A conivência do Psol com os Black Blocs, por Antonio Lassance

Sugerido por CELSO ORRICO

Do site Carta Maior

A conivência do Psol com os Black Blocs

11/02/2014 – Copyleft

Antonio Lassance

Ao contrário do que pretendia, não é o Psol que parece estar influenciando os Black Blocs. São os Black Blocs que estão dando a linha do Psol.

O Psol cometeu o grave erro de se associar aos Black Blocs. Das duas, uma: ou o partido assume o equívoco publicamente, revê sua aliança explícita com os mascarados e se afasta desse grupo de uma vez por todas, ou ele que se prepare para ser duramente rejeitado na política pelos setores democráticos.

Se o Psol tem uma convicção a defender, que o faça. O que se viu desde a morte do cinegrafista Santiago Andrade é um partido que finge que não tem responsabilidade sobre o ocorrido e, tal qual um Black Bloc, mascara suas posições na hora de enfrentar a sociedade.

Após as manifestações de junho de 2013, quando foi expulso dos protestos como tantos outros partidos, o Psol estreitou sua relação com os Black Blocs. Mas continua posando de bom moço na hora de dar entrevistas.

Membros de sua Executiva defendem as táticas de violência de rua dos Black Blocs, enquanto seus deputados citam candidamente a não-violência de Gandhi e lamentam a morte do cinegrafista.

Ao contrário do que pretendia, não é o Psol que parece estar influenciando os Black Blocs. São os Black Blocs que estão dando a linha do Psol.

Pouco importa se o sujeito que disparou o rojão que vitimou Santiago Andrade é ou não do gabinete de Marcelo Freixo (Psol-RJ), se é ou não filiado ao Psol, se votou ou não no Psol, se receberá ou não assistência jurídica de algum parlamentar do Psol.

O que importa é a posição política, oficial ou oficiosa, que o Psol tem empunhado nas ruas, não apenas ao lado, mas de mãos dadas com os mascarados.

Por mais que tente tapar o sol com a peneira, está evidente que o Partido flertou com os Black Blocs. Brincou com fogo e se queimou, mas ainda não se arrependeu.

O cinegrafista da Band era, antes de tudo, uma pessoa comum, um cidadão brasileiro, um trabalhador.

O criminoso que tirou a vida dessa pessoa e que irá provavelmente reclamar da criminalização dos protestos não atacou ícone algum da imprensa burguesa.

Não fez sequer cócegas em qualquer corporação midiática.

Não chegou nem perto de atacar qualquer rede de comunicação.

Ele simplesmente atacou e destruiu um trabalhador. Alguém que era feito da mesma substância que as crianças, jovens, idosos, trabalhadores e estudantes da estação de trem onde também foi explodido um rojão desse mesmo tipo, horas antes.

As pessoas da estação tiveram a sorte que faltou ao cinegrafista.

Na página do Psol, até romper o dia da morte de Santiago Andrade, não havia sequer uma única nota do Partido sobre o episódio.

Até mesmo os Black Blocs do Rio de Janeiro divulgaram um comunicado lamentado a “infelicidade” pela morte do cinegrafista. O Psol não chegou a tanto.

Seus parlamentares juram que são adeptos da não violência, mas esperaram o cinegrafista estar em coma para dar as primeiras declarações.

Marcelo Freixo demorou ainda mais. Só abriu o bico para esboçar alguma explicação quando alguém lançou contra ele a acusação de ter relações diretas com o agressor.

Ou seja, resolveu romper o silêncio com  intuito de defender a si próprio. Já não se fazem mais revolucionários como antigamente.

Enquanto aguardamos a nota oficial do Partido sobre o incidente, é possível entender qual é a do Psol com os Black Blocs com a leitura do esclarecedor texto “Tática Black Bloc: condenar, conviver ou se aliar?”. (P.S. No decorrer do dia de ontem (11), o texto desapareceu da página do Psol, mas ainda aparece linkado na página do partido no Facebook)

O texto é assinado por ninguém menos que o Secretário de Organização da Executiva Nacional do PSOL, Edilson Silva.

A resposta do membro da Executiva é a de que o Psol deve conviver e aliar-se para tentar ganhar adeptos entre os Black Blocs.

O Secretário Nacional do Psol é um verdadeiro apaixonado pelos mascarados. Certamente contagiou muitos outros de sua organização.

Diz que os Black Blocs têm como “diferencial mais saliente, e porque não dizer sedutor” “a coragem e o desprendimento com que se lançam diante da repressão estatal.”

Acrescenta: “não nos parece que o conceito da tática Black Bloc seja algo retrógrado ou mesmo indesejável em essência e propósitos originais. É algo progressivo, politicamente moderno, trazido pelas mãos da dialética na história”.

Vale grifar o “progressivo” e o “moderno”.  O “trazido pelas mãos da dialética na história” bem poderia ter sido abreviado com um “inexorável”.

“A tática existe e veio pra ficar, gostem ou não a direita, a esquerda e quem mais quiser dar palpites”, diz Edilson Silva.

Tendo citado a direita, a esquerda e os palpiteiros, ao Psol só sobrou mesmo o centro. Ou seja, sobrou espaço suficiente para tocar fogo em rojões, mirando a cabeça das pessoas, e lançar coquetéis molotovs sobre policiais, durante a noite; e de dia fazer acordos com o PSDB, o PPS e o DEM nas votações do Congresso, como tem sido a praxe do partido.

O Secretário do Psol enaltece os Black Blocs e denuncia “as escaramuças de falsos representantes em uma esfarelada democracia de faz de conta”.

Acho que Randolfe Rodrigues, Chico Alencar, Marcelo Freixo e tantos representantes esfarelados do Psol precisam dizer alguma coisa para se defender. De preferência, algo que não seja faz de conta, como quer o entusiasta dos fogos de artifício.

A recomendação expressa, até que apareça alguém que diga algo em contrário, é a de colocar “os movimentos e partidos da esquerda coerentes, como o PSOL, dialogando com a tática Black Bloc, respeitando todas as táticas e o máximo possível as sensibilidades mais positivas da opinião pública e da consciência das massas”, “disputando a hegemonia”.

Interessante o texto falar em coerência, sensibilidade e consciência, três coisas que andam em falta no Psol.

“Talvez esteja aí o nosso desafio nesta questão da tática Black Bloc”, conclui a bula psólica.

“Quem mais deve estar preocupado com isto são os governos que já estavam acostumados com conflitos de resultados previsíveis”.

Engraçado; por um momento, imaginamos que quem deveria estar preocupado com esses resultados previsíveis deveria ser o Psol.

Nada disso. Os estandartes do Psol estão muito à vontade servindo de pano de fundo da ação direta dos cavaleiros das trevas, dos justiceiros das ruas que agem contra tudo e contra todos: contra o capital e contra os trabalhadores – trabalhadores como Santiago Andrade e como o Seu Itamar Santos, aquele que teve o fusquinha queimado com a família dentro, escapando por pouco de uma tragédia.

Eis a turma que o Psol acha progressista, moderna e que veio pra ficar.

Aí está o que o Partido Socialismo e Liberdade hoje defende, seja quando fala, seja  quando cala.

Está na hora de uma mobilização suprapartidária que condene a violência como tática de luta política. Quem sabe o Psol adira e isso sirva para passar um recado efetivo, à sua militância, de abandono da aliança com os mascarados.

Mas se, ao contrário, o Psol está cansado de ser um partido que duela com as armas da democracia e preferiu virar um grupelho que ataca o primeiro que aparece pela frente, que fique com seus Black Blocs e faça bom proveito.

 (*) Antonio Lassance é cientista político.

Luis Nassif

15 Comentários

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  1. Black blocs são apenas nuvens

    Como faz para se associar aos black blocs? Eles tem endereço, razão social e CNPJ?

    Ou são como nuvens que se juntam e dispersam sem saber de onde vem nem pra onde vão?

    Os black blocs do Rio são os mesmos de SP? E os de SP são sempre os mesmos ou mudam a cada manifestação ou mesmo durante elas?

    Apoiar ou combater os black blocs é o mesmo que mexer com as nuvens.

    Pode até chover, mas não dá nem pra saber se foram eles que fizeram.

    1. Nada a ver, tem como se associar sim

      Os BB tem uma coordenção e agem coordenadamente isso é fato. E a coordenação tem sido feita, dentre outras forças ocultas, pelo psol

    2. Interessante

      Nunca vi uma nuvem soltar rojões, queimar colchões, pneus, bancos, combinar “ataques” pelo facebook.

       

      Tenho que estudar mais sobre as nuvens.

  2. PSOL reconhece erro em não condenar extremistas
    A título de acrescentar, vou repetir aqui este artigo do Estadão: O PSOL saiu ontem em defesa do deputado estadual Marcelo Freixo, que emprega em seu gabinete um assessor que também…

    O PSOL saiu ontem em defesa do deputado estadual Marcelo Freixo, que emprega em seu gabinete um assessor que também atua na defesa de presos em protestos, mas reconheceu o erro do partido ao não condenar com veemência os grupos radicais responsáveis por depredações e uso de explosivos, como o rojão que matou o cinegrafista Santiago Andrade.

    Na autocrítica, líderes do PSOL do Rio disseram que o partido devia ter ido além do repúdio genérico à violência. “Nunca dialogamos ou fizemos acordo com grupo minoritário e de orientação anarquista como os black blocs. Discordamos da tática e desconhecemos a estratégia. Temos de demarcar com mais nitidez essas posições”, disse o deputado federal Chico Alencar. Para o parlamentar, um possível efeito eleitoral negativo “é o que menos importa nesse momento”, mas a morte do cinegrafista “deve levar a uma reflexão geral”.

    Freixo também diz que a crítica deve ser veemente. “Houve uma escalada da violência de todos os lados, do Estado e de parte dos manifestantes. Isso trouxe enorme prejuízo para a democracia, afastou as massas e o debate ficou secundário.”

    A revelação de que um assessor de Freixo, Thiago de Souza Melo, diretor executivo do Instituto de Defensores dos Direitos Humanos, atua na defesa de presos nos protestos, foi mais um fator de desgaste do PSOL. O deputado reagiu e negou que seu gabinete ofereça ajuda jurídica a manifestantes. “Thiago me atende no plenário, é um advogado muito competente. Fora do mandato, ele atua onde quiser”, afirmou Freixo.

    No fim de semana, o deputado já tinha sido vinculado ao caso do cinegrafista pelo advogado Jonas Tadeu Nunes, defensor do tatuador Fábio Raposo, que confessou ter entregue a outro manifestante o rojão que atingiu Andrade. Nunes disse ter ouvido da manifestantes que os responsáveis pelo ataque ao cinegrafista eram ligados a Freixo. O deputado negou vínculo com os acusados.

    Ontem, a ativista Elisa Quadros, conhecida como Sininho, prestou depoimento à polícia no procedimento criado para investigar a suposta oferta que teria feito em nome de Freixo a Nunes para auxiliá-lo na defesa do tatuador. Após deixar a delegacia, quando lhe foi perguntado sobre o envolvimento de Freixo na suposta oferta de ajuda, Sininho disse apenas que “está tudo esclarecido”.

    CPI. O PSOL tem sido presença frequente nas manifestações, o que é estimulado pelos líderes como o ex-deputado Milton Temer, desde que sem envolvimento em atos violentos.

    Na Assembleia, o deputado Bernardo Rossi (PMDB) conseguiu ontem as 24 assinaturas necessárias para criação da CPI do Vandalismo. Rossi disse que o foco será a atuação dos grupos violentos, mas disse que o trabalho do assessor parlamentar de Freixo também será apurado.

    (Estadão)

  3. @ricardorla: O badalo de Sininho não para de toar besteiras…
     

    Jose de Abreu (zehdeabreu) on Twitter

    https://twitter.com/zehdeabreu‎    Black Blocs corrompidos querem acabar com a corrupção e mudar o país! … RT @luisnassif: Milton Temer denuncia manobra de advogado dos acusados pela morte …RT @ricardorla: O badalo de Sininho não para de toar besteiras… http://brasil247.com/+1w2so via @brasil247 …. Are you sure you want to block this user?  

  4. Libertade

     

    Uma sociedade não é livre se tiver que conviver com o medo.

     

    Quer perder a razão, não ser levado a sério, basta agir com a violência. A violência é o recurso de quem quer impor sua vontade mas não é capaz de usar de argumentos, de quem perdeu o debate.

     

    O Psol e se for o caso também o PSTU se tornaram nazistas. Não, não é exagero. Os Nazis na Alemanha da década de 30 ganharam relevancia nas ruas, conquistaram a atenção se metendo em conflitos armandos descendo o porrete em comunistas, socialistas, sindicalistas etc.. Eram os SA o braço armado do partido comandados por Ernst Rohm, essa tropa era integrada na maioria por jovens (belos rapazes ao gosto de Rohm), quando o Partido Nazista ganhou as eleições Hitler mandou os SS liquidarem os SA na chamada Noite das Facas Curtas, pois Rohm incomodava a elite militar,  este foi preso e se suicidou ou foi morto na numa cela.

     

    A verdade é que se ficar comprovado o envolvimento do comando dos partidos com os Black Bloc essas legendas terão seus registros cassados, serão extintos e seus membros processados.

     

    Qual seria a evolução desce tipo de manisfestação, com vandalismo,  depredação de patrimônio público e particular com mortes incidentais de cidadãos comuns? A resposta é terrorismo como se vê no Oriente Médio e outro lugares com carros bombas, bombas em estações de trem, assassinatos de políticos etc,  com muitas e muitas mortes de gente inocente.

     

     

  5. Na ânsia de tornar-se popular associam-se a grupos extremistas
    Parte da Grande Mídia, alguns redatores, Âncoras e comentaristas políticos,certos Políticos da oposição e agremiações políticas em busca de popularidade gratuitade apoiam velada ou diretamente os grupos violentos só pra ver os Governos oponentes (Estaduais e Federal) em maus lençõis.
    Está estabelecida uma coninvência e/ou conveniência entre eles e os grupos extremistas (os extremos se atraíram como na Física).
    Há pouco trigo no meio desse joio, aliás os trigos já foram (re)colhidos nas manifestações de junho quando pessoas do bem e de boa fé participaram ativamente das legítimas manifestações.
    Hoje o que há é algumas incautas plantinhas de trigo no meio desse JOIAL.
    Desconfiem de “Manifestantes” que aceitam realizar
    passeatas “protejidos” por colunas de mascarados fingindo protejê-los da ação policial.
    Está nítido um acordo que realizado um evento entra o segundo ato que é liberar a segunda tropa dos mascarados “de corpo” agirem com depredações ataques com coqueteis molotov, morteiros , sinalizadores tendo como alvo os bens públicos, privados e Policiais.
    Os Mascarados “de alma” fingem não ter nada a ver com isso.
    Um Cidadão do Bem aceitaria participar de uma manifestação no dia da morte do cinegrafista?
    Lançaram um desafio e cabe a sociedade civil dar uma resposta.

  6. Comentário.

    Mais uma vez, vou discordar, nem que seja parcialmente.

    Desculpem, mas eu acho que chegamos em um ponto de ruptura em questões políticas e ainda não percebemos. Minha cabeça está meio bagunçada com essa coisa toda, mas vamos lá.

    A primeira é que o texto fala das “armas da democracia”. Mas a gente sabe quais são: manifestações pacíficas, abaixo-assinados, votar nos melhores candidatos e comprometidos com a causa democrática, reivindicar leis mais justas.

    Mas está se dizendo de um lado. Pena que a realidade é tocar no óbvio, mas tudo bem. Mesmo revistas mais progressistas dizem que temos instituições e, portanto, temos uma democracia. Como alguém pode se agarrar em tamanho formalismo apenas para defender as próprias ideias? Sinceramente, se o Dirceu é inocente  ou se deveria, mesmo que culpado, estar em regime semiaberto, por exemplo, todos nós estamos correndo o risco institucional! Todos nós! Não é domínio de fato, mas aquilo que o Carl Schmitt dizia, “o soberano decide sob o estado de exceção”. Estamos nele, no estado de exceção. Dá para ter fé no exercício da lei se os executores dela tomam para si? Esse é só um exemplo…

    Eu fico com a impressão de que é necessária uma comoção para que os executores que descrevi a título de exemplo se tornem bons! É o máximo do cinismo, já que não se trata de um comprometimento, mas a observação de um momento oportuno para parecer bom.

    Querem pegar o caso – houve dolo ou culpa? – para, daí, falar das ações violentas, todas! Espera lá, posso até não considerar válida a ação violenta, mas pegar uma ação isolada para culpar todos…

    Além disso, e preciso deixar muito claro, que posições revolucionárias, quem se diz revolucionário, pensa e repensa a questão do uso da força. Ou deveria. A Bastilha não foi tomada pulando uma catraca ou pagando ingresso. E a Revolução Russa? Muitos dirão, sem dúvida, “não estamos em situação revolucionária”, e concordo; acho que a tática é causar provocações para que haja uma reação das forças do Estado e, daí,  movimentação de massa para defender os manifestantes. Só que isso não acontece em todos os casos; a morte do cinegrafista mostra um revés da tática.

    Só que existe mais um problema. São anos e anos de abusos por parte das instituições, de pessoas, de grupos econômicos. Mesmo que não se deseje, algumas pessoas vão considerar essas instituições, grupos e pessoas como seus inimigos e vão revidar. Não se trata de violência, então. Infelizmente, essa parte é a mais difícil de engolir, mas é o que me parece: revide.

    Não é José, João ou Maria, é o parlamentar, policial, o juiz, seja qual for a autoridade.

    Se não me sinto pertencente das coisas que estão à minha volta, além de alienado, haveria de me sentir muito revoltado. Mas sentir essa alienação e essa revolta é o fermento daquilo que constitui a consciência de classe.

    Se aquele rapaz que é supostamente o autor do crime é pobre, muito pobre, não seria ele, então, vítima do mesmo “sistema” que o leva a ser acusado de um crime? Maravilha! É um vale-tudo para salvar o “sistema”!

    Ele é uma boa pessoa, calma, mas que, sob o efeito da multidão, torna-se violento! Esse argumento que ouvi e vi da Polícia Civil do RJ é a tentativa de criminalizar a multidão.

    Adianta falar que “o povo não tem armas, vocês tem armas e acabam conosco, viva a nossa moral”? Não resolve o problema, é vitória moral sem prêmio algum.

    O que era uma ação “apartidária” – que não tinha partido mas toma partido – tomou outros rumos. E por quais motivos? Pois as pessoas criam estratégias, formam grupos por ideias comuns e divergências entre si. Dizer que “tal e tal grupo é violento” pode ser minoritário, mas é a sua tática.

    Bom, é somente pra “bater no PSTU”? Sinceramente, não concordo com os BB nem com o PSTU, mas eles entendem isso no interior do uso da violência contra instituições e para criar uma situação de revolta popular. Os equívocos fazem parte e corre-se o risco.

    Ridículo ainda mais é falar a respeito de uma lei antiterrorismo. A rádio Estadão discutiu esse tema recentemente. Cá entre nós, já que não temos uma Facção do Exército Vermelho, ela servirá em substituição da acusação de “formação de quadrilha”, que grupos como o MST possuiu membros enquadrados…

    No meio dessa confusão, o que quero dizer é: ao se criticar tal ou qual ação, também dizemos qual é a ação “certa”, ou “moralmente correta” (logo, criticar um BB por fazer quebra-quebra pode significar que é melhor que manifestações sejam pacíficas); que agressões em manifestações pacíficas são aberrantes (valorização da ação pacífica, novamente). Estamos dizendo, sem perceber, qual o tipo de ação política a ser utilizada.

    Ora, então, qual o sentido de falar que é, inclusive, apartidário?

    Como eu disse, as manifestações (perceba que se trata de movimento, e não estrutura, um outro sentido para o apartidarismo) não são pautadas por um partido específico; porém, cada grupo no interior do coletivo não se pauta exclusivamente pelo movimento. Que a tática seja equivocada do ponto de vista dos objetivos parece-me válido; porém, isso é pautar a identidade de grupos; então, que alguém diga qual é a ação “correta”, um tabu que ninguém vai quebrar, ao mesmo tempo que a subentende sem perceber.

  7. Ótimo artigo. Tocou no nervo.

    Ótimo artigo. Tocou no nervo. O próprio PSTU, héim, se manifestou na primeira hora contra a tal “tática” Black Block. Só faltou dizer que era a “esquerda” que a direita gosta; puro “gol contra”, “tiro no pé”.

    Eu, pessoalmente, nunca levei muito a sério os anarquistas, embora Proudhon escrevesse muito bem (e não acredito que esses inconsequentes que estão por aí tenham lido). Punks, sempre achei-os uns alienados.

  8. Não sei sobre o PSOL (nunca

    Não sei sobre o PSOL (nunca me filiei a partido algum e há muito tempo não voto em partidos), mas a meu ver, Marcelo Freixo é o político mais ponderado, atuante e corajoso desse nosso Brasil. Enfrentar a milícia do Rio e defender a bandeira dos Direitos Humanos é tarefa para poucos, muito poucos mesmo. Tem que ter disposição! E acho também que aproveitar o momento para fazer ‘política’ não é uma atitude e inteligente. Lembrou-me os ataques desferidos pela grande mídia contra o sociólogo Herbert de Souza – o Betinho – quando este aceitou dinheiro de bicheiro para a Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids, e as próprias acusações de Collor a Lula, utilizando detalhes de sua vida particular para ganhar as eleições. Nesses dois episódios, o que chamou atenção não foram as denúncias – até porque errar é, sobretudo, humano – mas o oportunismo e as tentativas de desqualificar completamente a vida desses ilustres brasileiros.  Por isso, creio eu, por toda a biografia já construída, que Marcelo Freixo merece maior cuidado de apreciação.

  9. Sobre cuidados que temos que ter

    Não sei sobre o PSOL (não sou filiado e nem voto em partidos), mas a meu ver, Marcelo Freixo é o político mais ponderado, atuante e corajoso desse nosso Brasil. Enfrentar a milícia do Rio e defender a bandeira dos Direitos Humanos é tarefa para poucos, muito poucos mesmo. Tem que ter disposição! E acho também que aproveitar o momento para fazer ‘política’ não é uma atitude correta e inteligente. Lembrou-me os ataques desferidos pela grande mídia contra o sociólogo Herbert de Souza – o Betinho – quando este aceitou dinheiro de bicheiro para a Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids, e as próprias acusações de Collor a Lula, utilizando detalhes de sua vida particular para ganhar as eleições. Nesses dois episódios, o que chamou atenção não foram as denúncias – até porque errar é, sobretudo, humano – mas o oportunismo e as tentativas de desqualificar completamente a vida desses brasileiros.  Por isso, creio eu, por toda a biografia já construída, que Marcelo Freixo merece maior cuidado de apreciação.

  10. Blacks block

    Todos a criminalizar partidos de esquerda , os Blacks  ,sem se darem conta que pode haver algo por trás bem maior e que não cabe no noticiario ,que foi feito justamente para que a culpa recaissem sobre eles. Não esqueçam do Rio Centro , era para criminalizar tambem a esquerda….

     

  11. PSOL e Black Blocs resolveram discutir a relação

    A DR entre PSOL e Black Blocs

     Por  | Jornalismo Wando – 13 horas atrásO quadro estava pintado desde junho. Com as manifestações cada vez mais violentas, a coisa não ia acabar bem. Agora tá lá um corpo estendido no chão. Foi preciso filmar um assassinato para comover aqueles que foram coniventes durante longos meses com a violência dos protestos. Parece até mentira, mas só agora os principais articuladores das manifestações perceberam que a coisa caminha pra um cenário ruim para todos.

    Como já contamos em outras oportunidades, o PSOL, de fato, não possui relação direta com os black blocs e suas práticas violentas, mas também nunca fez questão de confrontá-los. Pelo contrário,muitos dos seus dirigentes enxergavam certo glamour revolucionário na revolta dos jovens mascarados. É aquela coisa de mãe de criança mimada: “não concordo com essa birra, mas sabe que até acho bonitinho? Não vou ficar repreendendo!”

    Agora a coisa descambou de vez e o mundo assistiu um cinegrafista ser violentamente assassinado em praça pública. O PSOL, assustado com a repercussão, refletiu sobre a proximidade com o grupo ereviu sua posição. Grandes nomes do partido ensaiaram um mea culpa :

    “Houve uma escalada da violência de todos os lados, do Estado e de parte dos manifestantes. Uma coisa é explosão de revolta e indignação. Outra coisa é quando a violência vira método. Isso trouxe enorme prejuízo para a democracia, afastou as massas e o debate ficou secundário. O PSOL e a esquerda em geral reagiram, no mínimo, de forma tímida” – Marcelo Freixo

    “Existe uma garotada que era apartidária, depois entrou no PSOL, mas acha que a história das manifestações começou em junho passado. Houve certa leniência na aceitação da anarco-fragmentação como se fosse natural, e não é” – Milton Temer

    Milton e Marcelo, vamos conversar?

    Meus queridos, não estava evidente desde junho que a violência era justamente o único método dos black blocs? Não estava claro pra vocês que a militância do partido se aliou ao grupo nas ruas pra lutar contra o inimigo comum: o famoso tudo-o-que-está-aí? Só agora se deram conta de que o partido foi conivente com os atentados que se tem praticado contra a democracia? Bom, antes tarde do que nunca. Mas dizer agora que “o PSOL e a esquerda em geral reagiram de forma tímida” não é bem uma verdade. O esquerdista-ostentação e doutorando em Direitos Humanos, Raphael Tsavkko, um conhecido militante do PSOL (ele jura que não é, mas participa ativamente dos congressos do partido e o defende com veemência), não chegou a reagir de forma tímida, pelo contrário, incentivou o uso da violência. Em outubro, ele escreveu nervosamente em seu blog:

    Ao invés de quebrar lixeira, tem que quebrar carro da PM, aliás, quebrar os PMs.

    PM jogou bomba? Molotov pra cima dos bandidos. Tem que ter reação violenta na mesma medida.

    Político bandido do PTMDB saiu pra defender brutalidade da PM? Cerca o cara e faz ele sentir na pele o que a PM faz com o povo. Vê se ele aprende.

    PM sorrindo ao espancar o povo? Que no dia seguinte ele seja alvo de uma emboscada. O poder tem que ter MEDO do povo. Pois, no fim, o poder pertence (tem que pertencer) ao povo.

    Estou incitando a violência? Sim. Estou. Violência política contra quem usa do Estado para nos violentar. Notem, violência enquanto autodefesa e resposta à brutalidade previamente recebida, historicamente recebida.

    Essas ações justiceiras me parecem uma espécie de versão esquerdista dos Justiceiros do Flamengo, o grupinho de jovens terroristas (já confiraram o currículo dos moiçolos?) aclamado por Rachel Sheherazade. A ação direta foi completamente banalizada e parece ter virado coqueluche entre os brasileiros. Não está satisfeito com a omissão do Estado? Então bora sair do Face e distribuir porrada, bombas e rojões para todos os lados! Não quer testes científicos em beagles? Vamos invadir e destruir o laboratório de pesquisa! Não quer ver a Copa no Brasil? Bora incendiar a cidade e destruir o patrimônio público! E assim vai a marcha da insensatez.

    Meses após incitar a violência, o incrível Raphinha Tsaskkos continuou disparando violentos tweets na cara da sociedade:

    Além de demonstrar uma garra impressionante em seus tweets, o psolista não deixa pedra sobre pedra e decreta: a PM tentou assassinar o cinegrafista. Três dias depois, com a confirmação de que o rojão partiu dos manifestantes, nosso amigo mudou o tom e transformou a revolta em um comovente lamento contra a violência generalizada nas manifestações. O Torquemada virou Gandhi:

    Ou seja, depois de incitar a violência, esse valoroso jovem, ao se ver pressionado pelos fatos, mudou o disco como se nada tivesse acontecido. Incrível como a paz subitamente invadiu o coração desse doutorando em Direitos Humanos.

    Sabem aquela velha história do “não tenho preconceito contra negros, até tenho amigos que são”? Então, é verdade que os militantes psolistas não praticam violência nos protestos. Mas até têm amigos que praticam.

    PS: Raphael Tsavkko atualmente reside na Europa, local de onde confortavelmente prega a violência nas manifestações brasileiras.

    http://br.noticias.yahoo.com/blogs/jornalismo-wando/dr-entre-psol-e-black-blocs-011122828.html

     

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