Ser de Esquerda ou de Direita?, por Neemias dos Santos Almeida

Ser de Esquerda ou de Direita?, por Neemias dos Santos Almeida

Infelizmente defender minorias tomou proporções negativas. Não há equanimidade 100%, impossível, somos humanos. A maioria tampa o nariz e fala o que o patrão direitista manda, para manter o emprego. Mas, ser de esquerda não quer dizer ser humanitário e, ser de direita, não quer dizer que não seja.

Com esse artigo quero produzir questionamentos. Para isso quero elucidar o caso da Austrália que é um país capitalista. Lá, você só ganha se trabalhar, mas tem políticas sociais. Foi a esquerda que ficou no poder tanto tempo. O que fez bem para o país realmente. O problema é que os veículos midiáticos não se assumem e vendem a posição de isenção, mas esse é o jogo. Faz parte. E não vai mudar de uma hora para outra.

As pessoas estão mais propensas a falarem de política e falam, embora o conteúdo precise melhorar. A retidão tem que ser buscada, pois é o viés da credibilidade. Hoje as pessoas, pelo menos, têm mais noção sobre política, do que nos anos 80 e, por questão de “manter o pão de cada dia”, vivem uma verdadeira crise de descrédito.

Agora quero fazer duas perguntas filosóficas: “_ Quem realmente que trabalha com “imparcialidade”, leu livros e textos sobre socialismo, fascismo, liberalismo e outros ismos?” Agora porque teorias e princípios escritos há mais de cem anos deveriam determinar nossa sociedade?

Estamos muito distantes da realidade que os fizeram criar todos esses ismos. Tanto fisicamente como temporalmente. Nossa sociedade mudou completamente nos últimos dez anos, com tantos novos conceitos, novas formas da sociedade se desenvolver e nós aqui nessa dialética absurda. Acredita-se piamente que merecemos um novo ‘ismo’ muito melhor.

Generalizar é complicado.

Porque as próprias empresas têm uma linha filosófica, mas é mito a história que elas pautam o que cada um vai dizer. Na publicidade isso é pior. O sujeito tem que, praticamente, vender a alma. Mas, se os veículos de comunicação vivem de publicidade, o que fazer quando alguma publicação é diferente do posicionamento do jornal? É complicado ter um posicionamento e ter que trabalhar com outro.

Ser de Esquerda é: lutar contra as desigualdades sociais é defender mais o interesse coletivo do que o interesse individual. O objetivo é o progresso e a evolução social. Enquanto que ser de Direita é: ter liberdade, como sinônimo de iniciativa. Para a Direita todos devem ter oportunidade premiando quem consegue aproveitá-la ao máximo, melhorando sua vida. O Estado deve interferir o menos possível na sociedade.

Notemos a diferença entre países mais avançados e o Brasil. Lá, há mais consciência política. A pessoa pode ser de esquerda e ser a favor de empresas privadas, como acontece em linhas gerais com os democratas nos Estados Unidos. E pode ser de direita com forte cunho social, como é o caso da Austrália. Isso é irracional e fatalista.

Já no Brasil, fake news tem mais importância que os veículos midiáticos conhecidos. Não vejo nenhum estudante lendo e buscando notícias fora da internet. Sabe-se que a dita: imprensa independente, na verdade são compradas por um lado ou por outro e acabam se transformando em verdades.

Garanto que se você questionar sobre a história política do Brasil na década de 80 e 90 para jovens que estão na rua gritando palavras de ordem, eles não conseguem dizer dez fatos reais. Isso é muito louco.

Li a biografia de Hitler dois anos atrás, tentando entender como um povo tão fantástico, como o alemão, se deixou levar por um líder tão repulsivo quanto ele. Sempre tive comigo que Hitler era um indivíduo de direita. É como aprendemos na história. Mas, quando você vai ler, o modelo implantado por Hitler era muito parecido com o que acontece na Venezuela, que é de esquerda. Ou seja, Estado gordo comandando absolutamente tudo, poucas liberdades individuais e tirania.

Acredito que a discussão seria melhor e mais saudável se fosse menos rotulada e mais fragmentada. Exemplo: um sujeito que é a favor de um Estado magro (típico de direita), mas que apoia iniciativas sociais (típico de esquerda) é um sujeito de direita ou de esquerda? De nenhuma dos dois lados, pelas definições que temos hoje, certo?

Economia extremamente liberal com preocupações sociais. É um modelo que funciona no estrangeiro, mas e aqui? Lembrando que a liberdade não traz bons resultados quando a fraternidade está como princípio econômico norteador. Claro, é preciso analisar caso a caso, porém dentro do liberalismo econômico é um passo para cair no valor do lucro desmedido.

Se assim for, temos de avaliar que o gasto financeiro não é o importante, outros valores costumam ser maiores. Hoje só se fala em custo e investimento financeiro dentro da economia, prova que o liberalismo econômico já exagerou as medidas. O olhar fraterno impõe dar um valor mais humano e menos material à economia. A liberdade regendo, a economia não.

E agora, você é de Esquerda ou de Direita?

*Neemias dos Santos Almeida é Professor e Pedagogo. Colunista, Articulista, Membro da ONG Atuação Voluntária, Escritor, Voluntário junto ao órgão internacional PNUD/Brasil, e ávido leitor que vive a internet e suas excentricidades desde 2001.

Redação

6 Comentários

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  1. “Para isso quero elucidar o

    “Para isso quero elucidar o caso da Austrália que é um país capitalista. Lá, você só ganha se trabalhar, mas tem políticas sociais.”

    Ué? Mas tem algum lugar do mundo onde você ganha sem trabalhar DE PROPÓSITO? Quem ganha bolsa família não gostaria de ter um emprego que lhe proporcionasse dignidade para si e sua família? Quem recebe seguro desemprego não gostaria de, em vez disso, estar empregado? Quem recebe algum auxílio “astronômico” por conta de alguma doença ou deficiência, não trocaria isso por ser um trabalhador saudável?

    O incrível é que, no Brasil, realmente temos uma pequena parte da população que ganha sem trabalhar. São os rentistas, que ganham muito graças aos nossos juros absurdos.

    Certa vez, um conhecido que mora na Austrália me disse que os partidos de direita do país seriam chamados de comunistas no Brasil.

     

  2. Vou pedir emprestado, a

    Vou pedir emprestado, a Diógenes, uma lanterna, para procurar essa direita que dá oportunidade para todos, e não para quem já nasce com ela.

  3. Direita e Esquerda, de Norberto Bobbio

    comprei 6ª feira.Um problema é que nos guiamos por rótulos como se assegurassem comportamento, postura política (sem falar que nada têm a ver com caráter – uma pessoa que se toma por esquerda, que aparenta ilustrada despejando citações e autoridades pode ser um tremendo mau caráter, e o oposto do que em palavras propala defender).Onde está o conhecimento que perdi na informação,e onde está a sabedoria que perdi no conhecimento ? T. S. Eliot (uma citação…)

     

  4. Oooops!

    “Li a biografia de Hitler dois anos atrás, tentando entender como um povo tão fantástico, como o alemão, se deixou levar por um líder tão repulsivo quanto ele. Sempre tive comigo que Hitler era um indivíduo de direita. É como aprendemos na história. Mas, quando você vai ler, o modelo implantado por Hitler era muito parecido com o que acontece na Venezuela, que é de esquerda. Ou seja, Estado gordo comandando absolutamente tudo, poucas liberdades individuais e tirania.”

    Caramba!

    O autor QUASE chegou lá, no lugar que o MBL QUER!

    Isto é que é ser tão contraditório, que escree um texto que contradiz m seu coropo o dito acima…rs.

    Falhou alguma coisa aê ?

    Tá! Se Hitler quase era de esquerda, as Ditaduras de Brasil, Chile e Argentina eram quase de esquerda também?

  5. Genial. Toda tirania, agora, é de esquerda!

    Afinal, todas as tiranias precisam de um Estado forte e gordo – um estado totalitário.

    O que determina se uma tirania é de esquerda ou direita é sua origem, as vítimas que escolhem e os objetivos que procuram alcançar.

     

    Hitler foi transformado em chanceler pelas mãos dos partidos de direita da Alemanha, que precisava enfrentar a esquerda que crescia, enfrentar por todos os meios. A direita estava enfraquecida e precisou criar um personagem ameaçador e que cumprimsse suas ameaças. Dito e feito. Logo após assumir, mandou matar oponentes e mesmo companheiros de partido que pudessem significar obstáculos a seus métodos. O que fez a direita? Deu-lhe os parabéns.

    O autor não considera que o partido Nacional Socialista do Hitler era formado por soldados? Um partido milícia?

    E quanto à implacável perseguição aos judeus, partindo da acusação de que eram banqueiros que arruinaram a Alemanha. Mas os judeus sacrificados eram pessoas de classe média, pequenos comerciantes, médicos, professores. Foi a construção do discurso de ódio, a busca por um inimigo comum que pudesse conquistar as massas. Também vemos isso aqui no Brasil, com o antipetismo criado pela mídia e o discurso de ódio do candidato de extrema-direita, um discurso que o tornou forte.

     

    Respondendo a pergunta, eu sou de esquerda. Não acredito em hierarquia, não tenho religião, sou a favor de um robusto estado de bem estar social e acredito que o Estado tem a obrigação de intervir na economia sempre que necessário.

    Não sou comunista, como acusam os eleitores da direita. Acredito na propriedade privada e na concorrência. Mas um governo, a meu ver, precisa promover novas iniciativas, quebrar oligarquias e monopólios, controlar saída de capitais e cobrar impostos suficientes para garantir a igualdade de oportunidades.

     

     

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