Para que não se esqueça, para que não se repita… Carlos Schirmer

30 de março é dia do nascimento de um personagem secular, Carlos Schirmer, em 1896... Ele foi morto pela ditadura ainda no ano de 1964, tendo sido alcançado na pacata cidade de Divinópolis/MG.

por Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos

No dia de hoje…

30 de março é dia do nascimento de um personagem secular, Carlos Schirmer, em 1896… Ele foi morto pela ditadura ainda no ano de 1964, tendo sido alcançado na pacata cidade de Divinópolis/MG.

Em 30 de março de 1896, nascia em Além Paraíba (MG) Carlos Schirmer. Seu pai, engenheiro de origem austríaca, veio ao Brasil a convite de Dom Pedro II, para trabalhar na obra de uma estrada de ferro em Baturité, no estado cearense; uma das primeiras ferrovias do país.

Carlos viveu parte de sua vida no interior de São Paulo, onde a família possuía uma propriedade cafeicultora, porém em decorrência do fim do ciclo do café, mudaram-se para o Rio de Janeiro em busca de novas de oportunidades. Na capital carioca, ingressou no ramo da eletricidade, aperfeiçoando-se em montar usinas hidrelétricas e ainda passou a atuar no Partido Comunista desde os primeiros anos de existência do grupo. Casou-se duas vezes, tendo dois filhos, sendo o mais velho chamado Luiz Carlos, em homenagem à principal liderança do PCB; e a mais nova, Silvia Schirmer, nascida do segundo casamento.

Pouco tempo após o golpe que instaurou a ditadura militar no Brasil, Schirmer foi vítima da violência do Estado. Na manhã do dia 1º de maio de 1964, Carlos foi surpreendido em sua casa, na cidade de Divinópolis, por agentes a mando do coronel Melquíades Horto; que tinham a intenção de conduzi-lo à delegacia. Ao contrapor-se à ordem de prisão, teve sua casa invadida novamente, e dessa vez os oficiais possuíam a determinação de levá-lo à força. Carlos, após todo o tumulto que se desencadeou, ainda conseguiu se esconder, mas foi capturado. Ferido, foi levado brutalmente para o hospital, onde passaria por uma cirurgia. Mas, em decorrência do tratamento omisso recebido, não resistiu; e faleceu em consequência de uma asfixia, ocasionada por um tiro de arma de fogo, disparado por agentes do Estado brasileiro. A versão falsa divulgada à época relatava que Carlos teria se suicidado.

O relator que se concentrou no caso, em conjunto com a CEMDP, após requerer e analisar a perícia, concluiu que Carlos teria vindo a óbito por falta de assistência; ou por omissão proposital de prestação de socorro.

A história de Carlos Schirmer expõe que a repressão da ditadura derramou sangue desde os primeiros momentos de sua existência, nas capitais ou no interior, mas tudo mantido sob severo sigilo. E assim se manteve, por décadas, violando direitos e deixando uma chaga na história nacional. Por isso, neste 31 de março, será realizada no Ibirapuera, em São Paulo, a I Caminhada do Silêncio pelas vítimas de violência do Estado. Concentração na Praça da Paz (Portão 7), às 16:00 horas.

“Para que não se esqueça, para que não se repita”.

Fontes: Relatório Final da CNV e DMV/CEMDP.
Colaboração de Enize Lopes, Paula Franco e Caio Cateb.

Redação

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