aço que abrirá caminho para nossas vitórias.

          o próprio Lula já assimilou seus erros, o que não quer dizer que não vá repeti-los.

          “Durante a campanha a gente tinha dito que não ia fazer reforma. E quando anuncia que vai fazer, da forma que foi anunciado que vai fazer, sem fazer a discussão, você jogou fora um pedaço do nosso povo, que tinha nos elegido para ter mais um mandato.”

          Lula, entrevista ao “El Mundo”, 22/10/2017 – 50”

          -> o Brasil “não está nem um pouco preparado” para o “tamanho do salto que você tem como alvo”

          -> Sorrio aqui, imaginando que você talvez ache esse um “pensamento miserável” – rs – pobre, e não o de alguém que gostaria de “revolucionar o país”

          não acho nem um pouco “miserável” suas colocações. ao contrário, são bem lúcidas e pertinentes. e concordo, de modo geral.

          não defendo, nem jamais defendi nem mesmo em minha adolescência, algo como uma “revolução brasileira”. por vários motivos, que aqui neste comentário ficaria longo demais discorrer a respeito. mas o principal deles é que só existem mudanças autênticas quando processados de baixo para cima e de dentro para fora. assunto complexo.

          nem o Brasil, tampouco cada um de nós Brasileiros, está preparado (no sentido de estar com a maturidade adequada) para uma mudança do porte de uma “revolução”. mas aqui caberia indagar necessariamente: o que seria a revolução no séc. XXI? outro assunto complexo.

          repito:

          o que muda o mundo são as pessoas. e o que muda as pessoas? as pessoas mudam umas as outras através das experiências de vida que são capazes de gerar e compartilhar coletivamente. daí a importância de sempre estar em movimento, um movimento que deve ser coletivo.

          é a única maneira de se preparar, e de produzir, as mudanças. tanto em nosso meio social, quanto em nós mesmo.

          e aqui cabe também uma ponderação: não existe mudança no meio social de cada um de nós que também não nos provoque uma mudança subjetiva, em nós mesmos. e vice-versa. cada mudança em nós mesmos desencadeia mudanças em nosso meio de convivência.

          e é exatamente neste ponto que quase todos os “revolucionários” acabam, aqui sim, miseravelmente se tornando contra-revolucionários. tenho vários exemplos para contar.

          -> A ideia do Ion, de uma frente de lideranças, Com Boulos, Requião, Kátia Abreu, Lula, Ciro Gomes, me parece a ÚNICA que pode “vingar”, atrair o povo, para essa bandeira mínima: RESGATAR O PAÍS DAS MÃOS DESSES BANDIDOS!

          – Sigo achando que a ideia do Ion é válida, uma frente política

          muito boa proposta. e apresentada também de forma muito legal. é também um bom exemplo ao que citei como: lógica de conexão do heterogêneo, que permanece como heterogêneo sem se deixar totalizar (de totalitário).

          aqui caberia também refletir sobre como um grande exemplo disto seria a conexão (política, não concreta) entre as ocupações do MTST e as Caravanas do Lula.

          aliás, vc acha que o Lula será o mesmo após estas Caravanas, que já são um dos mais belos e intensos momentos da História do Brasil? muita energia social liberada. por isto digo que tudo está se movendo rapidamente. inclusive, me parece, no meio militar (não tenho nenhuma acesso direto a respeito, me baseio em informações públicas disponíveis).

          -> A frase filosófica que você trouxe, linda, linda e humana, é o mito do eterno retorno, de Nietzsche

          os conceitos filosóficos de Nietzche, assim como Deleuze, Guattari, Foucault, são imensamente úteis para a realidade política do Brasil de agora. fornecem também muitas ferramentas de análise, e construção de propostas. quanto a isto, conhece o Comitê Invisível? aqui uma de suas publicações: “Aos Nossos Amigos”.

          sobre o eterno retorno e o Brasil: os Brasis: fazer-se movimento para além da farsa e da tragédia

          grande abraço

          p.s.: há mais de uma década divido meu tempo, ou seja minha experiência de vida, entre um sítio ao lado de duas pequenas cidades no Sul de Minas, e o Rio. são experiências bastante heterogêneas entre si, mas também com um alto grau de conexão. aprendi muita coisa com estas conexões. conheça um pouco sobre elas no vídeo abaixo.

          video: Sítio Morro Pontudo – visita das escolas (2015)

          [video: https://www.youtube.com/watch?v=5MnVcUMdXJE%5D

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    2. De tantos confusos…

      não falou de lula ou lulismo no texto, mas fez um auto comntário para…. sim, falar mal de lula, do lulismo e de todos que seguem o tal lulismo. Este não se emenda. Mas tá no direito de opinar, criticar e fazer sua cruzada contras os moinhos de vento. Nosso quixote da sopa de letrinhas.

      1. os Brasis: vislumbres da explosão que se anuncia

        -> mas fez um auto comntário para…. sim, falar mal de lula, do lulismo e de todos que seguem o tal lulismo. Este não se emenda.

        se ferrou, manezão! o boss me deu razão. vc não concorda comigo, mas o Lula concorda:

        “Durante a campanha a gente tinha dito que não ia fazer reforma. E quando anuncia que vai fazer, da forma que foi anunciado que vai fazer, sem fazer a discussão, você jogou fora um pedaço do nosso povo, que tinha nos elegido para ter mais um mandato.”

        Lula, entrevista ao “El Mundo”, 22/10/2017 – 50”

        “Sí, claro que fallamos. Nuestra mayor equivocación fue exagerar en las políticas de exoneración de las grandes empresas. El Estado dejó de recaudar para devolver a los empresarios y en 2014 salía más dinero del que entraba. Entre 2011 y 2014 se exoneraron 428.000 millones de reales [114.000 millones de euros] y cuando Dilma intentó acabar con esa ayuda el Senado no lo permitió. El segundo error vino cuando la Presidenta anunció el ajuste fiscal y el electorado que la había elegido en 2014, al que le habíamos prometido que mantendríamos los gastos, se sintió traicionado. Así empezamos a perder credibilidad.”

        Lula, entrevista ao “El Mundo”, 22/10/2017

        vídeo: Lula desmente declaração contra Dilma

        [video: https://www.youtube.com/watch?v=KP3SSiT1l0w%5D

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  3. os Brasis: cronologia de uma catástrofe anunciada

    os Brasis: cronologia de uma catástrofe anunciada

    “Durante a campanha a gente tinha dito que não ia fazer reforma. E quando anuncia que vai fazer, da forma que foi anunciado que vai fazer, sem fazer a discussão, você jogou fora um pedaço do nosso povo, que tinha nos elegido para ter mais um mandato.”

    Lula, entrevista ao “El Mundo”, 22/10/2017 – 50”

    11/05/2015: quando o velho já está morto mas o novo ainda não conseguiu nascer, surgem os sintomas mórbidos, os fenômenos bizarros e as criaturas monstruosas. a vida inteira que podia ter sido e que não foi. tosse, tosse, tosse, ó meu Brasil.

    17/05/2015: confesso: não tenho esperança. os cegos falam de uma saída. vejo. após os erros terem sido usados como última companhia, à nossa frente senta-se o Nada.

    20/05/2015: será que agora estão convencidos que uma oligarquia de banqueiros, rentistas, empreiteiros, agroexportadores e usineiros – uma oligarquia escravagista e anti Brasil – jamais abraçará qualquer projeto nacional e popular?

    01/06/2015: o que é mais revoltante: a apatia de um governo que prefere ser lentamente descarnado a romper seu pacto inútil com a oligarquia anti Brasil e anti Povo, ou a obsessão em se negar esta dura realidade. não tentem esconder o sol na poeira: o Lulismo jamais tomará qualquer medida que contrarie frontalmente os interesses dos setores dominantes. como Jango, prefere ser derrubado sem luta. lembrem-se de Allende. o Palácio sendo bombardeado e Allende clamando: “onde está  Pinochet?”. o preço da auto-ilusão sempre é muito mais caro do que a dor de se enfrentar a verdade.

    link: https://jornalggn.com.br/blog/arkx/os-brasis-cronologia-de-uma-catastrofe-anunciada

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  4. Tenho insistido sobre dois

    Tenho insistido sobre dois pontos que considero fundamental e que em minha opinião tem sido negligenciado no debate político atual. Os dois pontos que levanto são: primeiro, a necessidade de uma abordagem política realista (que não significa nem conformista, nem resignada e e muito menos anti-utópica) e, segundo, a necessidade de saber utilizar e valorizar os espaços e, principalmente, os instrumentos tradicionais da política (que não significar desvalorizar ou negligenciar os novos espaços e ou os novos instrumentos).
    A primeira grande lição que devemos tirar é que o Golpe de Estado nasce, antes de tudo, de uma necessidade e, como ensina o filósofo florentino, “as necessidades podem ser muitas, mas a mais forte é aquela que te obriga a vencer ou morrer”. Depois da quarta derrota eleitoral consecutiva estava claro para as forças golpistas que não havia alternativa, que o caminho democrático das urnas parecia estar bloqueado e que, portanto, nenhum esforço deveria ser economizado, nenhum escrúpulo de consciência poderia ser levado em conta, se se queria obter de novo aquilo que as urnas não os podia dar. E, como consequência disso, a segunda grande lição que devemos sacar do Golpe de Estado é que ao contrário do que imaginamos (ou do que gostávamos de acreditar) não estamos lutando contra forças políticas democráticas. E a terceira é que fomos incapazes de evitar nossa derrota: não pudemos resistir ao ataque, e como não escolhemos nem o campo de batalha e nem as armas políticas sofremos uma derrota acachapante, fomos a reboque dos acontecimentos e fomos incapazer de dispor de recursos se quer para organizar a retirada. Sim, isso não é uma partida de xadrez, isso é um cenário de guerra para o qual não nos preparamos e não pudemos sequer lutar. O primeiro movimento foi bastante claro a confusão e a desorganização na retirada. Mas como tudo na vida esse momento já ficou para trás e agora o tempo, se bem aproveitado começa a correr em nosso favor e em contra das forças golpistas que apesar de ter muito claro o objetivo final começa a cometer muitos erros e ser escrava e se enredar em sua própria narrativa e contradições, a maior e mais clara, de não saber jogar o jogo democrático.
    O Golpe não é resultado dos erros do PT, mas, justamente o contrário, ele é resultado dos acertos do PT. Ele é uma imposição para as forças políticas contrárias ao PT e seu campo político. Quando as forças antipetistas põe em movimento a estratégia do Golpe de Estado o alvo não é o PT, como adversário político, o alvo é a própria democracia, mesmo essa franzina e severina, ela opera contra o mais básico e o mais fundamental de seus mecanismos, a soberania popular, o voto, a regra da maioria e o principio da representação.

    Insisto na imagem do filme da Vida de Brian, paremos de ser a frente judaico da palestina e sejamos todos maria madalenas

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=55fqjw2J1vI align:center]

    1. apenas versões, nenhuma

      apenas versões, nenhuma verdade. sobre os fatos históricos sempre teremos relatos, versões, narrativas, discursos – mesmo quando eles nos são contemporâneos. toda “verdade” é sempre apenas mais uma perspectiva, nas quais cada discurso diz muito mais acerca de quem o  enuncia do que a respeito daquilo que pretende abordar. é pela análise, e confrontação, das diversas narrativas que se pode chegar, por aproximação, a uma compreensão do que de fato ocorreu, assim como de suas repercussões no tempo presente.

      apenas compreendendo sua argumentação (sua narrativa), sem ainda qualquer contraponto.

      dois pontos:

      1. abordagem política realista (que não significa nem conformista, nem resignada e e muito menos anti-utópica);

      2. a necessidade de saber utilizar e valorizar os espaços e, principalmente, os instrumentos tradicionais da política (que não significar desvalorizar ou negligenciar os novos espaços e ou os novos instrumentos).

      três lições:

      1. o Golpe de Estado como necessidade, posto as derrotas eleitorais sucessivas;

      2. não estamos lutando contra forças políticas democráticas;

      3. fomos incapazes de evitar nossa derrota acachapante: sem resistência ao ataque, e fomos a reboque dos acontecimentos e fomos incapazes de sequer organizar a retirada.

      algumas teses:

      – não é uma partida de xadrez, e sim um cenário de guerra;

      – o Golpe não é resultado dos erros do PT, mas, justamente o contrário, ele é resultado dos acertos do PT;

      – o alvo do Golpe é a Democracia;

      – o Golpe opera contra o mais básico e o mais fundamental de seus mecanismos [da Democracia], a soberania popular, o voto, a regra da maioria e o principio da representação.

      vídeo: Monty Phyton – A vida de Brian – Reunião de Ativistas

      [video: https://www.youtube.com/watch?v=XiDUlhOXFNU%5D

      vídeo: A frente popular da judeia – Monty Python -A vida de Brian

      [video: https://www.youtube.com/watch?v=qQA-EDVbE6g%5D

      vídeo: Unificação dos Movimentos de Esquerda – Monty Phyton: A Vida de Brian

      [video: https://www.youtube.com/watch?v=vCH-Fy_XGiY%5D

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      1. Me incomoda um pouco essa

        Me incomoda um pouco essa prepoderância das narrativas, mas também as das verdades positivistas no campo do conhecimento social. Narrativa me parece um pouco imprecisa e verdade um pouco exagerado, me refiro aqui aquela pequena parte limitada que como diz o velho sociólogo alemão da totalidade infinita do universo social nos interessa porque contém para nós uma ideia de valor e, justamente por isso, a destacamos do todo buscando uma explicação ou uma interpretação que nada mais é do que uma reordenação em pensamento de nossa própria vontade e interesse de conhecimento e de suas possibilidades concretas. A verdade possível para mim é apenas a que está contida dentro dessea pequena fração e pelas regras do pensamento lógico. E é assim weberianamente que vejo o marxismo e outras perspectivas científicas sobre o universo social, econômico e político.

        1. os Brasis: vislumbres da explosão que se anuncia

          um método:

          para além da preponderância das narrativas imprecisas e do exagero das verdades positivistas,  destacar e focar numa pequena parte limitada da totalidade infinita do universo social, em busca de uma interpretação, sendo esta nada mais do que uma reordenação em pensamento de nossa própria vontade e interesse de conhecimento e de suas possibilidades concretas: uma “verdade possível”.

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    2. os Brasis: vislumbres da explosão que se anuncia

      conjuntura: talvez a mais forte característica do processo em curso no Brasil seja a retomada do debate político, algo que só tem paralelo no período da luta pela redemocratização, a partir de 1977 indo até a primeira eleição direta pós Ditadura Civil-Militar, em 1989. dentro da conjuntura imediata, há uma retomada da mobilização contra o Golpe, interrompida após a Ocupação de Brasília (24-MAI-2017). um novo ciclo se abre. mais uma volta nas espirais.

      sobre os dois pontos: uma “abordagem política realista” implica a permanente reavaliação da correlação de forças, pois esta é dinâmica e se altera sob a constante pressão do movimento popular. neste sentido, “os espaços e, principalmente, os instrumentos tradicionais da política” são claramente insuficientes para alterar a correlação de forças. a via institucional e parlamentar não deve ser negligenciada e  desprezada, mas compreendida com secundária e complementar. porque se trata não exatamente de “uma partida de xadrez, e sim um cenário de guerra”. o principal campo de batalha das lutas contra o Golpe de 2016 situa-se nas redes e nas ruas.

      “A guerra civil é a matriz de todas as lutas de poder, de todas as estratégias de poder e, por conseguinte, também a matriz de todas as lutas a propósito do poder e contra ele.”

      entreouvido numa das aulas de Foucault

      sobre as três lições: sendo o alvo principal do Golpe de 2016 “a Democracia”, posto “as derrotas eleitorais sucessivas”, fica evidenciado não estarmos em luta “contra forças políticas democráticas”. vivemos a emergência no Brasil de um Estado Pós-Democrático, no qual “a soberania popular, o voto, a regra da maioria e o principio da representação” já não são a normalidade democrática. o que era exceção no Estado Democrático de Direito se torna regra na pós democracia, com a normalização da violação dos limites democráticos equivalendo ao desaparecimento destes mesmos limites. disto decorre a suspensão dos direitos fundamentais e a aplicação do direito penal do inimigo. confirma-se assim “um cenário de guerra” contra os indesejáveis e descartáveis dos quais é cassada a cidadania, já que dentro do modelo neoliberal de “cidadania” apenas gozam de “direitos” os inseridos no mercado: úteis na produção de mercadorias e submissos ao consumi-las.

      ” Fazer os cidadãos petrificados compreenderem que mesmo que não entrem em guerra, já estão nela de qualquer jeito. Que ali onde ELES dizem que é isso ou morrer, é sempre, na realidade, isso e morrer.”

      COMO FAZER?“, Tiqqun

      uma outra lição: não sairemos deste Golpe pelo mesmo caminho a que até ele chegamos. não haverá retorno a uma limitada Democracia Representativa e ao finado Estado Democrático de Direito. se já não há saídas, temos diante de nós dois portais: ou entramos num regime abertamente autoritário ou compreendemos ser o próprio conceito de representação política o que precisa ser questionado e superado. o que torna uma Democracia forte não são exatamente instituições sólidas e permanentes. e sim a forte e constante presença do Poder Instituinte, inclusive no seu aspecto destituinte.

      “En contraste con el Estado moderno, el Imperio no niega la existencia de la guerra civil, la gestiona.”

      “Introducción a la guerra civil”, Tiqqun

      sobre os erros do PT e dos governos Lula e Dilma: afirmar que “o Golpe não é resultado dos erros do PT” é contraditório com a constatação dos fatos: “fomos incapazes de evitar nossa derrota acachapante: sem resistência ao ataque, e fomos a reboque dos acontecimentos e fomos incapazes de sequer organizar a retirada”. o que não quer dizer que o Golpe de 2016 seja única e exclusivamente resultado dos erros do Lulismo. de todos estes erros, inclusive os já admitidos por Lula ele mesmo, o maior deles foi não compreender que sua estratégia de conciliação permanente tinha data de validade. e prazo expirou em Junho de 2013, que longe de ser um raio em céu azul foi um definitivo aviso de incêndio. outro erro é não aceitar ser 2018 um ano longe demais. a luta contra o Golpe de 2016 deve ser travada aqui em agora, não vai ser decidida por candidato hipotético numa eleição viciada.

      “O que está nos acontecendo atualmente resume-se mais ou menos assim: a contrainsurreição, de doutrina militar, tornou-se princípio de governo.”

      “Aos Nossos Amigos”, Comitê Invisível

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