Vermelho, verde-oliva ou a escuridão, por Sergio Saraiva

Falta pouco, agora, para ou Haddad ou Bolsonaro ou a ditadura.

Vermelho, verde-oliva ou a escuridão, por Sergio Saraiva

Não importa que pesquisa seja feita, Lula está liderando. E seria virtualmente eleito no primeiro turno se pudesse concorrer – a pesquisa Datafolha de 22 de agosto de 2018 aponta Lula com 45% dos votos válidos; quando descontados os votos brancos, nulos e não sabe. Com a margem de erro a seu favor pode chegar a 47% de intenção de votos válidos.

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Mas Lula está preso e, malgrado as determinações da ONU e as preces do Papa, é bem possível que assim permaneça até as eleições.

As atenções então se voltam naturalmente para Haddad – sucessor apontado pelo próprio Lula.

Aos pouco está se formando o consenso de que Haddad herdará os votos de Lula para chegar, pelo menos ao segundo turno. E os dados de duas pesquisas correlacionadas confirmam isso.

A primeira – a pesquisa XP-IPESPE de 17 de agosto de 2018 – aferiu diretamente o potencial eleitoral de Haddad quando o apresentou aos pesquisados como o “candidato de Lula”. As intenções de voto de Haddad assim somaram 15% – colocando-o no segundo turno contra Bolsonaro, que tem 21% de intenções de voto.

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Essa pesquisa mostra ainda uma consistente subida de Haddad, a partir da 4ª semana de julho de 2018.

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Temos agora, em 22 de agosto de 2018, a pesquisa Datafolha. Nela, Haddad, no cenário sem Lula, cai para a 5ª posição com “apenas” 4% de intenções de voto. E a Folha comemora:

“o nome ungido por Lula para substitui-lo em caso de inabilitação, o de seu candidato a vice, Fernando Haddad, não tem uma largada muito promissora na missão de herdar votos do mentor: tem apenas 4%, empatado com o senador Álvaro Dias (Podemos), no cenário sem o ex-presidente”.

Puro wishful thinking. Nessa pesquisa, faltou a Folha combinar com os “russos” que Haddad é o candidato de Lula.

Isso porque, quando a Folha avalia a capacidade de transferência de votos de Lula, 49% dos pesquisados respondem que votariam ou poderiam votar em um candidato apoiado por Lula. A Folha, em mais um delírio de wishful thinking, prefere dar destaque em sua chamada para os 48% que não votariam nesse candidato – optaram por olhar o meio-vazio do copo.

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Ora, quando, em um cálculo simplório, se aplica esse potencial de transferência (49%) ao índice de intenção de votos de Lula (39%), chega-se a um hipotético índice de 19% de intenções de voto para o “candidato de Lula” – Haddad ainda não apresentado à totalidade do eleitorado petista.

Assim, o Datafolha (19% para o “candidato de Lula”) acaba indiretamente concordando com a Pesquisa XP-IPESPE (15% para “Haddad – candidato de Lula”).

Mais uma vez, o segundo turno se desenha entre Bolsonaro e Haddad. Aparentemente, há pouca dúvida de que Lula transferirá votos a Haddad e de que o piso dessa transferência parece estar mesmo em torno dos 15% de intenção de votos.

Como os outros candidatos estão muito distantes disso – com 6 pontos percentuais abaixo, Alckmin com 9% é o terceiro na pesquisa XP- IPESPE e, com 11 pontos percentuais abaixo, Marina Silva com 8% é a terceira colocada na pesquisa Datafolha, no cenário com Lula – é difícil que o prognóstico Bolsonaro X Haddad mude. Até porque, a pesquisa XP-IPESPE mostra que apenas Haddad cresce, todos os outros candidatos, incluindo Bolsonaro e Alckmin, estão estacionados.

Resta agora apenas uma incógnita – o horário eleitoral no rádio e televisão – onde Alckmin é um latifundiário com 40% do tempo disponível.

O problema de Alckmin é que terá de vencer pelo menos um candidato de dois candidatos que não precisam do horário gratuito. PT e Bolsonaro têm militância e eleitorados consolidados.

Há, no entanto, ainda uma margem de 25% do eleitorado, no cenário sem Lula, que declara votar “nulo, branco ou não sabe”. Esse é o território de caça em disputa na campanha eleitoral. Na melhor das suas hipóteses, Alckmin teria de conquistar 1 em cada 4 desses eleitores – e Haddad nem um – para ir para o segundo turno contra Bolsonaro. Missão nada fácil.

Isso talvez explique o “nervosismo do mercado”. E talvez os nervos à flor da pele do TSE. No STF, já houve mesmo quem defendesse a jurisprudência do “cada macaco no seu galho”.

A questão que desponta, a partir de agora é: depois do investimento em um golpe que derrubou uma presidente eleita sem crime de responsabilidade e prendeu um ex-presidente sem provas e do custo de se indispor internacionalmente com setores influentes que defendem a volta da normalidade democrática no Brasil com a participação de Lula nas eleições, suportarão ver tudo se acabar em Bolsonaro e Haddad?

Em 15 dias, com o horário eleitoral começado, teremos a resposta.

 

PS: Oficina de Concertos Gerais e Poesia – mantendo a vela acesa que é para a bruxa não voltar.

Redação

4 Comentários

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  1. Lembrando um dado importante.

    Lembrando um dado importante.

    A pesquisa XP é por telefone e, como alerta o Cientista Político e especialista em eleições Carlos Alberto Almeida com livros publicados, um recentemente: o voto do brasileiro – pesquisas por telefone tiram 5% dos percentuais de votos em Lula, o que interfere nos números finais de Lula e/ou seu candidato: Haddad.

    Motivo: trata-se os 5% a menos da faixa econômica majoritariamente eleitora de Lula, a dos mais pobres, e dentro dela tem percentual de gente que não tem telefone. 

  2. favor corrigir

    Seu Saraiva,

    É melhor não entregar as posições sem lutar, por mais que se pense que elas estão perdidas. Quem tem o bônus de ter dado o golpe, que arque com o ônus pelo resto da história, até arder no fogo dos infernos!

    Então, aonde se lê: “se pudesse concorrer”,

    Escreva-se: se puder concorrer.

  3. Peguem a visão: Povo vê! : ALCKMIN = TEMER
    Essa percepção é instantânea, o PSDB se colocou do lado do governo TEMER de modo muito efetivo e evidente para todos. O povo sente na pele todo o retrocesso e identifica automaticamente quem o representa e quem representa o retrocessos promovidos pelo golpe! Cabe agora à senhora (in)justiça permitir que o povo escolha o melhor para o país!

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