Prazer, Mariana

Escrever aqui com meu nome, muito mais do que expor “a filha do Nassif”, vem com o desafio de imprimir minhas marcas

Prazer, Mariana!

Há alguns anos, poucos, na verdade, minha tia me procurou com uma proposta: seu pai quer que você escreva no blog, assuntos diversos, pode usar um pseudônimo. Eu, que amo as palavras desde sempre uso a escrita pra me curar, aceitei de pronto.

Cidadania – era esta a editoria que me cabia, e que ainda me cabe, porque definitivamente não sou das políticas e nem da economia, me envolvo mais profundamente com o que está acontecendo no mundo e arredores de outras formas, isso já ficou claro por aqui. Maternidade, terapias, movimentos feministas e sim, um tanto do candomblé, este que hoje é o cerne desta que, pela primeira vez se assumindo por inteira, vos escreve. O momento da minha feitura no santo de aproxima, são menos de três meses até entrar no roncó e renascer para o orixá e, olha, isso tem tanta força que eu, se fosse você, acompanhava meus posts sobre o assunto mesmo não sendo da religião.

Sou Mariana e sou também a filha mais velha do Luis e da Maria Luiza, de Iansã e Ogum e a mãe da primeira neta, a Clara. Apaixonada, dramática e extrovertida, meu equilíbrio vive na faixa da intensidade – não vem com essa de “precisa se acalmar” porque já passei a metade da vida achando que deveria ser menos pra caber e, hoje, tudo o que é binário me arrepia de um jeito não bom. Eu sou eu e pago terapia semanal pra lidar com isso, obrigada pela opinião mas de achismo vazio e despersonalizado a vida – e a internet – está cheia: e eu também.

Escrever aqui com meu nome, muito mais do que expor “a filha do Nassif”, vem com o desafio de imprimir minhas marcas, compartilhar minhas verdades, opinar naquilo que gosto e entendo e, também, é claro, abrir diálogos sobre assuntos que interessam. Ter sido Matê, uma vez ou outra, trouxe a sensação de que os ataques dos haters, especialmente no post sobre as meninas negras na revista Capricho, não fosse comigo. Sempre foi comigo e, agora, vai ser proporcionalmente mais.

É engraçado isso de pseudônimo, existe mesmo uma máscara que distingue as personas e isso pode ser muito bom. Confesso que talvez demore mais pra escrever, pra escolher os temas, agora que eu sou eu, o que pode ser interessante do ponto de vista de qualidade e troca, itens que permeiam essa busca insana pra sair da loucura que um dia foi querer me encaixar. Lembro que além de filha dele, sou sobrinha da editora e, então, o carinho que minhas tias todas sempre expressaram e que me são porto-seguro de amor, bem, essa régua me faz relaxar, confiar e apostar que pode ser bom, que pode ser simples, que pode ser, só ser.

Conjecturações à parte, me inspirarei na minha ídola Bathânia (toda filha de Oyá é apaixonada por ela, pode ver!) e irei abraçar e agradecer. Agradecer ter o que agradecer.

E aqui vou eu, aqui vamos nós, nesse reencontro que, espero, traga alimento não só para os assuntos da pauta deste veículo tão amplo e informativo que é o GGN (assinem, apoiem, os veículos independentes não podem parar de existir especialmente agora!), mas também pra alma, pro coração e pros desejos deu uma vida boa, que é o que acabou me movimentando pra cá e pra lá no embalo da vida.

Prazer, Mariana.

 

Mariana A. Nassif

20 Comentários

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  1. Prazer

    Oi, Mariana, não sei se vou te aborrecer, mas faz tempo que ja tinha ligado a Matê da Luz à filha mais velha do Nassif 🙂

    Diz o velho ditado popular “A vida pede coragem” e falar com nome proprio é sempre muito corajoso. Não tenha medo das criticas. As vazias não servem para nada, as outras… a gente faz como diz um personagem de Hamlet ao seu filho “ouça tudo o que te digam com atenção, faça uma triagem do que dizem e decida por você mesmo”.

  2. Prazer, Mariana
    Adoro esse blog e mais ainda seus post Matê(Mariana), a variedade de temas cheia de uma sensibilidade na escrita sempre me cativou e prendeu na leitura. Parabéns querida!

  3. Marianas

    Muito lindo Mariana! Me tocou muito sua declaração. Tenho uma filha Mariana, editora, versada nos caminhos do povo do santo, amante das letras, sensível e encantadora como você ! Abraços ! Êpa babá!

    1. Mais uma Mariana! Viva!

      Olá, Mariana!

      Aqui também escreve uma Mariana, editora de livros justamente neste universo incrível e misterioso do candomblé e da umbanda. Bom ter sua voz para refletir e engrossar esse caldo que tanto precisa ser defendido de perseguições. Admiração por suas palavras. Meu pai, Samuel, este acima, é que me mostrou sua coluna. Parabéns! Axé! 

  4. Eu nunca suspeitei. O que não

    Eu nunca suspeitei. O que não quer dizer nada, sou lerdo mesmo. Matê, Mariana, da luz, do sol, da manhã, da claridade, da Clara !

  5. Acho que já dei pitacos

    em alguns posts da Matê da Luz. Deve ter sido algo sobre religião. Sou agnóstico, mas ao contrário dos que se dizem cristãos, evangélicos e tais, não abomino a religião dos outros. Cada um com seus deuses e cada um sem seus deuses.

    Amém.

    Admirio a escrita, admiro quem escreve. Continues altiva, firme e forte.

  6. Te contar uma coisa, Mariana:

    Te contar uma coisa, Mariana: não me lembro de ter sentido desconforto maior do que quando decidi usar perfil falso no saudoso Orkut. Sei lá, ficava tudo desmontado, desconjuntado, desmilinguido… aquele perfil, que nem nome tinha, chamava-se “*.*” (“asterisco ponto asterisco”, “tudo de tudo” ou ainda “qualquer coisa”, em linguagem de sistema operacional) durou nem uma semana. Aproveitando do poeta, “é tão bonito quando a gente pisa essas linhas que estão nas palmas de nossas mãos”.

    O nome da gente é importante, é importante a gente se envolver com o que a gente é e tem como ser, mesmo – ou justamente – por estar sempre evoluindo, se mexendo. Como dizia o mestre Gaiarsa, “quem não se envolve não se des-envolve”.

    Prazer, Renato.

  7. Matê da Luz,

    de você não sabia, mas da Mariana sim. Nos conhecemos em lançamentos de livros, apresentada a mim pelo seu pai, mas principalmente pela minha filha Júlia Daher, que trabalhou com você numa empresa e te achava e acha muito legal. Bom, este galhofeiro, que vez ou outra dá trabalho a seus pais e tia, saber que somos companheiros de GGN. Bem-vinda! 

  8. Deves voltar a escrever sobre o pseudônimo Matê da Luz.

    Cara Mariana.

    Sou um adepto do uso do nome próprio para quando se escreve e principalmente se DISCUTE temas políticos ou econômicos, porém tive o trabalho que olhar todos os posts do teu blog desde o início em 2015 e fica claro que esta necessidade não se estende a ti.

    Olhei todos os posts que poderia ter emitido alguma opinião e verifiquei que somente em teus inúmeros posts só participei na discussão de dois, simplesmente porque acho que o que escreves são mais reflexões pessoais sob o impacto de notícias sobre a tua personalidade, ou seja, algo extremamente pessoal e podes por pudor se manifestas por pseudônimo. Outros procuram o convencimento, e este não é o teu caso, não procuras o convencimento ou batalhas ideológicas, mas sim a colocação dos teus sentimentos pessoais.

    Diga-se de passagem nestes dois posts que comentei, um aproveitei um texto geral em que introduzi um comentário sobre o assunto e não a tua opinião, e outro foi mais uma discussão com a Anarquista Lúcida e outra pessoa sobre direito canônico (parece absurdo mas foi exatamente isto), que na realidade não estava diretamente ligado a tua opinião, mas sim aos achismos de alguns sobre coisas que não conhecem (AnaLu e associadas).

    Continue com o Matê da Luz, encaixa muito melhor este nome do que mais uma Mariana (não que tenha nada contra o nome Mariana ou com a quantidade delas), mas sim pelo tipo de texto que produzes, Matê da Luz diz muito mais do que Mariana, e se foi o chato do teu pai que solicitou isto, mande-o catar coquinhos!

    1. Direito canônico? Quando, onde? Vc tem certeza?

      Nao vou dizer que seja impossível porque comento aqui há muito tempo e em algum tópico posso ter ROÇADO algum ponto de direito canônico. Mas mesmo isso me parece bastante improvável, nao é tema que me interesse a mínima.

      1. Para te indicar exatamente o texto, só pagando!

        Foi sim, em diversos pontos foram citados dados do Vaticano (links), catecismo, a súmula teológica de São Tomas de Aquino, a concepção de pecado com perdão, e daí por diante.

        Não ia mentir, principalmente porque citei o teu nome e sabia que irias responder.

        1. “Delaçao premiada” sem provas NAO VALE!

          Súmula teológica de Sao Tomas? Vc pode ter falado disso, eu nao… Nao enrola, Maestri. Se é verdade, PROVE.

          1. Eu não disse que falaste sobre a suma Teológica, pois na …….

            Eu não disse que falaste sobre a suma Teológica, pois a tua cultura não chega a tanto, afinal no normal não se aprendia isto.

            O que eu disse é que na discussão cheguei a citar a Suma Teológica, uma obra classica da filosofia católica.

            Quanto eu pesquisar isto e te mostrar, só pagando!

          2. Q ótima cultura a sua! Continue com ela, viu? Dispenso

            Cultura de colégio católico só serve para isso, rs. Realmente, nem no Normal se aprendia isso, nem nas 2 faculdades e vários cursos de pós que fiz. Tínhamos coisas mais sérias para estudar.

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