Violência Normalizada: O cidadão refém de um negócio bilionário, por Mázio Ribeiro

Violência Normalizada: O cidadão refém de um negócio bilionário

por Mázio Ribeiro

Assaltos, estupros, homicídios, somente para citar algumas violências, que, de tão comumente praticadas contra o cidadão, tornam-se normais e passam a ser vistas como oportunidade de negócio.

O Estado brasileiro, mesmo sendo a terceira maior população carcerária da Terra, com mais de 726 mil presos (Infopen), perdendo apenas para os EUA e China, não consegue domar a violência. Ela se alastra por todos os rincões do país como um câncer incurável, com velocidade epidêmica.

Segundo dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, foram 557 mil registros de roubos e furtos, somente relativos a veículos, em 2016. Ou seja, um por minuto. Os estupros atingiram o patamar estimado de mais de 400 mil vítimas, 50% delas crianças menores de 13 anos, conforme o Atlas da Violência 2018. Já o desastroso número de 62 mil assassinatos cometidos naquele ano, torna o país 30 vezes mais violento do que a Europa e o 11º primeiro mais perigoso de se viver, num ranking de 132 (Social Progress Imperative). São mais de meio milhão de pessoas mortas violentamente em uma década.

Portanto, como se pode observar, o Brasil é um celeiro promissor para negócios que exploram a violência. E faz isso com cifras tão faraônicas quanto as apresentadas. De acordo com estudo feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), estima-se que o custo da violência para o país alcance 5,5% do PIB, ou seja, mais de 365 bilhões de reais por ano (101 bilhões em gastos públicos e 264 bilhões, privados). Em termos comparativos, a educação consome, atualmente, o equivalente a 6% do Produto Interno Bruto nacional.

Se um lado gasta, o outro, logicamente, lucra.  Assim, os negócios que são movimentados pela violência vão desde a contratação de serviços à venda de produtos e sistemas de monitoramento e segurança. Os clientes abrangem propriedades particulares, escolas, universidades, bancos, hotéis, shopping centers, presídios e tudo que possa ser alvo de agressão.

O Estado, ou pela mais completa incompetência, ou com o objetivo perverso de aquecer esse mercado, nessa relação espúria com o setor privado, segue tomado medidas como a aprovação do congelamento dos gastos públicos por 20 anos, inclusive com educação, e o aparente estímulo da mercantilização do sistema penitenciário. Assim, de um lado, cria-se o agente criminoso, com a ausência de políticas públicas educacionais, e do outro, oferece-se a “solução”: cadeia para todos. Um negócio perfeito para a lógica capitalista.

Enquanto isso, o cidadão, sequestrado, é compelido a recolher percentuais elevados de impostos, não recebe a contrapartida adequada na prestação de serviços, como a segurança pública, e não tem a assistência necessária quando, no dia a dia, é vítima desse negócio bilionário.

Redação

7 Comentários

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  1. Caos e oportunismo

    Dificilmente alguém trataria dessa questão de modo tão  objetivo e conciso como fez o articulista.

    Estabilidade não gera lucro.

    Criar o caos e oferecer-se como solução para organizá-lo : “action, reaction, action”, essa é a nova mina.

    O Brasil é um país rico sob todos os aspectos, pois que tanto sua natureza exuberante quanto a qualidade de seu povo:

    elite perversa e povo desinformado com caráter  duvidoso em alguns aspectos, o faz preferencial à exploração.

    Matamos mais do que se estivéssemos em guerra – isso porque as armas nos são proibidas , a nós cidadãos.

    Sofremos mais violência do estado do que um país invadido ou em guerra, e não só por omissão e poderes corruptos mas, e principalmente pelo planejamento deliberado de controle através dessas práticas como forma de governo.

    Deixa-se o estado num “deus dará” para que ele reorganize-se ao modo de “quem pode mais chora menos”, enquanto quem nos vendeu enche os bolsos e vai morar no exterior, administrando seus lucros de fora.

    Dos negócios alavancados pela violência só faltou citar o lucro dos bancos com seguros de toda sorte e o da indústria da medicina e farmacêutica.

    Para o povo resta a semi-escravidão de quem arranjar trabalho e a escravidão total de quem cair no sistema carcerário.

    Para quem não se encaixar nesse sistema, restará a sarjeta.

     

  2. O autor fala em 400 mil

    O autor fala em 400 mil estupros  mas parece ficar indignado mesmo é quando diz ” DESASTROSO numero 62 mil assassinatos”. Isso é nojento.

  3. eu diria violência por omissão normalizada…

    de quantas o Estado já escapou da obrigação de indenizar pelo MPF e o STF entenderem que a omissão, mesmo quando reclamada em rede nacional e ano após ano, não gera responsabilidade?

    Um negócio bilionário também para o próprio Estado, porque esse entendimento é tâo absurdo, algo assim como se o cidadão tivesse a obrigação de saber com antecedência o dia, o local e a hora certa da ocorrência de qualquer desgraça e, pasmem, ter alertado a polícia

    E assim vamos caminhando para o inferno, com o Estado punindo todos selvagemente e, como não poderia deixar de ser, sem recuperar ninguém

  4. Faltou um negócio milionário na lista.

    Faltou acrescentar a indústria funerária com covas, caixões, ornamentação de velório e encomenda de alma. Não vamos listar o comércio de órgãos pois, oficialmente, não existe. Esse tipo de comércio se encaixa no ditado popular sobre as bruxas: “eu não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem.

  5. Sem, falar que somos Palco da
    Sem, falar que somos Palco da maior feira de segurança privada do mundo. Aqui o mercado é extremamente aquecido nesse seguimento. . . A pergunta é,se um servidor público é impedido de exercer atividade empresária por quê, em regra, as grandes empresas deste seguimento pertencema a membros do alto escalão das forças policiais? ? ? Sendo envolvente esse jogo promiscuissor de fazer dualidade de segurança público-privada, o corpo de praça também evolui no mercado promissor com sua ínfima rede de milícia. Com meia polícia, só poderemos ter meia segurança pública.

  6. BANDIDOLATRIA ESQUERDOPATA

    40 anos de Redemocracia. 25 apenas por Governos auto-proclamados Progressistas. 15 anos apenas nas politicas de governo socialista. A idade média dentro do Sistema Carcerário é de menos de 25 anos. Pessoas que só conheceram esta linha partidária, ideológica e governamental. Enquanto isto as Escolas continuam sucateadas. Os Profissionais da área são desprezados, mesmo pertencendo à maior classe trabalhista e sindicalizada nacional. Uma das maiores do Hemisfério Sul. Resultado deste Sindicalismo de Esquerda mancomunado com Ditadura Fascista de Quartéis Militares, comprada com Contribuições Ditatorias Obrigatórias. Produziu a Indústria da Pobreza acrescida da Indústria do Analfabetismo. E ainda querem continuar com tamanha aberração?!! Caudilhismo, Ditadura, Fascismo, Censura, Voto Obrigatório, Golpismo, explicam o Brasil destes 88 anos.   

  7. O artigo é tendencioso e

    O artigo é tendencioso e desprovido de fundamento, ao sugerir que interessa ao Estado incentivar a violência, com objetivo de ganhos econômicos. Quanto a congelamento de gastos, é questão de limites orçamentários, que existem em qualquer país responsável.

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