Com apoio de petistas, Kassab tenta manobra arriscada contra PMDB

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Atualizada às 15h

Presidente do PSD acredita que o TSE vai aprovar a recriação do PL amanhã. Com o troca-troca de legendas, Kassab pretende conquistar até 28 deputados e chegar a um partido do tamanho do PMDB

Jornal GGN – Enquanto Dilma Rousseff cumpre agenda oficial no exterior, o ministro das Cidades e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, decidiu encampar mais uma ofensiva perigosa contra o PMDB. Segundo informações da Folha desta segunda (28), ele pediu aos ministros petistas Aloísio Mercadante (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Comunicações) para segurarem a publicação do decreto da reforma política aprovada pelo Congresso há algumas semanas, no qual a presidente deixou assinado o veto ao financiamento privado.

O mesmo texto altera as regras para troca de partido e impediria que Kassab levasse a cabo o plano de recriar o Partido Liberal (PL) para esvaziar o poder do PMDB. Kassab teria sido informado de que o Tribunal Superior Eleitoral deve dar sinal verde ao PL nesta terça (29). A corte eleitoral havia negado o registro no primeiro semestre, alegando que não havia número de assinaturas suficientes para cumprir as exigências legais. Kassab recorreu.

O prazo para que o decreto da reforma seja publicado é no dia seguinte, quarta-feira (30). Kassab teria garantido aos ministros petistas que amanhã mesmo, assim que o TSE liberar o registro da nova legenda, iniciaria o processo de filiação de dissidentes de partidos de oposição. A ideia é fundir o PL com o PSD (que hoje tem 34 deputados) posteriormente, criando um pólo com o mesmo tamanho do PMDB, que tem 66. Para isso, Kassab pretende conquistar entre 25 e 28 deputados federais de siglas como PV, DEM, PSB e PMDB.

“O ministro das Cidades argumentou [com Berzoini e Mercadante] que essa operação é, em sua visão, essencial no momento em que a oposição tenta deflagrar processo de impeachment, com apoio de alas do PMDB”, destacou a Folha.

“Ainda de acordo com auxiliares de Dilma ouvidos pela Folha, Kassab está prometendo aos deputados dispostos a ingressar no PL controle sobre o partido em seus redutos, além de coligação com o PSD na campanha de 2016, o que daria mais tempo de TV para os candidatos”, acrescentou.

Não é a primeira vez que Kassab faz alarme com a recriação do PL. Desde a reeleição de Dilma que o ministro tenta destravar o projeto, mexendo com os interesses do PMDB na Câmara e, consequentemente, comprando briga com Eduardo Cunha. Assim que assumiu a presidência da Casa, Cunha pediu ajuda ao DEM (partido que já foi desbaratado por Kassab na fundação do PSD) para questionar o PL na Justiça e criar uma lei alterando as normas para troca de partido sem risco de perda de mandato.

A movimentação de Cunha com o DEM e a decisão do TSE foram um balde de água fria sobre Kassab por um bom tempo. Agora, o ex-prefeito retoma o projeto do PL em meio à reforma ministerial em que Dilma tenta negociar com o PMDB mais espaço na máquina pública, a ponto de delegar a indicação para o principal cargo do Ministério da Saúde à bancada peemedebista na Câmara. A dificuldade é grande, uma vez que o Planalto depende do PMDB não só para segurar o impeachment, mas para aprovar uma série de medidas econômicas necessárias ao ajuste de contas do governo.

Mais vetos

Em nota, a assessoria de imprensa da Casa Civil reafirmou que o prazo de sanção do PL 5735/2013 pela presidente Dilma expira no dia 30 de setembro. Ainda está em fase de análise manifestação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com relação ao voto impresso, apontando um custo de R$ 1,8 bilhão. 

“Paralelamente, o presidente licenciado do PSD, ministro Gilberto Kassab, apresentou pelo partido razões jurídicas para um veto relacionado à fidelidade partidária. Portanto, a sanção será feita dentro do prazo legal, como sempre ocorre, após análise dos argumentos técnicos e jurídicos apresentados”, informou a Casa Civil.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

9 Comentários

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  1. Ótima ideia, Dilma!
    Assim

    Ótima ideia, Dilma!

    Assim você consegue se livrar logo deste peso que é ter que carregar a responsabilidade pelo país e volta logo pra casa.

    Você vai poder continuar suas férias de final de ano longe da política que você tanto detesta.

     

  2. Dividir para conquistar
    Espero que Kassab consiga.
    Cunha pode ser o rei dos tucanos e do baixo clero, mas precisa ser enfrentado pelo mal que representa ao país.
    Está muito perto de ser preso por corrupção. Nem no PMDB é unanimidade. Uma porrada como essa que Kassab está preparando agora romperia a barragem que ele construiu torno de si para achacar o governo e tomar o poder.

  3. “Demorô!”

    Com essa fragmentação maluca do Congresso…

    O PMDB não tem do que se queixar ou espernear. Só a imprensa amiga mesmo é que vai cerebrinar “argumentos” para jogar o PMDB mais ainda contra o governo. Já extorquiram o que quiseram; é muita cara de pau dizerem agora que “o PT e o governo estão confrontando o PMDB”.

    … Mas como o “argumento” é ridículo, provavelmente será o escolhido.

  4. “Ainda de acordo com

    “Ainda de acordo com auxiliares de Dilma ouvidos pela Folha”… Sei lá, melhor esperar informação mais confiável do que as fontes anônimas deste pasquim.

  5. PMDB é todo fragmentado.

    PMDB é todo fragmentado. Vários líderes com ideias e interesses até divergentes. Só uma coisa os une = o instinto de sobrevivência, o horror de terem um fim como o do DEM , hoje uma sombra do fortíssimo PFL que reinou quando junto dos tucanos na presidência. O governo Dilma  tentou isso no início do mandato com o especialista em criar partidos e destruir cidade Kassab ( que começou criando o projeto cidade limpa e acabou fazendo uma limpa na cidade pra criar o seu partido, o PSD )  e, me parece, não deu certo. O governo está prestes a cometer o mesmo erro tentando criar o PL.Se eu disser que Dilma tem um Q I político de ostra, estarei sendo deselegante – com as ostras ? 

  6. Não dá para acreditar.
    Não

    Não dá para acreditar.

    Não faz muito tempo, ainda quando prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab teve seu carro atacado por um orda de petistas com ovos, voadeiras, chutes e ponta pés.

    Inacreditável.

     

  7. doutor kassab é o atual

    doutor kassab é o atual famoso come-quieto da política brasileira

    quero dizer, acho que ele é…

    não estou bem ao certo, e seu nassif pode me ajudar nesta análise político-partidária, se há hoje outro líder político com tamanha desenvoltura e rotatividade sombria silente nos bastidores e alfamas medievais da política e do poder.

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