PMDB: nascido do ventre do MDB, sempre será o velho PSD, por Maria Fernanda Arruda

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Foto Guito Moreto/O Globo
 
PMDB: nascido do ventre do MDB, sempre será o velho PSD
 
por Maria Fernanda Arruda
 
Por repetição, usos e costumes, e a imprensa especializada ensina assim, o cenário político brasileiro é entendido como sendo de longa data dominado pelas disputas entre dois partidos, o PT e o PSDB, sempre mirando a Presidência da República. Mas eis que, de repente, não mais que de repente, surge o PMDB e nos impõe um presidente, nascido de um limbo, onde se arquivam os que foram feitos para uma vice-presidência sem brilho e sem graça?
 
PMDB: nascido do ventre patriota do MDB, sempre foi, é e será o velho e sempre vivo PSD, o partido criado por Vargas, para que pudesse depor Vargas e depois convidá-lo ao suicídio, o antro das “raposas da politica brasileira”. Enquanto a UDN produzia oradores com vozes barulhentas, o PSD produziu silêncios conspiratórios, aceitando-se amigo oculto dos golpes de 1945, 1954, 1961 e 1964. De Benedito Valadares, aquele que Vargas escolheu por ser o mais improvável, e que mais adiante criou duas figuras, Juscelino Kubitschek e Tancredo Neves, até Michel Temer, o PSD produziu conspiradores.

 
Os oito anos de governo de FHC, alimentado no seu narcisismo por economistas-banqueiros, teve como resultado a delapidação do patrimônio do Estado, permitida por ajustes na Carta de 1988, inaugurando-se, para que isso fosse possível, a feira-livre de compra e venda de apoios e votos Os precursores da ação corruptora tinham nome e sobrenome: Antônio Carlos Magalhães e Sergio Motta. A volta de índices de inflação mais expressivos, o aumento em proporções geométricas da dívida pública, o desemprego em níveis assustadores, o desequilíbrio quantificado nos déficits de balança de pagamentos, tudo isso evidenciava em termos gritantes o fracasso do neoliberalismo, bandeira oculta do PSDB. Some-se a essa falência a perda das competências de corrupção política de ACM e de Serjão. FHC não era estrategista, sempre foi um falastrão simpático.
 
O ex prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes é o retrato do PMDB que domina o Rio de Janeiro e que por sua vez é mostrada na figura patética de Jorge Picciani. E esse, quem é? Quando ingressou na política, ele já era um produtor rural (mais recentemente, com as pedreiras adquiridas, habilitou-se como fornecedor da brita aplicada nas obras olímpicas). Elegeu-se pela primeira vez em 1990 e reelegeu-se deputado estadual quatro vezes. Presidiu a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro entre 2003 e 2010. Nas quatro vezes em que foi eleito presidente (as votações para a Mesa Diretora ocorrem a cada dois anos), concorreu sozinho à Presidência e teve praticamente a unanimidade dos votos. Na eleição de 2014, candidatou-se novamente para a ALERJ e foi eleito com 76.590 votos (nona maior votação no Estado do Rio e a terceira do PMDB/RJ), em seguida e imediatamente sendo reposto na presidência da Assembléia. Ao mesmo tempo, compõe a lista de proprietários ‘mais que suspeitos’ na utilização do trabalho escravo em suas fazendas.
 
Maria Fernanda​, midiativista e escritora​

 

Lourdes Nassif

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