Uma nova (talvez a última) oportunidade para o PT se renovar

 
Por Guilherme Melho
 
Do Brasil Debate
 
É difícil negar que o Partido dos Trabalhadores vive hoje uma das maiores crises políticas de sua história: alvejado por denúncias recorrentes de corrupção, o partido perdeu a aura de “anti-establishment” que brandia em seus anos iniciais.
 
Integrantes graduados da direção partidária, no afã de garantir o crescimento eleitoral da legenda e a governabilidade de seus representantes eleitos, adentraram na nebulosa seara do financiamento privado e das velhas formas de se fazer política no Brasil. Ao fazê-lo, garantiram alimento para seus adversários, que usaram e abusaram da cobertura de uma imprensa liberal, marcada pela indignação seletiva contra o partido, para construir a caricatura do “petralha”.

 
Apesar das agruras ligadas ao desgaste de sua imagem, o PT vinha mostrando uma enorme resiliência eleitoral e política, ligada particularmente aos enormes avanços conquistados por seus governos.
 
Antes mesmo de assumir o governo federal, os governos municipais e estaduais petistas já mostravam que a priorização dos mais pobres, a administração democrática e participativa e a defesa dos trabalhadores eram as marcas do partido.
 
Ao assumir o governo federal, a ruptura gradual com a estratégia de desenvolvimento neoliberal comandada pelos governos Collor e FHC mostrou-se bem-sucedida, promovendo a ascensão social de milhões de brasileiros ao mesmo tempo em que preservava a conquista da estabilidade de preços.
 
Além disso, o governo Lula, ao adotar crescentemente uma estratégia de cunho social-desenvolvimentista (apesar de preservar elementos da antiga gestão macroeconômica, em particular na política monetária e cambial), provou ser possível combinar crescimento, geração de emprego, distribuição de renda, estabilidade de preços, melhoria das contas públicas e redução da vulnerabilidade externa.
 
Em um cenário internacional favorável, interrompido em 2009 pela grande crise internacional, os governos do PT promoveram avanços que formataram um novo padrão de desenvolvimento para o País.
 
Após a eleição da presidente Dilma, no entanto, o partido parece ter perdido rapidamente sua capacidade de elaboração e atuação, vendo se diluir sua força política e seu papel de ator central da estratégia de desenvolvimento. Alimentado pelo espetáculo televisivo que foi o julgamento do mensalão, o antipetismo radical tomou força e cresceu rapidamente.
 
Mesmo os avanços nas estruturas e instituições de combate à corrupção promovidos pelos governos petistas foram insuficientes para convencer a maior parte da população de seus objetivos republicanos. Somado a este fator, as manifestações de junho de 2013 sinalizaram uma nova série de demandas sociais no País, para além da pauta dos avanços anteriormente conquistados.
 
Ao mesmo tempo em que estas novas pautas ganhavam força, a perda de dinamismo da economia nacional (oriunda de fatores conjunturais e estruturais, internos e externos) dificultou a tarefa de atender à demanda crescente por serviços públicos de qualidade reivindicados pela população. Neste cenário adverso, o PT chegou às eleições de 2014 politicamente debilitado, resultando em queda expressiva de sua bancada federal e na quase derrota de sua candidatura presidencial.
 
Apesar deste processo de desgaste, a reeleição de Dilma trouxe consigo uma renovada energia para o projeto petista. Mesmo com uma postura política defensiva, Dilma conseguiu se contrapor aos outros candidatos exatamente por ser a herdeira legítima de um projeto de desenvolvimento econômico e social bem-sucedido, enquanto seus opositores representavam o antigo e derrotado projeto neoliberal.
 
A candidatura petista de Dilma sintetizou e representou uma série de lutas que vêm sendo travadas cotidianamente na sociedade brasileira: por uma gestão econômica que priorize o emprego, a renda e a justiça social; por um Estado ativo no processo de desenvolvimento nacional; por uma inserção soberana no cenário internacional; pelo fim do preconceito e em defesa das minorias excluídas; em suma, por uma sociedade mais justa e democrática, não submissa aos interesses dos mercados ou de outras potências.
 
É isso que representava a figura da Dilma jovem, guerrilheira, coração valente, que não se curvava à pressão dos poderosos. É exatamente esta imagem que se esfacelou em poucos meses após a vitória eleitoral, com o anúncio do novo ministério e a adoção de uma gestão econômica abertamente conservadora, em linha com as críticas e propostas de seus adversários.
 
Neste cenário, o PT, já enfraquecido por outros fatores, ainda se vê obrigado a defender um governo que aplica um projeto de desenvolvimento contrário àquilo que o partido historicamente defendeu. Apesar disso, muito mais importante do que se opor ao governo ou a ministros específicos (o que soaria bastante esquizofrênico para a maior parte do eleitorado), acredito que o desafio maior do PT hoje seja elaborar um projeto alternativo de desenvolvimento nacional, que mantenha as conquistas dos governos Lula e Dilma e avance para novas conquistas sociais, estruturais e democráticas, sem abrir mão da necessária estabilidade macroeconômica.
 
O V Congresso do Partido dos Trabalhadores surge como a grande (talvez a última) oportunidade de o PT se renovar, abandonando de uma vez por todas as práticas que promoveram seu desgaste, além de propor ao governo e à sociedade um projeto sólido e consistente de desenvolvimento econômico e social.
 
Para isso, o partido precisará de ousadia: em primeiro lugar, para alterar sua governança interna, punindo duramente os casos de desvios éticos e promovendo uma participação mais efetiva na vida partidária dos filiados e dos movimentos sociais; em segundo lugar, para elaborar uma nova visão de Brasil, que parta das conquistas do passado, mas que projete, de forma factível e realista, novas conquistas para o futuro; por fim, para aceitar o fato de que o atual governo, em particular no campo econômico, não contempla suficientemente o renovado projeto petista, abrindo assim espaço para críticas democráticas ao governo por parte das lideranças partidárias.
 
O PT só será capaz de reconquistar a confiança da sociedade brasileira a partir da formulação de um novo projeto para o Brasil, que fundamente o exercício da crítica honesta e ousada à estratégia atual do governo.
 
Aliado às mudanças necessárias na gestão e na vida interna do partido, este novo projeto nacional poderá se tornar o grande elemento unificador das esquerdas, possibilitando ao PT voltar a representar o sonho de nação que amalgamou tantos movimentos sociais através da história brasileira recente.
 
Redação

21 Comentários

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  1. O PT teria chegado ao governo

    O PT teria chegado ao governo se não jogasse o jogo da mesma forma que os inimigos? Este é o problema. “Eles” podem, o PT não pode, é só ver o caso das doações aos institutos Lula e fhc. O pior é que uma parte da população, que se proclama bem informada e esclarecida concorda plenamente com o “eles” podem, o PT não. Como vai se livrar o Brasil desta hipocrisia? A coisa chegou a este ponto: http://www.brasil247.com/pt/247/minas247/184515/´Laranja´-do-PT-em-Minas-era-armação-do-DEM.htm

  2. O PT é um morto-vivo que só

    O PT é um morto-vivo que só falta deitar, se continuar do modo como está, saindo do governo desaparece simplesmente; digo isso com dor no coração de quem esperou 30 anos para ver o Lula eleito; e com  a reforma golpista que estão fazendo no congresso, visando enfraquecer o Lula e fortalecer o poder economico ficará mais duficil ainda para o partido (poe na conta um lider no senado que apoia uma ideia estapafurdia de um senador tucano que estranhamente só tem uma ideia fixa na cabeça: acabar com a Petrobras).

  3. corte na própria carne

    Considero-me petista. Mas não podemos ser cegos para algumas questões, como exemplo o PT tem que fazer uma limpeza nos cargos comissionados dos companheiros.  Muitos desses cargos são para garantir supersalários. Não preciso aqui dar exemplos. Basta ver nos correios, na Petrobras, etc. 

  4. Nossa quanto comentário

    Nossa quanto comentário agressivo! Para falar mal do PT tiram do armário todo um arsenal de falsas verdades.

    Desvios éticos? Quais desvios éticos? Até o momento o que se tem são falsas acusações e acusações sem provas.

    O PT está desgastado é fato, por conta de 12 anos de governo onde não é maioria e onde uma coalização para governabilidade causa um desgaste político muito sério.

    Sofremos ataques sem tréguas de uma direita raivosa onde somos atacados não por nossos erros mas por nossos acertos. Ou será que o autor acha que a perseguição da direita é por conta de supostos desvios éticos? Ora, tenha paciência!

    Perseguição a supostos desvios éticos não enche barriga e não tira 40 milhões da miséria.

    Respeito muito a vontade e o sentimento dos movimentos sociais e do povo que mais precisa, e dificlmente partem deles textos como esse.

    Textos como esse são escritos por gentinha, autorzinho mesmo, que se diz de esquerda, e, passando por cima da história e do significado do PT, pretendem surfar nessa onda oportunista de ataque ao PT com postura petulante de falso bem intencionado.

    O PT vai enfrentar esse momento, e tenho certeza do que depender da maioria de seus militantes vai sair fortalecido desse processo. O que vejo na classe trabalhadora e nos movimentos sociais é medo e apreensão diante do risco de perder o PT, de o PT ser vencido.

    O que o PT precisa mais neste momento não é que concordem com ele, mas que o respeitem inclusive na crítica.

    O que o PT mais precisa nesse momento é que os setores progressistas da sociedade ajudem a defender esse instrumento de luta que é o PT e que não será substituído por frentes ou ajuntamentos, pela simples razão que a espinha dorsal de qq movimento de resistência e avanço só pode ser o PT. Que outro partido no Brasil atual poderia desempenhar esse papel. O PT é um patrimônio de toda a sociedade brasileira que ama o país e como tal merece todo o nosso respeito e reforço nesse momento tão difícil de sua trajetória política.

    Viva o PT! Viva o povo brasileiro!

  5. Punindo duramente?

    Mais que o PT já pagou? Não basta mandar para cadeia sem provas políticos do PT? Não existe acordo. O exemplo Lula x FHC está aí como exemplo. Tudo para o PT será crime enquanto para os outros é normalíssimo. Ou o povo brasileiro resolve sair deste coma promovido pela imprensa brasileira acordar politicamente ou vai regredir ao que era na década de 90. Aí vão lembrar daquela frase: “Não adianta chorar o leite derramado. Eu era feliz e não sabia!”

  6. Um texto desse tamanho e

    Um texto desse tamanho e nenhuma linha sobre responsabilidade pela adoção de uma política econômica que quebrou o Estado brasileiro. Impressionante. Mas gostei do falseamento romântico e genérico sobre o estelionato eleitoral cometido na campanha (também sem responsabilização até o momento). 

  7. (talvez sim, talvez não): O autoengano e longos textos ambíguos

    Dar uma no cravo, outra na ferradura é dos velhos recursos de retórica. Acerta-se seja qual for o resultado. Bingo! Recursos velhos por antigo uso, mas jovens pela eficiência que mantêm. Está presente neste texto junto com a prolixidade que impressiona, dá sensação de profundidade, e mal são lidos, ou nem isso, e aplaudidos (ou rechaçados, de pronto: as visões apriorísticas incorrem nesses dois aparentes opostos, sem nuances, e com pouco espaço ao questionamento e salutares provocações, à dúvida, esta vulgarmente sendo recebida como mal vista, como falta de convicção, de segurança – e nem chego a toca num aspecto terrível da tecnologia da internet, a superficialidade, as “discussões”, os “debates”.

    1. Gostamos de nos iludir.

      A ilusão, o autoengano é imprescindível à autoestima na luta pela sobrevivência do ser humano (senão a vida não teria mais sentido pra si mesmo, não ter suas verdades, não gostar de si mesmo, etc). Iludir e enganar outrém também faz parte (não é à-toa o ditado popular “Me engana que eu gosto”, geralmente dito em tom de ironia, revela uma verdade:

      1. Formas e Conteúdos estão sempre interligados

        O catatau do Post acima não chega aos pés do velhíssimo recurso de looooongas teses que cada grupo apresenta em Congresso. Um dos artífices intelectuais de uma delas não foi camaleônico suficiente pra fugir a essas mesmices de formato (Cito-o por simpatizar mais com ele, e por pessoalmente já tê-lo em camaleonices, palestras: algumas, benvidas consequências de evoluções – pensamentos petrificados não mudam, nem voltam, nem devem voltar a raízes, não reformam nada em essência).

        1. “Ainda É Cedo, Amor” nº 379 ( já perdi a conta )

          Esses agouros vêm desde a fundação do PT, de um lado e (sim!) de próprias esquerdas, acentuado PT nas nas suas oscilantes (sejamos generosos…), que (também) foram e são um fator contra si mesmo, em favor do antipetismo: Uma observação: não sou petista, nem simpatizante de PT desde criancinhas – e suspeito muito de quem o seja, pois me parecem mais umas adesões de fundo religioso, frágil na sua suposta firmeza dogmática. Ah! Também não sou, nem estou a serviço de soldadescas militantes, isso, de há muito, não me empolgam. (Por gentileza, mais atençao: uso artigo indefinido ou suprimo artigo, não se leia como absoluta generalização)

          1. O PT acabou eleitoralmente

            mas não quero acreditar. Não vejo assim. Quaisquer análises (principalmente desses blogs das franjas social-democratas – não de todo desmerecidas) são precipitadas. Situação e Oposição se encontraram já nos primeiros dias da posse do 2º Mandato (não me importam as diferenças de críticas aos rumos que iniciavam serem tomados). Já, começamos a ver a uma nova precipitação de que agora é que começou o 2º tempo. Perdão, mas alguém já repetia como papagaio de que se deveria esperar ao menos a metade do 2º Mandato. Mas, temos vaidades (não me excluo) e pretendemos ver adiante dos outros, pretendemos ver longe e, “sim, ou não”, “pode ou não pode”, virmos a acertar. Bingo, outra vez.

          2. a ta limpeza reforma profunda do PT

            não acredito nela. Permanecer no partido ja entrelaçado com afetividades, interesses, algumas ideologias, um saco de gatos, e nm sequer vir a escrever uma tese curta e gorssa, clara, pro eleitorado, pro povo, até pra alguns da mídia e nos todos podermos entender, não vale muita coisa. É usar jargão pra lá e pra cá por e pra iniciados.

          3. SEM MEDO DE LIBERDADES:Fusão (não refundação) de amplo partido

            Vejo a fusão (não a refundação) de um amplo partido com verdadeira liberdade de contraditório, cursos a mil pra detectarmos e lutarmos contra as velhas artimanhas das manipuçações internas. E os eternos postos de direção e de militâncias que se rodiziam nos órgãos, instãncias. Apegados como caaramujos em arrecifes, em pedras, em lodo.

          4. Não aprenderam, pensam que a esquerda surgiu com o PT:

            E uma urgentíssima mídia impressa e radiofônica pra ontem. Foi a fé (esperança, crença, sim, todos a temos, mesmo nós, ateus), não apenas ouro de moscou que fez publicar , nas bancas do Brasil, durante anos a Voz da Unidade, do PCB, ou a Tribuna Operária, do PCdoB. Há outros pequenininhos. Claro que a sustentação tem que ser material também. Trocar todos (ou quase todos) do aparato de Segurança. Investigar os próprios capas-pretas. Que bom foi chamar um mestre de xadrez como M. Unger (e Ela tb sabe jogar). E diariamente blogs enchem linguiça pra , pra… usem a imaginação.

  8. Muito oportuno este Izaias Almada

    Contradizendo este tópico!

    http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/izaias-almada-qual-e-a-surpresa-ja-vimos-esse-filme-em-1954-e-1964.html

    Izaías Almada: Qual é a surpresa? Já vimos esse filme em 1954 e 1964

    publicado em 11 de junho de 2015 às 10:20

    Bandeira do PT

    QUAL É A SURPRESA?

    Izaías Almada, especial para o Viomundo

    O PT é isso, o PT é aquilo. Vai perder sua base social. Há uma exaustão intelectual. A culpa da “crise” é do PT, e por aí vai a cantilena. Os “analistas políticos” enfiados na “imprensa safada”, na definição do jornalista Ricardo Kotscho, bem como a “velha” e a “nova” esquerda, seja lá o que isso signifique hoje no Brasil vai se divertindo em tentar analisar o futuro do Partido dos Trabalhadores às vésperas de seu encontro em Salvador.

    Enquanto parte da esquerda faz o seu exercício de futurismo e os especialistas, acadêmicos ou não, queimam alguns neurônios à procura de alguma explicação sobre o PT, o efeito é um só: o de atirar pedras na Geni.

    A isso se soma a inesgotável água da cisterna policialesca do Paraná, água fétida do arbítrio e do desconhecimento do arcabouço jurídico de um país que se quer democrático e que é retirada e espargida diariamente pelos órgãos de informação sobre uma população que, ao que tudo indica, não sabe exatamente em que país está vivendo.

    Por trás da grande e planejada confusão desencadeada pela oposição tão logo se conheceu o resultado das urnas em outubro passado, o país mergulhou, com o apoio incondicional da imprensa, de alguns membros do judiciário e de um congresso majoritariamente conservador, numa espécie de vale tudo político.

    Assim, sem mais nem menos, da noite para o dia o Brasil da “crise” tornou-se também o guardião daquilo que alguns consideram as grandes virtudes democráticas e, para tanto, criou no Estado do Paraná uma espécie de Inquisição, podendo condenar qualquer um (com inegável pendor a que esse “qualquer um” pertença ao governo ou ao Partido dos Trabalhadores) à fogueira midiática. Qual é a surpresa? Já vimos esse filme em 1954 e 1964.

    E todos fingem seriedade. Claro, pois a situação é séria, dirão muitos. Mas qual situação é séria? A da corrupção? Qual corrupção? Essa do circo armado pela oposição e pela mídia em especial contra o PT? O desconforto do próprio Partido dos Trabalhadores e do governo? Ou a corrupção da lista de Furnas? Da CPTM e do Metrô em São Paulo? A da sonegação de impostos via HSBC na Suíça. E olha que existem outros bancos metidos na lavagem de dinheiro, o que só faz ampliar a lista de sonegadores. Lista sonegada ao público provavelmente por alguns dos próprios sonegadores… Qual é a surpresa?

    Em primeiro lugar a corrupção brasileira não foi criada em 2002 como querem muitos, em particular o príncipe da privataria, o que – me perdoem o lugar comum, Freud explica. Além do que ela, a corrupção, está presente nos grandes conflitos da história desde sempre: Não se vendiam indulgências para um pecador entrar no céu? E antes disto: Cristo ou Barrabás?

    Mas como estamos vivendo na passagem do século XX para o século XXI, o que importa é o resultado dessa atual e encarniçada luta pelo butim capitalista. Porque é disso que se trata. E aqui, meu caro leitor, não tem essa de combate à corrupção, pois ela é a própria razão de ser da sustentação desse regime econômico desde as suas origens.

    Vale a pena ler sobre a “organização econômica da sociedade pós feudal”, desde a criação dos agiotas demonizados pela Igreja na Idade Média, a formação dos bancos e os cálculos dos juros bancários, a criação da Bolsa de Valores, as guerras estimuladas pelo grande capital.

    Ainda há poucos dias um ex-juiz do STF colocou no twitter (essa pérola da comunicação telegráfica) que um juiz para julgar com independência tem que ganhar ao redor de 100 mil reais por mês. Em outras palavras: sem dinheiro não há justiça que aguente. Disso, todos nós sabemos, senhor juiz: é só visitar as prisões brasileiras e ver quantos ricos estão por lá… Por muito, mas muito menos dizem que Judas traiu Cristo.

    Outro juiz (aliás, muitos juízes de direito andam saidinhos ultimamente, adoram falar nos telejornais, revistas e jornais diários), teve a ousadia de dizer que se a pessoa a quem interrogava (um empresário preso sem culpa formada) cooperasse, poderia ter as regalias de uma prisão domiciliar. Cooperasse? Mas cooperasse com o quê? Com aquilo que o ínclito juiz queria que fosse dito? Assim como fazem nos regimes totalitários. Qual é a surpresa?

    E de repente, nesse quadro, desnuda-se aquilo que, com elegante hipocrisia vinha sendo encoberto e onde muitos mamavam e continuam mamando: o grande escândalo do futebol mundial, onde se destacam entre outros mandatários alguns cartolas e empresários brasileiros com importantes ramificações pelo Brasil e pelo mundo… Não só no futebol, é bom lembrar. Qual é a surpresa? O jornalista Juca Kfoury trata do assunto há anos e ninguém lhe deu atenção até agora.

    E de surpresa em surpresa, onde as mentiras e maledicências são fortes moedas de troca, o brasileiro – particularmente aqueles que acreditam em Papai Noel e batem panelas nas varandas de seus vistosos apartamentos – vão descobrindo que em política o buraco é mais em baixo.

    Apesar da “nova esquerda”, a verdade é que o PT ainda incomoda, e muito. Continua a ser o único partido político de centro esquerda no Brasil com estrutura suficiente para enfrentar nacionalmente o velho e o novo fascismo. Com um projeto de nação que inclui a todos os brasileiros, com um conceito de nacionalismo não excludente, pacifista e integrador, sobretudo com a América Latina e a África.

    Agora, se existem novos candidatos a Guevaras, Chávez e Mandela aqui nessas terras brasileiras, eles que se apresentem, pois de críticas e autocríticas feitas em artigos e comentários pela internet, como eu mesmo faço, já estamos todos ficando cansados, não?

    1. eu sinceramente gostaria de

      eu sinceramente gostaria de saber como um partido que tem uma presidente da república que vai a TV dizer que manifestações que pedem a volta da ditadura são ‘expressão de maturidade democrática’ pode ser capaz de enfrentar o novo e velho fascismo.

  9. Não há nada demais em misturar religião e políticas

    depende de como ocorre. O PT é um partido-político, importante, sim, o mais importante, atualmente, mas tem, merece muitas críticas (e não de hoje, e muito antes de a primeira candidatura Lula) críticas que nada mais são do que as muitas idolatrias não menos apaixonadas e esperançosas, por um mundo melhor. (Encadeei alguns comentários, mais abaixo, no meu jeito, meio apressado, sem revisar, e às vezes deixo lacunas, que só bem depois, me dou conta, e não corrijo) Quem sabe todos os comentários ali não sejam lacunas?

  10. Não foi o PT que mudou. Foi o
    Não foi o PT que mudou. Foi o stablishment, que deixou de se-lo e tornou-se a maior quadrilha já vista de sabotadores da vida nacional.

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