Vida longa a Lula!, por Paulo Teixeira

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Vida longa a Lula!
 
por Paulo Teixeira
 
“Lula deve morrer”. A ordem foi expressa no título de um artigo publicado na revista IstoÉ no sábado, 11 de novembro.
 
Coincidência ou não, a ordem para matar o ex-presidente — o metalúrgico que construiu sua exitosa trajetória com base na defesa intransigente dos trabalhadores e entrou para a galeria dos maiores presidentes que o Brasil já teve — incendiou a internet no mesmo dia em que os direitos trabalhistas foram sepultados por meio da lei 13.567.
 
Assinado pelo escritor e publicitário Mario Vitor Rodrigues, o artigo da IstoÉ foi chamado de polêmico e sensacionalista.
 
Eu o considero criminoso. Incitar prática criminosa, categoria em que se enquadra o homicídio, é crime previsto no Artigo 286 do Código Penal.

 
Seu título cumpre com eficácia o duplo objetivo proposto pela revista e seu colunista: insufla o alcance da página ao “viralizar” nas redes e alimenta o ódio a Lula.
 
Nessa tarefa, soma-se à cobertura seletiva de outros veículos de comunicação e ao linchamento diário promovido por certos juízes e promotores.
 
Há algo de paranoico nesse ódio. Somente algum tipo de “lulafobia”, ou a admissão do linchamento como prática de oposição política, explica o comportamento adotado contra o ex-presidente.
 
Pedir a condução coercitiva de alguém que ainda não era réu e nunca havia se recusado a depor é um exemplo. Existem outros. Revirar sua casa e a dos filhos. Jogar bomba no portão do Instituto Lula. Operar vazamentos. Transformar investigação em espetáculo.
 
Pedir a morte do Lula não é coisa inédita nem recente. Já em 1980, quando o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC foi preso por fazer greve, houve quem torcesse para que a Veraneio que o conduzia sumisse a caminho do Deops.
 
Alguns se lamentaram pelo fato de a prisão não ter ocorrido nos “tempos áureos”, quando o Deops era chefiado por Sérgio Fleury, e a tortura, serventia da casa. Ao longo das décadas, o desejo de morte permaneceu latente, difuso. Um avião poderia cair, um palanque despencar…
 
Quando Lula diagnosticou um câncer, em 2011, o desejo voltou revigorado. Em janeiro, foi estendido à sua esposa, dona Marisa, durante o período que antecedeu sua morte, em 3 de fevereiro, vitimada por um AVC.
 
Ainda hoje, há no Facebook um grupo intitulado “Morte ao Lula 2”, com 16 mil membros e mais de 500 postagens mensais.
 
Erra quem subestima os efeitos do discurso de ódio. Não há espaço para metáfora quando o ódio é real. A incitação à violência é concreta. E funciona.
 
Funcionou em 1968, quando o ativista negro Martim Luther King foi morto por um segregacionista do Sul dos Estados Unidos. Funcionou em 1995, quando um extremista de direita matou o primeiro-ministro de Israel Yitzhak Rabin. Ambas as vítimas tinham recebido o Prêmio Nobel da Paz.
 
Queremos é vida longa a Lula, para continuar sua luta voltada à transformação do Brasil num país mais justo, solidário, democrático e soberano.
 
Paulo Teixeira é deputado federal (PT-SP), bacharel e mestre em Direito pela USP.​
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

6 Comentários

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  1. “Há algo de paranoico nesse

    “Há algo de paranoico nesse ódio”:

    O complexo de inferioridade da direita eh mundial.  Nao eh so no Brasil, antes fosse.

  2. vida…..

    Vi da longa ao Caudilhismo. Cachorro atrás do rabo. E dizem não entender o Brasil/2017?! É surreal !! Enquanto isto, o Mundo em eleições livres, soberanas, facultativas em votos de papel em urnas de papelão ou plástico reciclável. Custos irrisórios em parte que pertence à Política.Todo resto do Estado funciona com independência. Aqui a escravidão ditatorial imposta por outro Caudilho, apoiado por Esquerdopatas. A cumplicidade e o silêncio canalha já dura quase 80 anos. Urna eletrônica, voto obrigatório, biometria, custos a 550 milhões de reais por pleito, TRE’s, TSE’s e outros parasitas, levando 30 bilhões em país de miseráveis,…A perpetuação das Capitanias Hereditárias na Casa Grande. Milhares de novos moradores. Todos AntiCapitalistas. O Brasil é de muito fácil explicação. Cachorro atrás do rabo, voltou a 1964. A Verdade Vos Libertará.    

    1. Sem Sair do Lugar

      Cara, que “ao Centro da Terra”, que nada, é muito mais que tomar o “Trem da Morte” e chegar a Machu Pichu ou encarar os 9.200 km da Transiberiana, após Santiago de Compostela, ao som de ‘Lucy in the Sky with Diamonds’, sem crer ou saber da estória de Julian Lennon e Lucy O’Donnell.

      Vai Cara, passa logo o fornecedor.

  3. Mario Vitor Rodrigues quando

    Mario Vitor Rodrigues quando pede a morte de Lula – metaforicamente, diz ele – age como todas essas pessoas que não conseguem lidar com as frustrações. Ja que não pode eliminar Lula do cenario politico, então é preciso extermina-lo de alguma forma. Assim o problema que Lula acarreta ao Pais, ao seu ver, seria resolvido. Uma boa psicanalise talvez ajude a resolver o que os pais não fizeram ao impor limites e ensinar respeito aos outros e às diferenças.

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