Lula aceita assumir comando do PT

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concordou com a candidatura à presidência do PT, como única saída para reunificar o partido. A decisão ocorreu na última semana, em reunião com dirigentes do partido. Nas próximas semanas, pretende percorrer o país, buscando o apoio das diferentes frentes da sigla.
 
O objetivo é que o seu nome não apenas seja endossado pela corrente CNB (Construindo um Novo Brasil), como também com o apoio de diversas forças do PT. O atual presidente do PT, Rui Falcão e amigos do ex-presidente o convenceram de que sendo o próximo presidente da sigla terá seu nome referendado em congresso do PT, em junho.
 
A partir daí, analisam as lideranças do partido, o nome do ex-presidente também já vai estar consolidado para 2018. Liderando com folga as pesquisas para assumir o Planalto, Lula entretanto ainda não confirmou se pretende ser candidato à Presidência da República.
 
A resposta dependerá, ainda, da tramitação das investigações da Operação Lava Jato, das quais Lula é alvo de dois processos, em um deles acusado de ter se beneficiado com o chamado triplex no Guarujá, e o outro de ter recebido vantagem indevida da Odebrecht por terreno onde seria sede do Instituto Lula. E é ainda réu em outras três ações que tramitam em Curitiba.
 
Já diretores do Instituto Lula seriam contrários a decisão de assumir o comando do partido, alegando que o petista precisa se dedicar à defesa da Lava Jato e se preparar para uma eventual campanha presidencial. Além disso, apontam que o Instituto Lula enfrentaria grave crise com a ausência de Lula.
 
Á frente da sigla, o ex-presidente terá gastos como os de viagens custeados pelo partido, antes mesmo de possível campanha presidencial. 
 
“Para voltar ao Palácio do Planalto, Lula precisará sobreviver a uma campanha que vai revirar as entranhas do PT e das relações camaradas do ex-presidente com as empreiteiras. Mas, no momento, a maior ameaça à sexta candidatura do petista é de natureza legal”, analisou o colunista do Valor, Raymundo Costa, ainda sobre as investigações contra o ex-presidente.
 
Ainda para a decisão de assumir a liderança do partido, além de concordar com aliados que um novo embate interno dentro da sigla poderá ameaçar a sobrevivência do PT, pesou um pedido da própria ex-primeira-dama, Marisa Letícia. Antes de sua morte, em fevereiro, teria defendido que o marido assumisse a presidência do PT para pavimentar sua volta ao Planalto.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

9 Comentários

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  1.   HURRAH!!!
      Que mais uma

      HURRAH!!!

      Que mais uma vez a caravana passe embalada pelo som dos vira-latas! Claro que minha felicidade será maior se Rui Falcão for “promovido” para chefiar o Diretório municipal do PT em Oiapoque/AP – e que leve junto a corrente petista das “páginas amarelas da Veja”.

  2. “Se não tem ele, vai com ele

    “Se não tem ele, vai com ele mesmo”. Afora Lula, a alternativa ao PT será “ninguém” para assumir uma candidatura COMPETITIVA. Bons quadro como Haddad dificilmente teriam a capacidade de arrostar a onda de anti-petismo introjetada no subconsciente da maioria do eleitorado. 

    Bom, mas isso é só o começo. A grande pedreira vai ser combinar com esse Juiz de Curitiba. Queria ter outras certezas como a que tenho que o danado condenará, SIM, o ex-presidente. Trata-se de uma questão de honra para o mesmo. Por fora, quem saberá?, a colheita dos eventuais frutos na forma de uma candidatura “por fora” à presidência. Seria a glória para os que verem o PT e Lula pelas costas. Até o Bolsonaro desistiria a favor do “herói” da Globo. Teríamos um Collor de toga.

    Restaria a indagação: o que fizemos para merecer tudo isso?

    Entretanto, há, mesmo que remota, a chance de Lula escapar das garras do Torquemada e tocar para frente essa candidatura. De prima a questão, e no palavreado Oco próprios dos políticos: candidato de quem e para quem? Ou faltará a intragável “nossa candidatura” e ficará apenas a “minha candidatura”? Que forças políticas, sejam formais(partidos, sindicatos etc) e informais contará para enfrentar a “carnificina” que certamente prevalecerá no próximo pleito? Façam as contas e puxem o rosário. 

    As coligações de darão a partir de quais perspectivas se os principais partidos, a começar pelo PMDB velho de guerra com sua expertise em política rasa e paroquial, provavelmente será pela primeira vez adversário? Ah, mas em 2002 foi assim, mas houve defecções que fizeram a diferença? Certo.Mas certo, e óbvio, que em 2002 o contexto era outro. Não havia esse derretimento quase que total do sistema político por essa Arromba o Brasil a Jato. 

    Jamais na história do país tivemos uma conjuntura tão atípica em todos os aspectos. Jamais! A tragédia maior é que não temos à mão nada para ultrapassá-la. Tudo conspira desfavoravelmente: estamento político destroçado, economia aos pandarecos, horizontes indefinidos, o ódio político a exsudar por cada poro, tecido social esgarçado, pessimismos, niilismos etc etc. Seria o caso dos candidatos relembrarem a famosa frase de Churchill dita para os ingleses nos primórdios da II Guerra:

    “Nada vos tenho oferecer, a não ser SANGUE, SUOR e LÁGRIMAS”. 

    Bem, mas isso é utopia. A prevalência seria ainda as promessas e o otimismo sem base factual. O que não deixa de ser pertinente. Só que o povo já está saturado disso. Aí é que entram o fatores liderança, carisma, história e empatia com o povão. Por essa cunha talvez Lula se torne insuperável. Talvez. 

  3. Eu não disse ? a Frente Democrática é o caminho.

    Que o PT não iria se renovar, que a hierarquia de alto a baixo daria um jeito pra se manter encastelada, agora claramente sem debates, com umas políticas (e, pior, omissões) tipo abvestruz enfaindo o pescoço num buraco na terra? (Falei em debates, mas sempre achei que eram pseudo debates, com aquele vício pouco criativo de quem não tem maior profundidade: catataus de teses que só os mesmos pros mesmos entenderiam, se lessem. Pela Frente Democrática é o caminho. Há uma corrente interna D S Democracia Socialista que vi que defende isso, se não me engano. Pensam, refletem, coisa rara, valiosa.

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