FHC ou Carlos Sampaio, o PSDB não mais será o que já foi

Fotógrafo Wilson Dias/Agência Brasil
 
O Estadão fez um bom trabalho hoje, na tentativa de resgatar o PSDB programático que se perdeu nas fímbrias do neoliberalismo de Fernando Henrique Cardoso.
 
A reportagem tem objetivo de fortalecer José Serra na próxima convenção do partido.
 
Fica claro nas manifestações pelo retorno aos valores do partido, do serrista Alberto Goldmann e do ex-covista Arnaldo Madeira – que aderiu às pretensões de Andrea Matarazzo de futuro candidato a prefeito de São Paulo e está envolvido até o pescoço na Operação Castelo de Areia. Logo eles.
 
Batem também com a estratégia recente de Serra, de afastar-se das manifestações radicais e tentar recuperar a imagem de formulador que teve muitas décadas atrás.
 
O objetivo dessas propostas é do mesmo nível da fase evangélica de Serra, da fase dos dossiês que nunca abandonou,  da fase carbonária de FHC. Não é reconstruir o partido mas apenas conquistar espaço político interno, aliando-se a quem estiver disponível com a proposta que estiver à mão, mesmo que oriunda das profundezas da intolerância.
 
O distanciamento histórico e a memória
 
FHC tem sido beneficiado pelo chamado distanciamento histórico, mas no sentido do esquecimento das oportunidades que jogou fora.
 
É o direito ao esquecimento que permite ao Estadão atribuir a ele as formulações originais do PSDB.
 
Até ser indicado Ministro da Fazenda de Itamar, FHC nunca passou de um troféu acadêmico que o partido exibia para consumo externo.
 
O PSDB original foi filho da Constituinte, através de suas duas maiores lideranças, Mário Covas e Franco Montoro.
 
Foi composto pela chamada ala autêntica do PMDB, como maneira de se distanciar da maioria fisiológica que, desde então, assumiu o partido.
 
Na economia, diferenciava-se do estatismo e da síndrome dos campeões nacionais da Unicamp e do financismo da PUC-Rio, propondo um desenvolvimentismo em parceria com o mercado, especialmente através das formulações de Luiz Carlos Bresser-Pereira, Yoshiaki Nakano e Luiz Carlos Mendonça de Barros.
 
Defendia, também, o aprimoramento da gestão pública. Seu maior feito foi a modernização da gestão financeira de São Paulo, através do trabalho de Nakano na Secretaria da Fazenda.
 
Sem ser um intelectual, Covas – e, antes dele, Montoro – deu a faceta política do partido: visão socialdemocrata, preocupação com a responsabilidade fiscal, com a chamada voz das ruas, com a descentralização, compromissos com a coerência, que o levaram, inclusive, a apoiar o PT contra Paulo Maluf.
 
Eleito presidente, FHC manteve um discurso para cada ocasião.  Embarcou de cabeça no financismo dos economistas da PUC-Rio, terceirizando para eles a gestão do país, deixando de lado qualquer preocupação social ou fiscal.
 
A ideia – aventada nas entrevistas do Estadão – de que o PSDB de FHC foi responsável pela seriedade fiscal é risível. Como falar em responsabilidade fiscal de um governo que recebeu de Collor uma relação dívida/PIB na faixa dos 20% e a entregou na faixa dos 60%, mesmo com a troca de moedas da economia? E todo esse aumento não se traduziu em gastos sociais, investimentos públicos, mas em transferência direta para o setor financeiro, através das mais exorbitantes taxas de juros da história.
 
A Lei de Responsabilidade Fiscal foi uma imposição do FMI, depois que FHC quebrou o país e foi obrigado a apelar ao fundo.
 
No meu livro “Os Cabeças de Planilha”, o último capítulo é uma longa entrevista com FHC. Nela, o ex-presidente revela um desconhecimento absurdo dos principais fatores portadores de futuro. Nenhum domínio sobre políticas sociais, sobre o papel das políticas industriais, sobre a dinâmica da regionalização ou do fortalecimento de cadeias produtivas. Ignorância total sobre políticas científico-tecnológicas ou programas de gestão.
 
O grupo que acompanhou FHC, com a notável exceção de Sérgio Motta, em parte de dona Ruth, não tinha a menor vontade de mudar nada, mas apenas de aproveitar da melhor forma possível a passagem pelo poder para melhor se colocar na volta à vida civil.
 
Capacidade de formular programas
 
O que define um bom ou mau governo é a capacidade de identificar as melhores propostas e formular programas consistentes. Daí a malícia de alguns economistas neoliberais de atribuir a crise atual ao que denominam de “nova matriz econômica”, devolvendo na mesma moeda que tenta atribuir todos os erros de FHC ao neoliberalismo.
 
Os erros de FHC estavam na incapacidade de impedir o assalto financeiro à dívida pública, ou de uma combinação juros-câmbio que destruiu a economia em um momento de profundas alterações na economia mundial ou do desprezo absoluto a qualquer forma de pró-atividade em favor do aprimoramento da gestão pública. Nada tinham a ver com sua visão de mundo.
 
Os erros de Dilma estão na má implementação do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), na incompatibilidade entre as atribuições conferidas à Petrobras e o congelamento de tarifas de combustível, na distribuição de subsídios fiscais ignorando os alertas dos técnicos do Tesouro, na falta de indicadores de acompanhamento do Fies e da Pronatec. Ou seja, erros claros de gestão, que nada tem a ver com uma suposta nova matriz econômica.
 
Assim como as fraquezas de José Serra, Geraldo Alckmin, Aécio Neves, na incapacidade de definir uma meta modernizante sequer e implementá-la de forma eficaz – com exceção das tentativas iniciais do “choque de gestão” de Minas.
 
Hoje em dia há uma infinidade de boas ideias e bons projetos gravitando em torno de temas educacionais, regionais, mobilidade urbana, educação, políticas industriais, movimentos de inovação, formas de aprofundamento da democracia participativa.
 
O que o PT tem a oferecer? As ideias do Instituto Perseu Abramo que não são nem aproveitadas nem assimiladas pela direção.
 
O que o PSDB tem a oferecer? Sequer ideias, porque o Instituto Teotônio Vilella virou objeto de barganha. Ou seja, o partido que pretende investir contra o aparelhamento do PT aparelha até aquele que deveria ser o centro do seu novo pensamento.
 
O álibi de FHC, de que o PSDB não tem um programa rígido por não ser um partido de caciques, é piada. Não tem um programa rígido, hoje em dia sequer valores, por ser um partido de caciques incapazes de uma visão consistente de país.
 
Certa vez, FHC definiu-se a ele, Serra e Aécio como os “malacas”. O termo se aplica a um estilo de político voltado especificamente para cavalgar as ondas de fumaça da mídia. FHC, o iluminista, não se pejou de incentivar Rebeldes Online e companhia quando viu alguma vantagem nisso. E teve reação débil e dúbia quando as bestas saíram das profundezas para investir na intolerância e nas políticas regressivas em relação aos avanços sociais e morais.
 
Aliás, teve papel direto na promoção do discurso de intolerância que, saindo da mídia, inoculou irreversivelmente o partido de Mário Covas.
 
Por tudo isso, a cara do partido continuará  inevitavelmente Carlos Sampaio, Aloyzio Nunes, Serra. Com FHC a única diferença será a firula acadêmica de, de vez em quando, rechear com algumas citações de terceiros.
 
 

 

38 Comentários

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  1. Nova matriz

    Nova matriz econômica? Exportador de matéria prima, isto é, temos a mesma pauta do período colonial, isso é a nova matriz econômica? E o tal mercado? Mercado é bando de abutres e agiotas isso sim.

  2. é bem escrito e gosto disto

    e expõe coisas que ignoro, outras que não compreendo nada – há diferenças. E por citar e linkar um Estadão (como ontem, um Olavo de Carvalho) tenho a impressão de que não seja só por dever de ofício. Já por isso, merece aplauso, e aplaudo. (Mas, cá pra nós, que há alguma coisa em comum com FHC, há, irresistível). Eis uma citação de terceiros: Senhas, A. Calcagnoto). Também.

  3. “O grupo que FHC levou ao

    “O grupo que FHC levou ao poder, com a notável exceção de Sérgio Motta, em parte de dona Ruth, não tinha a menor vontade de mudar nada, mas apenas de aproveitar da melhor forma possível a passagem pelo poder para melhor se colocar na volta à vida civil.”

    Cabe perfeitamente ao atual ministro da economia e toda a malta do BC, que contam desesperadamente os minutos até que sejam regiamente recompensados pelo sistema financeiro pela manutenção da taxa de juros em níveis criminosos.

  4. O PSDB não se assumiu

    O PSDB não quis se assumir como contrário ao populismo petista porque sabia que isso não lhe renderia votos, uma vez que o populismo e o nacional-estatismo praticados pelo PT têm tudo a ver com a mentalidade de nosso povo, que ama um Estado paternal e onipresente. Sabendo que havia ficado queimado com a pecha de “neoliberal” em razão dos anos de austeridade que se seguiram ao Plano Real, o PSDB optou por colar esta pecha à pessoa de Fernando Henrique Cardoso, e ao mesmo tempo descolar-se desta pessoa e emular o ideário petista. Mas quem vai querer a imitação, se pode ter o original?

    FHC jamais foi neoliberal, nem tampouco o neoliberalismo jamais existiu no Brasil – é fenômeno pertinente aos anos oitenta de Reagan e Thatcher, e inclusive o termo já se encontra em desuso no resto do mundo. O que se chama de neoliberalismo por aqui, nada mais é do que os cortes e as privatizações absolutamente indispensáveis para se trazer as contas para o azul e permitir um crescimento sustentado. É assim tanto para um país quanto para o boteco da esquina. O senso comum afirma que os anos do PSDB foram de sofrimento para o povo, e os anos do PT foram de bonança. Mas essa impressão só é nítida se forem comparados os anos finais de FHC com os anos iniciais de Lula. Comparados os oito anos do PSDB com os doze anos até agora do PT, vê-se que tanto o crescimento médio do PIB quanto a inflação média foram aproximadamente iguais. Com a diferença, muito importante, de que o PSDB pegou o país “descendo a ladeira”, e o PT pegou um país com a economia bem ou mal estabilizada pelo Plano Real. Enfim, a única conclusão lógica que se pode tirar é de que não houve nenhuma ruptura entre FHC e Lula, ao contrário, houve uma continuidade: sem FHC, não teria havido o Lula que conhecemos, e de fato, todas as tentativas de implantar políticas populistas antes da estabilização da economia levaram aos caos e à hiperinflação, como por exemplo o caso de Alan Garcia no Peru em 1985, só para citar um entre tantos. Então, por que esse afã de malhar FHC, algo que a essa altura nada mais é do que chutar cachorro morto?

     

    1. Buteco ou Boteco?

      “É assim tanto para um país quanto para o boteco da esquina.”

      Essa frase já dá o nível intelectual ( se é que 1/2 dúzia de neurônios definem algo) do amigo.

    2. Apresente os dados

      Que a economia era foi igual nos dois governos PSDB e PT. Eu não vou perder meu tempo mostrando os gráficos com dados sobre isto. Se acha que foi igual prove

  5. Nassif, vc gasta vela para um

    Nassif, vc gasta vela para um péssimo defunto

    Não dá para analisar uma caricatura, fhc e o psdb são caricaturas de uma imagem que eles tinham no começo dos anos 90

  6. O tempo passou na janela e so Carolina não viu

    Absolutamente! (no sentido original da palavra), o PSDB não podera mais ser o mesmo, até porque o partido perdeu a essência, perdeu sua ideologia, perdeu a filigrana, seu adorno de social democrata. O partido vai ter que se reinventar, mas reinventar-se ainda com nomes, como o proprio FHC dando rédeas, José Serra, Alckmin, Aécio?! Esses ai não dão mais. Apesar de Aécio ter sido bem votado, e so o foi por causa do jogo sujo em mais uma campanha por parte da imprensa-aliada, ele não inspira confiaça na maioria dos brasileiros. Carlos Sampayo é um pantomimo e Aloizio Nunes faz parte da ala radical do partido, que tanto odio tem semeado.

    Pra se reinventar, tem que trazer a jovem guarda para a ribalta, mas essa sem os tiques elitistas, preconceituosos e conservador que tem permeado o PSDB da velha guarda. Os tempos são outros, ainda que insistam em nos manter numa velha republica decadente.

    1. Tens razão, Maria Luisa, o

      Tens razão, Maria Luisa, o que esse partido tinha era apenas “adorno de social democrata”, era somente adornos, perdeu, agora está mostrando a verdadeira cara.

  7. Privatizações : Distopia do Capital

    “…FHC tem sido beneficiado pelo chamado distanciamento histórico…”

     

    Os crimes deste salafrário será como uma maldição que será lembrado durante muitas outras décadas .

    JAMAIS voltarão ao poder sem que a sociedade organizada faça com que os eleitores reflitam sobre o que estes canalhas fizeram .

    [video:https://youtu.be/xJPCKjT0XXk%5D

     

     

  8. Só o fato da mídia anti-pt

    Só o fato da mídia anti-pt nunca lembrar que FHC bancou (ou melhor comprou ) um projeto de reeleição que valeria para ele (em português claro, mudou a regra do jogo entre o primeiro e segundo tempo deste jogo) mostra como ela se curva de forma canina a FHC. Se fosse qualquer outro político que tivesse feito isso ( Itamar ou Lula ), quando fossem se referir a esses políticos, essa mesma mídia colocaria  como um epiteto – o político que mudou a regra em benefício próprio. 

  9. nenhum partido se conserta sozinho…

    ao dominarem o judiciário, via mídia, para nunca serem punidos, mostraram algo que acabou de vez com qualquer possibilidade de retorno ao poder. Mostraram que não são mestres no uso das ferramentas erradas, são elas mesmas, as ferramentas erradas

    não sacam nada da alta política; não possuem amigos de verdade e são covardes até para com os oportunistas de plantão

    uma verdadeira panelinha que só tem o que não presta para nada, que dirá para o povo, para o Brasil

    maior erro desses imprestáveis foi terem punido o trabalhador brasileiro

    e até hoje tentam

  10. Fhc é do nível do fujimoro,

    Fhc é do nível do fujimoro, menem. Sempre foi um traidor do próprio país, um auau do USA. Ele entra pra história como seus iguais neoliberais da América Latina: um malandro que comprava, com dinheiro público, o parlamento para defender seus podres interesses. Um ociólogo como governante, um homem que só negociou de joelhos com outros paíse. O outro paspalhão.sampaio, é uma aberração, coisa sempre presente nesse partido que só está vivo, porque tem como cúmplice a imprensa propineira. Sem essa mídia corrupta e corruptora, ninguem mais lembraria dessas criaturas do psdb, sempre envovidos em grandes desvios de dinheiro público, mas nunca investigadas porque a justiciaria não permite.

  11. Psdb
    Um partido que nunca foi povo, merece o ostracismo político. Diziam, vamos crescer para depois distribuir. Fazia 50 anos, desde Getúlio que o povo vivia de esperança….. e nada. Foi preciso um semi analfabeto para fazer 80 anos em 8. A prova foram as vitórias de 2006, 10, e 2014. A ONU, o Fim, cientistas políticos, chefes de estado, etc reconhecem o progresso social no Brasil. Demsgogos, velhos caciques politicos, quadrilhas em todos os poderes da República em todos os níveis tentam ignorar e esconder as mudanças. Hoje, e verdade estamos com dificuldades e voltam os que nunca serviram o povo prometer mudanças que, quando governo nada fizeram. A Polícia Federal que no tempo deles só prendia sacoleiros, têm Hoje poderes nunca vistos.

  12. OLHA O BANANA!/OLHA O BANANEIRO!

    O Governo Neoliberal do Sr. Fernando Henrique Cardoso, ficou marcado como o Governo que ven(DEU) nossas Empresas Estatais (PRIVATARIA TUCANA) a preço de “BANANAS” e foram distribuidas entre parentes/amigos e “acharcadores” políticos, incluindo entre os beneficiados, o PIG. Essa marca do Governo FHC será mantida para a eternidade e nunca será apagada. Outra coisa que é preciso lembrar, onde já se viu um sociólogo que detesta pobre(principalmente os nordestinos), só mesmo numa “republiqueta de bananas” chamada Brasil.

  13. Maluf – Tancredo Neves e a traição as diretas já

    …esta sim, uma história a ser esclarecida…

    Paulo Maluf, em entrevista ao G1 para Geneton Moraes Neto, abstraidas suas posições ideológicas e politicas, cita um fato que, guardadas ressalvas acerca da  credibilidade do emitente* – é com efeito estarrecedor.

    Paulo Maluf, simplesmente narra que todo o movimento das Diretas Já foi atraiçoado por Tancredo Neves – que em conluio com outros congressistas manobrou para que não houvessem eleições uma vez que já tinha maioria no Colégio Eleitoral.

    O slogan de Tancredo – Sarney era Muda Brasil… 

    GMN: O senhor – que era deputado federal – não votou a favor das eleições diretas. O senhor se arrepende de ter ido contra a vontade popular – ou: não ter votado pelas diretas?

    Maluf:”Se eu conhecesse a história a história futura, diria que me arrependo. Mas quem me pediu para votar contra as diretas – e você pode conferir com ele – foi o presidente do PDS, José Sarney.
    Vou contar uma coisa que ninguém sabe: o presidente do Senado, Moacyr Dalla, recebeu uma ligação telefônica de Tancredo Neves – que pediu que não fossem votadas as eleições diretas no Senado, já que ele, Tancredo, já tinha ganhado as indiretas….Ou seja: quem não queria as diretas foi Tancredo Neves, foi José Sarney. Aquilo tudo foi uma armação, uma falsidade para eleger Tancredo e Sarney”. 

    Obs: *A emenda constitucional das diretas – chamada Dante de Oliveira não foi aprovada na Camara Federal.

     

    http://g1.globo.com/pop-arte/blog/geneton-moraes-neto/1.html

    1.   Se até Maluf já virou

        Se até Maluf já virou petista dos mais autênticos,  é absurdo ainda haver qualqur outro partido

       

       

      1. é que o psdb foi ainda mais à

        é que o psdb foi ainda mais à direita retrograda e radical que o maluf, sem falar que perto dos “desvios” tucanos o maluf é cafe pequeno, um amador…

  14. Reação débil

    “E teve reação débil e dúbia quando as bestas saíram das profundezas para investir na intolerância e nas políticas regressivas em relação aos avanços sociais e morais.”

    O trecho acima, para mim, dá conta do pior. E nem foi reação débil, mas falta de reação e até mesmo apoio às bestas que saíram das profundezas.

    Pessoas como Fernando Henrique e Serra são ouvidas e respeitadas pela classe média, eles poderiam desempenhar um papel importante na defesa da democracia. Mas não desempenham.

    Não estavam presentes na entrega do relatório final da CNV, não dizem palavra sobre as campanhas de desrespeito às diferenças movidas por católicos e evangélicos, menos ainda sobre as tentativas de acabar com a educação laica, com o próprio Estado laico e com a democracia.

    Que discussão eles propuseram na última campanha eleitoral a respeito da reforma política? O que fizeram para que houvesse participação dos cidadãos nessa reforma? Eles também concordam que referendos e plebiscitos resumam-se a temas como porte de armas e redução da maioridade penal?

    Só não escrevo que podem ser esquecidos porque continuam aí, atuando em favor de sabe-se lá que interesses econômicos, 

  15. Blog do Miro

    “O decrépito Alberto Goldman, vice-presidente da legenda e ex-governador por alguns dias de São Paulo, foi o primeiro a reconhecer a tragédia. “Nós não temos um projeto para o país”, afirmou no final de maio.

    Na sequência, um dos fundadores da sigla, o ex-deputado Arnaldo Madeira, disse estar decepcionado com as posições da cúpula tucana. “Está difícil entender o partido. Em vez de defender conceitos, estamos fazendo uma oposição igual a que o PT fazia contra nós. Agora só falta o PSDB votar contra a Lei de Responsabilidade Fiscal”, desabafou, ao criticar o voto da legenda contra o fator previdenciário e a reeleição.”

    http://altamiroborges.blogspot.com.br/2015/06/ninguem-se-entende-no-psdb.html

  16. Sugestão de epitáfio para a

    Sugestão de epitáfio para a lápide do Fernando Henrique: “Apequenei-me” ou “Aqui zaz um pigmeu político”

  17. Você fala mal do PSDB, mas dourando a pílula

     

    Luis Nassif,

    Contar a história dando uma no prego e outra na ferradura só é correto quando as duas afirmações são verdadeiras.

    Dizer por exemplo que o PSDB “[f]oi composto pela chamada ala autêntica do PMDB, como maneira de se distanciar da maioria fisiológica que, desde então, assumiu o partido” é injusto com a ala autêntica do PSDB que não teve ninguém dela indo para o PSDB.

    E a frase em si é deseducadora ao referir-se a maioria que assumiu o PMDB como uma maioria fisiológica. É uma afirmação deseducadora não porque esteja errada, pois é uma afirmação, em meu entendimento, correta, mas porque é dita dando ao termo fisiológico uma conotação negativa. Ora, o fisiologismo se for utilizado para descrever algum ato ilícito não pode ser aplicado a um partido antes que tenha o trânsito em julgado condenatório da ilicitude. E se o fisiologismo se refere à prática do toma-lá-dá-cá não pode ser visto como algo negativo, pois é da essência do sistema democrático. Sem o fisiologismo não há democracia representativa.

    Falar da modernização da gestão financeira de São Paulo, quando se sabe que São Paulo não tem nada de melhor de administração financeira em relação a outros estados da federação salvo o fato que é um estado mais densamente povoado e com renda per capita maior do que outros estados e, portanto, muito mais fácil de ser administrado. Mas a dívida paulista está do mesmo tamanho da dívida dos outros estados se se compara esta relação nos últimos vinte anos.

    A principal característica do PSDB é que é um partido de intelectuais sem carisma e que por isso utilizou-se de bordões para se aproximar do povo e bordões que o partido sabia que a população acreditaria, mas que o partido pelo bom conhecimento que os intelectuais tinham sabia que eram falsos. Em suma a característica principal do PSDB é não ter respeito pelo eleitor.

    E a outra característica que o partido adquiriu foi que com a tendência a se polarizar com o PT, o partido teve que cada vez mais buscar eleitores na direita. E ai o partido se sente até mais a vontade em enganar o eleitor porque deveria ter sido um partido mais de centro esquerda e que pegava mal enganar o eleitor de esquerda.

    E ao fazer a crítica correta à presidenta Dilma Rousseff pelos erros de gestão você não faz de modo correto, pois enumera como um dos erros a “incompatibilidade entre as atribuições conferidas à Petrobras e o congelamento de tarifas de combustível” e se sabe que as atribuições conferidas à Petrobras foram dadas por Lula e o congelamento de tarifas de combustível só existiu no governo de Lula, já no governo da presidenta Dilma Rousseff houve ainda que vagarosa uma política de recuperação das tarifas de combustíveis.

    E outra, o grande problema do governo de Fernando Henrique Cardoso foi o Plano Real. Foi o plano que nos levou para esta encruzilhada do endividamento de curto prazo elevado e depois de ter vendido a preço de banana grandes ativos internos. É enganoso atribuir a má condução fiscal do período de Fernando Henrique Cardoso ao governo de Fernando Henrique Cardoso. O problema nasceu lá atrás quando se acabou com a inflação de uma vez. Não tinha como fazer isso sem elevar a dívida pública as alturas e valorizar a moeda nacional.

    É claro que para quem é de esquerda o Plano Real não pode ser visto como o fim do mundo, pois sem ele Fernando Henrique Cardoso não teria ficado 8 anos no governo e Paulo Maluf teria ficado algum período e sem ele não haveria os 16 anos de mandato do PT.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 08/06/2015

  18. Denuncia GRAVE… o império contraataca….

    Publicado em 08/06/2015

    EUA lideram tratado 
    contra os BRICs

    Acordo obrigará os governos que o assinem a promover e ampliar a desregulação e liberalização especulativa.

     

    Saiu na Carta Maior:

     

    50 PAÍSES COSTURAM TRATADO AINDA MAIS ANTIDEMOCRÁTICO E NEOLIBERAL QUE O TTIP

    O TiSA obrigará os governos que o assinem a promover e ampliar a desregulação e liberalização especulativa.

    Carlos Henrique Bayo, diretor de Publico.es

    O Wikileaks vazou o conteúdo das negociações clandestinas de meia centena de governos que buscam estabelecer um acordo mundial secreto de comércio internacional de serviços, que passará por cima de todas as regulações e normativas estatais e parlamentárias, em benefício das corporações.

    O sigiloso tratado de libre comércio TTIP, entre os Estados Unidos e a União Europeia parecia imbatível, uma espécie de Cavalo de Troia das multinacionais, mas a verdade é que serve apenas de cortina de fumaça para ocultar a verdadeira aliança neoliberal planetária: o Trade in Services Agreement (TiSA), um acordo ainda mais antidemocrático de intercâmbio de serviços entre cinquenta países, incluindo a Espanha, que não só está sendo negociado sob o mais absoluto segredo senão que deverá continuar escondido da opinião pública durante mais cinco anos, quando já tenha entrado em vigor e esteja condicionando 68,2% do comércio mundial de serviços.

    O nível de confidencialidade com o que elaboram os artigos e anexos do TiSA – que cobrem todos os campos, desde telecomunicações e comércio eletrônico até serviços financeiros, seguros e transportes – é muito superior ao do Trans-Pacific Partnership Agreement (TPPA) entre Washington e seus sócios asiáticos, que prevê quatro anos de vigência na clandestinidade. Entretanto, a reportagem de Público.es teve acesso – graças a sua colaboração com Wikileaks – aos documentos originais reservados da negociação em curso, onde fica claro que se está construindo um complexo emaranhado de normas e regras desenhadas para evadir as regulações estatais e burlar os controles parlamentários sobre o mercado global.

    Os sócios jornalísticos do Wikileaks, que participam junto com Público.es nesta exclusiva mundial, são: The Age (Austrália), Süddeutsche Zeitung (Alemanha), Kathimerini (Grécia), Kjarninn (Islândia), L’Espresso (Itália), La Jornada (México), Punto24 (Turquia), OWINFS (Estados Unidos) e Brecha (Uruguai).

    Além disso, o TiSA é impulsado pelos mesmos governos (EUA e os da UE) que impuseram o fracassado modelo financeiro desregulado da Organização Mundial de Comércio (OMC), e que provocaram a crise financeira global de 2007-2008 (o crash do cassino especulativo mundial simbolizado pela quebra do banco Lehman Brothers), que arrastrou as economias ocidentais e pela qual ainda estamos pagando após quase uma década inteira de austeridade empobrecedora, cortes de gastos sociais e resgates bancários. E o que este pacto neoliberal mundial tenta impor precisamente é a continuidade e intensificação desse sistema, em benefício das grandes companhias privadas transnacionais e atando as mãos dos governos e instituições públicas.

    Esses objetivos são evidentes na intenção de manter o tratado secreto durante anos, visto que, assim, impede que os governos que o executam tenham que prestar contas diante de seus parlamentos e cidadãos. Também é clara a intenção fraudulenta dessa negociação clandestina por sua descarada violação da Convenção de Viena sobre a Lei de Tratados, que requer trabalhos preparatórios e debates prévios entre especialista e acadêmicos, agências não governamentais, partidos políticos e outros atores… uma série de obrigações impossíveis de serem cumpridas quando a elaboração de um acordo se efetua sob segredo total e escondido da opinião pública.

    Por enquanto, os governos implicados na negociação secreta do TiSA são: Austrália, Canadá, Chile, Colômbia, Coreia do Sul, Costa Rica, Estados Unidos, Hong Kong, Islândia, Israel, Japão, Liechtenstein, México, Nova Zelândia, Noruega, Paquistão, Panamá, Paraguai, Peru, Suíça, Taiwan, Turquia e a Comissão Europeia, representando os 28 países-membros da UE, apesar de ser um organismo não eleito por sufrágio universal. Entre esses sócios há três paraísos fiscais declarados, que participam ativamente da elaboração dos artigos, especialmente a Suíça.

    Os textos da negociação secreta do TiSA, agora revelados pelo Wikileaks, mostram que a ideia é eliminar todos os controles e obstáculos para a liberalização global dos serviços financeiros, suprimindo todos os limites a suas instituições e qualquer restrição aos seus produtos inovadores, apesar de que foram precisamente esses inventos financeiros, como os CDS (credit default swaps) – autênticas apostas sobre possíveis quebras –, os que geraram a bolha especulativa mundial que quando estourou, em 2007-2008, destruiu os fundamentos econômicos das potências ocidentais e obrigou os governos a resgatar essas entidades, usando centenas de bilhões em recursos públicos.

    Há um ano atrás, Wikileaks já havia vazado uma pequena parte da negociação do TiSA (o anexo em referência a Serviços Financeiros, com data de 19 de junho de 2014), mas até hoje nenhum meio teve acesso às atas das reuniões onde ocorreram as negociações secretas, menos ainda sobre o conteúdo dos encontros, incluindo todos os aspectos que o futuro acordo cobrirá: finanças (cujo acordo se deu no dia 23 de fevereiro de 2015), telecomunicações, comércio eletrônico, transporte éreo e marítimo, distribuição e encomendas, serviços profissionais, transparência, movimentos de pessoas físicas, regulações nacionais internas, serviços postais universais…

    O site Público.es teve acesso também às notas internas sobre as negociações com Israel e Turquia, para que os países aderissem ao tratado secreto, algo que, por outro lado, foi negado a China e Uruguai quando ambos o solicitaram, provavelmente temendo que filtrariam os conteúdos do pacto quando compreendessem o alcance do que se pretende.

    A lista de nações latino-americanas que participam do TiSA é reveladora. Todas elas fiéis aliadas dos Estados Unidos, como Colômbia, México e Panamá (paraíso fiscal bastante ativo na negociação), assim como a exclusão não só dos países bolivarianos mas também do Brasil e outras potências regionais que Washington não confia. Na realidade, todas as potências emergentes do chamado BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) ficaram de fora do tratado secreto, precisamente porque serão as que mais perderiam ao se aplicar as condições pactadas.

    Não há porque duvidar da intenção de impedir o debate sobre a crise ainda vigente desde crash financeiro, as razões que a provocaram e as soluções para que não volte a acontecer, que muitos países solicitaram desde o estouro da bolha, principalmente o Equador. Estados Unidos, Canadá, Austrália, Suíça e a União Europeia se opuseram frontalmente até mesmo às conclusões da Comissão Stiglitz da ONU, em 2009, se negando a aceitar a evidente relação entre a desregulação bancária/especulativa e a crise. Em 2013, bloquearam todas as tentativas de discutir essas mesmas conclusões na OMC.

    A parte mais risível do conteúdo do TiSA, que foi publicado agora, é exigência de transparência total às autoridades nacionais, que deverão anunciar de antemão e abrir a discussão prévia todas as regulações e normativas que deverão se aplicar, assegurando assim que as grandes corporações e os lobbies comerciais internacionais tenham tempo e recursos para contra-atacar, modificar ou inclusive impedir essas decisões soberanas em função dos seus interesses.

    Uma imposição aos aparatos públicos exigida pelos que não só elaboram ocultamente o seu próprio modus operandi, mas que também pretendem que seus acordos já em vigor permaneçam durante anos como top secret, negando aos órgãos que resguardam a soberania popular a informação sobre as regras que serão aplicadas pelos governos de cada país em suas relações internacionais.

    Por outro lado, os acordos do TiSA – que se negociam de costas para o Acordo Geral de Comércio de Serviços (GATS) e a OMC – tomam em conta todas as exigências de Wall Street e da City londrina, assim como os interesses das grandes corporações multinacionais, para as quais o tratado não só não é secreto, é quase íntimo, sua própria criação. Como há meses alertou Jane Kelsey, catedrática de direito da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia: “o maior perigo é que o TiSA impeça os governos de fortalecer as regras do setor financeiro”.

    Desenhado em cumplicidade com o setor financeiro mundial, o TiSA obrigará os governos que o assinem a promover e ampliar a desregulação e liberalização especulativa, fatores causantes da crise de 2007-2008; O tratado tirará dos países-membros o direito de manter e controlar os dados financeiros dentro de seus territórios, os forçará a aceitar CDS´s tóxicos e os deixará de mãos e pés amarrados caso pensem em adotar medidas para impedir ou responder a outra recessão induzida pelo neoliberalismo. E tudo isso será imposto através de acordos secretos, sem que a opinião pública possa conhecer os verdadeiros motivos que empurrarão sua sociedade em direção à ruína.

    A menos que os órgãos da soberania popular impeçam esse golpe de Estado econômico mundial. 
    ____________

    Carlos Henrique Bayo, diretor de Público.es, foi redator-chefe da editoria Internacional da versão impressa deste diário. Foi correspondente em Moscou (1987-1992) e em Washington (1992-1996). Ademais, foi subdiretor de La Voz de Asturias, diretor de publicações do Grupo Joly, subdiretor e criador do Diário de Sevilla, redator-chefe do Diário 16 e El Periódico de Catalunya, e diretor adjunto da Rádio ADN.

    Tradução de Victor Farinelli.

     

  19. Denuncia GRAVE… o império contraataca….

    Publicado em 08/06/2015

    EUA lideram tratado 
    contra os BRICs

    Acordo obrigará os governos que o assinem a promover e ampliar a desregulação e liberalização especulativa.

     

    Saiu na Carta Maior:

     

    50 PAÍSES COSTURAM TRATADO AINDA MAIS ANTIDEMOCRÁTICO E NEOLIBERAL QUE O TTIP

    O TiSA obrigará os governos que o assinem a promover e ampliar a desregulação e liberalização especulativa.

    Carlos Henrique Bayo, diretor de Publico.es

    O Wikileaks vazou o conteúdo das negociações clandestinas de meia centena de governos que buscam estabelecer um acordo mundial secreto de comércio internacional de serviços, que passará por cima de todas as regulações e normativas estatais e parlamentárias, em benefício das corporações.

    O sigiloso tratado de libre comércio TTIP, entre os Estados Unidos e a União Europeia parecia imbatível, uma espécie de Cavalo de Troia das multinacionais, mas a verdade é que serve apenas de cortina de fumaça para ocultar a verdadeira aliança neoliberal planetária: o Trade in Services Agreement (TiSA), um acordo ainda mais antidemocrático de intercâmbio de serviços entre cinquenta países, incluindo a Espanha, que não só está sendo negociado sob o mais absoluto segredo senão que deverá continuar escondido da opinião pública durante mais cinco anos, quando já tenha entrado em vigor e esteja condicionando 68,2% do comércio mundial de serviços.

    O nível de confidencialidade com o que elaboram os artigos e anexos do TiSA – que cobrem todos os campos, desde telecomunicações e comércio eletrônico até serviços financeiros, seguros e transportes – é muito superior ao do Trans-Pacific Partnership Agreement (TPPA) entre Washington e seus sócios asiáticos, que prevê quatro anos de vigência na clandestinidade. Entretanto, a reportagem de Público.es teve acesso – graças a sua colaboração com Wikileaks – aos documentos originais reservados da negociação em curso, onde fica claro que se está construindo um complexo emaranhado de normas e regras desenhadas para evadir as regulações estatais e burlar os controles parlamentários sobre o mercado global.

    Os sócios jornalísticos do Wikileaks, que participam junto com Público.es nesta exclusiva mundial, são: The Age (Austrália), Süddeutsche Zeitung (Alemanha), Kathimerini (Grécia), Kjarninn (Islândia), L’Espresso (Itália), La Jornada (México), Punto24 (Turquia), OWINFS (Estados Unidos) e Brecha (Uruguai).

    Além disso, o TiSA é impulsado pelos mesmos governos (EUA e os da UE) que impuseram o fracassado modelo financeiro desregulado da Organização Mundial de Comércio (OMC), e que provocaram a crise financeira global de 2007-2008 (o crash do cassino especulativo mundial simbolizado pela quebra do banco Lehman Brothers), que arrastrou as economias ocidentais e pela qual ainda estamos pagando após quase uma década inteira de austeridade empobrecedora, cortes de gastos sociais e resgates bancários. E o que este pacto neoliberal mundial tenta impor precisamente é a continuidade e intensificação desse sistema, em benefício das grandes companhias privadas transnacionais e atando as mãos dos governos e instituições públicas.

    Esses objetivos são evidentes na intenção de manter o tratado secreto durante anos, visto que, assim, impede que os governos que o executam tenham que prestar contas diante de seus parlamentos e cidadãos. Também é clara a intenção fraudulenta dessa negociação clandestina por sua descarada violação da Convenção de Viena sobre a Lei de Tratados, que requer trabalhos preparatórios e debates prévios entre especialista e acadêmicos, agências não governamentais, partidos políticos e outros atores… uma série de obrigações impossíveis de serem cumpridas quando a elaboração de um acordo se efetua sob segredo total e escondido da opinião pública.

    Por enquanto, os governos implicados na negociação secreta do TiSA são: Austrália, Canadá, Chile, Colômbia, Coreia do Sul, Costa Rica, Estados Unidos, Hong Kong, Islândia, Israel, Japão, Liechtenstein, México, Nova Zelândia, Noruega, Paquistão, Panamá, Paraguai, Peru, Suíça, Taiwan, Turquia e a Comissão Europeia, representando os 28 países-membros da UE, apesar de ser um organismo não eleito por sufrágio universal. Entre esses sócios há três paraísos fiscais declarados, que participam ativamente da elaboração dos artigos, especialmente a Suíça.

    Os textos da negociação secreta do TiSA, agora revelados pelo Wikileaks, mostram que a ideia é eliminar todos os controles e obstáculos para a liberalização global dos serviços financeiros, suprimindo todos os limites a suas instituições e qualquer restrição aos seus produtos inovadores, apesar de que foram precisamente esses inventos financeiros, como os CDS (credit default swaps) – autênticas apostas sobre possíveis quebras –, os que geraram a bolha especulativa mundial que quando estourou, em 2007-2008, destruiu os fundamentos econômicos das potências ocidentais e obrigou os governos a resgatar essas entidades, usando centenas de bilhões em recursos públicos.

    Há um ano atrás, Wikileaks já havia vazado uma pequena parte da negociação do TiSA (o anexo em referência a Serviços Financeiros, com data de 19 de junho de 2014), mas até hoje nenhum meio teve acesso às atas das reuniões onde ocorreram as negociações secretas, menos ainda sobre o conteúdo dos encontros, incluindo todos os aspectos que o futuro acordo cobrirá: finanças (cujo acordo se deu no dia 23 de fevereiro de 2015), telecomunicações, comércio eletrônico, transporte éreo e marítimo, distribuição e encomendas, serviços profissionais, transparência, movimentos de pessoas físicas, regulações nacionais internas, serviços postais universais…

    O site Público.es teve acesso também às notas internas sobre as negociações com Israel e Turquia, para que os países aderissem ao tratado secreto, algo que, por outro lado, foi negado a China e Uruguai quando ambos o solicitaram, provavelmente temendo que filtrariam os conteúdos do pacto quando compreendessem o alcance do que se pretende.

    A lista de nações latino-americanas que participam do TiSA é reveladora. Todas elas fiéis aliadas dos Estados Unidos, como Colômbia, México e Panamá (paraíso fiscal bastante ativo na negociação), assim como a exclusão não só dos países bolivarianos mas também do Brasil e outras potências regionais que Washington não confia. Na realidade, todas as potências emergentes do chamado BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) ficaram de fora do tratado secreto, precisamente porque serão as que mais perderiam ao se aplicar as condições pactadas.

    Não há porque duvidar da intenção de impedir o debate sobre a crise ainda vigente desde crash financeiro, as razões que a provocaram e as soluções para que não volte a acontecer, que muitos países solicitaram desde o estouro da bolha, principalmente o Equador. Estados Unidos, Canadá, Austrália, Suíça e a União Europeia se opuseram frontalmente até mesmo às conclusões da Comissão Stiglitz da ONU, em 2009, se negando a aceitar a evidente relação entre a desregulação bancária/especulativa e a crise. Em 2013, bloquearam todas as tentativas de discutir essas mesmas conclusões na OMC.

    A parte mais risível do conteúdo do TiSA, que foi publicado agora, é exigência de transparência total às autoridades nacionais, que deverão anunciar de antemão e abrir a discussão prévia todas as regulações e normativas que deverão se aplicar, assegurando assim que as grandes corporações e os lobbies comerciais internacionais tenham tempo e recursos para contra-atacar, modificar ou inclusive impedir essas decisões soberanas em função dos seus interesses.

    Uma imposição aos aparatos públicos exigida pelos que não só elaboram ocultamente o seu próprio modus operandi, mas que também pretendem que seus acordos já em vigor permaneçam durante anos como top secret, negando aos órgãos que resguardam a soberania popular a informação sobre as regras que serão aplicadas pelos governos de cada país em suas relações internacionais.

    Por outro lado, os acordos do TiSA – que se negociam de costas para o Acordo Geral de Comércio de Serviços (GATS) e a OMC – tomam em conta todas as exigências de Wall Street e da City londrina, assim como os interesses das grandes corporações multinacionais, para as quais o tratado não só não é secreto, é quase íntimo, sua própria criação. Como há meses alertou Jane Kelsey, catedrática de direito da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia: “o maior perigo é que o TiSA impeça os governos de fortalecer as regras do setor financeiro”.

    Desenhado em cumplicidade com o setor financeiro mundial, o TiSA obrigará os governos que o assinem a promover e ampliar a desregulação e liberalização especulativa, fatores causantes da crise de 2007-2008; O tratado tirará dos países-membros o direito de manter e controlar os dados financeiros dentro de seus territórios, os forçará a aceitar CDS´s tóxicos e os deixará de mãos e pés amarrados caso pensem em adotar medidas para impedir ou responder a outra recessão induzida pelo neoliberalismo. E tudo isso será imposto através de acordos secretos, sem que a opinião pública possa conhecer os verdadeiros motivos que empurrarão sua sociedade em direção à ruína.

    A menos que os órgãos da soberania popular impeçam esse golpe de Estado econômico mundial. 
    ____________

    Carlos Henrique Bayo, diretor de Público.es, foi redator-chefe da editoria Internacional da versão impressa deste diário. Foi correspondente em Moscou (1987-1992) e em Washington (1992-1996). Ademais, foi subdiretor de La Voz de Asturias, diretor de publicações do Grupo Joly, subdiretor e criador do Diário de Sevilla, redator-chefe do Diário 16 e El Periódico de Catalunya, e diretor adjunto da Rádio ADN.

    Tradução de Victor Farinelli.

     

  20. FHC quebrou o País? Risível….

    Quebrar é entrar em default, o que só houve com Sarney, ou com a Argentina de Cristina Kirshner, a Venezuela de Maduro, e agora a Grécia de gabinete socialista….

    FHC pediu empréstimo ao FMI para rolar a dívida, somente isto.

    “Ah, mas isso é pedalada, quebrou!”

    É mesmo? Então o Brasil quebrou em 2014, com a cereja no bolo de alterar a lei de responsabilidade fiscal retroativamente para fechar as contas….

    1. Sem o empréstimo do FMI o

      Sem o empréstimo do FMI o Brasil não tinha recursos para fazer frente aos compromissos internacionais: conta de comércio e de capitais. Se isso não é quebrar a que podemos chamar essa situação?

      FHC que entende nada de economia engoliu a teoria maluca de Gustavo Franco, o Barroso, verdadeiro napoleão de hospício, figura estelar daquele momento. Ele não via problema nenhum na combinação explosiva de uma política de valorização cambial, deficits comerciais crescentes, endividamento externo, e socialização das perdas cambiais com emissões de dívida pública em dólares. E na época nossos sabujos na imprensa e nos bancos não se alarmavam com tamanho coquetel de inconcistências….

      Simonsen que sentira na pele o problema advertia que a inflação aleijava mas que o câmbio matava!!!! 

      1. Então repetindo….

        Sem as pedaladas fiscais e a alteração da lei de responsabilidade para beneficiar retroativamente o governo em 2014, não haveriam recursos para fechar as contas. Se isso não pe quebrar a que podemos chamar essa situação?

  21. Nassif pare de praticar o auto engano

    Com tanto coisa para relatar sobre a crise economica e política, assunto que adora tentar escrever sobre. Vc prefere adjetivar o único partido equilibrado do Brasil.

    A Social Democracia possui muitas imperfeições, isso é inegável. Tal como a democracia que precisa se ajustar aos fatos.

    O que temos hoje é uma liderança fraca dependende do PMDB. E se não fossem os tucanos junto com os Petistas teríamos nesse momento um remendo terrível em nossa constituição.

    Eu seu que o PT paga parte de suas contas e de seus colaboradores e você precisa sobreviver. Mas acredito que surtar ao ponto de criticar de modo vazio o PSDB mostra que sua única virtude e defender sua carteira.

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