Para Bolsonaro, o nacionalismo está acima de Deus, por Albertino Ribeiro

Para Bolsonaro, o nacionalismo está acima de Deus, por Albertino Ribeiro

“Brasil acima de tudo e Deus acima de Todos”. Esse foi o lema utilizado pelo presidente durante a campanha eleitoral. Aliás, o que não falta no atual governo são frases de efeito com conteúdo religioso. Quem não lembra da frase da ministra Damares no dia da posse: “ Somos um estado laico, mas esta ministra aqui é terrivelmente cristã”

A ministra Damares não percebeu que sua frase foi um ato falho, onde a expressão “terrivelmente cristã’ desnuda a personalidade de um grupo de pessoas contraditórias que coloca um grande abismo entre o discurso e a prática cristã.

Entre as duas palavras – terrivelmente e cristã – a que tem servido de exemplo para as ações do governo é a palavra terrivelmente. Se o leitor acompanhar meu raciocínio irá concordar com este humilde colaborador. A última decisão tomada pelo governo Bolsonaro foi “terrivelmente anticristã”, pois revogou a adesão ao pacto global de imigração, acompanhando os EUA e Hungria cujas lideranças também são terríveis. Uma atitude completamente contraria aos ensinamentos do cristianismo, inclusive, é algo criminalizado no velho testamento onde prevalecia a lei de Talião ( “Dente por dente olho por olho”).

Não obstante aos ensinamentos bíblicos, o mesmo governo que levanta a bandeira da cristandade, dizendo colocar Deus acima de tudos, peca colocando o nacionalismo acima de Deus. Recentemente o papa Francisco, em um encontro com diplomatas, alertou sobre o ressurgimento do nacionalismo e fez um apelo para que os países cumpram o acordo de imigração para ajudar os refugiados que hoje são, segundo a ONU,  21,3 milhões de pessoas. É mais de três vezes a população da cidade do Rio de Janeiro, onde Bolsonaro morava a até pouco tempo.

Aturdido com a decisão desse governo “terrivelmente cristão”, resolvi pesquisar alguns textos bíblicos que tratam do assunto e verifiquei a inequívoca e unânime visão favorável ao acolhimento dos estrangeiros.

E quando o estrangeiro peregrinar convosco na vossa terra, não o

oprimireis. Como um natural entre vós será o estrangeiro que

peregrina convosco; amá-lo-ás como a ti mesmo, pois estrangeiros

fostes na terra do Egito. Eu sou o Senhor vosso Deus.” – Lv 19.33-34

 

Que faz justiça ao órfão e à viúva, e ama o estrangeiro, dando-lhe

pão e roupa. Por isso amareis o estrangeiro, pois fostes

estrangeiros na terra do Egito.” – Deuteronômio 10.18-19

 

Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês

me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram;

necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês

cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram’. Mt 25.35-36

Os dois primeiros textos convida-nos a praticar a alteridade, empatia e compaixão, lembrando ao povo que ele também foi estrangeiro em outra terra (Egito). Por sua vez, o último texto que se encontra em Matheus, cujo contexto parece tratar-se de um julgamento final, Jesus está premiando os seus verdadeiros discípulos com a vida eterna e, dentre os motivos, está o acolhimento dos estrangeiros.

Não, senhor presidente. No seu íntimo Deus não está acima de todos. Contudo, ainda, ha uma chance de voltar atrás. Vale lembrar que ser humilde e reconhecer os erros cometidos é algo “maravilhosamente cristão”.

 
Redação

4 Comentários

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  1. Equívoco

    O articulista me desculpe, mas um “governo” que coloca em risco a integridade territorial do país e a própria essência da nação, não pode ser apodado de nacionalista, em hipótese nenhuma.

    Quanto ao “cristianismo” destes coisos – especialmente dos tais neopentecostais – é só uma figura de marketing, que de cistãos eles não têm nada – e não à toa só recorrem ao velho testamento, pois o Novo Testamento os contradiz de cabo a rabo, de norte a sul e de leste a oeste.

    Estes troços são como os traficantes que usam o adesivo “Drogas, tô fora”. O coiso e seu séquito são puro ódio; não sabem ser outra coisa. Já os nepentescotais que os amparam e acompanham são uns espertalhões incultos, que ficaram milinários a custa de outros que também se acham espertalhões, mas que não passam de trouxas, caricaturas de seus “pastores”. 

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