Recordar é viver, estou num pesadelo com vocês. Por Rui Daher
São escabrosos os diálogos revelados pelo The Intercept Brasil entre os vários membros da Operação Lava Jato visando os alvos que atendiam a seus interesses políticos e financeiros. Mais do que tudo, porém, espanta a consonância com seus instintos inumanos.
Repetiram e, talvez, continuem repetindo, agora com seu chefe virado ministro, os torturadores da repressão nos governos militares. Muitos de nós passamos por isso, e sabemos como eles agem. Se frente a nós, querem-nos indignos, covardes, indefesos diante de suas porradas e xingamentos, confessando e delatando. No longe, ameaçam e perseguem familiares e entes queridos.
Serei claro. Mereceriam ser punidos com a morte, a exemplo dos criminosos nazistas do pós-Segunda Guerra. Como aqui isso não acontecerá, até porque, pessoalmente, sou contra a pena de morte, que pelo menos estivessem na cadeia, justiçados por um povo de brios e não por qualquer tribunal conivente.
Esse périplo de ameaças à democracia e aos direitos humanos começa a ser gestado logo depois de Lula e o PT vencerem as eleições de 2002, e crescem como tiririca em gramados malcuidados, ao longo dos anos, até recrudescerem e trazer as moléstias pós-impeachment de Dilma Rousseff.
O Acordo Secular de Elites não iria se conformar. Ruminavam uma breve derrocada do “metalúrgico sem-diploma e que não falava inglês”.
Banqueiros, empresários, mídia, Poderes Legislativo e Judiciário, juntos, para acabar logo com a empáfia esquerdista. Só que não. O ministério do primeiro mandato era um primor em conhecimentos gerais e específicos, digno de um Estado empreendedor e voltado ao desenvolvimento.
Em 2005, interpuseram o mensalão para causar algum estrago. Prática histórica de comprar apoio, e que Fernando Henrique usou para a reeleição. Começaram, pelo braço da Justiça, a cair dirigentes petistas. Não bastava. Eles queriam Lula. Só que não.
“O Cara” deu uma virada na economia e no tecido social do país. Ficou difícil derrubá-lo. Todos segmentos e classes sociais ganhavam e a cada pesquisa de opinião mais o êxito se confirmava. A velha e pífia direita, contudo, não se conformava.
Chegou Dilma Rousseff. Acharam nela fragilidades. Passaram a trabalhar na reconstituição do Acordo e, a partir de 2013, com as passeatas do “Passe Livre”, cooptaram parcelas da população para fomentar o espírito antipetista que iria dar em Jair Bolsonaro, esperança e mito para um País estagnado há três anos.
Hoje em dia, sabemos o que conseguimos. Entre as 10 maiores economias do planeta, somos a menos considerada. Não como potencial, mas como realidade de estar refém de um bando mambembe, que atravessa a história em forma desconectada com a geopolítica atual.
Pergunta-me um amigo de muitos anos, o Marcelo, pequeno empresário como eu, mas próximo de grandes empreendedores brasileiros: “Rui, e de agora em diante, qual será o futuro?”
Respondo: “Se a mesma pergunta fosse feita a Lula, em 13 de março de 1979, no ABCD, Vila Euclides, o que ele diria?”
Está preso o maior estadista brasileiro, desde Getúlio Vargas. O que vocês pensam fazer? Manter os pesadelos?
Medo e vergonha.
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