O Refis das petroleiras, por Samuel Gomes

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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O Refis das petroleiras
 
por Samuel Gomes
 
O Brasil inteiro já sabe que a MP 795, a MP do Mi-Shell, gera perdas de arrecadação para o erário da ordem R$ 1 trilhão até 2040, destrói a nossa indústria naval, debilita de morte a indústria de bens e equipamentos, retira dinheiro da Seguridade Social (Saúde, Previdência e Assistência Social) e destrói um milhão de empregos de brasileiros em favor da criação de empregos nos países centrais do capitalismo, permitindo que eles enfrentem suas crises aprofundando a nossa. Tudo isso para atender aos interesses e exigências das petroleiras internacionais, aquelas poderosas empresas que promovem guerras de rapina e destroem países mundo afora para roubar o seu petróleo. Se houvesse corrupção no Brasil e se este não fosse um governo sério e responsável, não seria uma temeridade (opa!) supor que o crimede lesa pátria foi imposto ao país à custa de dutos de dinheiro das mãos dos beneficiários para as mãos sujas de abjetos governantes e desprezíveis parlamentares entreguistas.

 
Mesmo sabendo de tudo isso, no dia 6 de dezembro de 2017 a Câmara Federal aprovou a MP 795, a MP do Mi-Shell. No dia da vergonha e da humilhação da nacional, 208 deputados entreguistas e traidores derrotaram 194 deputados que votaram contra com a bandeira nacional à frente dos olhos. Os 208 joaquim silvérios dos reis tinham as bandeiras dos Estados Unidos e da Inglaterra tremulando diante dos seus olhos de peixe morto.
 
Agora é a vez do Senado Federal votar a medida. Agora é a hora e a vez do Senado Federal, supostamente a Câmara Alta, a Casa da Federação, a casa da sabedoria, da reflexão e da prudência. Eis que senão quando, no dia de hoje, às vésperas da votação da MP do Mi-Shell pelo Senado, vem a público um estudo da Associação Nacional dos Auditores da Receita Federal (Unafisco) mostrando que, além da doação de R$ 1 trilhão em renúncia fiscal em favor das empresas petrolíferas internacionais, a maldita lei do Mi-Shell Temer promoverá o perdão de R$ 54 bilhões de impostos que a Receita Federal está cobrando das multinacionais do petróleo por remessa ilegal de “lucros” ao exterior. Remessa ilegal de lucros é o nome técnico para o velho golpe que as multinacionais aplicam nos países onde se instalam de superfaturar compras nos seus países para mandar dinheiro para lá ao invés de investir aqui. Esse é um assunto sério e perigoso. Não esqueçamos que o presidente João Goulart foi apeado do poder em 1964 também por haver liderado, com a bancada de esquerda e nacionalista, a aprovação da Lei da Remessa de Lucros, que havia sido enviada ao Congresso ainda no governo Vargas (Lei 4.131/1962).
 
Pois bem. Se o Senado já tinha um trilhão de razões para mandar para o lixo, que ao lixo pertence, a MP do Mi-Shell, agora tem um argumento adicional, o argumento da vergonha na cara. Não é possível que a Receita Federal cobre impostos dos brasileiros e não apenas seja impedida de cobrar impostos da ordem de 1 trilhão de empresas que vem aqui explorar o nosso petróleo como também tenha que perdoar 54 bilhões de impostos que elas sonegaram criminosamente aos cofres públicos mediante contratos- fantasma para remessa ilegal de “lucros”.
 
Os deputados que votaram a favor da MP do Mi-Shell e que agora dizem que não sabiam do perdão de R$ 54 bilhões de impostos devidos por remessas ilegais de lucro ao exterior pelas multinacionais do petróleo vão fazer hara kiri coletivo na Praça dos Três Poderes? E os senadores querem saber já ou preferem “arrependimento” posterior? Faça chegar essa pergunta e sua indignação a cada senador, a cada senadora. Pergunte se o Senado vai botar a sua digital no criminoso Refis das petroleiras internacionais: 1 trilhão de renúncia fiscal e 54 bilhões de perdão por impostos sonegados. Vamos ver se o Senado Federal se comportará como a Casa da Federação ou uma casa da luz vermelha.
 
A pressão sobre o Senado é gigante. A imprensa noticia hoje, 8 de dezembro de 2017, que as empresas estão ameaçando o governo: se a MP do Mi-Shell não for aprovada pelo Senado, elas não assinarão os contratos que ganharam no leilão do pré-sal do dia 27 de novembro. São elas a angloamericana Shell, a francesa Total, a inglesa BP e a norueguesa Statoil. Para um governo desesperado em fazer caixa para salvar a própria pele mostrando que apesar da desgraça que se abate sobre a nossa economia e o nosso povo as contas do governo vão muito bem, obrigado, essa é uma pressão mortífera. O pseudo-governo Temer não gosta de desagradar aos seus senhores. As empresas estrangeiras e os seus governos neo-coloniais pressionam o governico Temer, que comprou a Câmara e quer fazer o mesmo com o Senado. A minha aposta, porém, é a de que, se o Brasil se levantar, o Senado rejeita a MP do Mi-Shell. O placar está apertado. A nossa esperança equilibrista está de volta. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer. A votação será na terça-feira, dia 12. A hora é agora. Pressão total! De pé, Brasil! Não à MP do Mi-Shell!
 
Samuel Gomes
Advogado em Brasília
Assessor do Senador Requião na Liderança da Oposição no Senado
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

4 Comentários

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  1. Cadê a lista dos 208

    Cadê a lista dos 208 vendidos?

    Deve ser publicada em sites progressistas (na mídia velha, porca e vendida; vc nãovai encontrar mesmo nada que condene esses desgraçados) e em campanha pelas redes sociais o nome dessa escumalha, o esterco de nossa sociedade

    O próximo governo devia não apenas trancar numa cadeia, mas transformar em apátridas todos esses vagabundos que abaixaram as calças para empresas estrangeiras

    Faz falta uma Revolução Francesa no Brasil, para espetar num cepo as cabeças de imbecis como Luis Barroso (outro traste pedante, pomposo, vazio e rídiculo)

    Só assim vamos sair da Idade Média que a velha mídia porca nos enfiou 

  2. o Refis…..

    Matéria para ser copiada e guardada. Excelente, definitiva é pouco. Mas dois tópicos devem ser registrados para mostrar a mediocridade, a insanidade que Nós Brasileiros, fazemos e criamos contra nossa própria Nação: Uma é o assunto da matéria e jogar fora milhões de Empregos de alta capacidade, tecnologia e remuneração fora toda fabulosa indústria petrolífera e outras centenas agregadas. E toda tecnologia, Centros Industriais e de de Pesquisa, que derivam de tais Atividades. A outra é que sabedores escrachados do superfaturamento que multinacionais estrangeiras fazem com suas matrizes, transferindo bilhões de dólares para o país de origem, de forma camuflada, ilegal e lesiva ao nosso Povo e nossa Economia. Só que pratica condenada durante Governos Militares que 40 anos de Redemocratização permitem o mesmo achaque. Em todos setores industriais que Indústrias estrangeiras monopolizam dentro do nosso país. É inacreditável a leniência, a cumplicidade, a omissão do Estado e Sociedade Brasileiras, com tamanha prostituição econômica e financeira. Onde está o Brasil?!! 

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