Governar não é fazer da guerra uma rotina. A guerra só é legítima na defesa daquilo que é fundamental e inafastável, quando o núcleo de valores é atacado de modo a colocar em risco a própria sobrevivência de quem o adote.
Subprocurador Geral da República Eugênio Aragão. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Por Eugênio José Guilherme de Aragão
É a cultura do “nuisance”. Incomodar. Encher o saco, na linguagem popular. É isso que os protagonistas da “nova ordem” aprenderam a fazer desde 2013, contando com os olhares condescendentes e, quiçá até, simpáticos da mídia e de carreiras de estado. Uns meninos travessos com pais que sempre lhes passaram a mão na cabeça. O tipo do pichador de paredes sem arte.
Uma contracultura sem ser cultura. Gostam de chocar, causar comoção e sobretudo criar confusão. Têm verdadeiro orgasmo quando submetidos a críticas irritadas dos incomodados. Isso pode funcionar – e funcionou – como forma de promover oposição inconsequente e predatória a um governo de que parte do establishment queria se livrar.
Mas funciona para governar? E governar com esse establishment que ficou lhes lançando piscadinhas cândidas durante a derrocada do governo democrático de Dilma Rousseff? Com certeza não. As trapalhadas infantis de Eduardo Bolsonaro em suas andanças norte-americanas e em seus palpites sobre política externa mostram um total despreparo dessa turma para as graves funções de governo.
Governar não é fazer da guerra uma rotina. A guerra, hoje, só é legítima na defesa daquilo que é fundamental e inafastável, quando o núcleo de valores é atacado de modo a colocar em risco a própria sobrevivência de quem o adote. O uso da força é “ultima ratio” e não começo de conversa. Só se guerreia quando há perspectiva de perda, eis que, para conquistar, é melhor a tratativa política. Quem governa não cria conflito de graça, porque além de exigir energia na briga, a exige também para terminá-la. E energia não se joga fora, principalmente quando pode fazer falta para outras ações de governo mais produtivas.
Governar pressupõe um ambiente de paz, em que se podem construir consensos parciais. Exige transigência e capacidade de ouvir mesmo o que não se gosta de ouvir. Não se fere adversários por esporte, porque é melhor tê-los dispostos para negociar quando preciso for. A violência não leva a nada, a não ser ao travamento do diálogo, que deve ser permanente, para dentro e para fora da sociedade doméstica.
Governar exige compostura. Quem ganha tem o dever de ser generoso com o vencido se quiser que sua vitória seja sustentável. Adversário nem sempre é inimigo, sobretudo quando estão em jogo interesses comuns. É preciso sobretudo lembrar sempre que o mundo é redondo e gira. Para quem tem a prática da violência como modo de governar, isso é perigoso, pois sempre haverá o dia da caça e o dia do caçador. É a velha e batida quarta lei de Newton: a toda a ação corresponde uma reação de mesma intensidade, em sentido contrário.
Por isso tudo, o presidente eleito faria muito bem em se comportar como tal e, na qualidade de pater familias, mandar seus rebentos cretinos calarem a boca. A marola que esse trio de Katzenjammer-Kids provoca trabalha contra a sustentabilidade de seu mandato. Se não houver esse corretivo, a perspectiva é que aquilo que se chamará de “governo” Bolsonaro será extremamente breve. Não por ação da esquerda. Mas por causa das paredes, pois não haverá delas o suficiente para tanta pichação ignorante.
*Eugênio José Guilherme de Aragão é jurista e advogado, membro do Ministério Público Federal de 1987 até 2017 e Ministro da Justiça em 2016, no governo Dilma Rousseff. É professor titular de direito internacional da Universidade de Brasília, onde graduou-se em direito.
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GOVERNO DE PICHADORES
Dr. Eugênio e visitantes, bom dia.
Bom domingo, apesar dos pesares.
Com é bem apontado em seu artigo, o governo sequer começou mas as trapalhadas são inúmeras. Todas contra o país.
O pai eleito e seus filhos são pessoas sem nenhum preparo intelectual, humano e político para suportar as responsabilidades de governar um país tão grande e complexo como o Brasil.
Restará a guerrilha verbal como forma de desviar a atenção e de justificar as medidas a serem adotadas contra a liberdade e a favor da elite. Como de resto sempre fazem os ditadores ou candidatos: vide Maduro, Ortega, e os brasileiros, na última ditadura.
Creio que a reprimenda para colocar alguma ordem no caos não virá do presidente eleito — que parece não ter energia para tal — mas da cúpula das Forças Armadas que, de fato, governarão o país a partir do dia 1º de Janeiro.
Um abraço a todos
O Bozo só consegue existir
O Bozo só consegue existir como um fenômeno sobrenatural num filme de terror. Se o terror acabar o filme dele também acaba. Enquanto o Bozo comandar o show, os episódios assustadores irão continuar. O Bozodämmerung não será nem pacífico, nem apoteótico. Ele será canhestramente violento. Cansado de ficar nas sombras e atendendo o clamor de milicos e empresários prejudicados pela nova política externa, o general vice vai abater Bolsonaro a tiros para assumir o poder. Mas a facção criminosa do Bozo despachará Mourão antes dele por as mãos na faixa presidencial. Uma nova eleição será necessária.
Cúpula das forças armadas
ou cópula das armas forçadas?
O Problema das nossas FFAA é
O Problema das nossas FFAA é que são entreguistas.No mundo inteiro, as fprças armadas são nacionalistas. As daqui, piram com a bandeira estadunidense. Não fosse por essa razão, acreditaria que num embate entre FFAA, milícias diversas, tráfico de drogas e armas e sua estrutura,além de ” gladiadores do altar”, o Brasil pudesse salvar algum vestígio de dignidade, depois dessa imundície promovida por judiciário + consórcio MPF-Mídia.
A nação está refém da bandidagem que, conta, desde sempre,com o auxílio luxuoso da instituições cooptadas pelosEEUU. Resta saber se nossas FFAA conseguirão elaborar o deslumbramento com os EUA pra lutar pelo país ou se passarão a integrar jo rol de servidores pagos pelo contribuinte brasileiro pra trabalhar pros yankees contra os interesses do Brasil. A única esperança que eu tenho, no sentido da não cooptação das FFAA é, em razão de sua origem. 99% do nosso judiciário,MP e grupos de mídia, pertencem à elite; foram criados na vagabundagem e roubalheira. Se acostumaram a viver na sombra à custa do suor e sangue do trabalhador. Não tenho essa impressão dos militares.
O embate será entre eles.
É a primeira vez que concordo
É a primeira vez que concordo plenamente com Eugênio Aragão.
o aragão foi perfeito no seu
o aragão foi perfeito no seu artigo…..pichadores de mau gosto, bolsignaros violentos e reis das fake news criminosas….