O Globo ignora o instituto da SPE e acusa Petrobras

Jornal GGN – Ontem, domingo (11), o jornal O Globo deu uma matéria intitulada “Petrobras paralela”, em mais um episódio da discussão entre o periódico e a estatal sobre a suposta empresa “de fachada” criada para operar a rede de gasodutos Gasene. A história foi contada pela primeira vez em 4 de janeiro e, de lá pra cá, vieram réplicas e tréplicas.

A Petrobras tenta explicar que a operação é legal e que a suposta “empresa de papel” é, na verdade, uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), constituída para contratar financiamentos, construir e operar o Gasene.

Nessa nova reportagem, O Globo reconhece a legalidade do modelo de negócio, mas argumenta que ele “cria precedentes para uma expansão descontrolada” ao colocar a estatal além do alcance dos órgãos de controle, como o Tribunal de Contas da União (TCU). “Ao lançar mão de uma empresa privada a estatal se vê livre do escrutínio a que é submetido o restante do governo federal”, afirma a matéria.

“Demonstrações contábeis a partir de 2005 mostram que a Petrobras já constituiu 24 SPEs, com investimentos de pelo menos US$ 21,9 bilhões, ou R$ 59 bilhões — muitos deles para obras como gasodutos, plataformas, refinarias e transporte de óleo. Auditoria sigilosa apontou que em uma das SPEs, para construir a rede de gasodutos Gasene, há indícios de superfaturamento de até 1.800%, como revelou O GLOBO”.

A Petrobras voltou a dar nota para se defender das acusações do jornal, e disse que a existência de SPEs do tipo projeto estruturado “não representa ‘rede de empresas paralelas’ criadas para evitar a fiscalização por órgãos de controle de gastos públicos”.

“Não se trata de uma ‘rede de empresas’, pois não há relação entre as SPEs. Uma SPE, constituída segundo um modelo de negócio utilizado nacional e mundialmente, de projeto estruturado, como já informamos reiteradamente ao referido jornal, é uma empresa com objetivo específico de captar recursos para implantação de um projeto e de individualizar custos, receitas e resultados, permitindo uma visão clara do negócio e a percepção dos riscos, aos sócios e potenciais financiadores. A Petrobras vem utilizando esse mesmo modelo de negócio desde 1999, com grande êxito”.

A estatal também negou que haja uma “expansão descontrolada” de criação de SPEs. “todas as SPEs foram criadas com objetivos específicos e bem definidos, na medida da necessidade à sua época, como uma prática de mercado largamente utilizada nacional e mundialmente e sujeitas à legislação aplicável”.

Pelo contrário, afirmou que esse modelo vem passando por uma redução natural. “Com a redução dos investimentos da Petrobras nestes tipos de projetos, com a mudança do cenário econômico e com a evolução positiva da nota de crédito do País e da Petrobras, o que propiciou maior acesso a financiamentos corporativos, a constituição de ativos via projetos estruturados, por meio de SPEs, vem sendo naturalmente reduzida. Caso volte a necessidade de utilização deste modelo de negócio, a Petrobras não hesitará em adotá-lo”.

Por fim, sobre a colaboração com os mecanismos de controle e fiscalização, a estatal afirmou que “vem colaborando plenamente com as investigações da Operação Lava-Jato e atendendo a todas as solicitações do TCU, do Ministério Público e da Polícia Federal, jamais criando ou pensando em criar obstáculos para o bom andamento dos trabalhos desses organismos”.

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Redação

11 Comentários

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  1. Não tem limite

    Luiz de Queiroz,

    A Petrobras já rebateu a matéria “Petrobras paralela”, só que da forma que o jornal adora, através do Fatos e Dados, aquele blog da empresa que é conhecido por menos de 1% da população.

    Antes não respondia, agora o faz de maneira inteiramente equivocada, ou seja, a petroleira gigante permanece confirmando o que eu já disse, sua diretoria só se interessa por prospectar e extrair petróleo, vive no mundo da fantasia.

    Não há dúvida que esta atitude omissa dos membros da diretoria, digna de ETs, contribuiu decisivamente para a expressiva perda de valor da empresa nestes últimos vinte meses, resultado prático do ataque cerrado por parte do grupo interessado em arrasar o moral da Petrobras para, então, esgarçar o Pré-sal.

    Os ataques aumentaram nestes últimos vinte dias, o grupo dos Marinho demonstra claramente a sua intenção em destruir a empresa, forças da oposição, o TCU, PF e outros atuam na mesma direção e a turma da Av. Chile a permanecer montada em Fatos e Dados e mais nada, bem de acordo com o ponto de vista de Albert Einstein- a estupidez humana não tem limite.

     

  2. Eu não sou globo.

    Que as organizações globo sejam cretinas a ponto de falar em esquemas de sonegação, sendo elas mesmas autoras de estratagemas semelhantes, com desdobramentos ainda ocultos, eu até compreendo. É o jogo.

    Mas que este blog repercuta esta “notícia” é que nos é ininteligível.

    Afinal de contas, como andamos a debater muito os limites da liberdade de expressão (ótimo o texto de J.Assis), e a liberdade de impor limites, fica a questão subsidiária:

    Qual é o limite para o jornalismo que quer se dizer “isento”?

    Repercutir este lixo canalha do globo (ainda que a mensagem seja verdadeira) em nome de um suposto contraditório e/ou diversidade de informação, não seria algo que não nos serve de nada, ou pior, não seria dar voz a críticos que não têm estatura moral para sê-los, banalizando e igualando todos os críticos, e próprio instituto da crítica?

    1. Geni

      Geni,

      Então, a tua idéia é a mesma da Geni, apanhar calado do jornalão que publica matérias sempre contrárias à empresa há anos ?

      Se é verdade ou não, pouco interessa ao jornalão, o importante é enfiar na cabeça do leitor que a tal empresa se transformou num gigantesco ninho de corruptos a partir de 1 de janeiro de 2003.

      Pois fique você sabendo que o jornalão vem sendo muitíssimo bem sucedido, é difícil conhecer alguém que não fale mal da petroleira, quase todos acreditam, quem sabe você também, que Pasadena custou U$ 42 milhões. 

      1. Toca pedra na Geni.

        Alfredo, há duas possibilidades que eu consideraria úteis ao nosso colóquio:

        01- Que o blog publicasse o texto, e logo em seguida colocasse a sua opinião ou seu contraponto;

        02- Que o blog copie e cole a matéria, e sem nenhum comentário ou adendo, faça parecer que, senão concorda com seu conteúdo, o publica para estabelecer um espaço “democrático”, do tipo, não concordo, mas repercuto.

        Esta segunda hipótese é o que aconteceu, em minha rasa opinião.

        É neste sentido que vai meu comentário, denunciar este tipo de (im)postura, que fantasiada de bons e civilizados modos, acaba por dar mais ampliude àquilo que deveria ser desmascarado a todo momento.

        Espero ter esclarecido, pois pareceu-me que você não entendeu o “espírito-da-coisa”. Material da globo e do PIG por aqui, só deveria aparecer acompanhado de uma tarja preta: “Cuidado, tóxico!”.

        Mas aí, o editor correrá e dirá, como se esconjurando uma maldição: “Não sou militante, não sou militante!”

        1. Tarja preta

          Geni,

          Obrigado pelo retorno.

          Antigamente, diversas matérias vinham com a opinião do blogueiro, mas foram tantas as reclamações que as mesmas passaram a vir limpas.

          Quanto à existência tarja preta para o blog, em minha opinião pouco adianta,a maioria já sabe como a banda toca.

          Realmente importante seria o contraponto no canal de mídia que divulgou a notícia fake, além de inserções no horário nobre da televisão, com a mesma frequência das notícias fake publicadas.  

          O contraponto do governo federal e, principalmente, da Petrobras é risível, por isto a maior parte da sociedade tende a acreditar na versão do JN, versão feita para orangotango.

          Um abraço

  3. Verba publicitária

    A velha mídia morrerá pela boca, por inanição. Está clamando por verbas publicitárias.

    Parece que o ano de 2015 o corte no orçamento justifica plenamente enfiar a tesoura na verba publicitária. Enquanto a Petrobrás bate recorde de produção de óleo, a mídia agoniza.

  4. A Globo não tem mais o que


    A Globo não tem mais o que inventar contra a Petrobras.

    É, de longe o pior inimigo da Empresa e quer destruí-la de qualquer mneira, manipulando informações e inventando factoides.

    EPE’s SPE’s são instrumentos largamente usados por grandes empresas de qualquer setor, quando se objetiva investir com financiamento restringindo os riscos à SPE criada.

    Como o objetivo da Globo é criar escândalo, daqui a pouco ela irá contestar qualquer “perfuração” de poços sem que se tenha 100% de certeza de “oil in place”!

    Roberto Campos era pinto perto desses “depredadores modernos”!

     

     

     

  5. o ajuste economico impedirá

    o ajuste economico impedirá que a petrobrás continue

    financiando os seus impróprios detratores

    como já  foi denunciado por vários blogs,

    o globo defende interesses das transnacionais do setor.

  6.  O GLOBO pisou na bola, uso

     O GLOBO pisou na bola, uso de SPEs e off shores é parte da vida societaria de qualquer grande empresa, não tem nada de paralela porque é tudo contabilizado e registrado, ver algo de extraordinario nisso é coisa de ignorante. leigo no tema.

    1. Que leigo que nada…

      A família Marinho usa SPEs na administração de seus negócios. Não é possível que jornalistas do mais importante impresso do grupo jamais tenham ouvido falar sobre isso dentro da empresa em que trabalham.

      É má-fé, mesmo. A classe média é muito metida a sabida, mas não sabe m… nenhuma sobre a administração de grandes negócios. Acham que tudo é quitanda, padaria e botequim e vêem escândalo em toda parte, já que são incapazes de compreender ao menos um pouquinho esse mundo de grandes corporações – que, aliás, nem sabem existir. E o PIG se aproveita disso para semear a desconfiança e a maledicência. Se andarmos pelas grandes cidades, encontraremos dezenas de pessoas repetindo as mesmas baboseiras, como se fossem a mais completa verdade revelada. E o PIG sabe que isso acontece, e deita e rola…

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