Sem ética, não há medicina, por Régis Eric Maia Barros

Ética é a base e o alicerce do atuar médico. Pode-se ter todo o conhecimento científico e todos os recursos tecnológicos, mas, sem ética, não há medicina.

Sem ética, não há medicina

por Régis Eric Maia Barros

Esse é o título de uma conferência que ministro há 5 anos no curso de medicina em que sou professor em Brasília/DF. A temática dessa conferência é algo extremamente atual e verdadeiro. É fato! Não haverá medicina sem ética. Ética é a base e o alicerce do atuar médico. Pode-se ter todo o conhecimento científico e todos os recursos tecnológicos, mas, sem ética, não há medicina.

Certamente, qualquer denúncia e qualquer investigação devem permitir a ampla defesa e o contraditório. Isso é um elemento fundamental da justiça e da democracia. No entanto, o que estamos escutando sobre os acontecimentos que ocorreram na Prevent Senior e suas unidades hospitalares é estarrecedor.

A prática médica nunca, absolutamente nunca, deverá ser instrumento político e ideológico. A autonomia médica não é salvo-conduto para o esdrúxulo. A autonomia e o respeito ao paciente é sine qua non para o existir da medicina. Usar o paciente para aventuras irresponsáveis é grave. Usar de uma situação de catástrofe sanitária para tentar provar que medicamentos ineficazes são uteis é surreal. Medicina não é uma arena sem regras para gladiadores sem honra. Que triste capítulo que vivemos! Os médicos deveriam, em clamor, bradar contra essa indecência distópica.

Cabe a nós, médicos, nos posicionarmos. Cabe as nossas instituições, sobretudo o CFM, sair desse silêncio sepulcral que tanto envergonha. Se o silêncio for mantido, então a fala do Presidente da República, no plenário da ONU, sobre o CFM fará sentido. Ou seja, o CFM será maculado a essa bizarrice chamada de “tratamento precoce”. Há de se dar uma basta nisso. Quem se mantiver preso a esse mito bizarro deve ser punido individual e coletivamente. E caso a justiça prove que é verdadeiro o que está sendo denunciado sobre médicos, instituições privadas e servidores do Ministério da Saúde, teremos que exigir punição justa conforme a lei.

Este texto não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN

Redação

2 Comentários

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  1. A matéria “Sem ética, não há medicina”, por Régis Eric M Barros, é muito precisa! De forma objetiva, o autor destaca o que defendo desde o início da pandemia, inclusive aos meus alunos na graduação na disciplina de Administração: Todos os denunciados, após investigados, particularmente os médicos do chamado gabinete paralelo DEVEM SER IMPEDIDOS DE EXERCER A MEDICINA! Não só o presidente e todo esse (des) governo deve responder CRIMINALMENTE pela desastrosa administração da pandemia, mas, comprovando as denúncias, TAMBÉM e especialmente ESSES MÉDICOS apoiadores do tratamento precoce!

  2. Vamos começar do início — O grau de perversidade da classe médica brasileira é representado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) liderando o boicote ao programa “Mais Médicos”, declarando descaradamente que a vinda dos cubanos colocaria em risco a saúde da população (Sic) ou seja, o Conselho Federal de Mercantes de Medicina alarmou-se pela saúde nos mais de 700 municípios no país sem um (01) médico! O país inteiro viu médicos saírem às ruas contra um programa governamental que pretendeu levar atendimento aos brasileiros das regiões mais distantes, onde eles nunca quiseram passar de longe.
    «Na visão do CFM, os brasileiros discriminados pelo elitismo corporativo estariam mais seguros se deixados à própria sorte». (Carta Maior, agosto, 2013).

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