Como protesto, PT não irá participar da posse de Bolsonaro

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: PT
 
Jornal GGN – Como gesto de oposição e protesto, o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta, o líder do PT no Senado, Lindbergh Farias, e a presidente nacional da sigla, senadora Gleisi Hoffmann, anunciaram que o Partido dos Trabalhadores não irá participar da posse do presidente eleito Jair Bolsonaro, no Congresso Nacional. 
 
“Mantemos o compromisso histórico com o voto popular, mas isso não nos impede de denunciar que a lisura do processo eleitoral de 2018 foi descaracterizada pelo golpe do impeachment, pela proibição ilegal da candidatura do ex-presidente Lula e pela manipulação criminosa das redes sociais para difundir mentiras contra o candidato Fernando Haddad”, informou, em nota.
 
“O devido respeito à Constituição também torna obrigatórios a denúncia e o protesto contra as ameaças do futuro governo de destruir por completo a ordem democrática e o Estado de Direito no Brasil”, continuou o comunicado do partido.
 
Leia, abaixo, a íntegra do comunicado:

O Partido dos Trabalhadores nasceu na luta da sociedade brasileira pelo restabelecimento da democracia, em 1980. Em quase quatro décadas de existência, o PT sempre reconheceu a legitimidade das instituições democráticas e atuou dentro dos marcos do Estado de Direito; combinando esta atuação com nossa presença nas ruas e nos movimentos sociais, aprofundando a participação da sociedade na democracia.

Participamos das eleições presidenciais no pressuposto de que o resultado das urnas deve ser respeitado, como sempre fizemos desde 1989, vencendo ou não. Mantemos o compromisso histórico com o voto popular, mas isso não nos impede de denunciar que a lisura do processo eleitoral de 2018 foi descaracterizada pelo golpe do impeachment, pela proibição ilegal da candidatura do ex-presidente Lula e pela manipulação criminosa das redes sociais para difundir mentiras contra o candidato Fernando Haddad.

O devido respeito à Constituição também torna obrigatórios a denúncia e o protesto contra as ameaças do futuro governo de destruir por completo a ordem democrática e o Estado de Direito no Brasil. Da mesma forma denunciamos o aprofundamento das políticas entreguistas e ultraliberais do atual governo, o desmonte das políticas sociais e a revogação já anunciada de históricos direitos trabalhistas.

O resultado das urnas é fato consumado, mas não representa aval a um governo autoritário, antipopular e antipatriótico, marcado por abertas posições racistas e misóginas, declaradamente vinculado a um programa de retrocessos civilizatórios.

O ódio do presidente eleito contra o PT, os movimentos populares e o ex-presidente Lula é expressão de um projeto que, tomando de assalto as instituições, pretende impor um Estado policial e rasgar as conquistas históricas do povo brasileiro.

Não compactuamos com discursos e ações que estimulam o ódio, a intolerância e a discriminação. E não aceitamos que tais práticas sejam naturalizadas como instrumento da disputa política. Por tudo isso, as bancadas do PT não estarão presentes à cerimônia de posse do novo presidente no Congresso Nacional.

Seguiremos lutando, no Parlamento e em todos os espaços, para aperfeiçoar o sistema democrático e resistir aos setores que usam o aparato do Estado para criminalizar adversários políticos.

Fomos construídos na resistência à ditadura militar, por isso reafirmamos nosso compromisso de luta em defesa dos direitos sociais, da soberania nacional e das liberdades democráticas.

Deputado Paulo Pimenta, líder do PT na Câmara
Senador Lindbergh Farias, líder do PT no Senado
Senadora Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT

 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

7 Comentários

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  1. Comparação
    Em 2015, na posse de Dilma, os partidos se fizeram presentes, em respeito às instituições democráticas. Quem protestou foi o povo no Rio, São Paulo, Belo Horizonte e Florianópolis.

  2. Já aceitou as eleições

    Já aceitou as eleições fraudadas, agora fica nessa birra adolescente que nada vai adiantar. Nem como protesto, porque ninguém dá a mínima.

    Meu deus, Gleisi Hoffmann é muito fraca como presidente de partido.

  3. Metralhar Petralhas
    Essa estória de que o PT e outros partidos progressistas devam respeitar a Constituição, pelo visto só vale para a esquerda, para direita vale quando lhe é conveniente. Ninguém assistiu ao vivo e a cores, “Vamos metralhar essa Petralhada…” Eu nunca vi reclamações da direita (tirante Reinaldo) dos violentos desrespeito a Constituição durante o impitim, e antes nas ações do Narciso de Curitiba e Globo. Menos né? Já ficou ridícula essa oposição ao PT. Acho a Gleice fraquíssima e meu voto, claro, foi no Ciro.

  4. Militante concorda

    Sou militante petista. Estive na vigília LulaLivre no Natal em Curitiba. Faço contribuições ao partido. Concordo plenamente com a decisão do PT. Não fazer nenhuma mesura a um inimigo tão ignóbil.

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