Réquiem para o encantador de assassinos, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Em abril de 2020, o presidente brasileiro disse “Eu sou a constituição”. Ninguém realmente se submeteu ao poder que ele acredita emanar

Réquiem para o encantador de assassinos

por Fábio de Oliveira Ribeiro

A imprensa bolsonarista anunciou Eduardo Bolsonaro como uma liderança mundial da extrema direita. O fato de a extrema direita ter encolhido em todos os lugares não é uma prova do fracasso do filho do presidente brasileiro.

Renan Bolsonaro se apresenta como um novo Elon Musk. Quais são os conhecimentos tecnológicos dele? O que ele realmente produziu até o presente momento além de memes?

Carlos Bolsonaro, o encantador de Fake News, despachava em Brasília como se fosse um “vereador federal”. Confrontado pela Justiça ele desapareceu de cena e ao que parece perdeu a influência que tinha no âmbito familiar.

Flávio Bolsonaro está tão enrolado em processos judiciais que ninguém realmente presta atenção no que ele diz. Ao que parece ele está mais preocupado em defender o patrimônio que amealhou do que em correr riscos para defender o pai.

Eis que surge o sombrio encantador de assassinos… O poder que Bolsonaro exerce sobre seus seguidores armados é imenso, mas eles são poucos. Em abril de 2020, o presidente brasileiro disse “Eu sou a constituição”. Ninguém realmente se submeteu ao poder que ele acredita emanar de sua corrompida pessoa.

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Esta semana, Bolsonaro deixou bem claro ao mundo que pretende impedir a realização de eleições com o uso de urnas eletrônicas ou, quem sabe, de realizar eleições sem qualquer interferência do TSE. Na prática ele enunciou um golpe como se ao fazer isso a realidade a realidade fosse se submeter ao comando do seu discurso.

Uma das principais características do pensamento mágico é a crença no poder que a palavra tem de conjurar forças misteriosas para alterar o curso dos acontecimentos. Desde que o encantamento, maldição ou feitiço seja proferido de maneira correta, o resultado desejado será produzido sem que qualquer pessoa ou grupo de pessoas ou instituições possam restaurar a normalidade.

Bolsonaro se apresenta como evangélico, mas age como se fosse um bruxo. Ele inventou uma fórmula discursiva (a suposta fraude eleitoral que ocorrerá se as urnas eletrônicas forem usadas) para excitar seus fanáticos e aterrorizar a maioria da população brasileira. Na prática, ele só consegue complicar sua própria situação.

No passado, quando decidiram dar um golpe de estado, os militares planejaram tudo em segredo e colocaram os tanques na rua antes que qualquer reação pudesse ser organizada. Ao demonstrar todo seu desespero eleitoral diante da comunidade internacional, Bolsonaro apenas mostrou quem realmente é: um homenzinho medíocre com complexo de Bonaparte que está com medo das consequências de seus atos após uma derrota eleitoral previsível.

Nos filmes da saga Harry Potter, uma bruxaria geralmente se volta contra o bruxo quando ele não percebe que usou a fórmula errada no momento errado. O destino de Bolsonaro não será brilhante, nem vitorioso. Ele será doloroso e provavelmente coroado por um suicídio assim que o resultado da eleição for anunciado. Como todo covarde, o presidente brasileiro preferirá morrer a ser enjaulado por ter comandado um genocídio.

Ao levantar suspeitas sobre a eleição brasileira diante de vários diplomatas, Bolsonaro não atravessou o Rubicão. O que ele fez foi lavar a bunda suja no rio. No túmulo dele será pichado: Aqui jaz um monte de merda.

Fábio de Oliveira Ribeiro, 22/11/1964, advogado desde 1990. Inimigo do fascismo e do fundamentalismo religioso. Defensor das causas perdidas. Estudioso incansável de tudo aquilo que nos transforma em seres realmente humanos.

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para [email protected].

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