Reforma Administrativa: cabeça que só tem planilha o corpo social paga, por Albertino Ribeiro

Reforma Administrativa: cabeça que só tem planilha o corpo social paga

por Albertino Ribeiro

Mais uma vez a retórica neoliberal entoa o canto da sereia e, com seu trítono tocado pela grande mídia, elege o setor público como bode expiatório. Enganando os incautos com metáforas inapropriadas como a infame comparação do orçamento fiscal com o orçamento familiar, transformam a população em zumbis que, seguindo a cantilena neoliberal, acreditam que o Estado é um empecilho ao desenvolvimento do Brasil.

Paulo Guedes, que sempre se orgulhou de ser inimigo do Estado, alega a necessidade de modernizá-lo, dando-lhe mais eficiência. Quem acredita nisso? Um ministro que tem fé na teoria neoliberal como se fosse uma religião, obviamente não tem interesse em modernizar o Estado; seu objetivo é enfraquecê-lo e, se possível, destruí-lo.

Em plena pandemia, com baixa atividade econômica, os cabeças de planilhas desejam aprovar uma reforma administrativa que trás consigo um caldeirão de maldades e, dentre elas, a redução de 25% no salário do servidor público.

A (des)reforma contida na PEC 32/2020 tem como verdadeiro objetivo sinalizar ao mito do mercado que o governo está rezando na sua cartilha. O governo entende que dessa forma conseguirá atrair mais investimentos.

Quero colocar como fulcro deste texto – embora existam outros assuntos capitais no seu bojo – , o corte impiedoso de 25% no salário dos servidores. Entendo que cortar salário e renda em um momento de desemprego e baixa atividade econômica é fazer arminha contra o próprio pé (burrice acima de tudo).

Para termos uma ideia, o fim do auxílio emergencial tirou da economia 100 bilhões que estavam sendo destinados ao consumo. Segundo os economistas, isso explica parte da queda de 6,1% na atividade comercial de dezembro, frente a novembro de 2020, e uma queda ainda maior do setor de serviços (7,8%), segundo o IBGE.

Por seu turno, um corte nos salários dos servidores, que deve alcançar também estados e municípios, pode retirar ainda mais dinheiro da atividade econômica contribuindo para o aprofundamento da recessão.

Pensem comigo, segundo o IBGE, 72,2% dos gastos das famílias brasileiras são com alimentação, moradia e transportes. Note que aí não estão incluídos os gastos com plano de saúde, vestuários e outros. Imaginem o estrago que esse corte repentino provocará na economia, no bolso e principalmente na saúde mental do servidor público.

https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/25598-pof-2017-2018

Alguém precisa avisar ao Paulo Guedes que os servidores públicos, quando voltam para casa depois do trabalho, não vão para marte (pelo menos, ainda não!); eles compõem esse universo das famílias brasileiras levantado pela pesquisa do IBGE.

Redação

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