Vai pra Cuba!: Uma Carta de Beth, por Jean Pierre Chauvin
Quem está “cadastrado” como cliente ou militante, nas redes sociais, decerto já terá lido internautas a avisar que escreveram “textão” – assim, no aumentativo, sim, porque a lógica de quem “criou” as redes sociais é estimular o jogo rápido, o diálogo ágil, a leitura de imagens (que rende mais “curtidas” que as mensagens verbais) etc.
Não seria de provocar espanto que num país de raros leitores, como o nosso (nosso? Desde quando?), o hábito de interagir através das redes sociais nos tenha alçado ao pódio dos conectados. Talvez pudéssemos dividir o mundo entre A.I. e D.I. (antes e depois da Internet). Estar “on-line” é essencial; interagir com critério, não.
Desde meados da década de 1990, por aqui “não se vive” sem o celular ou smartphone (talvez porque o aparelho seja mais esperto que os seus usuários).
Melhor, mesmo, é tirar big fotos com o tablet, sem qualquer licença ou discrição, em meio ao maior público possível. Ostentação nunca foi chic, nem smart; mas diga isso para uma pessoa e ela responderá, sem quaisquer modos, “Vai para Cuba!”, supondo que isso seja uma agressão.
Salvo engano, quem vocifera essas palavras de ordem (teve até aquele canal de televisão que disse ter “se enganado” ao reproduzir o slogan “Brasil, Ame-o ou Deixe-o”).
Honestamente, ando um tanto cansado de divulgar assombrosas notícias que sugerem a hecatombe, a mando dos “democráticos” e “libertários” EUA, que vem por aí. A convicção tem sido maior que a inteligência, nestas plagas.
Por isso, achei melhor compartilhar com as(os) eventuais leitoras(es) deste blog a carta aberta que minha colega e amiga Elisabeth Spinelli Oliveira postou hoje, 18 de novembro de 2018. Ei-la, na íntegra. Relembro que se trata de texto denso e ultrapassa os cento e quarenta caracteres. Não tenha preguiça, nem hostilize a autora da missiva. Em suas palavras, sintetiza a voz de, pelo menos, metade dos que persistem em criticar o país para torná-lo melhor. Ei-lo:
“Darling, pode parar com o chavão de ‘vai pra Cuba’. Não nasci lá; nasci aqui. Este país é tanto meu quanto seu. Muito meu, que pago impostos, não faço malandragens ganhando dinheiro escuso, trabalho pra burro desde muito cedo, sou politicamente e ecologicamente (o mundo é minha pátria) correta, detesto racismo, respeito a vida sexual dos outros, estudo, leio, não jogo lixo na rua. Este país também é MEU. Só continuo essa conversa para dizer que tem gente que pensa diferente, que gosta de ter coisas, mas que gosta muito mais de ter uma vida com significado, com amigos e amigas de verdade, sem pobreza ao lado, sem miséria, que não fica feliz em menosprezar os outros. Que quer que todos tenham moradia decente, direito à saúde e escolas de qualidade. Que não aceita quem chame a colega de vagabunda, afrodescendentes de preguiçosos e pesados por arrobas, que elogia torturador, que quer tirar terra de indígenas e de lavradores sem-terra. Fique com seus badulaques; prefiro ficar com a dignidade e integridade de quem acredita que o Brasil é de TODOS os brasileiros e brasileiras, independentemente de etnia, raça, religião, sexo, nível educacional, social ou econômico. Fique em paz. Você deve precisar mais dela do que eu, que a pratico, acolho, e valorizo”.
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bom saber
bom saber que não estou só!
Faz escuro, mas eu canto
Virgínia Rodrigues:
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Nara Leão:
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Homenagem ao poeta:
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Mário Sérgio Cortella:
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Faz Escuro Mas Eu Canto
Thiago de Mello
Faz escuro, mas eu canto por que amanhã
vai chegar.
Vem ver comigo companheiro, vai ser lindo, a cor do
mundo mudar.
Vale a pena não dormir para esperar,
porque amanhã vai chegar.
Já é madrugada vem o sol quero alegria.
Que é para esquecer o que eu sofria.
Quem sofre fica acordado defendendo o
coração.
vem comigo multidão, trabalhar pela
alegria.
Que amanhã é outro dia, que amanhã é
outro dia.
Eu quero ir 🙂
Uma querida amiga, guerreira da periferia brasileira, morou por dois anos em Cuba e hoje mora na França. Ela trabalhou e morou na Colombia, nos Estados Unidos, na Alemanha, mas o Pais que ela não esquece, tem uma paixão visceral pelo povo, é Cuba… Toda vez que leio/ouço o lema vazio “vai pra Cuba”, me ocorre o quanto a lacuna da historia na escola e nos lares brasileiros é clamoroso.