FUP desconfia de acordos do governo com a Noruega na área do petróleo

Jornal GGN – A notícia da assinatura de um acordo de cooperação entre o governo Temer e a Noruega no setor de petróleo e gás foi recebida com desconfiança pelos petroleiros. A Federação Única dos Petroleiros (FUP) não acredita que a parceria possa ser benéfica para o país.

Paulo Pedrosa, ministro de Minas e Energia, disse que pretende que o Brasil possa exportar serviços e componentes, além de desenvolver a indústria de petróleo. Para José Maria Rangel, dirigente da FUP, o acordo pode ser favorável apenas à Noruega ao incluir transferência de tecnologia brasileira.

Ele pontua que a produção do país escandinavo tem caído e a Statoil tem comprado campos em outros lugares do mundo, como fez com o campo de Carcará, adquirindo 60% da participação.

Leia mais abaixo:

Da Rede Brasil Atual

FUP levanta suspeita sobre acordos de Temer com a Noruega na área de petróleo

A julgar pela entrega do campo de Carcará à estatal norueguesa Statoil, petroleiros não estão convencidos de que a cooperação entre os governos Temer e da Noruega tragam benefícios ao Brasil

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) recebeu com desconfiança a notícia da assinatura de acordo de cooperação entre os governos de Michel Temer (PMDB) e da Noruega no setor de petróleo e gás. A cooperação foi discutida em reunião na última semana, entre o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab (PSD), e o ministro do Petróleo e Energia da Noruega, Tord Lien.

De acordo com a assessoria de imprensa de Kassab, foi constituído um grupo de trabalho vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, além de setores da pasta das Minas e Energia (MME) e das Relações Exteriores (MRE), para estreitar a cooperação sobre o setor. “Este momento é uma nova fase na relação entre os países com um forte vínculo na área de ciência e tecnologia”, avaliou o ministro, conforme nota oficial.

O ministro das Minas e Energia, Paulo Pedrosa, que participou do encontro, destacou, conforme a assessoria, seu desejo de que “o Brasil, além de desenvolver sua indústria de petróleo e gás, possa exportar serviços e componentes. Isso está exigindo do governo repensar suas políticas para que o setor de energia possa melhor contribuir para o desenvolvimento e a criação de empregos no país.”

Para o coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel, a Noruega tem expertise reconhecida internacionalmente na área de segurança e de saúde no trabalho, que resultam em menores números e acidentes, mas que esse não parece ter sido o tema central do acordo. “Se tivéssemos a certeza de se tratar disso, eu estaria radiante”, disse.

Outros pontos que a Petrobras tem a aprender com os noruegueses, segundo Rangel, é o desenvolvimento da cadeia industrial para o setor, e a conversão da riqueza do petróleo em melhores condições de vida para a população.  “Vínhamos dando nossos primeiros passos, tímidos, a partir do marco legal de 2009, que coloca em seu conteúdo a produção local em toda a produção, e que o atual presidente (Pedro Parente) quer acabar. E eles têm um fundo soberano, que transfere recursos do petróleo para investimentos sociais.”

No entanto, o dirigente da FUP acredita que o acordo, não revelado em detalhes, possa ser favorável apenas à Noruega ao incluir transferência de conhecimento brasileiro. “Com frequência a Petrobras e seus técnicos são premiados pela tecnologia desenvolvida na exploração de petróleo em águas profundas. E a Petrobras vence cada desafio que se coloca”, destacou.

Para Rangel, esse aspecto é relevante num momento em que a produção norueguesa está em declínio e a Statoil tem adquirido campos em diversas partes do mundo, como fez recentemente, comprando 60% do campo brasileiro de Carcará no final de julho.

“Temos de estar com um olho no peixe e outro no gato. Troca de conhecimento é muito comum no setor. Mas entendemos que todo acordo só é bom quando beneficia as duas partes. E seria ingenuidade acreditar nas intenções dessa atual administração, desse governo golpista. Vamos seguir fiscalizando.”

De acordo com o governo, as conversações tiveram início em 2013, quando Brasil e Noruega criaram uma força-tarefa para traçar estratégias para o século 21. Em 2015, a agência fomentadora de pesquisa brasileira Finep lançou edital para apoiar parcerias entre empresas e instituições de pesquisa entre os dois países para o desenvolvimento de tecnologias no setor de petróleo e gás. Foram aplicados R$ 5 milhões em subvenção econômica por parte da Finep e cerca de R$ 4,4 milhões em recursos não reembolsáveis por parte do Conselho de Pesquisa Norueguês para projetos em tecnologias submarinas, recuperação avançada de petróleo e tecnologias ambientais.

Redação

7 Comentários

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  1. Ué eles estão aproveitando…

    Ué eles estão aproveitando… Não há representantes do povo no governo… Ou seja, não há governo… Há desgoverno… Então é natural que se desbandalhe com tudo… Isso é lógico… Os tucanos não venderam minas de Niobio em minas para a China e Coreia por trocado? Estão fazendo um saldão do país…

  2. Este é o pior dos acordos.

    O grande trunfo da Petrobrás é o conhecimento desenvolvido. Nenhuma outra petroleira tem conhecimento e tecnologia para explorar o pré-sal. Um dos leilões de áreas do pré-sal não ocorreu porque a Petrobrás não iria participar. As companhias estrangeiras sem a tecnologia  da Petrobrás não poderiam jamais explorar o pré-sal  Este acordo vai sem dúvida ser estendido pelo governo para todas as petroleiras estrangeiras.

    Como já disse anteriormente, em outro comentário, não basta ter o pré-sal, eles tem que se apropriar da tecnologia e do conhecimento da Petrobrás.  Este governo e esta presidência da Petrobrás, passa agora a entregar a tecnologia e o conhecimento, gerado por muito investimento e muitos cérebros brasileiros. Esta é a entrega final do pré-sal.

    Não há notícia de um país que tenha feito isto numa área tão estratégica quanto a energia. O pré-sal só é viável porque o preço do barril é aproximadamente  9 doláres.  E este preço do barril só é possível devido ao conhecimento desenvolvido , que até agora era apenas brasileiro. O conhecimento é a mercadoria mais visada e mais ambicionada no mundo.  Quem e quanto  estão ganhando com isto? Nestas horas não vemos nenhuma ação do MP. E tudo é feito na surdina, sem uma notícia esclarecedora na grande imprensa. O que demonstra a que interesses, esta imprensa defende.  As nossas forças tarefas e nosso Ministério Publico estão mais interessados em ceder delatores e documentos  para os processos e ações contra a Petrobrás nos Estados Unidos. 

    1. Tecnologia do pré sal

          Todo governo dá uma enganadinha, as estatais tambem, dependendo de quem está no comando, publicam para a “massa” apenas o que interessa.

           A Petrobrás contou, na verdade para poucos e mais no exterior, que desde o começo do “pre salt “, negociou uma parceria tecnológica com a norteamericana Schulemberger , contrato firmado em 2009 – http://www.offshore-mag.com/articles/2009/02/petrobras-schulemberger-sign-research-agreement.html

            Presalt para “principiantes” , um texto bom, não muito técnico e publico: http://www.slb.com/~/media/Files/resources/oilfield_review/ors10/aut10/03_presalt.pdf

             Texto publicado em 2010 pela Schulemberger, portanto se há mais de 6 anos eles já tinham estes dados, é até facil concluir que atualmente, o conhecimento desta tecnologia por americanos, noruegueses, chineses, franceses, etc.. , já é muito maior.

  3. Todas negociações desse governo devem ser anuladas

    Quem negociar, comprar, vender, vai perder dinheiro.

    Quando entrar um governo realmente democrático, deve anular tudo.

    Todos os atos desse governo golpista é ilégitimo, o país não deve aceitar nada.

    1. D última vez que a direita

      D última vez que a direita ldeu um golpe, a esquerda levou quase 40 para voltar ao poder…

      Até lá o pré-sal já acabou há mto tempo !!!!

       

  4. Exportar peças e serviços ?

      É muita cara de pau ou completo desconhecimento, um “ministro” contar uma abobrinha deste tamanho, como exportar alguma coisa da “cadeia oleo & gás ” se este proprio governo esta acabando com ela, apoiado pelos torquemadinhs das aruacarias, se antes esta cadeia estava ainda no inicio nem conseguindo atender a nós, vamos exportar o que para uma das mais desenvolvidas industrias de o&G do mundo ?

       E sobre a “tecnologia”, até este depoimento da FUP esta no engana que alguem irá gostar, pois esta “tecnologia” já está na mão dos noruegueses, faz tempo, ou eles não conhecem a SIEMCONSUB, a AKER Solutions, FMC Kongsberg e outras empresas, todas ligadas  a Statoil que operam no BraZil há décadas.

       Comparem no site especializado http://www.subsea.orgcompany/albycounty/ , quantas empresas “brasileiras” e norueguesas nele estão registradas.

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