Porque Porchat e Bugalho não conseguem entender o “domínio maléfico” de Bolsonaro, por Rogério Maestri

O que essas pessoas não entendem é que o problema não é Bolsonaro, assim como não foi Mussolini e Hitler, mas sim os objetivos que eles servem

Jesem Orellana, pesquisador e epidemiologista da Fiocruz Amazônia. Foto: Reprodução

Porque Porchat e Bugalho não conseguem entender o “domínio maléfico” de Bolsonaro

por Rogério Maestri

Pessoas com um bom grau de racionalidade e com uma formação humanista como o humorista Flávio Porchat e como escritor e Youtuber Henry Bugalho fazem verdadeiros libertos contra a postura negacionista de Bolsonaro que faz tudo para que a epidemia do Covid-19 se expanda e mate um número maior de brasileiros.

O que essas pessoas não entendem é que o problema não é Bolsonaro, assim como não foi Mussolini e Hitler, mas sim os objetivos que eles servem e aqueles apesar de não acreditarem em suas bobagens criminosas ainda publicamente os apoiam.

Temos que voltar ao passado recente para entendermos a regressão civilizacional proposta por todos esses líderes, e para entendermos essa regressão civilizacional, não podemos atribuir a ignorância dos povos a uma primeira atração dessas ideologias que eram expressamente guerreiras, antifeministas, racistas ou simplesmente supremacistas. O povo alemão possuía uma população com um excelente nível educacional, comandantes dos famigerados, o historiador francês “Christian Ingrao” no seu livro, já traduzido para o Português “Crer e destruir: Os intelectuais na máquina de guerra da SS nazista” revela algo ainda mais perturbante as pessoas que como Porchat e Bugalho não entendem por que um personagem como Bolsonaro consegue adeptos para um genocídio entre pessoas comuns ou até mesmo com bom nível acadêmico. Ingrao que para quem não tiver tempo para ler o seu livro, pode numa reportagem intitulada “Assassinos da SS com doutorado” do El País ter uma visão que comportamentos completamente distorcidos podem muito bem vingar na SS nazista ou pior ainda, como jurista, Bruno Müller ,chefiar a “crème de la crème” da barbárie, um dos grupos de extermínio, o Einsatzgruppe D. Esse grupo, dentre os vários crimes cometidos, na noite de 6 de agosto de 1941 exterminou todos os judeus da cidade de Tighina, na Ucrânia, sendo que ele para mostrar como deveria ser feito começou o extermínio matando uma mulher e seu bebê como exemplo as suas tropas.

Mas Bruno Müller não foi um ponto fora da curva, Ingrao analisa minuciosamente a trajetória e as experiências de oitenta desses indivíduos que eram acadêmicos – juristas, economistas, filólogos, filósofos e historiadores – e criminosos. Títulos acadêmicos desde a graduação até o doutorado em áreas de ciências humanas eram comuns nos SS e também nos Einsatzgruppen, ou seja, intelectuais bem formados e o mais surpreendente, não eram oportunistas, lutavam para eliminar os judeus Bolcheviques da União Soviética e os judeus plutocratas da Bolsa de Londres e Wall Street.

O que movia esses assassinos era uma grande mentira, chamado fascismo, da qual aproveitaram-se as classes dominantes (grande burguesia) para fazer dois serviços. Se não entendemos a origem desse movimento não compreenderemos como tanto parte do povo e da intelectualidade conseguiu ser aliciada para esse bando de lunáticos que conseguiram transformar bebês de colo em inimigos a serem exterminados.

Vamos antes de seguir, lembrar das palavras racistas e asquerosas emitidas na sede de uma organização judaica brasileira que lhe rendeu aprovação de descendentes daqueles que num passado extremamente recente sofreram a perseguição, a prisão e a morte, somente porque teoricamente eram descendentes de um povo remoto, ou seja, quando Bolsonaro comparou homens brancos a animais, um raciocínio extremamente semelhante ao que os Nazi faziam com os judeus, com a diferença que eles comparavam os judeus a ratos e Bolsonaro comparou os negros quilombolas a gado ou a porcos.

Agora vem uma reflexão a ser feita, por que Bolsonaro, comparando negros a animais não provocou um repúdio instantâneo numa associação de um povo que há poucas gerações atrás sofreu a mesma vilania? Simplesmente porque para a grande burguesia alemã e italiana, Hitler e Mussolini representavam a mesma coisa que Bolsonaro a grande burguesia brasileira e incluída nessa a grande burguesia judaica-brasileira, a garantia que os socialistas e comunistas não fizessem o mesmo crime que fizeram na Rússia, retirar o seu poder e dinheiro.

Não sei por que reajo fortemente com qualquer discurso nazista de forma sanguínea e instantânea, talvez porque desde a juventude sabia que um tio meu foi morto em combate defendendo o mundo contra o nazifascismo e quando via na minha juventude qualquer incitação a estas ideologias o sangue me saltava nas veias. Tudo bem, pode ser exagero causado por uma raiva atávica, porém não entendo como  alguém com o perigo de perder o poder e o dinheiro possa aplaudir discursos racistas e congêneres, mas acho que todos tem que compreender, o que leva a tolerância a coisas que herdamos desde a declaração universal do direito dos homens deve ser levado a sério e desprezado mesmo que isso possa representar uma sociedade mais justa e igualitária com perda de direitos das minorias que desde o início das civilizações oprimiram os que não tem poder nem dinheiro.

Redação

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  1. “…assim como não foi Mussolini e Hitler, mas sim os objetivos que eles servem e aqueles apesar de não acreditarem em suas bobagens criminosas ainda publicamente os apoiam…” Parceiros do Pária Fascista Getúlio Vargas e do Nazista Gaspar Dutra. Poderíamos incluir outro Projeto Totalitário, o Parceiro Stalinista Luiz Carlos Prestes. O que poderia sair do Estrume desta Quartelada de Estábulos de baixa patente? Olga Benário nas mãos das abjetas Prisões e Figuras como Filinto Muller, sabe muito bem disto. Infelizmente para o Brasil, a Tempestade Perfeita:”…Temos que voltar ao passado recente para entendermos a regressão civilizacional proposta por todos esses líderes, e para entendermos essa regressão civilizacional, não podemos atribuir a ignorância dos povos a uma primeira atração dessas ideologias…”Preciso foi, muito chute na bunda do restante da Vanguarda da Elite Paulista da 1.a República nas figuras gigantes de Monteiro Lobato ou Simonsen, para não cairmos totalmente no mesmo Atoleiro Histórico. Graças à estas Pessoas e Sociedade que representavam, a queda foi e fracionada e um pouco menos trágica. Diferentemente dos Projetos Nazistas e Fascistas da Europa, a Estrutura criada pelo Canalha e Nepotismo de seus Familiares prosperou depois da Grande Guerra, preservando seu Estado Absolutista nas Figuras de Lacaios e Familiares : PTB de Itamar Franco (1958), Leonel Brizola, Tancredo Neves, João ‘Jango Goulart’,..USP(1934), UNE(1938), OAB(1930), MEC(1930),…Coincidência a volta de um Paulista ao Poder depois de 91 anos e o fim do Estado Ditatorial Caudilhista Absolutista Assassino Esquerdopata Fascista? O que este atual Presidente pode querer inventar agora? Voto Facultativo em Urnas de Papelão em Cédulas de Papel? Estamos perdidos !!! Bradam de seus túmulos GV, Dutra, Hitler, Mussolini, Prestes, Tancredo, Brizola,….Pobre país rico. Resultado de quase 1 século de erros e fracassos entre Medíocres. Mas de muito fácil explicação. (P.S. CENSURA é artimanha muito abjeta)

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